É #FAKE que OMS considere desnecessário uso de máscara por quem não foi infectado pelo coronavírus

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Foto de Karolina Grabowska no Pexels
Está circulando nas redes sociais que a Organização Mundial de Saúde (OMS) considera desnecessário o uso de máscara de proteção contra o coronavírus se a pessoa estiver saudável. É #FAKE.

A CBN entrou em contato com a OMS, que respondeu que sua publicação mais atualizada a respeito do uso de máscaras, datada de um mês atrás, orienta que em locais onde há disseminação comunitária da doença – caso do Brasil –, “os governos devem incentivar o público em geral a usar máscaras onde houver transmissão difusa e o distanciamento físico for difícil, como em transportes públicos, em lojas ou em outros ambientes confinados ou lotados”.

Essa diretriz foi divulgada no dia 5 de junho. Baseia-se em dados dos últimos estudos sobre a pandemia, cuja dinâmica, nova e ainda em curso, segue sendo analisada pela comunidade médico-científica. As recomendações anteriores da OMS incluíam apenas os profissionais de saúde que lidam com pacientes com a Covid-19, pessoas com 60 anos ou mais ou com doenças pré-existentes (como diabetes e doenças respiratórias), e também os cuidadores destes como grupos que deveriam aderir à máscara.

O posicionamento foi revisto. A OMS sublinha na publicação mais recente que as máscaras podem servir como proteção individual a indivíduos saudáveis, no contato com infectados, e também para controle coletivo da pandemia, quando os já contaminados a utilizam. Isso porque o Sars-Cov-2 é transmitido por meio de gotículas exaladas pelas pessoas que já o contraíram, o que pode ocorrer no ato da fala, da tosse e do espirro.

A Agência das Nações Unidas que emite diretrizes para ajudar governos a tomar decisões em momentos de crise de saúde pública, a OMS reitera que “as máscaras fazem parte de um pacote abrangente de medidas de prevenção e controle de infecções, além do distanciamento físico e da higiene das mãos” e que o item, “por si só, é insuficiente para fornecer um nível adequado de proteção”.

No Brasil, desde o mês de abril o Ministério da Saúde orienta a população em geral a utilizar a máscara, sem fazer distinção entre os que estão contaminados pelo coronavírus e os que não estão; inclusive, a pasta passou a ensinar as pessoas a produzirem máscaras de tecido em casa.

Por sua vez, estados e municípios determinaram a obrigatoriedade do uso do item em locais públicos, fechados ou não, incluindo as ruas. Isso vale para todos os cidadãos, e existe previsão de multa a quem descumprir a medida.

A mensagem falsa que está circulando provoca: “Fomos enganados? A OMS alerta sobre a máscara ser desnecessária para pessoas saudáveis. Por que estamos sendo obrigados a usar”? A médica Ligia Bahia, especialista em saúde pública, refuta o conteúdo: essa mudança de rumo da OMS não ocorreu, ela reitera, ressaltando que a pandemia requer ação individual de proteção, e também emprego de medidas coletivas.

“Os estudos atuais evidenciaram que o uso de máscara protege, e a obrigatoriedade, em lugares abertos e fechados, tem efeito de reduzir a transmissão. É muito importante que todos usem o tempo todo, para que a redução ocorra de fato”, diz Ligia.

“A ideia de que quem já teve Covid-19 poderia dispensar – porque a máscara protegeria apenas quem não teve a doença – não é verdadeira porque ainda não há certeza sobre a questão da imunidade; ou seja, não se sabe se de fato as pessoas que já tiveram estão imunes. Até onde os estudos conseguiram alcançar, não sabemos quem transmite e quem é receptor. Em princípio, todos somos transmissores e todos estamos suscetíveis à infecção. Não devemos sair ao ar livre sem máscara, muito menos ir a lugares fechados sem ela. Todos devem se cuidar e cuidar dos outros.”

A infectologista Eliana Bicudo, assessora técnica da Sociedade Brasileira de Infectologia, reafirma: usar máscara, estando doente ou não, é uma atitude que demonstra responsabilidade social. “É a única barreira mecânica para a disseminação das gotículas que contêm o vírus”. Ela cita os estudos internacionais que comprovam a eficácia da máscara para conter a pandemia.

Um trabalho da Universidade de Cambridge ofereceu novas evidências disso por meio de modelos matemáticos. Mesmo as máscaras caseiras, menos vedadas, trazem benefícios claros, concluíram os pesquisadores. Essa semana, foi divulgado outro estudo, feito na Alemanha, que verificou a redução em até 40% da taxa de crescimento de casos de Covid-19 quando o uso de proteção facial se tornou compulsório.

A equipe do Fato ou Fake já desmentiu diversas informações falsas a respeito das máscaras: de que fazem mal à saúde, causam dor de garganta, levam a quadros de hiperventilação, tornam o sangue mais ácido e também a inferência de que são inócuas para deter a pandemia. Nada disso procede.

Fonte: G1

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