É #FAKE orientação para jogar água sanitária em rede de água de esgoto

Circula nas redes sociais uma recomendação para que a população coloque água sanitária em ralos, pias e chuveiros para matar o coronavírus. A justificativa: o vírus está se multiplicando nos esgotos. É #FAKE.

A mensagem que está circulando diz: “Por favor, adicione uma colher de sopa de água sanitária em cada ralo das suas privadas, lavatórios, banheiras, chuveiros, lava-louças… As autoridades holandesas descobriram que o vírus está crescendo e se multiplicando no sistema de águas residuais. Eles descobriram que mesmo as pessoas que estavam confinadas em suas casas pegaram o vírus e decidiram testar a água do sistema de águas residuais. Encontraram o vírus Covid-19 ativo nos esgotos.”

Só que especialistas entrevistados pela CBN explicam que a recomendação não procede, porque o vírus na prática não tem capacidade de infecção ao estar no esgoto.

O virologista Rômulo Neris, doutorando pela UFRJ, esclarece que os estudos apontam que o Sars-CoV-2, causador da pandemia de Covid-19, perde essa capacidade depois de algumas horas fora do organismo humano. Ele diz não saber de qualquer país que tenha feito a indicação de uso da água sanitária para tratar água de esgoto e assim neutralizar o vírus.

“Sabe-se que muitos vírus não sobrevivem por longos períodos em tubulações e estações de esgoto. Por isso, testá-las permite uma análise instantânea da situação de uma cidade. Uma vez que é difícil rastrear e testar em massa toda a população, vira uma ferramenta útil para discutir o cenário. Apesar disso, temos que tomar cuidado com essas análises, exatamente porque é improvável que o esgoto seja uma fonte de vírus capaz de infectar pessoas, como acontece com outras doenças”, pondera o virologista.

“Todos os vírus precisam estar dentro de alguma célula para sobreviver e se multiplicar. Por isso, vírus não são capazes de se multiplicar em água ou resíduos de esgoto”, afirma Neris. “A água sanitária é, de fato, capaz de eliminar o vírus, mas uma colher de água sanitária nem seria suficiente para os milhares de litros de água que circulam em casas com saneamento nas grandes cidades todos os meses.”

Ele lembra que a análise da água de esgoto para detecção da presença do coronavírus – que ocorreu mesmo na Holanda e em outros países, embora sem recomendação para o uso de água sanitária pela população – serve para acompanhar a circulação e prevalência do vírus em uma determinada região.

Procurado pela CBN, o Ministério da Saúde esclarece que “não existe recomendação de que se utilize água sanitária em ralos, banheiras, chuveiros e lava-louças de residências como forma de evitar o contágio por coronavírus”.

Em nota oficial, o órgão explica que existem estudos que apontaram a presença do vírus em esgotos, mas ressalva que “esse tipo de detecção de partículas tem a função de mapear quais são as áreas com maior taxa de infecção pelo vírus. Assim, gestores podem agir de forma preventiva e tomar decisões em relação a medidas de isolamento social.”

A pneumologista da Escola Nacional de Saúde Pública Patricia Canto Ribeiro ressalta que o material encontrado nas águas pode ser apenas partículas de vírus. Portanto, não há por que temer ser infectado por esta via. “Alguns estudos encontraram o RNA do vírus em esgoto. Mas não há, pelo menos até este momento, comprovação de que seja infectante. Ou seja, o encontro do RNA não é suficiente para que este seja causador de doença; podem ser apenas partículas degradadas do vírus”, diz Canto Ribeiro.

A médica desconhece a existência de estudos sobre uso de água sanitária em ralos para neutralizar o coronavírus, e reforça que o poder desinfetante do produto depende diretamente da concentração na água. “É bem possível que fique muito diluída e não tenha efeito contra vírus. Mas ressalto que não há evidências de que o vírus possa ser transmitido dessa forma.”

Presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, o infectologista Renato Kfouri reforça: “A transmissão fecal oral não é documentada. Embora já se tenha identificado material genético do vírus em fezes e esgotos, não há registro de transmissão por essa via. Portanto, não há indicação de tratar de forma diferente a água, nem adicionar água sanitária nos ralos.”

Kfouri lembra que o sistema de tratamento vigente dá conta da limpeza da água. “Esses dados de esgoto servem para a área de vigilância, não são indicação de necessidade de tratamento. O processo que a água sofre até chegar às nossas casas já é mais do que suficiente.”

A mensagem falsa já circulou também na Europa. Fato é que estudos feitos em países como a Holanda, a França e a Austrália já mostraram que as fezes de pessoas infectadas pelo vírus contêm o material genético do vírus, como apontam os especialistas entrevistados pela CBN. Examinar o esgoto pode ser uma forma de monitorar a propagação desta e de outras epidemias, por meio de uma estimativa do número de infectados na área pesquisada.

Na nota oficial enviada à CBN, o Ministério da Saúde ratifica que analisa “a evolução da Covid-19 para a adoção de novas ações para atendimento da população brasileira, em apoio aos gestores locais do Sistema Único de Saúde (SUS)”, e publica “diretrizes com orientações e recomendações relacionadas à prevenção, controle e redução da transmissão da Covid-19”. Usar água sanitária nos esgotos não é uma delas.

Fonte: G1

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É #FAKE que pintura previu a pandemia de Covid-19

Foto: Reprodução/Denver International Airport

Circula nas redes sociais a foto de uma pintura que mostra 28 crianças com rostos cobertos por máscaras de proteção contra o coronavírus estampadas com as bandeiras de diferentes países. A legenda diz que se trata de um mural exposto no aeroporto de Denver, nos Estados Unidos, que foi pintado em 1994. É #FAKE.

A mensagem diz assim: “O mural do aeroporto de Denver pintado em 1994. Com que antecedência eles planejam esse tipo de coisa?” O teor corrobora teorias da conspiração segundo as quais o coronavírus foi criado artificialmente e espalhado pelo mundo propositalmente.

Procurado pela CBN, o aeroporto de Denver diz que a pintura, que traz representações das bandeiras de países como China, Estados Unidos, Filipinas, Brasil, Espanha e Japão, jamais esteve no terminal.

“Ela não é da nossa coleção, embora se pareça com um mural que está no aeroporto e se chama ‘Crianças do mundo sonham com a paz’ (neste, há crianças de diferentes nações e etnias felizes)”, explica uma porta-voz. Não há, porém, máscaras como na pintura viral.

Além de não estar no aeroporto de Denver, a pintura que acompanha a mensagem falsa, intitulada “Maskcommunication” (na tradução, “Comunicação por máscara”), não é premonitória. A obra foi realizada neste ano, e é uma reflexão sobre a pandemia.

A foto consta da página no Facebook de um artista das Filipinas chamado Christian Joy Trinidad. A imagem foi postada na rede social no dia 25 de fevereiro. A pintura foi estampada em camisetas, bolsas e máscaras de proteção contra o coronavírus, mostram posts do artista.

A equipe do Fato ou Fake já desmentiu informações falsas sobre obras do passado que as mensagens diziam ter retratado a pandemia. Foi o caso de uma carta atribuída ao autor norte-americano F. Scott Fitzgerald (1896-1940), que, na verdade, era uma paródia, redigida em março deste ano, e do texto “Covid-19: a pandemia do medo”, que a mensagem dizia ser de um livro de 1943 do irlandês C.S. Lewis (1898-1963). Mas não é verdade: quem escreveu foi uma brasileira.

Fonte: G1

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É #FAKE que médico congolês Prêmio Nobel da Paz deixou cargo por ser obrigado a falsear dados da Covid-19

A mensagem falsa diz: “Não posso sujar meu Prêmio Nobel da Paz por dinheiro. Fomos obrigados a considerar qualquer doença como coronavírus, qualquer morte. Além disso, o que mais me desagradou é que, depois de mais de 100 amostras, nenhuma saiu positiva. Tenho carreira a proteger e sou congolês de sangue. Ficar rico mentindo é pecado diante de Deus. Eu me demiti”. Tal afirmação jamais foi feita por ele.

De março a junho, Mukwege, um ginecologista da República Democrática do Congo agraciado com o Nobel em 2018 por sua atuação na defesa de mulheres que sofreram violações sexuais em tempos de guerra, foi vice-presidente da Comissão Multissetorial e presidente da Comissão de Saúde de combate ao coronavírus na província de Kivu do Sul.

Ele, de fato, deixou o posto, mas em nenhum momento afirmou que sua decisão se deveu ao fato de ser pressionado a mentir sobre dados, atribuindo à Covid-19 óbitos que tiveram outras causas.

No dia 10 de junho, Mukwege publicou no site da Fundação Panzi, que criou para levar adiante suas causas humanitárias, um texto em que esclarece que os motivos que o levaram a sair do cargo, assumido no dia 30 de março após convite do governador da província, foram as dificuldades enfrentadas no trabalho, inclusive a “negação da realidade” da pandemia.

No texto, o médico explica quais foram as ações implementadas no sentido da prevenção da propagação da Covid-19 e de atenção aos doentes em sua passagem pelo posto, e diz que, com elas, foi possível conter a disseminação “por várias semanas”.

Só que entraves como a carência de testes rápidos para a Covid-19 na província, o afrouxamento das medidas de prevenção pela população, a falta de bloqueio nos acessos à região e a ausência de quarentena para quem chegava de fora impediram que os esforços fossem bem-sucedidos.

“A esses fatores são acrescentadas fraquezas organizacionais e de consistência entre as diferentes equipes responsáveis pela resposta à pandemia no Kivu do Sul. Até a presente data, diante do afluxo de pacientes afetados pelo coronavírus nos hospitais de Bukavu, parece indubitável que a doença está presente na cidade. Estamos, portanto, no início de uma curva epidemiológica exponencial, e não podemos mais aplicar uma estratégia que seria apenas preventiva. Decidi, portanto, renunciar às minhas funções como vice-presidente do Comitê Multissetorial de Resposta ao Coronavírus em nossa província e presidente da Comissão de Saúde, a fim de me dedicar inteiramente às minhas responsabilidades médicas e tratar esse afluxo de pacientes no Hospital Panzi.”

Ao deixar o cargo, ele não acusou o governo de determinar que mortes não relacionadas à Covid-19 fossem registradas como tal, como sugere a mensagem falsa. Pelo contrário. No texto do dia 10 de junho, Mukwege afirmou: “Em relação à continuidade de nossa ação, estou convencido de que o ministro da Saúde e a Divisão Provincial de Saúde serão capazes de garantir a implementação das estratégias iniciadas em conjunto. Nesta provação para a nossa população e para todos nós, estarei sempre ao lado da população e do governador da província”.

Dias depois, o médico também tuitou e disse que as afirmações postadas em seu nome que não constam de seus canais oficiais “não são genuínas”. Um usuário, então, postou a mensagem que tem viralizado na web e perguntou se era verdadeira ou não. Sua fundação rebateu: “É uma citação falsa”.

Fonte: G1

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É FAKE que vídeo mostre primeira-ministra da Austrália fingindo tomar vacina contra Covid-19

Circula pelas redes sociais uma imagem que mostra o momento em que uma política recebe uma vacina. Uma legenda diz: “Ministra da Austrália faz propaganda tomando a vacina contra a Covid, distribuída pela China, porém não toma. Observem que nem a capinha protetora da seringa foi retirada”. A mensagem é totalmente #FAKE.

Em primeiro lugar, a mulher que aparece no vídeo não é a primeira-ministra da Austrália, mas, sim, a premier de Queensland, um dos estados do país. O nome dela é Annastacia Palaszczuk.

Além disso, nas imagens, ela não toma uma vacina contra o coronavírus, até porque não há nenhuma aprovada ainda. Ela toma, na verdade, uma vacina contra a gripe. Só que o vídeo que circula foi editado. Após ela receber a dose de forma muito rápida, cinegrafistas e fotógrafos pediram para que ela “encenasse” novamente a aplicação, para que o fato fosse registrado. É esse o trecho que tem viralizado.

A política publicou o vídeo no Twitter em 27 de abril. “Tanto a gripe quanto a Covid-19 podem ser fatais e colocar pressão em nossos hospitais, por isso é importante que façamos tudo o que pudermos para reduzir o risco.”

Na filmagem completa, é possível notar o pedido de alguns fotógrafos e cinegrafistas para que a ação fosse repetida, para dar tempo de fazer as imagens.

O canal de televisão 7News Brisbane fez, inclusive, um post sobre o ocorrido: “Isso foi tão rápido! A premier Annastacia foi filmada recebendo sua vacina contra a gripe antes de ser solicitada por um fotógrafo a reencenar o momento para mais fotos”.

https://twitter.com/7NewsBrisbane/status/1255320056478777346?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E1255320056478777346%7Ctwgr%5E&ref_url=https%3A%2F%2Fg1.globo.com%2Ffato-ou-fake%2Fcoronavirus%2Fnoticia%2F2020%2F07%2F03%2Fe-fake-que-video-mostre-primeira-ministra-da-australia-fingindo-tomar-vacina-contra-covid-19.ghtml

Fonte: G1

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É #FAKE que vacina contra o coronavírus a ser testada no Brasil só foi ministrada em macacos

Circula nas redes sociais que a CoronaVac, vacina contra o coronavírus da farmacêutica chinesa Sinovac, que será testada em 9 mil voluntários brasileiros, nunca foi ministrada em humanos, só tendo passado por testes clínicos e com macacos. É #FAKE.

A mensagem diz que o governador de São Paulo, João Doria, fechou um acordo para que “9.000 paulistas sirvam de cobaias para testes da vacina chinesa, só testada em laboratório e em macacos”. “Mas se a vacina é tão promissora, porque então não testar na China, onde surgiu esse maldito vírus em vez de testar nos paulistas?”, indaga.

Não é verdade que só macacos receberam a vacina, que é do laboratório chinês Sinovac Biotech e na qual se depositam muitas esperanças para conter o novo vírus. Os testes com humanos, que sucederam os com macacos rhesus, começaram na China no dia 16 de abril, com adultos saudáveis, com idades entre 18 e 59 anos.

Segundo o fabricante, não foram observados efeitos colaterais significativos da vacina, que começou a ser produzida em janeiro. Também não é verdade que só paulistas participarão dos testes brasileiros.

Procurado pela CBN, o Instituto Butantan esclarece a questão: “As primeiras fases de testes clínicos em humanos da Coronavac, que avaliam segurança e imunogenicidade (capacidade de produzir anticorpos pelo organismo), já foram realizadas na China com cerca de mil pessoas. Estudos preliminares divulgados pela Sinovac, inclusive, indicam que 90% dos participantes do estudo produziram resposta imune num intervalo de 14 dias, o que torna a vacina promissora. Vale salientar também que a terceira fase de estudos clínicos a ser realizada pelo Butantan contará com a parceria de centros de pesquisa em todo o Brasil, recrutando 9 mil voluntários”.

O caminho até uma vacina é dividido assim: na fase 1, são feitos os primeiros estudos em seres humanos, com o objetivo principal de demonstrar a segurança da substância; na 2, busca-se descobrir se ela é capaz de gerar a resposta imune do organismo, ou seja, se os indivíduos produzem anticorpos para o vírus; na 3, que precede o registro sanitário, os pesquisadores visam demonstrar a eficácia da vacina. A fase 4 já é a de disponibilização da vacina para a população.

Os testes no Brasil serão os da fase três. Se tudo der certo, a vacina será produzida em parceria com o Instituto Butantan e distribuída já em 2021 pelo Sistema Único de Saúde.

O virologista Rômulo Neris, doutorando pela UFRJ, explica por que o Brasil é um lugar propício para a testagem. “Os locais de teste são aqueles onde há o surto em andamento. Não se pode infectar pessoas e depois vaciná-las para ver o que acontece. Nesse momento em que foi definida a nova fase de testes, o Brasil era o país com maior crescimento do número de casos; por isso escolheram fazer aqui, e em São Paulo, que é um dos epicentros da pandemia no Brasil.”

O infectologista Ralcyon Teixeira, diretor da Divisão Médica do Hospital Emílio Ribas, ratifica: “Não seremos cobaias, como tem muita gente dizendo. A vacina não será testada em humanos primeiramente no Brasil. É uma vacina de vírus vivo atenuado, e, nesse momento, a gente tem alta taxa de prevalência aqui. Você soma o fato de o Butantan ser um instituto que tem tecnologia muito boa no desenvolvimento e produção de vacinas com o fato de ter um ambiente de grande transmissão. Isso facilita o estudo de uma vacina”.

O médico faz um paralelo com a tão desejada vacina da dengue. “A grande dificuldade do estudo da vacina da dengue é por serem quatro subtipos do vírus, ou quatro doenças na mesma. Por isso ainda não se tem a do Butantan, porque é preciso ter os casos das quatro. No caso da Covid-19, como é uma doença única, e com transmissão no Brasil, é mais fácil desenhar o estudo, dizer se ela funciona na prática e quanto funciona”, diz Teixeira.

Fonte: G1

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É #FAKE que enxofre destrua o coronavírus

Não há estudos que embasem essa afirmação, de acordo com médicos entrevistados pela CBN. A mulher cuja voz aparece no vídeo diz que recebeu a informação de Deus. As imagens mostram que o presidente Jair Bolsonaro ouve seu relato e depois lhe promete uma reunião no Ministério da Saúde para tratar do assunto.

O vídeo circula desde segunda-feira (8). A mulher, apoiadora do presidente, o aborda numa aparição dele para cumprimentar seguidores. Diz que foi do Paraná a Brasília para encontrá-lo, faz a defesa da “reposição de enxofre” e se dispõe a ser usada como cobaia para um tratamento com o elemento químico. “Quando a pessoa usa um dedo de alho cru por dia, aumenta a imunidade, e é porque é rico em enxofre. Essa é a cura, é a reposição do enxofre”, afirma ela, no vídeo viral.

O enxofre é um mineral presente no meio ambiente e no corpo humano, tendo ação benéfica para o organismo quando ingerido em alimentos de origem vegetal e animal. Mas ele não precisa ser reposto. O virologista Rômulo Néris, doutorando pela UFRJ, afirma que o enxofre não neutraliza o Sars-CoV-2, responsável pela pandemia atual, nem outros coronavírus.

“Diversos compostos que contêm enxofre são conhecidos por inibir a replicação de vírus. Mas nenhum desses compostos foi descrito como eficiente contra nenhum coronavírus, incluindo o Sars-CoV-2. É importante ressaltar que a atividade antiviral vem da substância inteira, e não apenas do átomo de enxofre presente nela, e, por isso, o consumo de enxofre, qualquer que seja a forma, não é recomendado nesse sentido, porque nenhum estudo até agora descreveu a eficiência de tratamentos baseados em compostos derivados de enxofre para a Covid-19”, explica.

A infectologista Roberta Schiavon Nogueira, consultora da Socidade Brasileira de Infectologia e médica do Hospital Aviccena (da Rede D’or), em São Paulo, alerta para os riscos de se fazer uso de enxofre por conta própria, baseado em achismos.

“O enxofre é um elemento químico presente em várias substâncias, inclusive com altos teores em áreas de pântanos e manguezais. Tem poder tóxico, dependendo da concentração. Nunca deve ser ingerido dessa forma. E até mesmo a inalação de altos teores de enxofre pode causar toxicidade”, esclarece Roberta.

“Infelizmente, as fake news neste momento difícil no contexto mundial somente trazem inseguranças, incertezas e medos. Até o momento não temos nenhuma medicação efetiva que comprovadamente mate o vírus responsável pela Covid-19”, lembra.

O infectologista Leonardo Weissmann, também consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, reforça que alimentos contendo enxofre podem ajudar a melhorar a defesa do organismo contra infecções de uma forma geral, mas não têm ação específica neste contexto da pandemia. “Não significa que ele previna ou cure a Covid-19. É mais uma das inúmeras fake news da pandemia.”

O pneumologista José Rodrigues Pereira, da Beneficência Portuguesa de São Paulo, aponta que para que o organismo esteja saudável, apto para deter uma infecção viral, é preciso que o indivíduo se alimente de maneira correta e equilibrada, sem que haja necessidade de repor este ou aquele elemento.

“Isso é um absurdo. Não existe qualquer pesquisa com enxofre para a Covid-19, nem com substâncias contidas nos alimentos que a gente ingere. Elas não são capazes de destruir ou neutralizar o coronavírus, muito menos de promover a cura. Uma dieta balanceada, com os nutrientes de que gente precisa, incluindo a pequena quantidade de enxofre que está presente nos alimentos, faz com que nosso sistema imunológico trabalhe da forma adequada para combater qualquer tipo de infecção.”

O médico lembra que esse tipo de informação equivocada pode levar a atitudes que geram danos reais à saúde. “Temos que tomar cuidado, prestar atenção. Existe, por exemplo, o dióxido de enxofre, que se elimina no ambiente e é um dos poluentes da atmosfera. Este tipo de informação pode trazer um efeito deletério. Alguém pode achar que enxofre faz bem, inalar a fumaça que sai do escapamento dos carros, e se intoxicar.”

Afirmar que ingerir alho cura a Covid-19 é outro equívoco, ressalta Pereira. “Isso jamais foi estudado para nenhum tipo de vírus, muito menos para o coronavírus. Alho e cebola não matam o coronavírus.”

A equipe do Fato ou fake já desmentiu uma série de receitas caseiras que são propagandeadas como se servissem pra prevenir a infecção pelo coronavírus ou curá-la, inclusive com alho. Uma delas diz que uma tigela de água com alho recém-fervida cura o coronavírus. Outra aponta que alho cru e açafrão previnem a infecção. Existe ainda um boato circulando que coloca o alho junto com jambu, limão e paracetamol em um chá capaz de curar a Covid-19.

Há curas milagrosas que correm as redes sociais que incluem laranja, mel, chá de boldo, maçã, inhame, quina quina, erva doce, fígado de boi e alimentos alcalinos em geral. Nada disso é eficaz contra o novo vírus.

Fonte: G1

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Lideranças científicas se reúnem para analisar a situação da pandemia no Nordeste.

Como os estados dos Nordeste estão lidando com as medidas de distanciamento social? Como estão os indicadores epidemiológicos na região? Quais são os critérios e indicadores que podem orientar as decisões dos governos estaduais em relação à flexibilização do distanciamento social? É possível flexibilizar agora? Essas e outras questões serão discutidas por pesquisadores do Nordeste e lideranças científicas no webinário “Pandemia da Covid-19 no Nordeste do Brasil: Situação Atual e Recomendações”, que ocorre nesta segunda, 22, às 14h. O encontro é realizado pelo grupo “Epid-NE Epidemiologistas do Nordeste” com a promoção do Comitê Científico de Combate ao Coronavírus do Consórcio Nordeste e a Rede CoVida.  Na ocasião, será apresentado o relatório homônimo, produzido por pesquisadores do “Subcomitê 9: Epidemiologia, modelos matemáticos e medidas de enfrentamento” do Comitê Científico do Consórcio Nordeste e do Grupo “Epid-NE Epidemiologistas do Nordeste”. Bases científicas O relatório “Pandemia da Covid-19 no Nordeste do Brasil: Situação Atual e Recomendações” é dividido em duas partes:  a primeira apresenta um panorama da situação da Covid-19 na Região Nordeste e uma segunda detalha critérios e parâmetros para a flexibilização do distanciamento social. Na análise da pandemia, os pesquisadores afirmam que “em quase todos os estados, exceto Bahia e Piauí, a epidemia já chegou a mais de 90% dos municípios. Observamos em maior ou menor grau redução da mobilidade social e uma desaceleração na progressão da epidemia em todos os estados do Nordeste. Entretanto, o número de reprodução efetivo permanece acima de 1 em todos os estados, indicando que a epidemia ainda continua em crescimento”. Já em relação a flexibilização do distanciamento social, o documento conclui que “a situação epidemiológica em que se encontram os diversos Estados da Região Nordeste, (…) não se enquadram, no presente momento, nos critérios e parâmetros compatíveis com a recomendação de flexibilização das medidas de distanciamento social”. Leia o relatório: https://bit.ly/2NlHhOo Participantes do webinário: • Sérgio Rezende – coordenador do Comitê Científico do Consórcio Nordeste • Luís Eugênio Portela – Vice-presidente da Federação Mundial das Associações de Saúde Pública • Gulnar Azevedo – Presidente da Abrasco • Pedro Vasconcelos – Presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical • Natalino Salgado Filho – Reitor da Universidade Federal do Maranhão • Pedro Falcão – Reitor da Universidade Estadual de Pernambuco • Adélia Pinheiro – Secretária de Ciência, Tecnologia e Inovação da Bahia • Sinval Brandão Filho – Diretor da Fiocruz Pernambuco • Mauricio Barreto – Coordenador do Cidacs/Fiocruz • Ricardo Ximenes – Universidade Federal de Pernambuco • Antônio Augusto Silva – Universidade Federal do Maranhão • Lígia Kerr – Universidade Federal do Ceará Link para inscrição:https://bit.ly/2N5CUXQ
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Vacina da gripe aumenta o risco de adoecer por coronavírus – É FAKE NEWS

Não existem estudos correlacionando vacinação para influenza e risco de adoecimento ou complicações por Covid-19. O artigo citado é de 2017(?), anterior ao surgimento da Covid-19, que foi registrado a primeira vez em dezembro de 2019. Além disso, o objetivo do artigo não era avaliar o risco de complicações por coronavírus com a vacinação influenza e também não é essa a conclusão dos próprios autores. Fonte: Ministério da Saúde
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Feijão que cura coronavírus – É FAKE NEWS

O Ministério da Saúde informa que não há, até o momento, produto, substância ou alimento que garante a prevenção ou tratamento do coronavírus. Conforme determinação do Ministério Público Federal, o Ministério da Saúde esclarece que é falso que o plantio de sementes de feijão, comercializados pelo líder da Igreja Mundial do Poder de Deus, Valdemiro Santiago, leva à cura ou serve para prevenção da covid-19. Fonte: Ministério da Saúde
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Enfermagem é o grupo mais exposto ao risco na pandemia do Covid-19

Raquel Saraiva (Rede CoVida)
As mulheres negras são a principal frente de trabalho no cuidado dos paciente com Covid-19 e por isso constituem o grupo de profissionais de saúde mais vulneráveis no Brasil. Em todo o mundo, milhões de profissionais de saúde estão atendendo na linha de frente do cuidado aos pacientes hospitalizados com Covid-19, lidando com o impacto para a própria saúde e de seus familiares. Os problemas que eles vêm enfrentando e as estratégias para lidar com eles foram reunidos no trabalho “A saúde dos profissionais de saúde no enfrentamento da pandemia de Covid-19”, realizado por pesquisadores da Rede CoVida com base na revisão de 57 artigos publicados em outros países. Os resultados foram apresentados no webinar de lançamento do Boletim CoVida #5, nesta segunda-feira, 18. Assista na íntegra: https://www.youtube.com/watch?v=F4zon1Cs0xQ O Boletim aponta que mais de 50% dos médicos são homens e 77,7% são brancos. Já entre as profissionais de enfermagem, 85,1% são mulheres e 53% delas são negras. E são essas profissionais, segundo o Boletim CoVida, que estão mais expostas aos riscos de contaminação. Essa é uma realidade do mundo, pois entre todos os profissionais que lidam com os pacientes, os enfermeiros são os mais vulneráveis à contaminação por ter contato direto com os pacientes na maior parte do trabalho. Segundo a American Nurses Association, mais de 20 milhões de enfermeiros em todo o mundo estão envolvidos no enfrentamento da pandemia. No Hospital Tongji, na China, 72,2% dos profissionais positivos para a Covid-19 atuavam em enfermarias, 18,5% na área de tecnologia médica e apenas 3,7% estavam na emergência. Por isso os pesquisadores destacam a importância do estabelecimento de protocolos hospitalares direcionados a esses profissionais para reduzir o risco de infecção pelo vírus. Os artigos destacam a importância do uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) como a melhor forma de proteger esse grupo contra o novo coronavírus. Contudo, o uso desses equipamentos pode levar a iIrritação na pele, feridas, infecções secundárias e outras doenças de pele são problemas muito comuns entre profissionais de saúde que tratam pacientes de Covid-19, pelo uso da máscara e pela higiene frequente das mãos. Cerca de 97% deles apresentam lesões que afetam a “ponte” do nariz, mãos, bochecha e testa. Para evitar esses efeitos, os especialistas recomendam o uso dos EPIs obedecendo precisamente os padrões de uso, além das especificações de esterilização e limpeza. Embora seja evidente que o risco de contaminação é o maior problema enfrentado pelos profissionais de saúde na pandemia, a gravidade entre os mais jovens chamou a atenção dos pesquisadores. Em um estudo realizado na China, os profissionais com caso grave da doença tinham em média 38 anos, contra 47 no grupo de casos mais leves. Dentre 54 profissionais de saúde que foram infectados no hospital avaliado, 40 desenvolveram a forma mais grave da infecção. Saúde mental Além dessas questões sobre o uso de EPIs, o Boletim aponta a importância de cuidar da saúde mental desses trabalhadores. Aumento da ansiedade, depressão, insônia, maior uso de drogas e medo de se infectar ou transmitir a infecção aos familiares são relatos comuns entre profissionais de saúde que prestam atendimento direto aos pacientes. Além disso, a intensa carga de trabalho e o sentimento de impotência geram estresse crônico, exaustão e esgotamento. Também foram relatados como fatores de estresse o cuidado a colegas de trabalho que podem ficar gravemente doentes ou morrer de Covid-19, a escassez de EPIs, que intensifica o medo de exposição ao vírus no trabalho, assumir papéis clínicos novos ou desconhecidos por causa da demanda e o acesso limitado a serviços de saúde mental. A tendência é que esses quadros piorem ainda mais num contexto de escassez de mão-de-obra, já que muitos profissionais vem sendo afastados por contraírem o Covid-19 e o número de pacientes vem aumentando. O trabalho mostra ainda que as mulheres, as enfermeiras e profissionais envolvidos no diagnóstico, tratamento ou prestação de cuidados de enfermagem a pacientes do novo coronavírus estão entre os grupos mais afetados. O Boletim CoVida traz propostas para os gestores de como agir e as medidas que países referências adotaram para cuidar da população.
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Covid-19 não é causada por bactéria nem pode ser curada com aspirina

Não é verdade que a Covid-19 seja causada por uma bactéria nem que possa ser curada com o uso de antibióticos, anti-inflamatórios, anticoagulantes ou aspirina. As alegações falsas vêm circulando em uma corrente de WhatsApp segundo a qual médicos italianos teriam feito essa descoberta. No entanto, a OMS (Organização Mundial da Saúde), o Ministério da Saúde e cientistas de diversos países atestam que a doença é causada por um vírus, o Sars-Cov-2.

Ainda não há um tratamento específico com eficácia cientificamente comprovada para o novo coronavírus. Uma série de medicamentos têm sido usados para tratar complicações e sintomas – inclusive antibióticos, anti-inflamatórios e anticoagulantes – mas nenhum deles é uma cura.

A peça de desinformação vem circulando principalmente no WhatsApp, por onde foi enviada por leitores do Aos Fatos como sugestão de checagem. Publicações semelhantes também foram encontradas no Facebook, onde acumulam mais cerca de 1.000 compartilhamentos, e foram marcadas com o selo FALSO na ferramenta de verificação da rede social.

Não é verdade que as mortes decorrentes da Covid-19 sejam causadas por bactérias nem que a doença possa ser curada com o uso de antibióticos, anti-inflamatórios, anticoagulantes ou aspirina, como afirmam correntes que têm circulado no WhatsApp. Segundo o site da OMS (Organização Mundial de Saúde), “o novo coronavírus é um vírus respiratório que se espalha principalmente por meio de gotículas”. O Ministério da Saúde e universidades do mundo inteiro, como USP, Harvard e Oxford, também atestam que a doença é causada por um vírus.

Os medicamentos citados na corrente podem ser usados para tratar pacientes de Covid-19 quando há certas complicações ou coinfecções. Há casos, por exemplo, em que infectados pelo novo coronavírus também contraem uma pneumonia bacteriana, como aponta a OMS. Esses quadros podem ser tratados com o uso de antibióticos.

Também há pacientes com quadro grave da doença que apresentam sinais de coágulos sanguíneos, como mostra um artigo na Medical News Today que revisa estudos publicados pela revista científica Radiology sobre o tema. Esses coágulos podem levar a complicações com risco de vida, como trombose e embolia pulmonar.

Esses casos deram origem a pesquisas sobre tratamentos da Covid-19 com anticoagulantes, inclusive no Brasil. Profissionais do Hospital Sírio Libanês, por exemplo, estão verificando a eficácia do anticoagulante heparina em quadros de coagulação intravascular e tromboembolismo venoso. No entanto, essas complicações não são as únicas causas de morte entre os infectados.

A corrente afirma ainda que a fonte das informações seria o Ministério da Saúde italiano, o que não é verdade. O ministério classifica o Sars-CoV-2 como um vírus, e não como uma bactéria, e afirma, até o momento, que não existe nenhum tratamento ou vacina para a infecção. A pasta, inclusive, não recomenda antibióticos para o tratamento: “antibióticos não são eficazes contra o vírus, mas funcionam contra infecções bacterianas”.

Sobre a indicação de aspirina, Aos Fatos não encontrou nenhuma citação que relaciona o medicamento à Covid-19 no site do Ministério da Saúde da Itália. Na página da agência reguladora de drogas do país, também não há indicação do remédio para nenhum tipo de paciente ou gravidade.

A OMS explica, em revisão publicada no dia 19 de abril, que não há evidências científicas que comprovem a eficácia dos medicamentos anti-inflamatórios, como a aspirina e o ibuprofeno, no tratamento da Covid-19.

Peças de desinformação semelhantes circularam em espanhol e alemão, tendo sido desmentidas pelas equipes da Ojo Público, Newtral e Correctiv.

Fonte: Aos Fatos

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É falso que autoridades italianas descobriram que Covid-19 é causada por bactéria

Circula pelo WhatsApp que o Ministério da Saúde da Itália informou que as mortes por Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, são resultado da ação de uma bactéria – e não do vírus SARS-Cov-2. Essa sugestão foi encaminhada por um leitor pelo formulário LupaAqui, no qual é possível indicar conteúdos para verificação. Confira a análise da Lupa:

“Os médicos italianos desobedecem à lei mundial da saúde da OMS, para não realizar autópsias em pessoas que morreram de coronavírus, descobrindo que NÃO é um VÍRUS, mas sim uma BACTÉRIA, que causa a morte. Isso causa a formação de coágulos sanguíneos e causa a morte do paciente. (…) Fonte: Ministério da Saúde da Itália. COMPARTILHE!”

A informação analisada pela Lupa é falsa. O Ministério da Saúde da Itália não anunciou que as mortes por Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, são resultado da ação de uma bactéria.  Em seu site, o órgão explica claramente que a doença é causada pelo vírus SARS-CoV-2. Em nenhum momento o Ministério da Saúde da Itália fala sobre a presença de bactérias.

Além disso, não existe nenhuma proibição, por parte da Organização Mundial de Saúde (OMS), de que sejam realizadas autópsias em vítimas de Covid-19. Neste documento público, a instituição providencia protocolos de segurança para a realização deste tipo de procedimento durante a pandemia.

Existem diversas diferenças entre vírus e bactérias. Os vírus não são seres celulares, e sim cadeias de RNA ou DNA envolvidas por uma camada proteica. Portanto, eles dependem, necessariamente, se alojar no interior de uma célula de um ser vivo para se reproduzir. Cientistas debatem até hoje se essas partículas podem ser consideradas seres vivos.

A bactéria, por sua vez, é um organismo composto por uma única célula, que tem metabolismo próprio – e são consideradas, indiscutivelmente, seres vivos, ainda que bastante simples. Embora muitas doenças humanas sejam causadas por esses microorganismos, nem todas elas são prejudiciais. Algumas, como as bactérias da flora intestinal, são elementos indispensáveis para a sobrevivência de seres vivos mais complexos.

Peça de desinformação semelhantes também circularam na França. O site de checagem CheckNews, do jornal Libération, desmentiu uma informação de que uma bactéria infectada com o SARS-CoV-2 seria responsável pelos casos graves da Covid-19.

Fonte: Agência Lupa

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Fiocruz Bahia vai iniciar a realização de testes para covid-19

A Fiocruz Bahia dará início à realização de testes para diagnóstico do novo coronavírus até o final do mês de maio. No momento, o fluxo está sendo testado, visando definir o número de amostras que serão processadas por dia. O diagnóstico será realizado pela técnica RT PCR, que é o teste molecular para detecção do material genético do vírus SARS-COV-2. A ação contribuirá para a ampliação da capacidade de testagem do estado.

A iniciativa foi consolidada por meio de cooperação da Fiocruz Bahia com a Secretaria Estadual de Saúde da Bahia (SESAB) e Prefeitura de Salvador, em consonância com a Coordenação de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde e da Coordenação de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência da Fiocruz. Os kits para diagnóstico são desenvolvidos pelos institutos de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), no Rio de Janeiro, e de Biologia Molecular do Paraná (IBMP). 

A diretora da Fiocruz Bahia, Marilda Gonçalves, destacou a importância das parcerias com instituições do Estado visando apoio às ações no enfrentamento ao novo coronavírus. “Compreendemos a emergência em saúde pública pela qual estamos passando e temos certeza de que essa rede de cooperação contribuirá para ampliar ainda mais o sistema de testagem molecular para a COVID-19 no nosso estado, bem como para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde, o nosso SUS”, pontuou.

A Plataforma de Diagnóstico da Covid-19 foi organizada na Fiocruz Bahia para a realização das testagens moleculares. A técnica empregada na testagem já é utilizada em diversos projetos de pesquisa da instituição, assim como os equipamentos necessários. “O que realmente tivemos que investir foi no preparo de um laboratório dedicado à prestação do serviço. Está sendo um grande aprendizado para todos e, em tempos difíceis como este, o aprendizado deixará um legado importante”, declarou Camila Indiani, Vice-diretora de Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação da Fiocruz Bahia.

A nova estrutura conta com 4 equipes, totalizando 20 profissionais, formadas por estudantes de pós-graduação, pós-doutores e pesquisadores da Fiocruz Bahia, além de colaboradores da Prefeitura de Salvador. “Os integrantes das equipes se voluntariaram para participar desta iniciativa, o que muito nos deixa orgulhosos”, comentou Camila Indiani.

Também trabalham junto aos grupos, profissionais responsáveis pela Biossegurança e Qualidade, para construir e revisar protocolos de diagnóstico, de biossegurança, de recebimento e processamento de amostras. O treinamento dos últimos integrantes das equipes está sendo finalizado e os primeiros insumos adquiridos para o início dos testes deverão chegar na próxima semana. 

Os resultados obtidos serão registrados no GAL, para serem visualizados pelas unidades cadastradas requisitantes do teste. 

Teste molecular

As Unidades de Saúde serão cadastradas no sistema Gerenciador de Ambiente Laboratorial – GAL, através do LACEN-BA, e enviarão as amostras coletadas para a Fiocruz Bahia. A partir da chegada da amostra, a estrutura montada cuidará de garantir a descontaminação externa e certificará se a amostra enviada está em conformidade com os critérios de qualidade de coleta e transporte. Em seguida, a amostra seguirá para as etapas de aliquotagem/biobanco e extração do material genético viral. Esta etapa será realizada em conformidade com as normas de biossegurança dentro de laboratórios com níveis de segurança 2+ e 3 (NB2+ e NB3). 

Após a extração do material genético viral, este seguirá para a realização do RT-PCR que permite a transcrição reversa do RNA viral em DNA complementar, e em seguida amplifica o DNA complementar através da reação em cadeia da polimerase em tempo real, permitindo a detecção do vírus. Os resultados obtidos serão analisados por uma equipe treinada para então serem registrados no GAL, para serem visualizados pelas unidades cadastradas requisitantes do teste. 

O pesquisador da Fiocruz Bahia, Ricardo Khouri, explica que, além da técnica molecular que será utilizada na Fiocruz Bahia, existem também as técnicas sorológicas, que identificam a infecção de maneira indireta, através da detecção dos anticorpos no soro do paciente. Embora sejam mais rápidas e fáceis de serem executadas, são menos específicas. De acordo com o pesquisador, as técnicas moleculares identificam o material genético do vírus mesmo antes dos sintomas surgirem e até, aproximadamente, dez dias após o início dos sintomas, isso permite o manejo do paciente de maneira mais eficaz. 

Já as técnicas de detecção dos anticorpos só podem ser utilizadas a partir da fase final da presença viral, após alguns dias do aparecimento dos sintomas, pois o sistema imune dos pacientes necessita entre 7-14 dias após a infecção para produzir os anticorpos em quantidade suficiente para serem detectados. 

“A utilização de técnicas moleculares também possibilita excluir a chance de transmissão por um paciente que tenha se curado dos sintomas, enquanto que a detecção de anticorpos permite conhecer a prevalência dessa infecção numa população e discutir a possibilidade de retorno às atividades dos indivíduos com resposta imune protetora”, explica Khouri. 

Enfrentamento da pandemia

Além da realização de testes moleculares para o diagnóstico da COVID-19, a Fiocruz Bahia desenvolve uma série de para enfrentamento do novo coronavírus. Marilda Gonçalves destaca o apoio às instituições do estado e do município, auxiliando com o fornecimento de infraestrutura e expertise e colaborando com a realização de de estudos de validação de testes e de predições. 

Outra iniciativa importante é a participação de pesquisadores da Fiocruz Bahia em comitês do Estado e do Consórcio do Nordeste, visando contribuir com ações no enfrentamento da COVID-19. A Fiocruz Bahia também tem trabalhado na produção e distribuição de informações sobre a doença para comunidades e seus comitês, além da realização de eventos online para levar informações aos cidadãos.

“A Presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, tem apoiado todas as iniciativas da nossa unidade, especialmente o coordenador de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência, Rivaldo Venâncio, o Vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde, Marco Aurélio Krieger; e o Vice-presidente de Gestão e Desenvolvimento Institucional, Mario Santos Moreira, aos quais agradecemos imensamente”, frisou a diretora. 

Confira outras duas importantes ações da Fiocruz Bahia:

Tele Coronavírus – 155 – Serviço gratuito de triagem para pessoas com suspeita da COVID-19,  idealizado por pesquisadores da Fiocruz Bahia, realizado em parceria com a UFBA e o Governo do Estado da Bahia, conta com o apoio da ABM e de estudantes dos cursos de medicina.

Rede CoVida – Projeto de colaboração científica e multidisciplinar focado na pandemia de COVID-19 realizado em parceria com a UFBA. A rede criou um painel para monitoramento da doença.

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Receita de gel caseiro – É FAKE NEWS

Não. A OPAS e a OMS não divulgaram nenhuma receita de gel para fazer em casa. Esse processo de produção caseira pode, inclusive, ser prejudicial à saúde. A recomendação da OPAS e da OMS é lavar as mãos com água e sabão ou higienizador à base de álcool. Tanto álcool em gel quanto água e sabão são eficazes para mar vírus que podem estar nas mãos ou outra parte do corpo. Fonte: OPAS/OMS
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Novo boletim da Rede CoVida aponta cenários de insuficiência de leitos no país

Karina Costa
Supondo que as medidas de distanciamento social fossem flexibilizadas, a partir de 27 de abril, o crescimento da circulação de pessoas assintomáticas provocaria um aumento de 50% na taxa de transmissão deste grupo. Essa é uma das predições apontadas na quarta edição do Boletim CoVida, lançado nesta quarta-feira, dia 29 de abril. O boletim aponta possíveis cenários para as próximas semanas, sobretudo, para a Bahia, no webinar Boletim CoVida 4# – “Fortalecer o Sistema de Saúde para Proteger a População”. Clique aqui para baixar o Boletim CoVida#4 “Na nossa janela de projeção podemos observar um aumento, ao final da primeira semana de maio, de 75% no comportamento da curva de casos acumulados, 23% de aumento no número de óbitos, 58% de incremento na necessidade de leitos clínicos e 68% nos leitos de UTI. Estes resultados apontam que a suspensão precoce das medidas de distanciamento social pode levar a grandes impactos, tanto nas necessidades de hospitalizações nos sistemas de saúde quanto no número de casos e, consequentemente, nas mortes”, destaca o documento ao observar os resultados no qual os modelos apontam para um cenário de maior flexibilização. Porém, mesmo com o cenário de distanciamento social atual, diversos estados já estão em colapso ou com sistemas bastante pressionados pela quantidade simultânea de casos e casos graves. E isso não está tão distante da Bahia, a partir do dia 4 de maio é possível que o estado comece a ter seus sistemas de saúde pressionados, analisam os pesquisadores, considerando a quantidade de leitos gerais e de Unidade de Terapia Intensiva. Para o lançamento, o pesquisador Elzo Júnior fará apresentação da Rede e da estrutura do Boletim. A pesquisadora Juliane Oliveira vai descrever como foram feitos os modelos matemáticos para previsão de casos, hospitalizações e óbitos por Covid-19. Para os comentários e recomendações da Rede CoVida, contaremos com o pesquisador Luis Eugênio de Souza. Esse boletim, avança a modelagem e passa a inserir novos fatores. O primeiro boletim iniciou com o modelo SIR (Suscetíveis, Infectados e Recuperados), que é utilizado para fase inicial. A epidemia avançou e, para compreender as necessidades dos sistemas de saúde, um novo modelo foi criado pelo grupo de pesquisadores, e inclui estimativas sobre a necessidade de leitos clínicos e de terapia intensiva na Bahia. O Boletim e Rede O Boletim CoVida é periódico, disponível no site covid19br.org.br e é um dos produtos que a Rede CoVida oferece à sociedade. A CoVida nasceu a partir da união entre o Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia) e a Universidade Federal da Bahia (Ufba). Diante da maior crise de sanitária do mundo nos últimos 100 anos, a Rede é uma resposta de pesquisadores e profissionais de comunicação que visam enfrentar a pandemia de Covid-19, apoiando a tomada de decisões dos gestores e oferecendo informações científicas confiáveis a partir do monitoramento de casos, da modelagem matemática e dos saberes reunidos por cientistas de diversas áreas. Contato Raíza Tourinho (71) 98108-1588
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Plataforma colaborativa atua no enfrentamento ao coronavírus

O Projeto Mandacaru é uma plataforma de colaboração voluntária para enfrentamento à pandemia do coronavírus. O pesquisador e coordenador do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs) da Fiocruz Bahia, Maurício Barreto, é um dos membros do Comitê Científico de Combate ao Coronavírus, do qual o projeto faz parte. Estudantes, professores, cientistas, profissionais da saúde, exatas ou humanas, podem contribuir das mais diversas formas. Divulgando informações baseadas em ciência, combatendo notícias falsas, compartilhando artigos científicos relacionados ao COVID-19 (protocolos, tratamentos, equipamentos, técnicas), compartilhando projetos, contribuindo com análises, e influenciando políticas públicas para melhorar a sociedade. Inicialmente os participantes inscritos podem compartilhar informações de acordo com as demandas dos subcomitês com:
  • artigos científicos
  • divulgação científica
  • equipamentos e insumos
  • protocolos de tratamento
  • interação com a indústria
  • financiamentos de pesquisa
  • virologia
  • políticas públicas
  • epidemologia
As sínteses das informações discutidas pelos grupos e com relevância para o conhecimento público serão disponibilizadas no site do Comitê Científico após as devidas avaliações. Fonte: Projeto Mandacaru
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Rede CoVida alerta para papel dos testes e desigualdades na pandemia

Por Karina Costa*
O uso racional dos testes diagnósticos para a Covid-19 e as desigualdades no acesso a esses testes. São sobre esses aspectos que trata o terceiro “Boletim CoVida – Pandemia de Covid-19”, que vem com o título “O Brasil precisa de mais testes diagnósticos de Covid-19, mas não basta só testar”. O material elaborado pela Rede CoVida – Ciência, Informação e Solidariedade será lançado nesta segunda-feira, dia 20 de abril, às 11 horas, em um webinar. Inscreva-se pelo link https://bit.ly/3apqO4Q A transmissão do lançamento também é feita via YouTube do Cidacs (youtube.com/cidacsfiocruz), onde ficam disponíveis todos os webinars da Rede. O documento foi construído por epidemiologistas e imunologistas que alertam para a necessidade de considerar o papel da testagem, levando em conta a desigualdade no acesso a esses testes, para que se construa políticas eficientes e que considerem que os grupos mais vulneráveis demandam estratégias que produzam equidade em saúde. As questões centrais serão explicadas pelos pesquisadores da Rede Dandara Ramos e Manoel Barral. Elzo Junior fará a apresentação da Rede e do Boletim CoVida. Ismael Silveira comentará as notas técnicas produzidas sobre o efeito das estratégias de distanciamento social e o uso de máscaras caseiras pela população. O documento defende não apenas a testagem, mas a transparência das informações sobre os grupos populacionais infectados, que adoeceram e que chegaram a óbito, o que se dá a partir de informações com números de casos por gênero e raça/cor, por exemplo. Além disso, defende o aprimoramento e expansão de políticas sociais, como transferência de renda, que protejam as vidas. Utilizando uma estimativa do Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde (Nois), o Boletim destaca que um dos maiores desafios é que os casos notificados sejam 8% do número real de pessoas atingidas pelo coronavírus. Isso dá um cenário de mais de 300 mil pessoas infectadas. E somente por meio de uma notificação mais ampla e detalhada é que se pode criar estratégias para os grupos sociais mais vulneráveis, defendem os pesquisadores da Rede CoVida. A partir de nota técnica sobre o tema, o Boletim CoVida faz um detalhamento dos usos de testes, com recomendações sobre os tipos e as fases para a testagem. Contudo, a Rede CoVida é enfática em recomendar a manutenção do distanciamento social como forma de achatar a curva epidêmica. “A melhor maneira de controlar a Covid-19 é através de testes diagnósticos, mas não basta testar. É necessário utilizar os testes disponíveis com objetivos específicos que permitam melhorar o controle da transmissão e o tratamento dos infectados”, detalha o documento. O Boletim e Rede O Boletim CoVida é semanal, disponível no site covid19br.org.br e é um dos produtos que a Rede CoVida oferece à sociedade. A CoVida nasceu a partir da união entre o Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia) e a Universidade Federal da Bahia (Ufba). Diante da maior crise de sanitária do mundo nos últimos 100 anos, a rede é uma resposta de pesquisadores e profissionais de comunicação que visam enfrentar a pandemia de Coronavírus Disease 2019 (Covid-19), apoiando a tomada de decisões dos gestores e oferecendo informações científicas confiáveis a partir do monitoramento de casos, da modelagem matemática e dos saberes reunidos por cientistas de diversas áreas.
*Karina Costa é analista de comunicação do Cidacs/Fiocruz, mestre em Comunicação e Informação em Saúde pela Fiocruz e é editora no Boletim CoVida.
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É #FAKE que novo coronavírus não causa pneumonia e que tratamento pode ser feito em casa mesmo em casos graves

Uma mensagem que tem viralizado nas redes sociais diz que autópsias em corpos de vítimas da Covid-19 em Bergamo, na Itália, revelaram que a doença não mata por provocar pneumonia. O texto diz ainda que o novo coronavírus, mesmo em casos graves, pode ser tratado em casa, com antibióticos, antivirais, anti-inflamatórios e anticoagulantes. É #FAKE.

A mensagem falsa afirma que o que se sabia sobre a doença provocada pelo novo vírus até o momento estava errado, e que os exames cadavéricos fizeram médicos italianos alterarem os protocolos de tratamento dos doentes. Afirma ainda que não são necessários ventiladores para salvar os doentes nem sequer monitoramento em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Nada disso é verdade.

Especialistas ouvidos pela CBN dizem que a doença é respiratória, sim, e pode causar pneumonia, se agravada. Segundo eles, complicações podem gerar, de fato, tromboses, como afirma a mensagem. Só que isso não é uma descoberta recente, tanto que já havia sido descrita. Não houve qualquer mudança de rumos no tratamento a que os pacientes vêm sendo submetidos. Casos críticos não podem ser manejados em casa, apenas os leves, como vem sendo divulgado pelas autoridades de saúde.

Segundo os médicos entrevistados, informações verdadeiras foram manipuladas para ganhar um ar de novidade e acabaram misturadas com outras totalmente falsas ou sem qualquer embasamento científico.

O infectologista Leonardo Weissman, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, explica: “Não se pode afirmar que a Covid-19 não causa pneumonia. Coagulação intravascular disseminada e tromboembolismo venoso foram descritos como possíveis complicações em formas graves da doença. Da mesma forma, oclusão e formação de microtrombos em pequenos vasos pulmonares de pacientes críticos foram relatadas após exames necroscópicos. Por este motivo, um grupo de especialistas chineses propôs o tratamento com anticoagulantes, mas com eficácia ainda não validada”.

A ocorrência de trombose em casos graves de Covid-19 não é novidade para os médicos que vêm acompanhando as descrições da doença, diz também o infectologista Paulo Santos. E isso não significa que os protocolos tenham mudado. “De fato, nos pacientes mais graves da Covid-19, existe um componente associado a distúrbios sanguíneos e fenômenos trombóticos. É algo bem conhecido, e há vários protocolos de instituições sérias que já trazem orientações para o tratamento, que só pode ser feito com orientação médica e, na maioria das vezes, em ambiente hospitalar”, esclarece Santos, também consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia.

“A mensagem usa um fato já cientificamente identificado e mistura com conceitos completamente equivocados e faz parecer que se trata de uma descoberta maravilhosa, e que vai mudar o curso do tratamento da doença”, diz o médico. “Algumas versões do texto fake falam no uso de aspirina para o tratamento, o que, além de totalmente inadequado, pode ser também perigoso. A aspirina tem potencial de causar alterações na coagulação sanguínea. A mensagem fake orienta uma superdose que pode trazer riscos para a saúde.”

O pneumologista Rodolfo Fred Behrsin, professor da Hospital Universitário Gaffrée e Guinle, também lembra que já é notório que a Covid-19 é uma doença que começa pelo aparelho respiratório, e que, em casos mais graves, pode comprometer outros órgãos. Ele explica que nada foi modificado recentemente no atendimento dos pacientes, ao contrário do que afirma a mensagem.

“Já se sabe que a Covid-19 compromete inúmeros órgãos, sendo o primeiro, e principal, os pulmões. Desenvolve-se uma pneumonia viral e, às vezes, uma pneumonia bacteriana secundária. Por ser multissistêmica, nos casos mais graves, ela avança para o coração e os rins. A formação de trombose vascular não é novidade para quem acompanha a doença, e não muda a abordagem até que algum medicamento novo venha a demonstrar eficácia”, esclarece.

O infectologista Renato Kfouri, presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, faz a mesma avaliação. “A Covid-19 pode levar à pneumonia, insuficiência respiratória, inflamação do pulmão. E muitos vão a óbito também por um fenômeno inflamatório generalizado, que é a coagulação intravascular disseminada. Isso não é nenhuma descoberta, já é um achado clássico de evolução da doença. É antigo e frequente”, explica.

Os médicos ainda não sabem qual é o percentual de pacientes que evoluem dessa forma. São casos críticos, nos quais é implementado um protocolo anticoagulação. “Os pacientes que evoluem mal não são só com pneumonia. A falta de ar que leva as pessoas ao hospital e à entubação, à UTI, muitas vezes tem como desfecho a falência de vários órgãos. Esse quadro viral pulmonar desencadeia essa chamada ‘tempestade inflamatória’ do corpo todo: o rim para, o sangue coagula, há insuficiência hepática, problema cerebral”, afirma Renato Kfouri.

A pneumologista Patricia Canto Ribeiro complementa: “A Covid-19 é uma doença sistêmica e complexa, e não tem medicamento que a cure. Uma das coisas que foram observadas é o processo de alteração da coagulação, o que já é sabido pelos médicos e tratado nos casos graves. Por ser sistêmica, pode afetar vários órgãos, coração, rins, e até mesmo alterar a coagulação, sendo necessário o tratamentos de várias condições de gravidade ao mesmo tempo. Mas há realmente uma pneumonia viral nos casos graves”, diz a médica, da Escola Nacional de Saúde Pública.

Um outro trecho da mensagem falsa que está sendo compartilhada menciona o caso de uma família mexicana nos Estados Unidos que se curou com um remédio caseiro: três aspirinas de 500 mg dissolvidas em suco de limão fervido com mel.

Os médicos entrevistados pela CBN condenam a informação. “Esse ‘remédio caseiro’ pode até induzir sangramento. É antiagregante plaquetário, além de não tratar a doença”, alerta Rodolfo Fred Behrsin.

“Isso tudo é um monte de absurdos. O que salva a vida de pacientes em hipoxemia (baixa oxigenação) é a incubação com ventilação mecânica. Pacientes que se curam em casa são 80% dos casos e não precisam de nenhuma medicação. Para quem agrava, permanecer em casa tomando remédios caseiros, será uma sentença de morte. É totalmente irresponsável divulgar notícias sem fundamentação científica”, afirma Patricia.

Sobre o tratamento da Covid-19, o infectologista Leonardo Weissmann relembra: “Nada mudou: não há qualquer medicamento específico para tratamento até o momento. Indica-se repouso e ingestão de líquidos, além de medidas para aliviar os sintomas, como analgésicos e antitérmicos. Nos casos de maior gravidade, com pneumonia e insuficiência respiratória, suplemento de oxigênio e mesmo ventilação mecânica podem ser necessários”.

Fonte: G1

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É #FAKE que início do surto de H1N1 no Brasil, em 2009, matou mais que o do novo coronavírus

Várias mensagens têm circulado na web com a afirmação de que o surto de H1N1 no Brasil, em 2009, matou muito mais gente quando chegou ao país que o do novo coronavírus neste mesmo período. Uma publicação mostra, inclusive, uma estatística que contrapõe duas mortes agora a mais de 2 mil na época. É #FAKE.

A mensagem que mais tem viralizado é uma que diz: “Os dados não mentem. Entenda como a mídia esquerdista manipula a sua vida”. Ela foi compartilhada pelo pastor evangélico Silas Malafaia, que tem defendido a manutenção de igrejas abertas, a despeito da orientação das autoridades de saúde para que as pessoas fiquem em casa.

A comparação aponta que o surto de gripe suína, como ficou conhecida, deixou 58.178 infectados, com 2.101 mortos. Quando se refere à situação atual, o quadro usa o número de registros contabilizados até o dia 18 de março no Brasil – 394 infectados e duas mortes (na verdade, os óbitos neste dia já chegavam a 4). A mensagem falsa politiza a comparação, apontando que em 2009 o presidente era Luiz Inácio Lula da Silva (chamado de “Luladrão”).

A questão é que os períodos de tempo não são comparáveis. O primeiro dado é bem próximo ao número total de casos de H1N1 registrados no país em 2009 e 2010 juntos: 59.867. O número de mortes (2.173), também. Ou seja, quase dois anos de doença (já que o primeiro caso de H1N1 foi registrado em maio).

Além disso, é muito complicado comparar as taxas de letalidade, porque a do coronavírus ainda está mudando (ainda assim, ela varia entre 2% e 3%, e está relacionada a fatores de risco). Já a do H1N1 é, em média, de 0,02%.

Segundo o último balanço do Ministério da Saúde (de 25/3), são 2.433 contaminados pelo novo coronavírus no país. Já houve 57 mortes. Os dados se referem a um período menor que um mês. Em 30 dias de H1N1 em 2009, ou seja, um período inclusive maior, foram registrados 627 casos e apenas uma morte.

Para completar, uma análise dos dados globais, compilados pela Organização Mundial da Saúde, revela que, em menos de três meses, o novo coronavírus já registra um número oficial de mortes superior ao total de óbitos registrados em 16 meses de pandemia de gripe suína. Já são mais de 20 mil mortes pelo mundo em decorrência da Covid-19, contra cerca de 18.500 do H1N1 em um período bem maior.

O infectologista Roberto Medronho, doutor em saúde pública e professor da UFRJ, diz que é preciso tomar cuidado com comparações estatísticas, ainda mais com uma das pandemias em pleno curso. Ele afirma que, numa conta dessas, é necessário que o denominador seja o mesmo. Ou seja, a informação que está sendo compartilhada carece de rigor científico.

“Infelizmente, essa pandemia tem um potencial de fazer um estrago maior do que o que fez a de H1N1. No Brasil, atingiu as classes média e alta e, agora, as comunidades pobres. Nós estamos prevendo uma epidemia muito pior daqui pra frente. A única chance que temos é pelas medidas restritivas de circulação das pessoas”, explica.

O médico frisa que não se pode minimizar o cenário. “Como é uma doença com alto poder de transmissão, mesmo que a proporção de óbitos seja pequena, o número absoluto será muito grande. É nisso que temos que pensar: quantos vão morrer.”

A pneumologista Patricia Canto, da Escola Nacional de Saúde Pública, da Fundação Oswaldo Cruz, afirma que o quadro agora é muito mais desfavorável na comparação com a crise do H1N1. “Na época, já estava disponível um tratamento antiviral. O paciente chegava com sinais de gravidade, a gente tratava, e ele respondia. E logo a vacina surgiu”, diz. “Isso não existe para o novo coronavírus. Não há protocolo de tratamento, e a vacina deve levar um ano, um ano e meio.”

A médica, que atuou na contenção da propagação da gripe suína em 2009, lembra que houve, sim, mobilização para isolar pessoas; embora, de fato, menor da que se vê agora. Escolas foram fechadas, e postos de atendimento foram espalhados para atender pacientes, relembra.

A transmissão do H1N1 se deu pela mesma forma que o novo coronavírus, de uma pessoa para outra, por gotículas que saem na fala, no espirro ou na tosse, ou em superfícies contaminadas.

Nos vídeos que compartilha em seu canal no YouTube sobre o coronavírus, o pastor Silas Malafaia tem dito que as igrejas precisam ficar abertas para que as pessoas encontrem conforto emocional no momento de aflição por conta do medo da propagação. “Que vergonha, um monte de pastor assustado e com medo! Temos que profetizar contra essa praga. Se parar tudo, vai ter uma porta aberta da igreja, eu vou estar, para qualquer um que chegar aflito”, diz o pastor, em um dos vídeos.

Fonte: G1

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