É #FAKE que dados de cartórios provem que não houve 100 mil mortes por Covid-19 no Brasil

Foto: Pexels
Circula pelas redes sociais uma mensagem que diz: “Não existe a menor condição de ter morrido 100 mil pessoas no Brasil pela Covid-19. A menos que tenham encontrado a cura para as demais doenças”. A afirmação é #FAKE.

Com base no Portal da Transparência dos cartórios, a mensagem lista, mês a mês, o total de mortes registradas pelos cartórios no Brasil de fevereiro a julho de 2019 e de 2020. Ao final, soma os números e diz que, de fevereiro a julho de 2020, houve 65.885 óbitos a mais que no mesmo período de 2019. Esse número, portanto, não seria suficiente para se chegar à cifra de mais de 100 mil mortes que consta das estatísticas oficiais divulgadas pelas secretarias da Saúde e pelo Ministério da Saúde.

A mensagem mostra dados reais dos cartórios. Mas a conclusão é falsa porque 1- não leva em conta a defasagem e a subnotificação de dados dos cartórios; 2- omite e 3- distorce informações relevantes.

  1. A mensagem não leva em conta que os cartórios ainda não contaram todas as mortes ocorridas em 2020 e talvez nem consigam contá-las – o registro de uma morte no sistema leva dias e muitas vezes nem é feito
  2. Omite que o próprio portal dos cartórios registra quase 90 mil mortes por Covid até julho
  3. E distorce a comparação ao não levar em conta que as 100 mil mortes só foram atingidas em agosto

O que consta no portal dos cartórios

O portal da Transparência do Registro Civil foi criado em 2018 e é mantido pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen) com informações e dados estatísticos sobre nascimentos, casamentos e óbitos.

Neste ano, em razão da pandemia, o portal criou uma seção com informações de mortes por Covid, onde é possível saber a quantidade de casos registrados em um determinado período.

Mas os dados são defasados e subnotificados:

  • Segundo a Arpen, o registro de uma morte leva normalmente até 14 dias para ser incluído no Portal da Transparência. Durante a pandemia, no entanto, esse prazo foi ampliado para até 60 dias em algumas cidades e estados, como no Ceará.
  • Além disso, os dados dos cartórios disponíveis no site não são fechados. Tanto os de 2020 quanto os de anos anteriores são atualizados pelos cartórios periodicamente. Ou seja, há uma defasagem em relação aos dados divulgados pelos governos estaduais.

Isso significa que, se a diferença de mortes foi de 65 mil em algum momento, uma nova consulta no futuro pode indicar outra diferença.

Outra questão é o total de mortes por Covid. A mensagem que circula mostra apenas números do total de mortes por qualquer causa no Brasil, sem especificar quantas são por Covid.

A mensagem omite, portanto, que o próprio portal dos cartórios registra, de março a julho deste ano, 89 mil mortes por Covid-19 – número também defasado, mas próximo do que é registrado pelas autoridades de saúde. Segundo dados do consórcio de imprensa a partir de números informados pelas secretarias estaduais, no fim de julho havia 92,5 mil mortes pelo novo coronavírus.

Além disso, mesmo quando todos os registros de cartório forem incluídos no sistema, esse número deverá continuar inferior ao que as secretarias de Saúde têm. O motivo é a chamada “subnotificação”: muitas pessoas não registram a morte no cartório, especialmente as mais pobres e que vivem em cidades pequenas do interior, explica a epidemiologista Fátima Marinho. “O subregistro é grande em alguns estados, chega a 27,9% no Maranhão”, diz.

Menos mortes por outras causas

Outro ponto falso da mensagem é a frase “A menos que tenham encontrado a cura para as demais doenças”.

Essa frase não leva em conta que: 1- houve menos mortes por outras causas e 2- pessoas com doenças crônicas e idosos têm a vida abreviada pela Covid.

  1. Menos mortes por outras causas: o caso mais claro é o de acidentes de trânsito. A menor circulação de pessoas fez diminuir as mortes no trânsito. Dados do DPVAT mostram que, de março a junho, houve uma redução de 2.312 indenizações pagas do seguro obrigatório por mortes em acidentes de trânsito, por exemplo, o que indica uma redução dos óbitos. Além disso, segundo o infectologista Leonardo Weissmann, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, o isolamento social adotado por conta da pandemia fez diminuir a incidência de outras doenças e, consequentemente, o número de mortes causadas por elas. “O coronavírus continuou se espalhando porque é uma doença com uma taxa de transmissão muito alta. Existem outras doenças que são menos transmissíveis”, afirma ele. “Além disso, o vírus é um vírus novo. Estava todo mundo suscetível.”
  2. Pessoas com doenças crônicas e idosos têm a vida abreviada pela Covid: segundo a epidemiologista Fátima Marinho, pacientes com doenças preexistentes viveriam mais se não tivessem contraído o coronavírus. “Muitas pessoas com doenças crônicas estão tendo antecipada a data de sua morte. Muitos poderiam viver 2, 5, 10, 15 anos ou mais dependendo da condição e do acesso ao cuidado em saúde”, diz Fátima. Uma pesquisa feita com dados da Itália, do Reino Unido, da Escócia e da Organização Mundial da Saúde estima que idosos poderiam viver uma década a mais, em média, se não tivessem contraído a Covid.

Comparação sem os dados de agosto

Há um outro detalhe no texto falso: o número citado na mensagem desconsidera as mortes ocorridas em agosto. A marca de 100 mil mortes foi atingida apenas no dia 8 deste mês, segundo os dados das secretarias estaduais da Saúde compilados pelo consórcio de veículos de imprensa. Só nesses oito dias, foram registradas 7,9 mil mortes.

Fonte: G1

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É #FAKE que fotos mostrem lesões causadas por infecção após uso de máscaras contra a Covid-19

Circula pelas redes sociais um painel com cinco fotos que mostram rostos de pessoas com marcas ou erupções na pele. As imagens são acompanhadas de uma legenda que diz: “Infecção por Stafilococcus devido ao uso de máscaras. Entendam por que profissionais de saúde só usam máscaras descartáveis e as trocam de hora em hora”. É #FAKE.

Uma das fotos mostra, na verdade, uma garota com varicela e está disponível no banco de imagens Istock. Ela é antiga, de antes da pandemia.

Uma busca reversa na foto da criança com vermelhidão em torno da boca leva a uma página da Wikipedia em inglês sobre eczema herpético e não tem nenhuma relação com o uso de máscaras. Ela também é anterior ao primeiro caso do novo coronavírus.
Imagem de criança mostra lesão por eczema herpético e não por uso de máscara — Foto: Reprodução
A foto de uma mulher com rosácea, doença que provoca vermelhidão no rosto, pode ser encontrada no banco de imagens Shutterstock. Ela também é anterior à pandemia.
Imagem de idosa com rosácea foi relacionada indevidamente com uso de máscara — Foto: Reprodução
A foto de uma mulher com o rosto marcado é a única da coleção que tem relação direta com o uso de máscara, mas ela não retrata uma infecção. São apenas marcas deixadas após longas horas de uso. A imagem mostra a enfermeira italiana Valeria Zedde, que publicou a foto em seu perfil no Instagram, relatando a importância do equipamento de proteção e a vontade de lutar contra o vírus. Ou seja, ainda assim, não se trata de uma máscara usada pela população em geral. Estamos cansados, oprimidos, com uma mistura de emoções e um medo que não podemos esconder. Quando chegamos ao trabalho, nos protegemos e sabemos que por 6 horas não podemos comer, beber e fazer xixi. Usamos equipamentos de proteção que doem e nos fazem suar. Mas não é isso que nos assusta. A paixão pelo nosso trabalho nos dá a energia certa, as pessoas que nos amam nos dão a força necessária. Estamos enfrentando uma emergência de saúde que é uma verdadeira bagunça. Cada um de nós pode contribuir de alguma forma. Nós, enfermeiras, não podemos ficar em casa. Quem pode fazer isso, faça sem demora. Obrigado. ”
Também não há indicação de infecção pelo Stafilococcus na garota vestida de preto muito menos relação com máscaras de proteção. A dermatologista Ligia Kogos observa que as lesões no rosto da moça não coincidem com as partes do rosto cobertas por uma máscara. Ela afirma que as lesões podem ser, na verdade, uma dermatite perioral ou uma queimadura provocada pela exposição ao sol. “Não tem lesão no nariz e nas reentrâncias do nariz, não atinge nada nas laterais. Pode ser uma dermatite perioral ou uma fotossensibilização.” Para a médica, a mensagem como um todo é fake. O uso prolongado de máscaras, porém, pode de fato danificar a pele do rosto e médicos recomendam alguns cuidados antes e após sua utilização para diminuir o risco de lesões. O Ministério da Saúde informa que existem orientações gerais e recomendações de proteção aos trabalhadores dos serviços de saúde no atendimento da Covid-19 e outras síndromes gripais. A orientação do Ministério da Saúde é a utilização de máscaras descartáveis (cirúrgica ou N95, dependendo do caso). Quanto ao prazo de troca e a reutilização de máscaras, a publicação orienta que devem ser seguidas as instruções do fabricante. Saiba mais no link (págs. 20 a 22). Para a população em geral, no entanto, as máscaras de tecido ou pano, aliadas a todas as outras recomendações das autoridades, são suficientes para proteger contra o vírus. Fonte: G1
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É #FAKE que todos os atestados de óbitos de pacientes do SUS afirmem que causa mortis foi a Covid-19

Circula nas redes sociais uma mensagem que diz que, em cumprimento a decretos de governadores, os atestados de óbito de todos os pacientes que morrem em unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) afirmam que a causa da morte foi a Covid-19, ainda que isso não seja verdade. É #FAKE.

Segundo a publicação, o número de mais de 104 mil mortes decorrentes da Covid-19 no país é falso, tendo sido inflado propositalmente pelos dados de outras causas mortis. O texto é acompanhado da hashtag “dorianaassassino”, alusão ao governador de São Paulo, João Doria.

Desde o início da pandemia do coronavírus, Doria vem sendo alvo de informações falsas na internet, impulsionadas por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro.

A mensagem que circula agora diz: “São 100 mil mortos por Covid? Não, não são. Os governadores baixaram decretos para que todos que morressem no SUS tivessem atestado de coronavírus. Não somos idiotas!”

Procurado pela CBN, o Ministério da Saúde refuta tal boato e explica que os óbitos decorrentes da Covid-19 que divulga diariamente são somente os confirmados pelos estados, seguindo as suas orientações, e que os dados são dispostos no site https://covid.saude.gov.br, que pode ser consultado por todos os cidadãos. Informa ainda que semanalmente são liberados também boletins epidemiológicos sobre a pandemia.

O ministério ressalta, em nota, que emitiu nota técnica para orientar o preenchimento da declaração de óbito. Com oito páginas, o documento, datado do mês de maio, diz que “a Covid-19 deve ser registrada no atestado médico de causa de morte para todos os óbitos que a doença causou, ou se assume ter causado ou contribuído para a morte”, e que “o médico tem responsabilidade ética e jurídica pelo preenchimento, pelas informações registradas e pela assinatura da declaração de óbito”.

Na nota, o ministério orienta ainda: “Se, no momento do preenchimento da declaração, a causa da morte ainda não estiver confirmada para Covid-19, mas houver suspeição, o médico deverá registrar o termo ‘suspeita de Covid-19’”. Ou seja, não há qualquer orientação para que outras causas mortis sejam adulteradas para Covid-19. Tampouco houve algum decreto de algum governo estadual determinando tal conduta.

O infectologista Leonardo Weissmann, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, ressalta que esse tipo de mensagem busca levar a população a acreditar que o número de mortes decorrentes da infecção pelo coronavírus é menor que o oficial, premissa que não se justifica. Até por que há óbitos suspeitos que não entram na contagem oficial, e que podem ter sido pela Covid-19.

“Essa é mais uma das inúmeras mensagens falsas divulgadas nessa pandemia. Muito provavelmente, o número de vidas perdidas para a Covid-19 é maior do que as mais de 104 mil, pois muitos indivíduos podem ter morrido com a doença, mas sem a confirmação laboratorial do diagnóstico, e, portanto, não entraram nas estatísticas. O Brasil testa pouco. Os óbitos suspeitos não fazem parte desses mais de 104 mil”, alerta.

“A mensagem diz ‘não somos idiotas’, mas quem espalha esse tipo de informação, parece, sim, ser idiota, por negar a gravidade do momento que estamos vivendo. A declaração de óbito é um documento oficial, com normas oficiais para o seu preenchimento. Além disso, o profissional deve seguir as diretrizes do Código de Ética Médica”, continua Weissmann.

Cabe ressaltar, diz o médico, que esse tipo de tese põe em xeque a idoneidade da categoria. “Mensagens como essa, de cunho político e ideológico, sugerem que todos os médicos são antiéticos em sua conduta, e que seguem orientações totalmente sem fundamento.”

O pneumologista Rodolfo Fred Behrsin, professor do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle, aponta que para que isso fosse verdade ia ser necessário que milhares e milhares de médicos no Brasil todo concordassem em fazer parte de uma fraude.

“Os disseminadores de fake news conseguiram se superar. A pessoa desprezar a ocorrência de mais de 104 mil mortes de brasileiros, fingir que isso não aconteceu, e ainda acusar governadores de baixarem decreto para a falsificação de documentos? Então mostrem os decretos, porque eles saem publicados em Diário oficial. Quem preenche atestado de óbito é médico. Será que a gente tem médicos em quantidade suficiente no Brasil que topem falsificar tantos atestados de óbito?”, questiona.

Atestados de óbitos de pacientes do SUS apontando outras causas continuam a ser feitos normalmente no país. Caso contrário, o número de mortes por Covid-19 ia ser muitas vezes maior.

Fonte: G1

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É #FAKE que Senegal usa cloroquina desde o primeiro caso e tem apenas cinco mortes por Covid-19

Foto de Artem Podrez no Pexels
Circula pelas redes sociais uma mensagem que diz que o Senegal usa cloroquina desde o primeiro caso e, por isso, tem apenas cinco mortes por Covid-19. A mensagem é #FAKE.

O Senegal tem 223 mortos pela Covid e 10.715 casos confirmados, de acordo com levantamento da Universidade Johns Hopkins.

O acompanhamento da OMS indica que o país tem registrado três mortes por dia, em média.

O cartaz que circula nas redes sociais tem a foto do medico infectologista Moussa Seydy, chefe do Departamento de Doenças Infecciosas do Hospital Fann e responsável pelo manejo da pandemia no país africano. Ele deu uma entrevista em abril a uma revista francesa, na qual explica que foi estabelecido um protocolo para tratamento de pacientes menos graves com hidroxicloroquina. O primeiro caso no país, porém, foi registrado em 2 de março.

Além de a cloroquina não ser utilizada em todos os casos, na mesma entrevista Seydy disse que o país adotou várias outras medidas de prevenção, entre elas fechamento de fronteiras e proibição de grandes reuniões, uso de máscaras e distanciamento social. É importante destacar ainda que a população do país é considerada jovem, o que diminui a incidência de casos graves.

Procurado pela equipe do Fato do Fake, Seydy confirma que o remédio não foi adotado desde o primeiro caso – mas que vem sendo utilizado há mais de quatro meses – e desmente o uso sem restrições. “A hidroxicloroquina não é usada em crianças menores de 8 anos, mulheres grávidas e quando há contraindicação”, afirma.

Ele afirma, porém, que o tratamento segue, apesar das recomendações em contrário das autoridades de saúde mundiais. “Nossos próprios resultados e nossas próprias descobertas nos dizem que o protocolo hidroxicloroquina-azitromicina é eficaz. Estudos recentes não podem alterar nossos resultados e vice-versa. Sem mencionar que todos os estudos não usaram o mesmo protocolo que eu ou Didier Raoult [médico e microbiologista francês] em termos de dosagem, duração do tratamento e combinação de medicamentos”, diz.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou em junho a suspensão, pela segunda vez, dos ensaios clínicos com hidroxicloroquina contra a Covid-19. Segundo a entidade, as evidências científicas apontam que a substância não reduz a mortalidade em pacientes internados com a doença.

Em julho, o diretor de emergências da OMS, Michael Ryan, disse que a OMS não indica o uso da cloroquina em pacientes de coronavírus porque não foi possível demonstrar um benefício claro para os pacientes.

Fonte: G1

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É #FAKE que fotos de multidões na Alemanha mostrem protesto contra restrições impostas pela Covid-19

Circula pelas redes sociais um conjunto de imagens que mostram milhares de manifestantes na Alemanha. A legenda diz que são fotos tiradas durante o protesto realizado em Berlim contra as restrições à circulação recomendadas por autoridades de saúde e impostas pelo governo para reduzir a propagação do novo coronavírus. A mensagem é #FAKE.

As imagens, na verdade, foram feitas em junho durante os protestos realizados pelo movimento ‘Black Lives Matter’ na Alemanha contra o assassinato de George Floyd, em Mineápolis, em 25 de maio.

Houve, de fato, uma manifestação em Berlim contra as restrições impostas para conter o coronavírus, mas ela ocorreu em 1 de agosto e reuniu um público bem menor, de cerca de 15 mil pessoas. O público era formado por uma combinação de grupos de extrema direita, pessoas contrárias à vacinação, defensores de teorias da conspiração e outros descontentes com as medidas para conter a disseminação do vírus.

Uma das imagens que circulam foi publicada no site da Aliança Solidária de Hamburgo e mostra, na verdade, pessoas reunidas em frente à prefeitura para protestar contra o racismo. Ou seja, a imagem não foi feita nem sequer em Berlim.

Outra imagem que circula junto com a mensagem falsa também foi feita durante os atos antirracismo.

Um tuíte na conta da União da Polícia Alemã feito em 6 de junho para cobrar providências das autoridades contra a aglomeração na Alexanderplatz atesta que a foto do protesto contra o racismo foi usada também fora de contexto para falar dos protestos contra o isolamento social.

Uma outra foto foi publicada em 6 de junho no Twitter de uma celebridade de Colônia, relacionada aos protestos contra o racismo na cidade, que fica mais de 500 km distante da capital.

Fonte: G1

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É #FAKE que dióxido de cloro previne e cura a Covid-19

Imagem de memyselfaneye por Pixabay
Além de ser ineficaz para evitar ou conter a infecção pelo coronavírus, o dióxido de cloro, presente em alvejantes e em processos de tratamento de água, é tóxico, advertem especialistas entrevistados pela CBN. Ingerir dióxido de cloro é tão perigoso quanto beber ou inalar produtos usados para limpeza, esclarecem.
Falsas promessas de cura envolvendo a substância química, comercializada com a sigla MMS, já eram compartilhadas na internet bem antes do início da pandemia da Covid-19, inclusive para quadros de autismo. Isso levou a Agência Nacional de Vigilância de Vigilância Sanitária (Anvisa) a banir a comercialização do MMS e a emitir alertas quanto a este tipo de anúncio perigoso. O pneumologista Rodolfo Fred Behrsin, professor do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle, adverte que usar dióxido de cloro como medicamento é tão impensável quanto beber ou inalar produtos usados para fazer faxina. “O dióxido de cloro é a base para produção para muitos produtos de limpeza, como desinfetantes, produtos que usamos para limpar a casa, banheiros. Não pode ser consumido de forma alguma como medicamente por ser tóxico. É a mesma coisa que pegar um produto de limpeza e beber, fazer nebulização. A própria Anvisa já percebeu esse movimento de venda de produtos à base de dióxido de cloro com apelo de que trataria o coronavírus e foi à caça desses sites para tirá-los do ar e processar quem anuncia esses produtos”, afirma o médico. Ingrid Cotta, infectologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo, reforça que o indivíduo que fizer uso dessa substância pode vir a apresentar insuficiência respiratória grave. “O dióxido de cloro é uma substância química usada para tratamento de água e clareamento de superfícies. Não deve ser usada em seres humanos”, avisa. “Até hoje não existe comprovação científica de utilidade para tratamento de qualquer doença em humanos, o que vale para a Covid-19. Além disso, quem usar o dióxido de cloro, seja em qualquer dose, corre risco de evoluir com perigosos efeitos colaterais, hepáticos, hematológicos. O uso pode levar a quadros de insuficiência respiratória bastante graves”, diz Ingrid. A médica lembra que em maio do ano passado a Anvisa liderou uma ação coordenada com estados e municípios no sentido de inibir o comércio irregular e fiscalizar a fabricação do MMS, tamanho é o risco para as pessoas iludidas por anúncios em redes sociais. Os anúncios alardeiam propriedades terapêuticas inexistentes e curas fantasiosas para uma série de doenças – agora, a Covid-19 entrou na lista. Bem antes de surgir pandemia do coronavírus, portanto, a agência trabalha pela retirada dessas propagandas enganosas da internet. Cabe ressaltar que desde junho de 2018 a Anvisa proíbe a fabricação, distribuição, comercialização e uso desses produtos. Segundo a agência, o dióxido de cloro não tem aprovação como medicamento em lugar algum do mundo. A substância é classificada como um produto corrosivo, cuja manipulação exige uso de equipamento de proteção individual. A inalação também é arriscada. A pneumologista Patricia Canto Ribeiro, da Escola Nacional de Saúde Pública, considera que as mensagens falsas buscam aplacar a ansiedade de quem busca uma cura ou uma ação profilática para a Covid-19. Mas é preciso atentar para a falta de plausibilidade deste tipo de conteúdo. “A falta comprovada de um tratamento eficaz e comprovado para a Covid-19 tem levado as pessoas ao desespero e a medidas descabidas. Fazer uso de qualquer remédio ou substância dá uma falsa sensação de que estamos fazendo alguma coisa. Mas com isso colocamos em risco a população”, aponta a médica. “O dióxido de cloro não é liberado para uso humano. Como a Anvisa proíbe a comercialização, fabricação e distribuição do MMS, ele só pode ser encontrado em comércio ilegal. Uma província na Bolívia relata o uso para a Covid-19 ‘com bons resultados’, mas não há estudos que assegurem esses resultados ou mesmo os efeitos colaterais e tóxicos de sua utilização”, diz. Patricia lembra que a utilização também está proibida em países como os Estados Unidos, o Canadá e o Reino Unido por configurar um perigo à saúde. “O dióxido de cloro pode causar insuficiência respiratória, doenças do sangue, pressão arterial baixa, insuficiência hepática, anemia, vômitos e diarreia”, enumera a médica. Fonte: G1
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É #FAKE que máscaras de tecido sejam ineficazes contra o coronavírus

Imagem de pasja1000 por Pixabay
Circula nas redes sociais uma foto de dois cientistas num laboratório, lidando com vírus, com roupas que cobrem todo o corpo. Eles também usam uma proteção facial reforçada. A legenda diz, em tom irônico, que o resto da população usa apenas máscara de pano para se resguardar do novo coronavírus, e que essa barreira é inócua. É #FAKE.

A foto mostra as duas pessoas com roupas semelhantes a trajes de astronauta. A imagem circula com a seguinte mensagem: “É isto que virologistas vestem para se proteger de um vírus. Mas não se preocupe, sua máscara de pano provavelmente te protegerá também”.

O virologista Rômulo Neris, doutorando pela UFRJ, explica que o traje fotografado é usado em ambientes de alto risco biológico, e não cabe em situações do dia a dia em que a população possa vir a entrar em contato com o coronavírus, no contato interpessoal.

“Essa roupa é um equipamento de proteção pessoal chamado de Traje de Proteção de Pressão Positiva. O uso é necessário para se trabalhar com segurança em ambientes onde o nível de biossegurança é 4, numa escala de risco biológico que vai de 1 a 4. Quanto maior o nível, maiores são as medidas de proteção necessárias”, esclarece, em entrevista à CBN.

“O Sars-coV-2 requer um nível de biossegurança 2 no manuseio de amostras para testes clínicos e diagnósticos, e nível 3 para contextos de pesquisa e ambientes onde sua manipulação gere uma alta quantidade de aerossóis”, continua Neris. “São exemplos de agentes que requerem nível 4 de biossegurança: bacilo antrax, vírus ebola, vírus da varíola, entre vários outros.”

Neris reforça que a quantidade de vírus que os cientistas manipulam em ambientes como o retratado na foto não deve ser equiparada àquela que os indivíduos infectados podem expelir no contato corriqueiro, nas ruas, nos supermercados e em outros estabelecimentos, e que pode resultar na contaminação de outras pessoas.

“Ainda não se tem certeza da quantidade de vírus liberada na tosse, espirro ou fala. A gente sabe que é uma quantidade grande o suficiente pra infectar outro indivíduo, mas é provavelmente menor do que a quantidade produzida por culturas de células infectadas em laboratório, por exemplo”, afirma o virologista.

“Em ambientes que exigem nível de biossegurança ocorre a manipulação não só de grandes quantidades de vírus, mas também múltiplas vezes, seja analisando amostras ou para fazer experimentos. Nesses casos, é fundamental medidas de proteção que sejam eficientes. Além da manipulação do vírus, pode ocorrer também a manipulação de substâncias químicas tóxicas e o ambiente de análise requer fluxo de ar constante. Pessoas que permanecem nesses locais precisam de proteção para o corpo todo, além do uso de máscara”, continua.

Ele reitera a importância da máscara pela população como um todo, a de tecido (reutilizável) ou a cirúrgica (descartável), como medida coletiva para coibir a disseminação do coronavírus. “O uso de máscara reduz significativamente a probabilidade de se infectar, é uma medida muito eficiente. Estudos recentes sugerem que usar máscaras não só reduz o número de casos de Covid-19 na população, mas também a letalidade associada à infecção. É importante lembrar que duas camadas de tecido são suficientes pra bloquear mais de 50% das gotículas dispersas por um espirro.”

O infectologista Leonardo Weissmann, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, reforça: já está comprovada a eficácia das máscaras. “Um estudo publicado recentemente no periódico ‘The Lancet’, um dos mais respeitados do mundo, demonstrou um risco de transmissão de 17% entre indivíduos sem máscara facial e expostos a indivíduos infectados pelo novo coronavírus. Os que estavam com máscara tinham uma chance de 3% de se infectar”, aponta.

Especificamente sobre as de pano, Weissmann ressalta que a filtragem é, sim, eficaz. “As máscaras de pano servem como barreira à transmissão do vírus, retendo as gotículas liberadas pela fala, tosse e espirro. Se todos utilizarem as máscaras de pano nos ambientes públicos, todos estarão protegidos. Quando o uso é coletivo, existe redução na propagação do vírus por pessoas com a Covid-19, mesmo que as pessoas não vejam isso. Lembrando que é preciso que ela cubra completamente o nariz e a boca, sem que se deixem vãos dos lados.”

O infectologista Renato Kfouri, presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, aponta a importância do uso da barreira física no nariz e na boca como uma das grandes lições trazidas pela pandemia.

“Talvez seja uma das principais lições. No início, se acreditava que só profissionais da saúde precisavam, depois se achou que as máscaras de pano não serviam… Mas constatamos que não era assim”, diz Kfouri. “Hoje sabemos que a barreira criada pela máscara protege o indivíduo que está usando, e também os demais, numa fase de transmissão importante, que acontece quando se está assintomático ou pré-sintomático. Boa parte da cadeia de transmissão acontece por essas pessoas, então o uso diminui muito a dispersão do vírus.”

O médico ressalta que a máscara, para ser eficaz, deve ser usada corretamente: cobrindo nariz e boca, sem que a pessoa fique tocando no próprio rosto, e por um período curto (entre 2 e 3 horas). Ele destaca ainda o caráter individual do item de proteção.

A médica sanitarista Ligia Bahia, especialista em saúde pública e professora da UFRJ, lembra que já se sabe que o coronavírus pode ficar suspenso no ar, o que reforça a necessidade de se fazer a utilização da máscara tapando nariz e boca.

“Usar a máscara de tecido, essa de algodão, com mais de uma camada, é muito importante, tanto quanto a máscara cirúrgica. A Covid-19 se transmite pelas partículas expelidas por nós, e já sabemos que elas ficam no ar. Antes se supunha que caíssem imediatamente no solo, então seria mais difícil que elas contaminassem outras pessoas, mas isso mudou. A máscara diminui a carga lançada no ar se a pessoa tossir ou espirrar”, explica Ligia.

Ela ratifica que mesmo quem já foi infectado precisa seguir com a proteção: “Não se sabe a duração da imunidade. O uso da máscara tem que ser uma medida universal para o cidadão comum, que anda nas ruas, que tem que fazer compras ou ir a um serviço de saúde. Basta a máscara de tecido, que se lava em casa, não precisa ser a do tipo N95 (usada por profissionais de saúde).”

Ligia reitera que não faz sentido imaginar que pessoas comuns necessitam de trajes de proteção que cubram o corpo todo para sair às ruas. “Essas ‘roupas de astronauta’, que mantêm as pessoas quase dentro de cápsulas espaciais, são para uso exclusivo em laboratórios que lidam com patógenos altamente perigosos”, elucida. Ela reitera que, se a pessoa for ficar fora de casa muito tempo, tem que levar máscaras sobressalentes, para trocar após 3 horas de uso.

A médica sublinha que é natural que muita gente considere a sensação de cobrir o nariz e a boca desagradável, uma vez que se trata de um costume totalmente novo na sociedade brasileira. Mas o uso é algo que tem que ser naturalizado – até por ser algo obrigatório, determinado por estados e prefeituras.

“Tem um incômodo, porque é algo com o qual a gente ainda tem que se habituar. Mas é muito melhor do que ficar doente, ter que ir para hospital e ter complicações em decorrência da Covid-19”, ressalta.

A equipe do Fato ou fake já desmentiu diversas informações falsas a respeito das máscaras: de que fazem mal à saúde, causam dor de garganta, levam a quadros de hiperventilação e tornam o sangue mais ácido, por exemplo. Nada disso procede.

Fonte: G1

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É #FAKE que alto nível de vitamina D no organismo reduza a quase zero a chance de morte pela Covid-19

Foto de Polina Tankilevitch no Pexels
Está sendo compartilhado que pessoas com altos níveis de vitamina D no organismo respondem melhor a um tratamento da Covid-19 e têm risco de morte pela doença reduzido a quase zero. É #FAKE.

Existem estudos que sugerem que a vitamina D pode ajudar no combate ao coronavírus, mas nada é conclusivo, explicaram médicos entrevistados pela CBN. Segundo a pneumologista Patricia Canto Ribeiro, da Escola Nacional de Saúde Pública, já havia trabalhos publicados antes da pandemia do coronavírus indicando que a vitamina D poderia trazer algum benefício para quadros de gripe comum, mas outros não mostram essa associação. Em relação à Covid-19, também não há como sustentar a afirmação que consta da mensagem que viralizou.

“Alguns estudos sugerem que a vitamina D poderia ajudar no combate ao novo coronavírus. No entanto, o mais adequado para a definição de tratamentos eficazes para qualquer doença são os ensaios clínicos randomizados (quando os participantes que tomam a substância que se quer testar são escolhidos aleatoriamente no grupo selecionado para a pesquisa). E esses ainda não temos”, esclarece Canto Ribeiro.

A vitamina D, chamada popularmente de “vitamina do sol”, por ser estimulada pela exposição solar, tem várias funções no organismo. Ajuda na saúde dos dentes e dos ossos e também a regular níveis de insulina. Entretanto, é prematuro associá-la a uma proteção máxima da Covid-19. O mesmo se dá quando se argumenta que locais quentes têm menos casos e óbitos.

“Não é exatamente uma vitamina, mas um pró-hormônio, que pode ser sintetizado em nosso organismo. É essencial para a saúde em várias frentes, já comprovadas”, salienta Canto Ribeiro. Ela ressalta estatísticas que apontam vantagens na proteção contra o coronavírus por ser um país com mais exposição ao sol.

“Um estudo fala da pouca mortalidade em países do hemisfério sul, mas ele foi publicado quando o Brasil tinha em torno de 1.500 mortes. Hoje estamos com 80 mil mortos. Não acredito que possamos falar em poucos óbitos no nosso caso. A verdade é que ainda não temos comprovação científica de medicamentos ou substâncias que possam ser usadas na prevenção da Covid-19”, lembra a médica.

O professor titular de infectologia da UFRJ Mauro Schechter ratifica que não há como se fazer a associação entre a vitamina D e apresentar melhora da doença. “Estudos observacionais são incapazes de estabelecer relações de causa e efeito. Há inúmeros estudos que descrevem a importância da vitamina D para o bom funcionamento do sistema imunológico. Por outro lado, só estudos prospectivos poderiam estabelecer a associação causal entre hipovitaminose D e pior prognóstico, ao corrigi-la em um grupo, mas não em outro.”

Ele compara a letalidade da doença no Brasil e nos Estados Unidos, que estão em hemisférios diferentes e têm climas diferentes. “Pelos números oficiais, a letalidade no Brasil é semelhante à verificada nos EUA. No Brasil, 79,1 mil mortes em 2,1 milhões de casos, taxa de 0,038. Nos EUA, 140 mil mortes para 3,7 milhões de casos, taxa de 0,037”.

A mensagem que está circulando diz que, para se proteger da doença, é necessário aumentar a dose de vitamina D. No entanto, a pneumologista Patricia Canto Ribeiro alerta que há riscos: “O excesso de vitamina D pode causar problemas renais, nos ossos, cálculos renais, perda de apetite, náuseas e vômitos”, avisa.

“As pessoas não devem recorrer à automedicação ou à suplementação de vitaminas achando que assim estarão protegidas. As medidas de proteção eficazes até o momento são o uso de máscaras, a higiene das mãos e o distanciamento social”, reforça.

O infectologista Ralcyon Teixeira, diretor da divisão médica do hospital Emílio Ribas, de São Paulo, não vê nexo em vincular o calor a um prejuízo menor pelo coronavírus. Segundo ele, talvez a dinâmica da circulação do vírus no Brasil, ainda sob análise, possa explicar por que o patamar de mortos – apesar de muito alto – não chegou ao que supunha uma parte da comunidade médico-científica.

“Não tem a ver com as condições do tempo, basta pensar em Manaus, Belém e Fortaleza, que são bem quentes e tiveram muitas mortes”, ele diz. “No Brasil, temos o isolamento social, que funcionou para diminuir a quantidade de casos. E a circulação viral não foi intensa assim porque, com 20% da população infectada, tivemos uma espécie de proteção de rebanho. E existe uma teoria que diz que talvez a gente tenha imunidade de outros coronavírus”.

Sobre o poder da vitamina D, ele contraindica a suplementação feita por conta própria: “Há algumas teorias que dizem que a vitamina D tem ação antiinflamatória, protetora, principalmente em doses altas. Mas não há nada que comprove esta ação. Existem alguns estudos que tentam relatar um pior desfecho em quem tem vitamina D baixa, mas a gente não sabe se isso é só coincidência, especialmente quando a pessoa já está internada. Até agora não há nada consistente para indicar suplementação para aumentar imunidade ou para proteger ou tratar o coronavírus”.

Marcelo Sampaio, cardiologista e clínico geral da Beneficência Portuguesa de São Paulo, explica que não há por que pensar em suplementar vitamina D para toda a população num país como o Brasil, muito menos razão para creditar ao calor um número supostamente baixo de casos e mortes pelo coronavírus.

“Não dá para provar que a vitamina D combata o vírus. Não é verdade que níveis altos levem a uma mortalidade quase zero. Assim como o calor não está nos protegendo. É muito pouco provável que uma única substância ou determinado efeito protetor possa ser responsável: é sempre um conjunto, a imunidade, o estado nutricional, a existência ou não de comorbidades”.

Em abril, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia divulgou uma nota afirmando que “não existe, até o presente momento, nenhuma indicação aprovada para prescrição de suplementação de vitamina D visando efeitos além da saúde óssea”, e que não há embasamento científico para afirmar que a vitamina D sirva para proteger as pessoas da Covid-19.

Fonte: G1

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É #FAKE que mistura de pimenta com mel e gengibre cure a Covid-19

Foto de PhotoMIX Company no Pexels
É #FAKE que mistura de pimenta com mel e gengibre cure a Covid-19.

A mensagem falsa diz: “Finalmente, um estudante indiano da Universidade Pondicherry chamado Ramu encontrou uma cura com remédio caseiro para a Covid-19. É a primeira vez que é aceita pela OMS. Ele provou que adicionando 1 colher de sopa de pó de pimenta preta a 2 colheres de mel e um suco de gengibre por 5 dias consecutivos você suprimiria os efeitos do corona. E, eventualmente, vai embora 100%. Todo o mundo está começando a aceitar esse remédio. Finalmente, uma boa notícia em 2020!”

Lina Paola, infectologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo, alerta que a mensagem não tem fundamento algum, e que, por ora, nada mudou em relação à prevenção e ao tratamento da Covid-19: não existem remédios caseiros nem comprados em farmácia que possam prevenir ou neutralizar a infecção.

“É falso que a Organização Mundial de Saúde tenha aprovado essa tal cura indiana. Não tem nenhum artigo científico que fale que a mistura citada cure a infecção pelo coronavírus. E esse tipo de produto pode ocasionar alergia em alguns pacientes que consumirem em grandes

dosagens. Então não é recomendado fazer uso dessa mistura. As recomendações continuam sendo as mesmas: fazer o isolamento social, usar máscaras e lavar as mãos”, afirma Paola.

Renato Kfouri, infectologista e presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, reforça o alerta quanto a falsas promessas que circulam nas redes sociais, e ressalta que a propagação dessas mensagens é perigosa, porque pode levar as pessoas a relaxar nas medidas que realmente funcionam.

“Não há qualquer evidência de que alimentos ou fitoterápicos coíbam a multiplicação viral ou sirvam para tratamento. Mesmo para as drogas baseadas em substâncias naturais, como os quininos, caso da cloroquina, inexiste demonstração de ação viral. Que dirá pimenta, gengibre, chás… Esse tipo de informação falsa pode criar uma falsa sensação de proteção, e o consequente relaxamento das medidas eficazes de verdade. É um desserviço o compartilhamento desse tipo de mensagem”, diz Kfouri.

O pneumologista Rodolfo Fred Behrsin, professor do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle, salienta que substâncias passam por testes longos antes de serem liberadas para uso pela população. Ou seja, uma novidade no escopo da pandemia do coronavírus não será divulgada dessa forma.

“É mais uma receita sem comprovação alguma para a Covid-19 a vir a público. O fato de usar alimentos e temperos do dia a dia, com um sabor forte, dá à mensagem uma falsa sensação de seriedade, mas a mistura não tem essa capacidade de cura. Infelizmente, as pessoas não têm noção do rigor dos testes que qualquer medicamento deve passar para se confirmar sua eficácia”, diz.

A infectologista Eliana Bicudo, assessora técnica da Sociedade Brasileira de Infectologia, explica que a mensagem parte do princípio de que “o

que arde cura”, mas não procede. “É mais um chá milagroso fazendo parte da cultura popular, sem efeito para Covid-19”.

Nos últimos meses, a equipe do Fato ou fake vem desmentindo uma série de informações falsas sobre curas milagrosas para a doença que podem ser preparadas em casa, e que envolvem chás, alimentos e plantas medicinais. Até o momento, nada foi chancelado pela OMS nem pelo Ministério da Saúde.

Fonte: G1

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É #FAKE que produto veterinário creolina cure Covid-19

Circula pelas redes sociais um vídeo em que um homem diz ter ficado curado da Covid-19 após tomar o desinfetante de uso veterinário creolina. “Eu passei por um momento muito difícil com a Covid-19. Eu resolvi fazer essa live hoje porque eu tomei a Creolina ontem à noite com muita diarreia, com muita dor no corpo e eu fui curado” , afirma. A mensagem é #FAKE.

O Ministério da Saúde esclarece que, até o momento, não há nenhum medicamento, substância, vitamina, alimento específico ou vacina que possa prevenir a infecção pelo coronavírus ou ser utilizado com 100% de eficácia no tratamento.

A Eurofarma, fabricante da creolina no Brasil, afirma que não há nenhum teste ou estudo de comprove a indicação para uso contra a Covid-19. Destaca que o produto tem registro apenas no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) e não há registro da creolina na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que regula medicamentos farmacêuticos humanos.

A creolina, segundo o fabricante, é um produto de uso ambiental e não deve ser utilizados em animais ou humanos. É um desinfetante e germicida, com comprovada ação bactericida e fungicida, de uso veterinário, e com eficácia comprovada como desinfetante de instalações rurais tais como: granjas, aviários, pocilgas, estábulos, haras, cocheiras, canis e galpões. Veja a bula do produto.

O farmacêutico Leandro Medeiros, coordenador do curso de Farmácia da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), explica que a creolina é um produto tóxico que não deve ser ministrado nem mesmo a animais e que só serve como produto para desinfecção de instalações rurais.

“Creolina é um nome comercial de um desinfetante ambiental usado especialmente em instalações rurais e sua utilização deve ser feita sob prescrição de um médico veterinário. Esse produto não tem a característica de uso em animais. Ele é usado como germicida. Você dilui em água e deixa em contato com a superfície inanimada, não com o animal. Não deve ser usado em animal porque ele é perigoso para animais e também é perigoso para humanos, tanto que a própria forma de utilização do produto destaca a necessidade de você não ter contato com a pele, evitar inalação eventual, ingestão eventual. Realmente um produto que não deve ser usado em seres humanos sob qualquer hipótese.”

O professor destaca que caso haja alguma algum contato acidental, conforme relatado em bases de dados da área da toxicologia, o produto provoca dor de estômago, dor de cabeça, dor e vermelhidão na pele, dor ocular, náusea, vômito, diarreia e tremores. “O produto é tóxico e ele é potencialmente perigoso, inclusive a classificação dele está como desinfetante combustível veterinário, porque ele pode vir a pegar fogo.”

Uma pesquisa no Facebook revela outros vídeos em que pessoas recomendam a Creolina contra a Covid-19 e outras doenças.

Veja os cuidados recomendados pelo fabricante em caso de contato com a creolina

  • Em caso de inalação, remover o paciente imediatamente do local e levá-lo para ambiente em ar fresco.
  • Em caso de contato acidental com a pele, retirar imediatamente roupas e sapatos que tiverem sido atingidos pelo produto. Lavar a pele afetada abundantemente com água por pelo menos 15 minutos.
  • Em contato acidental com os olhos, lavar imediatamente os olhos e abundantemente com água limpa, separando as pálpebras com os dedos por pelo menos 15 minutos.
  • Em caso de ingestão, lave a boca abundantemente com água limpa. Não provoque vômito. Procurar imediatamente o socorro médico, com indicação do produto ingerido (se possível levar a embalagem)
  • É muito importante armazenar o produto fora do alcance de crianças e animais. Não se deve usar a embalagem vazia. Não guardar ou aplicar perto de alimentos.

Fonte: G1

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É #FAKE que cidade paulista de Porto Feliz não registrou óbito pela Covid-19 por conta de protocolo de cloroquina e azitromicina

Está sendo compartilhado nas redes sociais que a cidade paulista de Porto Feliz não registrou óbitos em decorrência da Covid-19, porque foi adotado pela prefeitura um protocolo de uso de cloroquina e de azitromicina. É #FAKE. O texto que viralizou diz: “Ignorado pela grande mídia, o prefeito de Porto Feliz, Cássio Habice Prado, que é médico, adotou desde o início um protocolo de cloroquina e azitromicina. O kit tem custo de R$40. Nenhum óbito.” Não é verdade que Porto Feliz, cidade de cerca de 50 mil habitantes da Região Metropolitana de Sorocaba não registrou qualquer óbito pela Covid-19. Foram dez mortes, segundo dados desta quarta-feira. A cidade, de fato, adotou o protocolo mencionado, por decisão do prefeito Antônio Cássio Habice Prado, médico. Segundo a prefeitura informou à CBN, as mortes ocorridas são de pessoas que não entraram no protocolo. Um kit de remédios que inclui a hidroxicloroquina e azitromicina começou a ser distribuído no começo de abril para pacientes com sintomas leves da infecção pelo coronavírus em dois postos de saúde e no pronto-socorro de Porto Feliz, conforme foi noticiado à época. Nesta quarta-feira, o município divulgou que não faz a distribuição de kits. “O que existe é um protocolo de tratamento precoce prescrito por médicos para pacientes com sintomas iniciais de Covid-19, após realização de exames como função renal e hepática, eletrólitos, hemograma, d-dimero, ferritina, gasometria arterial, DHL, lactato, Proteína c-reativa, tomografia computadorizada de tórax e eletrocardiograma”, informa a prefeitura. Cada paciente autoriza formalmente o uso dos medicamentos e é acompanhado diariamente por uma equipe médica e de enfermagem, informou ainda a prefeitura de Porto Feliz à reportagem. Cabe ressaltar que a ação tanto da cloroquina quanto da azitromicina contra o coronavírus não é comprovada cientificamente, nem isoladamente nem os remédios combinados. O professor-titular de infectologia da UFRJ Mauro Schechter lembra que não há plausibilidade biológica na prescrição destes medicamentos para a Covid-19 – ou seja, não há razão para se supor que sirvam para a doença – e que se trata de uma “fake news brasileira”. “Não tem como a cloroquina funcionar. Já existem três estudos randomizados, que é o padrão ouro, mostrando que não há vantagem alguma no uso da cloroquina para Covid. Do estudo inglês participaram 1.300 pacientes que tomaram cloroquina e 3.500 que não tomaram e não se verificou benefício algum; pelo contrário, o risco de morte foi 11% maior para quem tomou”, explica o médico. “A cloroquina para a Covid-19 é uma ‘fake news’ brasileira, e que está matando gente. É uma irresponsabilidade manter esse falso debate sobre a cloroquina. Nenhuma sociedade científica internacional tem dúvida quanto ao uso da cloroquina para tratar Covid-19”, ressalta. Ele lembra que as pessoas que apresentam evolução positiva ao tomar o remédio já melhorariam de qualquer forma. É preciso ter em vista que a grande maioria dos casos de Covid-19 tem desfecho tranquilo, Schechter reforça. “A Covid-19 é uma doença em que menos de 10% das pessoas necessitam de hospitalização. Portanto, a quase totalidade das pessoas ficaria curada com, sem ou apesar de qualquer medicação tomada. Quanto à azitromicina, nem a ação in vitro [comprovada em laboratório] contra o vírus existe. A razão para o uso seria para tratar possíveis complicações bacterianas. Não é recomendada.” Fonte: G1
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É #FAKE que coletor usado em teste para coronavírus pode provocar dano cerebral

Está sendo compartilhado nas redes sociais um texto que afirma que o coletor usado no teste RT-PCR do coronavírus, introduzido no nariz, pode causar inflamação no cérebro. É #FAKE.

O exame citado na mensagem que viralizou, feito com o chamado swab nasal, é indicado no Guia de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde. O material saiu no início do mês de abril para esclarecer as formas de detecção do coronavírus.

Especialistas disseram à CBN que não há por que temer pela segurança do teste – ele pode gerar algum desconforto físico, mas não causa qualquer dano cerebral.

Funciona assim: um tipo de cotonete longo de uso médico coleta amostras na cavidade nasal que possam conter fragmentos do vírus. Isso dura alguns segundos apenas. Depois é feita a análise laboratorial, para se pesquisar se há RNA do vírus.

O teste é o mais indicado para pacientes sintomáticos ou que tenham tido contato com pessoas com a Covid-19. O coletor atinge a nasofaringe, parte posterior da cavidade nasal, que fica bem distante do cérebro.

A CBN procurou o Ministério da Saúde, que reiterou que o teste RT-PCR é seguro e é considerado “padrão ouro” para o diagnóstico da Covid-19, o melhor disponível. “O teste tem sido adotado pela maior parte dos países, e é recomendado pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS) e pelo protocolo internacional desenvolvido pelo Instituto Charité/Berlim. Desta forma, ressaltamos que não temos notificações da ocorrência de problemas de saúde ou lesões ocasionadas pela realização do teste RT-PCR”, diz nota enviada à CBN.

O professor titular de infectologia da UFRJ Mauro Schetcher explica que a informação não tem qualquer fundamento, e que este tipo de exame é de uso corrente. “Parece até piada. Se isso fosse verdade, teríamos uma epidemia mundial de meningoencefalites bacterianas causadas pela microbiota nasal. Salvo engano, epidemia como essa não foi detectada por nenhum dos serviços de vigilância epidemiológica de qualquer dos mais de 200 países onde já foram inseridos várias e várias dezenas de milhões de ‘cotonetes’”.

A mensagem falsa é acompanhada por um desenho. Diz assim: “Alguém se assustou com o tamanho desse ‘cotonete’? O local onde eles entram para obter uma amostra para o teste Covid-19 chama-se barreira cerebral de sangue. É uma única camada de células que protege o seu cérebro de metais pesados, pesticidas e outras substâncias tóxicas que geralmente são mantidas fora. É a forma como nutrientes vitais, como o oxigênio, chegam ao cérebro. Se, de alguma forma, a sua barreira de sangue fica comprometida, ela se torna uma barreira cerebral de fuga, que é um cérebro inflamado!”.

Essa membrana citada, que se chama barreira hematoencefálica e envolve e protege o sistema nervoso central, regulando a passagem de substâncias para o ambiente cerebral, não tem como ser perfurada pelo coletor, reforça a infectologista Eliana Bicudo, assessora técnica da Sociedade Brasileira de Infectologia. “Essa mensagem não faz qualquer sentido. O ‘cotonete’ percorre a nasofaringe, não há como ele chegar ao cérebro”.

Fernão Costa, otorrinolaringologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo, ratifica que a barreira hematoencefálica não é periférica, não podendo ser alcançada no exame. “A barreira é uma estrutura endotelial, da capilaridade do sistema circulatório no cérebro, o último tecido que segura a passagem de substâncias, medicamentos, impedindo que eles passem para as células do cérebro. Tem uma estrutura um pouco mais ‘rígida’ e não é periférica”, explica o médico.

“O swab é uma haste que, de fato, é longa, e que as pessoas chamam de ‘cotonete’. Ele colhe partículas que estão na mucosa. É muito, muito longe da barreira hematoencefália. A mensagem é totalmente ‘fake’. Não há tecido cerebral no nariz”, continua o otorrinolaringologista.

Segundo Costa, uma coleta de swab realizada de forma indevida pode causar sangramento, derivado de um machucado na mucosa, dor local por até algumas horas e crise de espirros em caso de pessoas alérgicas. Nada relacionado a danos cerebrais. Ele ressalvou apenas que em pessoas com algum tipo de alteração no crânio, por conta de síndromes ou em decorrência de cirurgias cranianas, a coleta por swab tem que ser mais cuidadosa.

Ingrid Cotta, infectologista também da Beneficência Portuguesa de São Paulo, alerta que este tipo de desinformação pode amedrontar as pessoas na hora de se submeter ao exame, que é o mais preciso para detectar a Covid-19.

“É o risco desse tipo de ‘fake news’. Põe-se em dúvida o teste que nos dá a certeza de que o paciente tem a Covid-19. É o que chamamos em medicina de ‘padrão ouro’, o melhor exame para confirmar a doença. Se as pessoas ficarem com medo de fazer, podem retardar a ida ao médico, e aí pode ser tarde demais quando, enfim, forem”, diz a médica.

“O cotonete é relativamente grande, mas penetra única e exclusivamente na nasofaringe. O desconforto que pode causar gera alguns medos. Mas precisamos lembrar das aulas de ciências na escola: entre a nasofaringe e o cérebro, existem várias estruturas, a mucosa nasal, o osso do crânio, a barreira hematoencefálica e o líquido cefalorraquidiano. O ‘cotonete’ não é capaz de perfurar a barreira nem o osso do crânio.”

Fonte: G1

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É #FAKE que médicos franceses protestaram ao descobrir que pandemia de Covid-19 é ‘um golpe’

Foto de Mike MacKenzie, no Flickr
Circula nas redes sociais a foto de um protesto de profissionais de saúde franceses, em que eles jogam os jalecos no chão de um hospital. A legenda diz ter se tratado de uma manifestação de revolta porque eles descobriram que a pandemia de Covid-19 “é um golpe”. É #FAKE.

A mensagem diz: “Médicos franceses tiram roupa de médico, indo embora do hospital porque descobriram o golpe do [sic] Covid. A mentira por trás da nova ordem mundial”.

Só que o protesto em questão, realizado no Hospital Saint-Louis, de Paris, nada teve a ver com a pandemia do coronavírus. Foi realizado no dia 14 de janeiro, sendo que o primeiro caso de coronavírus na França seria registrado apenas no dia 24 daquele mês.

O vídeo foi publicado no Twitter no mesmo dia do protesto, 14 de janeiro, e nas imagens é possível ver os profissionais lançando os jalecos no chão, enquanto se ouve um discurso de repúdio às más condições de trabalho no serviço público de saúde.

Ou seja, o ato nada teve a ver com a crise do coronavírus. À época, no noticiário sobre coronavírus, o foco era a situação na China – onde o vírus surgiu, em dezembro.

A mobilização de médicos e outros trabalhadores da área da saúde na França cresce desde o ano passado. A categoria pressiona o governo de Emmanuel Macron a investir mais nas unidades públicas. Os profissionais já fizeram uma série de atos e entraram em greve.

Continuamente, denunciam falta de pessoal e de equipamentos, além de má renumeração.

A deterioração das condições de trabalho ficou em maior evidência na esteira da emergência em saúde desencadeada pela pandemia da Covid-19 no país, que matou mais de 30 mil franceses. Vistos como heróis pela população, pelos esforços no atendimento dos pacientes com a doença, médicos, enfermeiros e técnicos buscam estender o apoio popular às suas causas trabalhistas.

Fonte: G1
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É #FAKE que OMS considere desnecessário uso de máscara por quem não foi infectado pelo coronavírus

Foto de Karolina Grabowska no Pexels
Está circulando nas redes sociais que a Organização Mundial de Saúde (OMS) considera desnecessário o uso de máscara de proteção contra o coronavírus se a pessoa estiver saudável. É #FAKE.

A CBN entrou em contato com a OMS, que respondeu que sua publicação mais atualizada a respeito do uso de máscaras, datada de um mês atrás, orienta que em locais onde há disseminação comunitária da doença – caso do Brasil –, “os governos devem incentivar o público em geral a usar máscaras onde houver transmissão difusa e o distanciamento físico for difícil, como em transportes públicos, em lojas ou em outros ambientes confinados ou lotados”.

Essa diretriz foi divulgada no dia 5 de junho. Baseia-se em dados dos últimos estudos sobre a pandemia, cuja dinâmica, nova e ainda em curso, segue sendo analisada pela comunidade médico-científica. As recomendações anteriores da OMS incluíam apenas os profissionais de saúde que lidam com pacientes com a Covid-19, pessoas com 60 anos ou mais ou com doenças pré-existentes (como diabetes e doenças respiratórias), e também os cuidadores destes como grupos que deveriam aderir à máscara.

O posicionamento foi revisto. A OMS sublinha na publicação mais recente que as máscaras podem servir como proteção individual a indivíduos saudáveis, no contato com infectados, e também para controle coletivo da pandemia, quando os já contaminados a utilizam. Isso porque o Sars-Cov-2 é transmitido por meio de gotículas exaladas pelas pessoas que já o contraíram, o que pode ocorrer no ato da fala, da tosse e do espirro.

A Agência das Nações Unidas que emite diretrizes para ajudar governos a tomar decisões em momentos de crise de saúde pública, a OMS reitera que “as máscaras fazem parte de um pacote abrangente de medidas de prevenção e controle de infecções, além do distanciamento físico e da higiene das mãos” e que o item, “por si só, é insuficiente para fornecer um nível adequado de proteção”.

No Brasil, desde o mês de abril o Ministério da Saúde orienta a população em geral a utilizar a máscara, sem fazer distinção entre os que estão contaminados pelo coronavírus e os que não estão; inclusive, a pasta passou a ensinar as pessoas a produzirem máscaras de tecido em casa.

Por sua vez, estados e municípios determinaram a obrigatoriedade do uso do item em locais públicos, fechados ou não, incluindo as ruas. Isso vale para todos os cidadãos, e existe previsão de multa a quem descumprir a medida.

A mensagem falsa que está circulando provoca: “Fomos enganados? A OMS alerta sobre a máscara ser desnecessária para pessoas saudáveis. Por que estamos sendo obrigados a usar”? A médica Ligia Bahia, especialista em saúde pública, refuta o conteúdo: essa mudança de rumo da OMS não ocorreu, ela reitera, ressaltando que a pandemia requer ação individual de proteção, e também emprego de medidas coletivas.

“Os estudos atuais evidenciaram que o uso de máscara protege, e a obrigatoriedade, em lugares abertos e fechados, tem efeito de reduzir a transmissão. É muito importante que todos usem o tempo todo, para que a redução ocorra de fato”, diz Ligia.

“A ideia de que quem já teve Covid-19 poderia dispensar – porque a máscara protegeria apenas quem não teve a doença – não é verdadeira porque ainda não há certeza sobre a questão da imunidade; ou seja, não se sabe se de fato as pessoas que já tiveram estão imunes. Até onde os estudos conseguiram alcançar, não sabemos quem transmite e quem é receptor. Em princípio, todos somos transmissores e todos estamos suscetíveis à infecção. Não devemos sair ao ar livre sem máscara, muito menos ir a lugares fechados sem ela. Todos devem se cuidar e cuidar dos outros.”

A infectologista Eliana Bicudo, assessora técnica da Sociedade Brasileira de Infectologia, reafirma: usar máscara, estando doente ou não, é uma atitude que demonstra responsabilidade social. “É a única barreira mecânica para a disseminação das gotículas que contêm o vírus”. Ela cita os estudos internacionais que comprovam a eficácia da máscara para conter a pandemia.

Um trabalho da Universidade de Cambridge ofereceu novas evidências disso por meio de modelos matemáticos. Mesmo as máscaras caseiras, menos vedadas, trazem benefícios claros, concluíram os pesquisadores. Essa semana, foi divulgado outro estudo, feito na Alemanha, que verificou a redução em até 40% da taxa de crescimento de casos de Covid-19 quando o uso de proteção facial se tornou compulsório.

A equipe do Fato ou Fake já desmentiu diversas informações falsas a respeito das máscaras: de que fazem mal à saúde, causam dor de garganta, levam a quadros de hiperventilação, tornam o sangue mais ácido e também a inferência de que são inócuas para deter a pandemia. Nada disso procede.

Fonte: G1

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É #FAKE que presos liberados da cadeia por conta da pandemia de Covid-19 cometeram 13,9% dos homicídios do país no mês de abril

Foto de Edward Jenner no Pexels
Circula pelas redes sociais que 13,9% dos homicídios ocorridos no Brasil no mês de abril tiveram como autores pessoas que foram liberadas do sistema penitenciário por conta da pandemia do coronavírus. É #FAKE.
A CBN procurou o Conselho Nacional de Justiça, que, em março, diante da pandemia da Covid-19 e do alto risco de propagação do coronavírus nas cadeias, recomendou a tribunais e magistrados a avaliação da possibilidade de concessão de saída antecipada a detentos – em casos previstos em lei, e de prisão domiciliar àqueles já em regime aberto ou semiaberto. O CNJ informou que a mensagem que vem sendo compartilhada não procede e que se vale de um outro dado que se refere ao mês de abril no estado do Rio Grande do Sul. Naquele mês, 22 presos que tiveram liberdade concedida pela Justiça acabaram sendo vítimas de homicídios, o que representou 13,9% do total das mortes por assassinato no período. Ou seja, o número foi distorcido: o percentual diz respeito ao perfil das vítimas, não dos autores. O boletim do governo gaúcho com estatísticas daquele mês diz que o aumento do número de homicídios teve como um dos ingredientes a soltura de criminosos por conta da crise do coronavírus. Mas não porque os próprios egressos cometeram assassinatos, e sim porque o retorno deles às ruas provocou a reação de criminosos rivais, explica a publicação. “As libertações ocorrem durante a vigência da recomendação nº 62 do Conselho Nacional de Justiça, que ‘recomenda aos tribunais e magistrados a adoção de medidas preventivas à propagação da infecção pelo novo coronavírus (Covid-19) no âmbito dos sistemas de justiça penal e socioeducativo’. A saída de criminosos, muitas vezes, mobiliza rivalidades entre grupos, abre disputas na hierarquia dos bandos e desencadeia ataques encomendados para acerto de contas. Em abril, 22 presos que tiveram liberdade concedida pelo Judiciário acabaram virando vítimas de homicídio, o que representa 13,9% dos assassinatos no estado”, explica o boletim. A CBN também procurou o Departamento Penitenciário Nacional, órgão vinculado ao Ministério da Justiça, que informou desconhecer a estatística propagada pela mensagem falsa, que diz: “Quer dizer que os presos soltos pelo Covid-19 já correspondem a 13,9% dos homicídios em abril. Alguém avisa aos iluminados governadores dos estados e ministros do Supremo que os presos soltos pelo Covid-19 já matam mais do que a Covid.” É fácil identificar que se trata de uma informação falsa, aponta a cientista social Silvia Ramos, coordenadora da Rede de Observatórios de Segurança. “Uma das maiores dificuldades no Brasil na área de justiça criminal é justamente a elucidação de crimes. Todas as pesquisas realizadas até hoje mostraram que menos de 10% dos homicídios tinham sido elucidados dois anos depois do cometimento do crime. Então essa informação é totalmente desprovida de verdade. Nenhum estado no Brasil tem na sua delegacia de homicídios a possibilidade de ter esse percentual de homicídio elucidado, com autoria identificada, em tão pouco tempo.” Segundo Michele dos Ramos, assessora especial do Instituto Igarapé, que propõe soluções para a área da segurança pública, esse tipo de mensagem busca reforçar a tese de que presos são menos merecedores do direito à vida do que pessoas em liberdade. “Infelizmente, o Brasil tem uma baixíssima taxa de esclarecimento de crimes contra a vida. Tem estados que sequer produzem e disponibilizam esses dados, muito menos em tempo tão curto”, diz Ramos, rechaçando a falsa estatística. “A liberação dos presos nesse contexto de pandemia é para diminuir a superlotação das unidades prisionais. O fato de o número de presos ser quase o dobro da quantidade de vagas disponíveis é um dos fatores que levam as unidades a serem locais mais propícios à propagação de doenças, como a Covid-19, entre os presos e os funcionários. A recomendação do CNJ é focada em grupos específicos, como idosos, grávidas, pessoas que cometeram crimes menos graves… E um levantamento inicial do próprio CNJ mostra que a taxa de quem voltou a ser presa é inferior a 2,5%.” Fonte: G1
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