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A Fiocruz Bahia dará início à realização de testes para diagnóstico do novo coronavírus até o final do mês de maio. No momento, o fluxo está sendo testado, visando definir o número de amostras que serão processadas por dia. O diagnóstico será realizado pela técnica RT PCR, que é o teste molecular para detecção do material genético do vírus SARS-COV-2. A ação contribuirá para a ampliação da capacidade de testagem do estado.
A iniciativa foi consolidada por meio de cooperação da Fiocruz Bahia com a Secretaria Estadual de Saúde da Bahia (SESAB) e Prefeitura de Salvador, em consonância com a Coordenação de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde e da Coordenação de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência da Fiocruz. Os kits para diagnóstico são desenvolvidos pelos institutos de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), no Rio de Janeiro, e de Biologia Molecular do Paraná (IBMP).
A diretora da Fiocruz Bahia, Marilda Gonçalves, destacou a importância das parcerias com instituições do Estado visando apoio às ações no enfrentamento ao novo coronavírus. “Compreendemos a emergência em saúde pública pela qual estamos passando e temos certeza de que essa rede de cooperação contribuirá para ampliar ainda mais o sistema de testagem molecular para a COVID-19 no nosso estado, bem como para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde, o nosso SUS”, pontuou.
A Plataforma de Diagnóstico da Covid-19 foi organizada na Fiocruz Bahia para a realização das testagens moleculares. A técnica empregada na testagem já é utilizada em diversos projetos de pesquisa da instituição, assim como os equipamentos necessários. “O que realmente tivemos que investir foi no preparo de um laboratório dedicado à prestação do serviço. Está sendo um grande aprendizado para todos e, em tempos difíceis como este, o aprendizado deixará um legado importante”, declarou Camila Indiani, Vice-diretora de Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação da Fiocruz Bahia.
A nova estrutura conta com 4 equipes, totalizando 20 profissionais, formadas por estudantes de pós-graduação, pós-doutores e pesquisadores da Fiocruz Bahia, além de colaboradores da Prefeitura de Salvador. “Os integrantes das equipes se voluntariaram para participar desta iniciativa, o que muito nos deixa orgulhosos”, comentou Camila Indiani.
Também trabalham junto aos grupos, profissionais responsáveis pela Biossegurança e Qualidade, para construir e revisar protocolos de diagnóstico, de biossegurança, de recebimento e processamento de amostras. O treinamento dos últimos integrantes das equipes está sendo finalizado e os primeiros insumos adquiridos para o início dos testes deverão chegar na próxima semana.
Teste molecular
As Unidades de Saúde serão cadastradas no sistema Gerenciador de Ambiente Laboratorial – GAL, através do LACEN-BA, e enviarão as amostras coletadas para a Fiocruz Bahia. A partir da chegada da amostra, a estrutura montada cuidará de garantir a descontaminação externa e certificará se a amostra enviada está em conformidade com os critérios de qualidade de coleta e transporte. Em seguida, a amostra seguirá para as etapas de aliquotagem/biobanco e extração do material genético viral. Esta etapa será realizada em conformidade com as normas de biossegurança dentro de laboratórios com níveis de segurança 2+ e 3 (NB2+ e NB3).
Após a extração do material genético viral, este seguirá para a realização do RT-PCR que permite a transcrição reversa do RNA viral em DNA complementar, e em seguida amplifica o DNA complementar através da reação em cadeia da polimerase em tempo real, permitindo a detecção do vírus. Os resultados obtidos serão analisados por uma equipe treinada para então serem registrados no GAL, para serem visualizados pelas unidades cadastradas requisitantes do teste.
O pesquisador da Fiocruz Bahia, Ricardo Khouri, explica que, além da técnica molecular que será utilizada na Fiocruz Bahia, existem também as técnicas sorológicas, que identificam a infecção de maneira indireta, através da detecção dos anticorpos no soro do paciente. Embora sejam mais rápidas e fáceis de serem executadas, são menos específicas. De acordo com o pesquisador, as técnicas moleculares identificam o material genético do vírus mesmo antes dos sintomas surgirem e até, aproximadamente, dez dias após o início dos sintomas, isso permite o manejo do paciente de maneira mais eficaz.
Já as técnicas de detecção dos anticorpos só podem ser utilizadas a partir da fase final da presença viral, após alguns dias do aparecimento dos sintomas, pois o sistema imune dos pacientes necessita entre 7-14 dias após a infecção para produzir os anticorpos em quantidade suficiente para serem detectados.
“A utilização de técnicas moleculares também possibilita excluir a chance de transmissão por um paciente que tenha se curado dos sintomas, enquanto que a detecção de anticorpos permite conhecer a prevalência dessa infecção numa população e discutir a possibilidade de retorno às atividades dos indivíduos com resposta imune protetora”, explica Khouri.
Enfrentamento da pandemia
Além da realização de testes moleculares para o diagnóstico da COVID-19, a Fiocruz Bahia desenvolve uma série de para enfrentamento do novo coronavírus. Marilda Gonçalves destaca o apoio às instituições do estado e do município, auxiliando com o fornecimento de infraestrutura e expertise e colaborando com a realização de de estudos de validação de testes e de predições.
Outra iniciativa importante é a participação de pesquisadores da Fiocruz Bahia em comitês do Estado e do Consórcio do Nordeste, visando contribuir com ações no enfrentamento da COVID-19. A Fiocruz Bahia também tem trabalhado na produção e distribuição de informações sobre a doença para comunidades e seus comitês, além da realização de eventos online para levar informações aos cidadãos.
“A Presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, tem apoiado todas as iniciativas da nossa unidade, especialmente o coordenador de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência, Rivaldo Venâncio, o Vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde, Marco Aurélio Krieger; e o Vice-presidente de Gestão e Desenvolvimento Institucional, Mario Santos Moreira, aos quais agradecemos imensamente”, frisou a diretora.
Confira outras duas importantes ações da Fiocruz Bahia:
Tele Coronavírus – 155 – Serviço gratuito de triagem para pessoas com suspeita da COVID-19, idealizado por pesquisadores da Fiocruz Bahia, realizado em parceria com a UFBA e o Governo do Estado da Bahia, conta com o apoio da ABM e de estudantes dos cursos de medicina.
Rede CoVida – Projeto de colaboração científica e multidisciplinar focado na pandemia de COVID-19 realizado em parceria com a UFBA. A rede criou um painel para monitoramento da doença.