Fiocruz Bahia recebe pesquisadoras da Holanda para cooperação

A Fiocruz Bahia recebeu a visita de pesquisadoras da Universidade de Wageningen, na Holanda, entre os dias 18 e 24 de fevereiro de 2024, com o objetivo de estabelecer uma cooperação internacional entre as instituições. A intenção é estudar, através perspectiva de saúde única (One Health), enfermidades transmitidas por vetores invertebrados, como a doença de Chagas, leishmaniose, e doenças transmitidas por mosquitos e carrapatos.

O evento principal, que ocorreu no dia 23, reuniu pessoas com diferentes especialidades para discutir os principais problemas, possíveis soluções, além das possibilidades de financiamento e de cooperação internacional para garantir a viabilidade do projeto. As pesquisadoras Natalie Vinkeles Melchers-Martinez e Helen Esser também visitaram comunidades em áreas de possível atuação na Bahia. O grupo com as professoras da Holanda também visitou uma comunidade quilombola na região de Camaçari, área de Mata Atlântica, e outra comunidade no município de Serrolândia, área de caatinga, onde recentemente ocorreu a transmissão oral de Trypanosoma cruzi para uma família, com a morte de uma criança.

“Essas são apenas duas das áreas que pretendemos trabalhar, nossa intenção é expandir para outros Biomas, talvez Amazônia legal, Pantanal, estamos decidindo ainda. O intuito é realizar esse estudo de forma integrada em três ou quatro regiões do Brasil, em três ou quatro Biomas, na tentativa de melhor entender a dinâmica de transmissão desses parasitas em diferentes regiões, onde tem diferente cepas, parasitas, diferentes espécies dos insetos vetores e diferentes culturas das pessoas”, destaca Gilmar Ribeiro-Jr, biólogo do Laboratório de Patologia e Biologia Molecular da Fiocruz Bahia.

A professora Natalie Vinkeles Melchers-Martinez relata que a reunião envolveu partes interessadas de vários setores, pessoas trabalhando no campo do meio ambiente, saúde humana, entre outras áreas da saúde. “As discussões foram muito ricas. Acho que todos estavam muito entusiasmados com as ideias de pesquisa e nós, da Universidade de Wageningen, vamos desenvolver agora”.

Natalie pontua ainda que a visita às comunidades permitiu que tivesse uma boa ideia de quais doenças estão presentes e do que é preciso para capacitar a comunidade. “A missão que tínhamos de visitar a Fiocruz para pesquisa foi muito bem-sucedida. Estou feliz pela oportunidade e pelos colegas da instituição nos receberem e espero muito poder colaborar com eles no futuro”, declara.

Helen Esser conta que, no projeto a ser desenvolvido, o grupo gostaria de focar em doenças transmitidas por vetores, em três regiões com diferentes condições e problemas ecológicos. “O objetivo desta visita era primeiro ver potenciais locais, realizarmos uma reunião com as partes interessadas, para discutirmos juntos quais são os principais desafios em termos de doenças transmitidas por vetores e as oportunidades de pesquisa. E com base nas informações que recebemos, vamos desenvolver ainda mais essa proposta de pesquisa, junto com os parceiros locais no Brasil, para a nossa universidade”, conclui Helen.

Entre os participantes do encontro estavam Leonardo Stabile, Ecólogo e Biólogo, professor da UNIFTC. Leonardo diz que achou interessante a perspectiva da saúde única e ficou interessado em participar do projeto, já que engloba sua área de formação e tem o interesse em cursar o doutorado na Fiocruz. “Foi uma reunião muito produtiva. Houve muitas interações, onde as pesquisadoras buscaram ouvir as pessoas presentes, sobre quais são os problemas na área de saúde voltados para as expertises de cada um dos pesquisadores”, finaliza.

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Impacto de uma década de transmissão da chikungunya nas Américas é destaque na The Lancet Regional Health – Americas 

Após a detecção dos primeiros casos de chikungunya nas Américas, em dezembro de 2013, na ilha de Saint Martin, o vírus da Chikungunya se espalhou rapidamente, causando epidemias em toda a região. Até os dias atuais, cerca de 3,7 milhões de casos suspeitos e confirmados em laboratório foram registrados em 50 países das Américas. Passada a primeira década desde a emergência da Chikungunya no continente, um balanço da situação epidemiológica e análise de perspectivas futuras para prevenção e controle do vírus foi tema do artigo publicado na The Lancet Regional Health Americas, que contou com a participação do pesquisador Guilherme Ribeiro, da Fiocruz Bahia, no grupo composto por instituições do Brasil, Estados Unidos e Reino Unido.

Em 2014, as maiores epidemias de chikungunya nas Américas foram observadas predominantemente no Caribe. No ano seguinte, as regiões da América Central e Andinas foram as mais afetadas. Entre 2014 e 2015, a maioria dos territórios ou países com surtos de chikungunya na América Latina Caribe relatou uma ou duas ondas epidêmicas anuais, seguido por um período com menor incidência ou nenhum caso.

O vírus chegou ao Brasil em 2014, mas foi a partir de 2016 que o país se tornou o maior epicentro da chikungunya nas Américas, tendo ao final de 2023 ultrapassando a marca de 1,6 milhões de casos reportados, o maior da região. Diferente dos outros países, o Brasil se destaca por registrar epidemias anuais da doença, que ocorrem de forma heterogênea no espaço, possivelmente devido ao cenário irregular da imunidade ao vírus; climas específicos do local; diferenças nos mosquitos vetores e exposição de pessoas em diferentes condições sociodemográficas. O clima propício e uma população expressiva de Aedes aegypti também são fatores que facilitam a transmissão do vírus no país.

Embora inquéritos sorológicos para conhecer a frequência de exposição ao vírus chikungunya na população brasileira continuem escassos, é importante notar que 40,5% dos municípios ainda não registraram casos de chikungunya, sugerindo que uma proporção significativa da população do país permanece suscetível ao vírus ou foi infectado, mas não detectada pelo sistema de vigilância nacional. Ao sustentar uma contínua circulação do vírus, o Brasil pode se tornar a principal fonte de disseminação para novas regiões geográficas, onde há grandes populações suscetíveis.

Apesar de a maioria dos casos de chikungunya se concentrarem na América do Sul e Central, já há registro da presença dos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus na América do Norte, em especial nos estados do sul dos Estados Unidos, com casos já sendo reportados. Estima-se que, no futuro, casos autóctones sejam registrados nos EUA, muito por conta das mudanças climáticas favorecendo a proliferação dos vetores dessa doença.

Consequências da doença

O elevado número de casos de chikungunya se traduz em um problema de saúde pública que causa grande fardo econômico, por causa dos gastos diretos e indiretos. Os indivíduos infectados podem passar meses com sequelas, como dores crônicas nas articulações, necessitando acompanhamento médico prolongado e tratamento com fisioterapia e medicações. O afastamento das atividades laborais muitas vezes leva o paciente a perder sua renda e, por consequência, não conseguir dar continuidade ao tratamento.

As estimativas da letalidade por chikungunya variam ao longo do Américas, com taxas entre 0,5 e 1,3 mortes a cada 1.000 casos. Fatores que podem afetar o risco de morte podem diferir entre países, incluindo a capacidade do sistema de saúde e vigilância, a presença de comorbidades (por exemplo, hipertensão, diabetes ou obesidade) e dados demográficos da população, com neonatos e pessoas com mais de 65 anos de idade apresentando maior risco em comparação para outras idades. Além disso, estabelecer um sistema de vigilância preciso para mortes por chikungunya nas Américas é um desafio, em parte devido às limitações de recursos e a ocorrência simultânea de outras doenças arbovirais fatais com manifestações clínicas semelhantes, particularmente dengue.

Um estudo recente, publicado em fevereiro na revista The Lancet Infectious Diseases, investigou o risco de morte de pessoas infectadas por chikungunya durante 2 anos após os primeiros sintomas da doença, utilizando uma grande amostra da população brasileira entre 2015 e 2018. Essa análise mostrou a persistência do risco de óbito após a chikungunya em até 3 meses do início dos sintomas, indo além da fase aguda da doença, que são os primeiros 14 dias, mais uma preocupação a ser levado em conta quando trata-se do pós-infecção pelo vírus.

Desafios

A vigilância da chikungunya e de outros vírus transmitidos por mosquitos nas Américas tem sido um desafio por vários fatores, incluindo a dependência de um sistema passivo de registro, insuficiência de infraestrutura laboratorial, disponibilidade limitada de profissionais de laboratório qualificados, bem como de entomologistas (profissional que estuda o mosquito), e acesso desigual ao diagnóstico.

Outro ponto delicado é a circulação de outros arbovírus que causam manifestações clínicas semelhantes, como os vírus da Zika e dengue, tornando o diagnóstico clínico bastante complexo. Isso mostra a necessidade urgente de desenvolvimento e incorporação de testes point-of-care (PoCT), que podem ser usados nas unidades de saúde, alinhada com a colaboração entre agências de saúde locais, nacionais e internacionais e instituições de pesquisa, com um objetivo mais amplo: apoiar iniciativas de fortalecimento de capacidades, reduzir as desigualdades em infraestrutura de diagnóstico e laboratório e fortalecer e expandir os sistemas universais de saúde.

Em novembro de 2023, foi licenciada a primeira vacina contra chikungunya pela Food and Drug Administration (FDA) dos EUA, mas ainda não há previsão de quando a vacina será aprovada para uso no Brasi. Mesmo depois de licenciada no Brasil, pode levar tempo até a sua incorporação no programa de imunização e até o alcance de grandes coberturas vacinais. Antivirais específicos continuam indisponíveis para prevenir e tratar a chikungunya.

Diante destes desafios, os autores do artigo propuseram algumas ações a fim de mitigar e eliminar a chikungunya nas Américas, entre elas:

• Melhorar a vigilância molecular e o diagnóstico de chikungunya para rastrear transmissão endêmica, detectar precocemente surtos e melhorar os desfechos clínicos dos pacientes de forma eficaz.

• Aproveitar dados genômicos e sorológicos para identificar populações suscetíveis, antecipando futuros surtos e monitorar a evolução e transmissão do vírus chikungunya.

• Identificar os fatores ambientais e socioeconômicos que determinam a transmissão espaço-temporal do vírus durante e entre surtos para refinar estratégias de mitigação.

• Implementar tecnologias tradicionais e de ponta no controle de vetores para reduzir a população de vetores competentes e a incidência da doença.

• Implementar programas de imunização em populações vulneráveis para conter e potencialmente eliminar a transmissão de chikungunya em todas as Américas.

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Estudo analisou transmissão da chikungunya um ano após a introdução do vírus em Salvador

O vírus chikungunya foi introduzido nas Américas em 2013 e no Brasil em 2014, causando grandes surtos que afetaram rapidamente parcela substancial da população em vários países. A cidade de Salvador, que tem sido um epicentro de várias epidemias de arboviroses transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, foi uma das capitais brasileiras inicialmente afetadas pela chikungunya. Com a finalidade de entender melhor a propagação do vírus, um estudo, coordenado pelo pesquisador Guilherme Ribeiro, da Fiocruz Bahia, e fruto do doutorado de Rosângela Oliveira Anjos, pelo Programa de Pós-graduação em Saúde em Biotecnologia e Medicina Investigativa (PgBSMI), analisou a dinâmica de transmissão do vírus chikungunya em Salvador, no primeiro ano após a introdução do vírus no país. O trabalho foi publicado no periódico PLOS e pode ser lido aqui.

A pesquisa analisou dados de soroinquéritos semestrais, realizados em uma coorte comunitária, composta por 652 participantes com idade maior ou igual a cinco anos, no bairro de Pau da Lima. O seguimento da coorte foi iniciado antes da introdução do vírus da chikungunya em Salvador, em fevereiro de 2014, e os inquéritos foram conduzidos até fevereiro de 2017.

Os pesquisadores concluíram que, ao contrário das observações em outros locais, a propagação inicial da chikungunya neste grande centro urbano foi limitada e focal em certas áreas, deixando uma elevada proporção da população suscetível a novos surtos. Além disso, identificaram um padrão de agregação espacial das infecções e maior risco de infecção em pessoas que residiam em domicílios onde outra infecção pelo vírus foi detectada. O trabalho apontou a necessidade de investigações adicionais para explicar melhor os fatores que impulsionam a dinâmica de propagação do vírus, incluindo a compreensão das diferenças em relação aos vírus da dengue e da zika, a fim de orientar estratégias de prevenção e controle para lidar com surtos futuros.

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Estudo investigou o mecanismo de ação de fármacos antimaláricos derivados da artemisinina

A partir da necessidade de produzir novos medicamentos para o tratamento da malária, uma das doenças mais disseminadas e com elevada mortalidade do planeta, um estudo buscou desenvolver fármacos mais eficientes que os antimaláricos já disponíveis na clínica. Realizada em parceria com um grupo da Friedrich-Alexander-Universität Erlangen Nürnberg na Alemanha, a pesquisa teve como um dos coordenadores o pesquisador Diogo Moreira, da Fiocruz Bahia, e a participação das discentes do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa (PGBSMI), Adrielle Sacramento e Mariana Borges. O artigo foi capa da conceituada revista Britânica Chemical Science.

No estudo, foram desenvolvidos fármacos fluorescentes derivados da artemisinina, uma das substâncias de referência no tratamento da malária. Isso porque, apesar de já haver cura, existem parasitos resistentes a todos os antimaláricos que estão disponíveis para o tratamento. Como a terapia combinada com a artemisinina é a principal linha de frente de tratamento e já foram identificados parasitos resistentes à artemisinina no Sudeste Asiático e na África, é importante entender a doença e o parasito para produzir fármacos de espectro de ação mais amplo, efetivos em cepas resistentes.

O grupo na Alemanha realizou a parte química, desenvolvendo uma molécula sob medida, onde a artemisinina foi ligada à cumarina por uma metodologia química, resultando em uma molécula fluorescente. Essa característica possibilitou o mapeamento do parasito, através de técnicas como microscopia e citometria, logo após o tratamento. Já na Fiocruz Bahia, foi feita toda a parte farmacológica do estudo, através do teste das moléculas inéditas tanto in vitro quanto in vivo, tentando entender como se dava o funcionamento na biologia parasitária. Os resultados do trabalho demonstraram que esses fármacos fluorescentes têm potência e eficácia como antimalárico, se acumulando em organelas específicas do Plasmódio, protozoário causador da enfermidade.

Os desdobramentos destes achados são importantes para entender como as artemisininas atuam, assim como na racionalização e aprimoramento da terapia atual. Este estudo teve continuidade pela discente Adrielle Sacramento, no qual recebeu um suporte financeiro da Fundação Maria Emília para realizar estudos de campo de susceptibilidade dos parasitos resistentes.  

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Pacientes com câncer colorretal nos primeiros 12 meses de pandemia são avaliados em tese

Estudante: João Paulo Velloso Medrado Santos
Orientação: Mitermayer Galvão dos Reis
Título da dissertação: “CÂNCER COLORRETAL ANTES E DURANTE A EPIDEMIA DE COVID-19 NO MAIOR HOSPITAL ONCOLÓGICO DO ESTADO DA BAHIA: ESTUDO DE CORTE TRANSVERSAL DO PERÍODO DE 03/2019 A 03/2021”
Programa: Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa
Data de defesa: 29/02/2024
Horário: 14h30
Local: Sala Virtual do Zoom
ID da reunião: 860 5372 8180
Senha: joao

Resumo

INTRODUÇÃO: O câncer é uma das principais causas de óbito no Brasil. Nos anos imediatamente anteriores à pandemia de COVID-19, estava a frente das doenças infectocontagiosas e das causas externas, sendo em menor número apenas em relação às mortes causadas por doenças cardiovasculares. Em alguns países com melhores níveis socioeconômicos, as malignidades já ultrapassaram as doenças cardiovasculares como principal causa de óbito. Globalmente, o câncer colorretal é um dos mais incidentes e está entre os maiores responsáveis pela mortalidade oncológica. No Brasil, é o segundo mais incidente, em ambos os sexos. Entretanto, apesar de tão relevante, a Literatura carece de dados nacionais em relação às características dos pacientes acometidos pelo câncer de cólon e reto – o que também se aplica aos dados regionais do Estado da Bahia. Nesta entidade da Federação, o Hospital Aristides Maltez (Salvador – BA) é responsável pela maior parte dos atendimentos oncológicos, inclusive àqueles dos pacientes com câncer colorretal. Porém, os anos de 2020 e 2021 são peculiares devido à pandemia do COVID-19 no Estado da Bahia, o que pode ter tido impacto também na assistência oncológica ao paciente com câncer colorretal. Levando-se em conta que a maior parte dos cânceres colorretais metastáticos já não é mais curável, avaliar se houve aumento da proporção de pessoas com esse tipo câncer em estadio avançado, já na primeira consulta no HAM durante a epidemia de COVID-19, pode servir como métrica para se avaliar o impacto dessa epidemia na atenção ao paciente com esse tipo de malignidade. OBJETIVO: Avaliar se houve aumento da proporção de pacientes com câncer colorretal metastático no grupo de pessoas que iniciaram acompanhamento no HAM no período dos primeiros 12 meses de epidemia de COVID-19 na Bahia em relação ao grupo de pessoas com essa mesma malignidade que iniciaram acompanhamento no HAM nos 12 meses anteriores. Análise descritiva dos pacientes acometidos por câncer colorretal atendidos no HAM nesses 2 períodos. MÉTODO: Foi gerada lista dos pacientes acometidos por câncer colorretal atendidos no Hospital Aristides Maltez entre março/2019 e março/2021. Foram avaliados dados demográficos, e dados relacionados à malignidade em si. Essas informações foram extraídas dos prontuários eletrônicos dos respectivos pacientes. Foram empregados métodos de análise descritiva, como números absolutos, frequências, proporções, medidas de tendência central, e de dispersão. Análise comparativa dos dados do Hospital Aristides Maltez entre os 12 primeiros meses da epidemia de COVID-19 na Bahia (18/mar/2020 a 17/mar/2021) e os 12 meses anteriores (01/mar/2019 e 28/fev/2020). RESULTADOS/DISCUSSÃO: Foi avaliada amostra de 170 indivíduos do 1º ano da Epidemia de COVID-19 na BA e 152 indivíduos dos 12 meses anteriores. Em ambos, a mediana de idade foi de 63 anos, com representação semelhante de ambos os sexos, predomínio da raça parda e de baixo nível de escolaridade. No 1º ano da Epidemia de COVID-19 na Bahia, houve aumento de 26,29% do percentual de indivíduos que iniciaram acompanhamento no HAM com câncer colorretal já metastático (entretanto, sem significância estatística).

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Pacientes com leishmaniose cutânea recorrente têm doença mais branda

Uma pesquisa comparou o perfil clínico, a carga parasitária, a positividade de reação em cadeia da polimerase (PCR) e a resposta à terapia em pacientes com leishmaniose cutânea recorrente e leishmaniose cutânea primária. O trabalho, coordenado pelo pesquisador Edgar Carvalho, da Fiocruz Bahia, foi publicado no periódico Open Forum Infectious Diseases.

Os participantes do estudo foram pacientes atendidos no posto de saúde de Corte de Pedra, distrito localizado no município de Tancredo Neves, na Bahia, área endêmica de leishmaniose cutânea. Participaram da análise 61 indivíduos, sendo 41 com leishmaniose cutânea primária e 20 com a recorrente, diagnosticados entre 2020 e 2021, e para os quais foi realizado o exame histopatológico da úlcera cutânea. A leishmaniose cutânea primária foi definida como a que ocorreu em indivíduos pela primeira vez e a recorrente como a que ocorreu em indivíduos que já tiveram a doença, foram curados e se infectaram novamente.

Os pacientes foram tratados com antimoniato de meglumina ou com Anfotericina B convencional. A cura clínica foi definida como cicatrização completa da lesão com recuperação da pele na ausência de bordas elevadas, 90 dias após início do tratamento. Já a falha foi definida pela presença de úlcera ativa ou cicatrização da lesão, mas com bordas elevadas.

A investigação concluiu que os casos recorrentes de leishmaniose cutânea apresentaram maior duração da doença, menos lesões, menor número de parasitas e maior rigidez da lesão em comparação aos pacientes com a leishmaniose cutânea primária, o que provavelmente aconteceu em decorrência da menor carga parasitária. Concluíram ainda que a detecção de DNA de Leishmania por PCR foi muito baixa nos casos recorrentes, enquanto a imunoquímica mostrou alta sensibilidade e deve ser usada para diagnóstico da leishmaniose recorrente causada por L. braziliensis.

Clinicamente, as lesões dos casos recorrentes eram mais superficiais, com bordas menos infiltradas e de menor tamanho. Os resultados indicam que os pacientes com leishmaniose cutânea recorrente têm melhor capacidade de controlar a replicação do parasita, sugerindo que eles desenvolvem uma resposta imune aos antígenos do L. braziliensis que podem inibir a replicação do parasita, resultando em uma doença mais branda e na melhor resposta à terapia.

Esses dados abrem a possibilidade de realizar mais estudos para explicitar os fatores de risco para pessoas desenvolverem leishmaniose cutânea recorrente, incluindo diferenças nas cepas de L. braziliensis, bem como as diferenças na resposta imune local e sistêmica em pacientes com leishmaniose cutânea recorrente.

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Tese avalia modulação da migração de células hospedeiras induzida por Leishmania

Estudante: Amanda Rebouças Paixão
Orientação: Juliana Perrone Bezerra de Menezes Fullam
Título da tese: “Estudo da modulação da migração de células hospedeiras induzida por Leishmania e seu impacto na disseminação do parasito no hospedeiro”
Programa: Pós-Graduação em Patologia Humana e Experimental
Data de defesa: 28/02/2024
Horário: 14h00
Local: Sala Virtual do Zoom
ID da reunião: 882 5465 1428
Senha: defesa

Resumo

Leishmania spp. infectam diversos hospedeiros vertebrados, incluindo o homem. As doenças causadas por este protozoário, as leishmanioses, podem apresentar diferentes tipos de manifestações clínicas, desde lesões localizadas na pele que cicatrizam espontaneamente, lesões de pele, que se espalham de forma disseminada, a forma mucocutânea da doença, além da leishmaniose visceral, forma mais grave que podem levar à morte se não tratada. A disseminação e homing de células infectadas contendo antígenos de Leishmania são fundamentais para a sobrevivência deste parasito no hospedeiro e para o estabelecimento da lesão. Ainda hoje, pouco se sabe sobre os mecanismos envolvidos na adesão da célula hospedeira e sua migração na infecção por este protozoário. Assim, este trabalho teve como objetivo avaliar a migração de monócitos, macrófagos e células dendríticas humanas na infecção por Leishmania e os mecanismos envolvidos nesse processo. Células hospedeiras humanas oriundas de doadores saudáveis foram obtidas, infectadas por diferentes espécies de Leishmania e submetidas a migração direcional e randômica por sistema transwell e em tempo real, respectivamente. Avaliamos ainda a formação de complexos de adesão pela imunomarcação de p-FAK e p-paxilina. Adicionalmente, investigamos a dinâmica de actina por meio de análise da expressão de Rac1, RhoA, Cdc42 e marcação por faloidina nestas células, bem como a formação de podossomos por meio da imunomarcação de vinculina. Por fim, investigamos o papel da via de sinalização associada a AKT/PI3K na migração de células hospedeiras infectadas por estes parasitos, através da análise da expressão desta proteína por western blot, além do efeito da inibição dessa via na migração de células hospedeiras infectadas. Nossos dados mostram uma redução na migração bidimensional de monócitos e macrófagos humanos infectados por L. amazonensis, L. braziliensis ou L. infantum, associado a uma redução na formação de complexos de adesão, podossomos e dinâmica de actina nestas células. Entretanto, observamos um aumento na migração de células dendríticas infectadas por L. infantum ou isolados de Leishmania oriundos de pacientes com a forma disseminada ou difusa da doença. Adicionalmente, observamos que o aumento da migração nessas células está associado a um aumento na formação de complexos de adesão, podossomos, dinâmica de actina e expressão de CCR7. Por fim, observado que a infecção por Leishmania induz a ativação da via de AKT/PI3K. Em conjunto, nossos dados apontam para um papel de células dendríticas, mas não de macrófagos e monócitos na disseminação de Leishmania no hospedeiro vertebrado. Palavras-chave: Célula hospedeira, Leishmania, Migração celular

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Estudo indica maior risco de morte por Chikungunya mesmo após crise da doença

Desde o início do ano, as infecções causadas pelo mosquito Aedes aegypt, como dengue e chikungunya, têm aumentado. Nestas últimas semanas Acre, Minas Gerais, Goiás e o DF decretaram estado emergencial após o aumento do número de casos de dengue, exigindo cuidado redobrado com o mosquito. Outras cidades veem os números aumentarem não apenas para esta doença, como para a Chikungunya. O estado de São Paulo enfrenta um aumento de 26% no número de casos de Chikungunya neste ano.

Um estudo, publicado no dia 8 de fevereiro, na revista The Lancet Infectious Diseases, investigou o risco de morte de pessoas infectadas por chikungunya durante 2 anos após os primeiros sintomas da doença. Utilizando uma grande amostra da população brasileira entre 2015 e 2018, a principal evidência da pesquisa, segundo Thiago Cerqueira, um dos pesquisadores do estudo, “foi mostrar a persistência do risco de óbito após a Chikungunya em até 3 meses do início dos sintomas, indo além da fase aguda da doença, que são os primeiros 14 dias”.

Pesquisas anteriores avaliaram as complicações após a infecção e apresentaram o risco de gravidade quando associados com a presença de outras condições crônicas, principalmente a diabetes. Outros estudos investigaram o excesso de mortalidade causada pelas complicações da doença. Entretanto, não foi encontrado estudos de comparação de risco de morte entre pessoas expostas ou não ao vírus

Liderado por pesquisadores do Centro de Integração de Dados para Conhecimentos em Saúde (Cidacs) e o Laboratório de Medicina e Saúde Pública de Precisão (MeSP2), ambos da Fiocruz Bahia, o estudo demonstrou evidências de um maior risco de morte mesmo após o período da infecção aguda pelo vírus Chikungunya. Conforme Thiago, “geralmente, a característica mais marcante da chikungunya é dor nas articulações, sendo muitas vezes a única condição considerada pelos profissionais de saúde. A pesquisa revela e quantifica complicações possíveis após a doença, indicando a necessidade de um olhar mais atento frente aos casos de chikungunya”, observou.

Neste estudo, foram apresentadas evidências sobre o risco aumentado de mortalidade natural, e também um risco aumentado de morte associado com outras doenças dentro de 84 dias após o início dos sintomas. Para Thiago, “no cenário brasileiro com uma grande onda de Dengue, não deve ser esquecido a Chikungunya. Os manuais de conduta devem ser atualizados para indicar o potencial de complicações metabólicas e cardiovasculares, além da musculoesquelética [relacionadas aos músculos e ossos], com especial atenção às primeiras 12 semanas após o início dos sintomas”.

A primeira vacina para o vírus Chikungunya foi aprovada nos EUA no final de 2023, mas ainda não existe previsão para iniciar o uso no Brasil. Além disso, não existem antivirais específicos, e intervenções terapêuticas baseadas em anticorpos para o vírus Chikungunya permanecem em desenvolvimento. Com isso, também é indicado a necessidade de desenvolvimento de medicamentos e vacinas específicos para chikungunya e acesso a esses avanços em países com surtos recorrentes da doença. Como limitação deste estudo, Thiago ressaltou que não foi possível avaliar “os casos que necessitaram de internação hospitalar, mas que não evoluíram a óbito, o que pode ter subdimensionado o impacto da chikungunya”.

Risco de morte

Nesta parte do estudo, foi comparado o risco de morte em pessoas com a doença causada pelo vírus Chikungunya com aquelas sem a doença, no período de 2015 a 2018. Ao analisar os dados, a equipe de pesquisa percebeu um risco aumentado de morte para até 84 dias após os primeiros sintomas da infecção.

As pessoas infectadas tiveram um risco 8,4 vezes maior de morte do que as pessoas não infectadas entre 1 e 7 dias. Entre 57 e 84 dias o risco diminuiu para 2.26 vezes maior que as pessoas sem a doença. Após, o risco se aproximou de 1, isso quer dizer que não houve diferença significativa no risco de morte entre os grupos expostos e não expostos durante esse período. Na análise desse estudo e dos dados disponíveis, em um cenário com 100.000 pessoas doentes, é esperado cerca de 170 mortes a mais nos primeiros 84 dias do que em um contexto sem a doença.

Quando foi estudado as causas específicas de morte destas pessoas que haviam sido infectadas pelo vírus, foi observado maior mortalidade associada com diabetes e doença cardíaca isquêmica até os primeiros 28 dias, e permaneceu significativamente elevada até 84 dias para doença cardíaca isquêmica e até 168 dias para diabetes.

Uma análise apenas entre o número de mortos entre 2015 e 2018

Nesta outra parte do estudo, entre 2015 e 2018, foram analisados os dados de 1.933 pessoas que tiveram a doença do vírus Chikungunya e morreram em um tempo médio de 294 dias, menos de um ano. Dos casos por morte natural, o risco foi maior entre o primeiro e o sétimo dia do início dos sintomas da doença pelo vírus, com um risco de 8,75 vezes maior em comparação com outros períodos, diminuindo para 1,59 entre 57 e 84 dias.

Para os resultados secundários, o risco de morte em 28 dias após o início dos sintomas da chikungunya estiveram associados geralmente com maior risco para diabetes, com 8,43 vezes maior risco do que doenças cerebrovasculares, com 2,73, e para doença cardíaca isquêmica, com 2,38. Não houve evidência de aumento do risco nos períodos subsequentes entre 85 e 168 dias para esses resultados secundários.

Semelhante à análise comparativa entre pessoas doentes e não doentes, a análise realizada com o acompanhamento dos dados sobre as 1.933 mortes, mostrou um risco relativo aumentado de mortalidade natural por todas as causas dentro de 84 dias após os sintomas iniciais.

Não é possível afirmar que os números de mortalidades por outras doenças estejam apenas relacionados com o vírus Chikungunya, pois existem outras diversas variáveis que não foram possíveis de serem analisadas neste estudo. Entretanto, o aumento do risco de mortalidade em todas as faixas etárias e, principalmente, nos primeiros 84 dias, reforça a necessidade de os profissionais de saúde acompanharem de perto casos de doenças cardiovasculares, neurológicas, renais e distúrbios metabólicos e outras doenças clínicas graves ligadas a doenças sistêmicas e envolvimento de órgãos específicos, permitindo a detecção antecipada e prevenção de complicações e mortes.

Embora não haja uma explicação definitiva sobre os mecanismos específicos que aumentam o risco de mortalidade em casos de infecção por chikungunya, é importante reconhecer, como mencionou Thiago, a existência de “alguns mecanismos comuns a várias infecções virais”, podendo desencadear complicações graves que podem levar a morte. Sendo assim, é sugerido uma maior atenção aos casos dessas doenças, assim como pesquisas contínuas para se compreender melhor os mecanismos que elevam o risco de mortalidade.

Realização e dados do estudo

Neste estudo, vinculou-se os dados sobre notificações e análises laboratoriais de desfechos para as doenças de Chikungunya, Dengue e Zika, sendo utilizados para esta investigação apenas os dados de pessoas infectadas por Chikungunya. Foram usados dados do período de 1º de janeiro de 2015 a 31 de dezembro de 2018. Utilizou-se dois métodos, o primeiro de coorte retrospectiva, comparando o risco de morte entre pessoas expostas ao vírus e as não expostas ao longo de um período de até 2 anos após a infecção. Já o segundo método, de série de casos autocontrolada, seguindo a mesma temporalidade de análise do método anterior, incluiu apenas as pessoas que morreram após terem a doença, comparando o risco de morte em diferentes períodos em relação a data dos primeiros sintomas.

Foram incluídos 143.787 casos de doenças causadas pelo vírus da Chikungunya entre o período de 2015 a 2018. Dos doentes, 1.933 foram a óbito algum período após a doença. Foram dois os desfechos de mortalidade: o primário, por causa natural, e o secundário, relacionado às mortes associadas a causas específicas, incluindo doenças cardíacas isquêmicas – àquelas que afetam as artérias e impedem a passagem do sangue, de oxigênio e nutrientes necessários -, diabetes e doenças cerebrovasculares.

O estudo utilizou dados da Coorte de 100 Milhões de Brasileiros, inovação científica que inclui dados de mais de 130 milhões de brasileiros(as) do Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico). Para este estudo vinculou-se dados do CadÚnico aos dados do Sistema Nacional de Informação sobre Doenças de Notificação Notificável (SINAN) e Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM).

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Pesquisadores da Fiocruz Bahia integram diretoria da SBMT para o biênio 2024-2025

A Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT) apresentou a diretoria que assume a instituição no biênio 2024-2025, entre os membros estão os pesquisadores da Fiocruz Bahia: Mitermayer Galvão dos Reis, no Conselho Fiscal, e Fred Luciano Neves Santos, na Comissão de Redação.

O lema da nova gestão é “Inovação e Ciência” e seus membros acreditam que essa é a chave para o progresso na área, e está comprometida em explorar novas fronteiras, adotar abordagens pioneiras e incentivar a criatividade em todas as áreas de atuação da SBMT.

Para Fred Luciano, a SBTM representa um exemplo emblemático de ciência de qualidade e seriedade. Desde a graduação, o pesquisador participa ativamente dos congressos organizados pela sociedade. “Embora já me sentisse próximo, sempre almejei uma conexão mais profunda, buscando contribuir ainda mais para o engrandecimento da Medicina Tropical no Brasil. Assim, fazer parte da atual diretoria da SBMT representa a concretização de um dos muitos sonhos que possuo”, destaca.

Sobre as expectativas para a participação na diretoria, Fred diz que almeja contribuir para ampliar o alcance e o impacto das publicações da SBMT, assegurando que elas continuem a ser referências no campo da Medicina Tropical, tanto nacional quanto internacionalmente.

“Isso envolve trabalhar para melhorar cada vez mais a qualidade, a acessibilidade e a relevância dos conteúdos publicados. Além disso, em conjunto com os demais colegas da Comissão, pretendo focar na inclusão de pesquisas e perspectivas inovadoras, buscando abordar temas emergentes e desafios atuais na área da Medicina Tropical. Isso inclui a promoção de uma abordagem interdisciplinar, integrando diferentes áreas do conhecimento que se cruzam com a Medicina Tropical”.

Fred também espera que sua participação contribua para a formação e inspiração de novos profissionais e pesquisadores na área, promovendo a educação e a disseminação do conhecimento em Medicina Tropical, e assim, contribuir para o fortalecimento, a sustentabilidade da SBMT e de seu papel fundamental na saúde pública brasileira e global.

Mitermayer Reis compartilha que se sente honrado e lisonjeado em participar da diretoria da SBMT. O pesquisador já foi vice-presidente e presidente da sociedade, além de presidente do congresso da SBMT em 2001 e 2023, e membro da comissão científica em vários congressos. “O nosso papel primordial na condição de membro do conselho fiscal é de acompanhar a execução financeira da SBMT”, pontua.

A entidade

A SBMT foi fundada em 1962 e tem o compromisso técnico-político de apoiar os órgãos públicos e particulares envolvidos no enfrentamento e controle de doenças tropicais, infecciosas e parasitárias, em várias frentes de apoio, respeitando as diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), promover e incentivar estudos e pesquisas relativos à Medicina Tropical, em seus aspectos epidemiológicos, etiológicos, clínicos, fisiopatológicos, terapêuticos e preventivos, considerando os seus condicionantes físicos, biológicos e sócio-econômicos, considerando os seus determinantes e condicionantes socioeconômicos, políticos, ambientais, físicos e biológicos.

Além disso, a entidade dá assessoria técnico-científica, estimula educação permanente, promove reuniões, congressos, cursos e simpósios, de âmbito internacional, nacional e regional, sobre assuntos relacionados com a Medicina Tropical; promove intercâmbio cultural com instituições científicas, nacionais ou estrangeiras; e divulga conhecimentos técnico-científicos relacionados com a Medicina Tropical.

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Tese avalia mecanismos e perfil fenotípico de antimalárico

Estudante: Mariana da Cruz Borges Silva
Orientação: Diogo Rodrigo de Magalhães Moreira
Coorientação: Leonardo Paiva Farias
Título da tese: “AVALIAÇÃO FARMACOLÓGICA DO COMPLEXO DE OURO AUPAQ (2) PARA O TRATAMENTO DA MALÁRIA EXPERIMENTAL”
Programa: Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa
Data de defesa: 04/03/2024
Horário: 14h00
Local: Sala Virtual do Zoom
ID da reunião: 851 0695 3271
Senha: mariana

Resumo

INTRODUÇÃO: Os compostos de ouro, a exemplo do auranofino, têm potencial antiparasitário na malária por inibirem a atividade enzimática das TrxRs, todavia, estes são relativamente pouco potentes e não apresentam eficácia in vivo. É possível que a acumulação de compostos de ouro nas células do Plasmodium aumente o acesso dos inibidores de TrxR ao seu alvo biológico. Uma maneira de aumentar a acumulação dos compostos de ouro no plasmódio seria através da conjugação com uma molécula que tenha uma alta taxa de acúmulo no plasmódio. As quinolinas, a exemplo da Amodiaquina (AQ), se acumulam no vacúolo digestivo no plasmódio com eficiência elevada através do mecanismo de sequestro de íons. Paralelamente, a conjugação da AQ ao ouro traria um benefício à AQ, uma vez que a AQ possuí alvo biológico somente no estágio sanguíneo assexuado (detoxificação do heme), enquanto que o alvo biológico do auranofino é conservado ao longo de todo o ciclo evolutivo do plasmódio. Previamente, nosso grupo de pesquisas identificou uma molécula (AuPAQ) que é um conjugado da AQ com uma espécie de ouro (AuP) no qual se mostrou mais potente e mais eficaz como um agente antimalárico do que a AQ, sugerindo que o AuPAQ apresente um mecanismo de ação dual, atuando tanto na detoxificação do heme quanto na homeostasia redox do plasmódio. OBJETIVO: Avaliar o perfil fenotípico da ação antimalárica e os mecanismos de ação tanto a nível estrutural (alvo molecular) quanto a nível celular (em cultura celular), envolvidos com a ação antiparasitária do AuPAQ. RESULTADOS: Os dados revelaram que o AuPAQ é um agente antiparasitário potente e seletivo frente ao P. falciparum, capaz de inibir a transição de anéis em trofozoítos e com velocidade de ação mais rápido do que a atovaquona. O AuPAQ, mas não a AQ, foi capaz de inibir competitivamente a enzima TrxR do P. falciparum com potência similar ao auranofino. A nível celular, o AuPAQ, mas não a AQ, foi capaz de induzir um desequilíbrio na homeostasia redox de tióis no P. falciparum, de maneira temporal e dependente da concentração do fármaco. Outrossim, o AuPAQ e a AQ, mas não o auranofino, foram capazes de se ligar as espécies de heme envolvidas durante a detoxificação do heme no plasmódio e bloquear este processo, tanto a nível estrutural quanto a nível celular. CONCLUSÃO: De uma maneira geral, os dados indicaram que o AuPAQ é capaz de atuar em dois mecanismos biológicos que são distintos porém essenciais para a sobrevivência do plasmódio. Embora estudos adicionais sejam necessários para verificar a contribuição de cada um dos mecanismos para a ação antiparasitária do AuPAQ, os dados são coerentes com a noção de que atuar nestes dois mecanismos é promissor para o desenvolvimento de tratamentos para a malária.

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Tumor de células renais papilífero de células claras é tema de tese

Estudante: Maiara Ferreira de Souza
Orientação: Daniel Abensur Athanazio
Título da tese: “Tumor de células renais papilífero de células claras – presença de cápsula, cistificação e expressão de GATA3”.
Programa: Pós-Graduação em Patologia Humana e Experimental
Data de defesa: 11/03/2024
Horário: 08h30
Local: Sala Virtual do Zoom
ID da reunião: 821 2623 4659
Senha: defesa

Resumo

INTRODUÇÃO: O tumor papilar de células renais de células claras é uma neoplasia de células renais comum e às vezes subdiagnosticada. Seu reconhecimento adequado é importante porque seu diagnóstico implica uma probabilidade notavelmente alta de comportamento indolente. OBJETIVO: Este estudo teve como objetivo avaliar a frequência de cápsula fibrosa, componente cístico e expressão de GATA3 em tumores papilares de células renais de células claras. MATERIAL E MÉTODOS: Avaliamos 419 neoplasias de células renais de três instituições localizadas no Nordeste do Brasil e identificamos 42
tumores papilares de células renais de células claras (de 39 pacientes), que foram a quarta neoplasia de células renais mais comum. RESULTADOS: Esses tumores comumente exibiam cápsulas fibrosas (todos apresentavam cápsulas completas ou parciais) e componente cístico (93%). Dezoito dos 42 tumores (43%) mostraram alguma expressão de GATA3, e coloração fraca e focal foi comum entre os tumores positivos. CONCLUSÃO: O tumor de células renais papilares de células claras deve sempre ser incluído no diagnóstico diferencial de neoplasias de células renais predominantemente císticas. Como o GATA3 é expresso de forma inconsistente em tumores de células renais papilares de células claras, não é útil neste
diagnóstico. Palavras-chave: GATA3; classificação; imuno-histoquímica; molecular; patologia; célula
renal; tumor.

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Vacina do Butantan para dengue desenvolvida em parceria com a Fiocruz Bahia protege 79,6% dos imunizados 

O Instituto Butantan, órgão vinculado à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, publicou, na New England Journal of Medicine, uma das mais prestigiosas revistas científicas do mundo, os primeiros resultados do ensaio clínico de fase 3 da sua vacina contra a dengue, desenvolvida com a participação da Fiocruz Bahia. O imunizante feito com os quatro vírus atenuados, de dose única, evitou a doença em 79,6% dos vacinados ao longo de um período de dois anos, protegendo tanto quem já tinha tido dengue como aqueles sem infecção prévia. A publicação traz os resultados detalhados de eficácia após a imunização, divulgados no final do ano passado. 

A Fiocruz Bahia coordena um dos 16 centros da pesquisa no Brasil e recrutou voluntários com idade entre 2 e 17 anos, independente de terem dengue no passado. Os voluntários são acompanhados durante 5 anos na Unidade Básica de Saúde José Maria de Magalhães, no município de Simões Filho. O local foi escolhido por ter histórico de altas taxas da doença. As pesquisadoras da Fiocruz Bahia, Aldina Barral e Viviane Boaventura, e o infectologista Antônio Bandeira participam do estudo como investigadores. 

“Os dados dessa análise foram positivos e estimulantes. O trabalho continuará esse ano até finalizarmos o seguimento de todos os voluntários para então termos o resultado final do estudo. É um trabalho longo, e gostaria de agradecer especialmente a dedicação dos colaboradores e a participação dos voluntários do nosso centro de pesquisa clínica em Simões Filho”, declara Viviane Boaventura. 

Trata-se de uma nova perspectiva para o combate da doença em meio ao aumento de casos de dengue no Brasil: nas quatro primeiras semanas de 2024, foram identificados 217.841 casos prováveis da dengue, com 15 mortes confirmadas e 149 sob investigação. No apanhado de 2023, foram registrados 1,6 milhão de casos prováveis até novembro, segundo o Ministério da Saúde. Além disso, a divulgação do estudo fortalece a possibilidade de aprovação da vacina pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). 

“Os dados de fase 3 são muito animadores. A publicação na NEJM, uma revista de prestígio, reforça a qualidade dos ensaios clínicos conduzidos pelo Butantan, a capacidade dos centros de pesquisa e cientistas envolvidos no projeto e o reconhecimento internacional do Instituto”, afirma Esper Kallás, diretor do Instituto Butantan e investigador principal. “Tudo isso só foi possível graças à colaboração generosa dos participantes que se voluntariaram para o estudo”, completou ele. 

A análise de eficácia do imunizante foi feita ao longo de dois anos de acompanhamento de 16.235 voluntários de todo o Brasil, com idades de 2 a 59 anos, em 16 centros de pesquisa. Durante esse período, foram notificados apenas alguns casos de dengue entre os participantes. O estudo, que iniciou o recrutamento em 2016, seguirá até que todos os voluntários completem cinco anos de acompanhamento. 

A proteção foi observada em todas as faixas etárias, sendo 90% em adultos de 18 a 59 anos, 77,8% dos 7 aos 17 e 80,1% nas crianças de 2 a 6 anos. 

Em pessoas que já apresentavam anticorpos para a dengue antes do estudo, a proteção foi de 89,2%; naqueles que nunca tiveram contato com o vírus, a eficácia foi de 73,6%. O imunizante teve o mesmo perfil de segurança em ambos os grupos, representando uma vantagem em relação a outro disponível no mercado privado que é indicado preferencialmente para pessoas com infecção prévia.  

A vacina do Butantan foi desenvolvida para proteger contra os quatro sorotipos do vírus da dengue (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4). Como no período do estudo circularam apenas os sorotipos 1 e 2 no Brasil, até o momento foi possível descrever uma eficácia de 89,5% para DENV-1 e 69,6% para DENV-2.  

Em relação à segurança, a maioria das reações adversas foi classificada como leve a moderada, sendo as principais dor e vermelhidão no local da injeção, dor de cabeça e fadiga. Eventos adversos sérios relacionados à vacina foram registrados em menos de 0,1% dos vacinados, e todos se recuperaram totalmente. 

Uma grande vantagem potencial da candidata a imunizante do Butantan é que uma dose foi suficiente para fornecer uma proteção robusta contra a dengue, enquanto outras vacinas aprovadas exigem duas ou três doses. O esquema de dose única é muito mais favorável, principalmente durante epidemias, pois induz a proteção da população em um curto espaço de tempo, ajuda a alcançar uma maior cobertura vacinal e traz vantagens logísticas e econômicas. 

Sobre a vacina 

A tecnologia da vacina da dengue foi licenciada para o Instituto Butantan em 2009, pelo Instituto Nacional de Saúde Americano (NIH). A instituição norte-americana cedeu as patentes e os materiais biológicos referentes às quatro cepas virais que compõem o imunizante, permitindo que ele seja produzido e distribuído no Brasil. 

Em 2018, o Butantan assinou um acordo de desenvolvimento e compartilhamento de dados com a farmacêutica multinacional MSD, que trabalha em uma vacina análoga, em uma ação conjunta para acelerar os estudos e registro do produto. 

A fase 1 do ensaio clínico, desenvolvida nos Estados Unidos (2010-2012) pelo NIH, e a fase 2, conduzida no Brasil (2013-2015), mostraram que a vacina induz produção de anticorpos contra os quatro sorotipos do vírus, e que seu perfil de segurança fundamentava a continuidade dos estudos. 

Impactos da dengue 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que cerca de metade da população mundial (3,9 bilhões de pessoas) vive em risco de contrair dengue. Uma análise feita pela Universidade de Oxford estima que, até 2080, esse número pode chegar a 6 bilhões, devido ao aumento das temperaturas e da adaptação do mosquito Aedes aegypti a locais onde antes não circulava. 

A cada ano, são registrados de 100 milhões a 400 milhões de casos de dengue no mundo. No Brasil, a doença acomete cerca de 1 milhão de pessoas anualmente. Em 2023, a incidência foi maior na região Sul (1.269,8 mil casos/100 mil habitantes), seguida da Sudeste (1.028,6 casos/100 mil habitantes) e da Centro-Oeste (935,9 casos/100 mil habitantes), conforme o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde. 

A maioria das pessoas não tem sintomas; outras, apresentam febre alta, dor de cabeça, dor no corpo, náuseas e manchas vermelhas na pele, que podem durar de uma a duas semanas. No entanto, alguns indivíduos podem desenvolver formas graves da doença, também conhecidas como dengue hemorrágica ou síndrome do choque da dengue, que acometem principalmente quem passa por uma segunda ou terceira infecção. 

A dengue grave atinge um a cada 20 pacientes e costuma aparecer depois de três a sete dias do início dos sintomas, quando a febre começa a baixar. Nesse momento, o paciente pode sentir dor abdominal intensa, vômito persistente, sangramento nas gengivas ou nariz, queda de pressão arterial e dificuldade respiratória, entre outras complicações que podem levar à morte. 

Texto com informações do Instituto Butantan.

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Secti abre inscrição para 5ª Conferência de CT&I

A Conferência Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) é uma ação integrante da 5ª Conferência Nacional, que busca orientar políticas públicas estaduais. Com foco na elaboração da Estratégia Nacional de CT&I (2024-2035) e na formulação de uma Nova Política Estadual, a conferência irá abordar temas como recuperação do Sistema Nacional, inovação empresarial na reindustrialização e o papel estratégico da CT&I em programas nacionais. O evento visa reunir representantes de instituições científicas, empresas, empreendedores, sociedade civil e setor público.

Clique aqui para acessar o formulário de inscrição.

Objetivos

• Propor recomendações para a elaboração da Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação – ENCTI 2024-2030.
• Elaborar a Nova Política Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação.

Calendário de conferências 

– Municipais/Macroterritoriais: De 28 de Fevereiro de 2024 até 14 de março de 2024
– Estadual: 04 e 05 de abril de 2024
– Regional NE: Abril de 2024
– Nacional: 4, 5 e 6 de Junho 2024

Conferências livres

As conferências livres integrarão as ações previstas na 5ª CECTI e contemplará setores e segmentos estratégicos envolvidos no ecossistema de CT&I e contribuirão com proposições aos eixos temáticos. Os trabalhos ocorrerão em ambiente virtual ou hibrido no período de 13/03 a 16/4 de 2024.

Eixos temáticos das Conferências 

I – Recuperação, expansão e consolidação do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação; 
II – Reindustrialização em novas bases e apoio à inovação nas empresas; 
III – Ciência, tecnologia e inovação para programas e projetos estratégicos nacionais; e 
IV – Ciência, tecnologia e inovação para o desenvolvimento social.

Atores do ecossistema de CT&I

– Ator de geração de conhecimento: Instituições Científicas, Tecnológicas e de Inovação – ICTs, incluindo todos os setores das universidades.
– Ator empresarial: Empresas e Empreendedores. 
– Sociedade civil organizada
– Setor público: Gestores de políticas e incentivos; Executivo, Legislativo e Judiciário. 

DATAS, MUNICÍPIOS, LOCAIS E MACROTERRITÓRIOS DAS PLENÁRIAS

27/02 – Serrinha (Uneb) – Sisal, Semi Árido Nordeste II e Itaparica 
27/02 – Eunápolis (Uneb) – Extremo Sul e Costa do Descobrimento 
27/02 – Irecê (Uneb) – Irecê e Velho Chico 
27/02 – Juazeiro (Uneb) – Sertão do São Francisco
29/02 – Ilhéus (Uesc) – Litoral Sul, Baixo Sul, Vale do Jiquiricá e Médio Rio de Contas 
29/02 – Seabra (Uneb) – Chapada Diamantina, Piemonte de Paraguaçu e Bacia do Paramirim 
29/02 – Senhor do Bonfim (Uneb) – Bacia do Jacuípe, Piemonte Diamantina e Piemonte Norte Itapicuru
01/03 – Vitória da Conquista (Uesb) – Médio Sudoeste, Sudoeste Baiano e Sertão Produtivo
05/03 – Barreiras (Uneb) – Bacia do Rio Grande e Bacia do Rio Corrente 
07/03 – Feira de Santana (Uefs) – Recôncavo, Agreste, Litoral Norte e Portal do Sertão 
14/03 – Lauro de Freitas (CEEPTIC) – Território Metropolitano de Salvador

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Segurança e efeito ao longo prazo da vacina da Dengue são avaliados em estudo

Com a incorporação da vacina contra a dengue no Sistema Único de Saúde (SUS), pelo Ministério da Saúde, o imunizante tornou-se um dos assuntos mais comentados. Para sanar algumas dúvidas, um estudo, que contou com a participação do pesquisador da Fiocruz Bahia Edson Duarte Moreira, avaliou a efetividade e segurança a longo prazo da vacina da dengue. O artigo oriundo dessa pesquisa foi publicado no periódico The Lancet Global Health e pode ser acessado na íntegra aqui.

O ensaio clínico contou com a participação de crianças e adolescentes entre 4 e 16 anos, de 26 centros médico e de pesquisa em oito países com dengue endêmica: Brasil; Colômbia; República Dominicana; Nicarágua; Panamá; Filipinas; Sri Lanka e Tailândia. O grupo foi dividido entre participantes que receberam duas doses da vacina TAK-003 e duas doses de placebo, com três meses de intervalo entre as doses.

O acompanhamento ocorreu por cerca de 4-5 anos após a administração da segunda dose da vacina e do placebo. Os resultados da vigilância dos participantes mostraram que dos 27.684, 1.007 (placebo: 560; TAK-003: 447) tiveram confirmação de dengue, com 188 casos necessitando hospitalização, sendo desses 142 de pacientes que receberam a vacina placebo e 46 a TAK-003.

A eficácia cumulativa da vacina foi de 61,2% contra dengue confirmada virologicamente e 84,1% contra hospitalização de dengue com confirmação. Uma análise exploratória, a vacina foi eficaz contra os quatro tipos de dengue em participantes soropositivos para o vírus, enquanto em participantes soronegativos apresentou eficácia contra o tipo 1 e 2; não apresentou contra o tipo 3 e pouca eficácia contra o tipo 4.

Tais achados demonstram que a TAK-003 é uma vacina com eficácia e segurança a longo prazo, contra os quatro tipos de dengue em indivíduos previamente expostos ao vírus, e contra a dengue tipo 1 e 2 em pessoas sem exposição prévia.

A vacina chega para ser uma das ferramentas de controle da dengue em territórios endêmicos. O pesquisador Edson Moreira ressalta a importância das outras medidas contra a dengue, mesmo quando a vacinação estiver avançada no país.

“O fato de dispormos de uma vacina como essa no SUS não quer dizer que a gente vai esmorecer em relação às outras medidas, que são extremamente importantes para o controle do vetor, o mosquito Aedes Aegypti”, salienta o pesquisador.

O primeiro grupo a ser vacinado no Brasil será com crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, em cidades com mais de 100 mil habitantes que tiveram alta incidência de dengue. A prioridade diante da quantidade limitada de doses no momento se dá por essa faixa etária concentrar o maior número de hospitalizações pela infecção do vírus, motivando a escolha como alvo da pesquisa realizada para garantir sua eficácia e segurança.

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Estudo realizou acompanhamento de dez anos da vacina contra o papilomavírus humano

Pesquisadores avaliaram a imunogenicidade, eficácia e segurança de vacina contra o Papilomavírus Humano (HPV) em um grupo, no período de 10 anos após a aplicação da última dose. Coordenado pelo pesquisador da Fiocruz Bahia, Edson Duarte Moreira Júnior, e publicado no periódico “Pediatrics”, da Associação Americana de Pediatria, o estudo acompanhou 301 meninos e 971 meninas que receberam três doses da vacina 9vHPV no estudo base (dia 1, meses 2 e 6) e se inscreveram na extensão.

A imunogenicidade de uma vacina está relacionada à capacidade que ela tem de estimular o sistema imunológico a produzir anticorpos. A eficácia, por sua vez, diz sobre a capacidade do imunizante em conferir proteção imunológica a um determinado agente. Já a segurança está ligada à notificação de eventos adversos pós-vacinação (EAPVs), e no estudo em questão incluíram a notificação de todos os eventos adversos graves (SAEs), mortes relacionadas à vacina, além das gestações, que foram acompanhadas até o desfecho.

O acompanhamento a longo prazo foi realizado de 27 de agosto de 2009 (primeira visita do participante no estudo de base) até 22 de abril de 2021 (última visita). O acompanhamento foi realizado em 40 locais em 13 países (Bélgica, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Peru, Polônia, África do Sul, Coreia do Sul, Espanha, Suécia, Taiwan, Tailândia e Estados Unidos).

O soro foi coletado até o mês 126, cerca de 10 anos e seis meses, para avaliações de anticorpos por imunoensaio competitivo Luminex e imunoensaio imunoglobulina G-Luminex. Para análise de eficácia nos participantes a partir dos 16 anos, foram coletados esfregaços genitais (para avaliar o DNA do HPV por reação em cadeia da polimerase) e exames genitais externos foram realizados a cada seis meses.

Os anticorpos atingiram o auge da proteção com cerca de sete meses, diminuíram mais acentuadamente entre os meses sete e 12, depois diminuíram gradualmente a partir de então até o mês 126. Foi observado que os anticorpos atingiram picos mais altos nos participantes entre nove e 12 anos, do que entre 13 e 15 anos. Não foi registrado evento adverso grave nos participantes.

Não houve casos de neoplasia intraepitelial cervical, vulvar ou vaginal de alto grau em participantes do sexo feminino, de neoplasia intraepitelial peniana, perineal ou perianal de alto grau em participantes do sexo masculino, ou de verrugas genitais em todos os participantes relacionados aos tipos de HPV direcionados à vacina até o final do acompanhamento. Houve um caso de neoplasia de baixo grau, provavelmente causado pelo HPV tipo 39 e/ou HPV tipo 59, dada a detecção de infecção persistente com esses tipos, e não é considerado um caso inovador, uma vez que esses dois tipos não são cobertos pela vacina 9vHPV.

A investigação conclui que a imunogenicidade, eficácia e segurança foram demonstradas ao longo de 10 anos após a vacinação. As taxas de infecção persistente e de doenças relacionadas com os tipos de HPV visados ​​pela vacina situam-se dentro dos intervalos esperados, em comparação com o conjunto de pessoas vacinadas de idade semelhante em estudos anteriores de eficácia da vacina contra o HPV.

Para ler o artigo completo clique aqui.

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Iniciativa de vigilância em vacina publica nota técnica sobre efetividade da vacinação contra Covid-19 em crianças

A Covid-19 foi a principal causa de morte por doença imunoprevenível em menores de 19 anos entre agosto de 2021 e julho de 2022. A taxa de mortalidade pela doença foi de 4,3 mortes por 100 mil habitantes para menores de 1 ano e 0,6 por 100 mil para crianças de 1 a 4 anos. Apesar dessa alta taxa de mortalidade, quase dois anos após o início da vacinação de crianças contra Covid-19, a cobertura vacinal desse imunizante no Brasil ainda encontra-se em números abaixo do esperado, chegando a menos de 25% na faixa etária de 3 a 4 anos de idade com duas doses.

O Projeto Vigivac, uma iniciativa de vigilância digital que busca avaliar a efetividade das vacinas contra Covid-19, publicou esta semana uma Nota Técnica reforçando a efetividade das duas vacinas contra o SARS-CoV-2 aplicadas nesta fase da vida. Este projeto conta com a coordenação de Manoel Barral-Netto e participação de Viviane Sampaio Boaventura, ambos da Fiocruz Bahia.  

A nota enfatiza que as vacinas CoronaVac, do Butantã, e BNT162b2, da Pfizer, possuem valores próximos de 90% de efetividade contra infecção e, principalmente, contra hospitalização por Covid-19. Já em relação aos efeitos adversos, a CoronaVac apresentou taxa de 5% para eventos leves, enquanto a Pfizer, os eventos adversos graves foram raramente relatados. 

Além de proteger contra doença grave, a vacina também protege contra Covid Longa, uma condição em que a pessoa permanece com sintomas após a fase aguda da doença e ocorre em até 30% dos casos. O documento indica que a vacinação reduz em 41% o risco de crianças e adolescentes desenvolverem Covid Longa, a proteção sendo ainda maior para crianças com até 6 meses da última dose da vacina, onde alcança 61%.

A vacinação completa, incluindo as doses de reforço, é necessária porque a resposta imune protetora desenvolvida após a vacinação ou após infecção prévia apresenta decaimento ao longo do tempo. Por isso o Vigivac alerta mais uma vez para a vacinação desse grupo de indivíduos, que ainda se encontra em situação vulnerável com a baixa cobertura. 

Esse conjunto de achados demonstram a proteção das vacinas contra Covid-19, inclusive em casos considerados como “falha vacinal”, isto é, em casos em que a pessoa não é protegida da infecção. Portanto, as vacinas contra Covid-19 são efetivas em proteger contra formas graves da doença e suas complicações residuais.

Para acessar a nota na íntegra, clique aqui.

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Estudo avalia a criação e implementação de sistema capaz de antecipar novos surtos infecciosos

Com a possibilidade de novas pandemias e milhares de pessoas sendo impactadas todos os anos por surtos de doenças infecciosas em todo o mundo, é importante elaborar estratégias de vigilância abrangentes e inovadoras que visem o alerta precoce e a contenção de agentes patogênicos emergentes e reemergentes.

Para agilizar a detecção precoce desses surtos e pandemias, um estudo liderado pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia), em colaboração com pesquisadores de outras unidades da Fiocruz, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Fundação Rockefeller, elaborou um sistema desenvolvido para a vigilância epidemiológica, podendo assim identificar e produzir alertas de forma antecipada à ocorrência de possíveis surtos infecciosos, como, por exemplo, da H1N1 e da Covid-19.

O sistema apresentado chama-se ÆSOP, Sistema de Alerta Antecipado de Surtos com Potencial Pandêmico (Alert-Early System of Outbreaks with Pandemic Potential, em inglês). O artigo mais recente do grupo, publicado no Journal of Medical Internet Research (JMIR) Public Health and Surveillance, foi coordenado pelo pesquisador Manoel Barral Netto, da Fiocruz Bahia, e destaca que a pandemia da COVID-19, e as anteriores, evidenciaram a necessidade de melhorias na preparação e resposta a eventos do tipo, em nível mundial.

O alerta precoce será alcançado através da monitorização de dados clínicos, o que permite a exploração de padrões potencialmente anómalos, como surtos inesperados de doenças respiratórias fora da sazonalidade esperada ou em grupos etários ou locais atípicos. Diferentes estruturas de modelagem foram desenvolvidas e aplicadas a dados de saúde visando a detecção precoce de surtos, incluindo métodos estatísticos, matemáticos e computacionais. Embora alguns deles estejam em uso na rotina dos órgãos de vigilância sanitária, até onde se sabe, nenhum foi adotado como padrão ouro de indubitável eficácia

Além disso, os relatórios do ÆSOP devem permitir estratégias de saúde pública precisas, tais como estratégias de mitigação e resposta precoce a surtos, bem como a recolha de amostras dirigidas ao local para caracterização molecular de agentes patogênicos, melhorando assim a logística e melhorando as respostas. O envolvimento ativo e os processos de cocriação com as partes interessadas, os usuários finais e os especialistas multidisciplinares serão essenciais e fundamentais para construir e aprimorar sistemas de vigilância que atendam adequadamente às necessidades da saúde pública.

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Estudo desenvolvido por pesquisadores do Cidacs/Fiocruz Bahia é destaque na The Lancet Infectous Diseases

Desenvolvido por pesquisadores do Centro de Integração de Dados em Saúde – Cidacs / Fiocruz Bahia, o artigo intitulado “Incidence and risk factors of tuberculosis among 420.854 household contacts of patients with tuberculosis in the 100 Million Brazilian Cohort (2004-18): a cohort study” foi destaque de capa da revista The Lancet Infectious Diseases, na edição de janeiro.

O estudo descreve uma elevada incidência de tuberculose entre contatos domiciliares, ou seja, entre pessoas que vivem na mesma residência que uma pessoa que já foi diagnosticada anteriormente com a doença. Essa incidência de tuberculose entre contatos domiciliares foi 16 vezes maior que a incidência de tuberculose na população geral da Coorte de 100 Milhões de Brasileiros, proveniente dos dados do Cadastro Único, utilizados como base de dados para esse estudo. Também foi constatado maior risco de adoecimento por tuberculose entre contatos expostos a um familiar com menor de cinco anos de idade, que foram diagnosticados com tuberculose pulmonar, ou ainda para aqueles contatos que se autodeclararam pretos, pardos, indígenas ou que viviam em habitações precárias.

Para Julia Pescarini, coordenadora do estudo, a publicação do artigo em uma revista como a Lancet ID evidencia o reconhecimento do trabalho produzido e a relevância da pesquisa. Segundo Pescarini, a publicação tem um alto alcance, sendo lido por profissionais da saúde e gestores da área de doenças infecciosas, como a Tuberculose, no mundo todo.

“Apesar das informações difundidas sobre a tuberculose e o seu vínculo com a pobreza, os esforços para reduzir a sua transmissão entre os mais pobres e as populações minoritarizadas ainda é escasso, então publicar no Lancet também significa aumentar o alcance da nossa pesquisa e maximizar seu impacto nas estratégias de controle da doença” explica a coordenadora.

Pescarini também destaca o processo de publicação como um fator importante para aumentar a abrangência dos achados da pesquisa. Para um artigo ser publicado na Lance ID, ele passa por extensa revisões por pares, mostrando que o trabalho e a pesquisa no Brasil, em geral, tem potencial de fazer ciência aplicada de qualidade excepcional para responder perguntas de pesquisa de importância, não só para o Brasil como para o mundo.

“Dessa forma, a publicação no Lancet ID mostra, utilizando métodos robustos e em uma base de dados inédita, a maior transmissão da TB entre contatos desses grupos”, afirmou. 

Segundo Priscila Scaff, primeira autora do artigo, o estudo reforça a vulnerabilidade dos contatos domiciliares para a tuberculose, principalmente para as pessoas que vivem em condição social desfavorável.

“A constatação de que os contatos domiciliares possuem alto risco de adoecimento por tuberculose já era conhecida, entretanto esse estudo traz um detalhamento em como isso ocorre na população com maior vulnerabilidade econômica do Brasil. Nossos resultados ressaltam a importância de políticas públicas de combate às desigualdades sociais, de fortalecimento e expansão da Estratégia de Saúde da Família, e do tratamento preventivo da tuberculose.” afirmou. 

O Cidacs tem contribuído para a produção de conhecimento científico através de estudos que auxiliam e apoiam as tomadas de decisões em políticas públicas em benefício da sociedade. Em sete anos de atuação, o Centro tem se destacado com artigos publicados em importantes revistas e periódicos científicos.

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Estudo sugere uso de antígenos quiméricos para o diagnóstico seguro de doença de Chagas com coexistência de outras doenças

O estudo realizado por pesquisadores da Fiocruz sugere que o uso de antígenos quiméricos IBMP apresenta potencial promissor para o diagnóstico seguro da doença de Chagas em regiões onde os protozoários Crithidia sp. LVH-60A e Trypanosoma cruzi coexistem. A pesquisa, liderada pelo pesquisador Fred Luciano Neves Santos do Instituto Gonçalo Moniz, foi publicada no periódico Diagnostics e concentrou-se no desenvolvimento de imunoensaios precisos, método que utiliza anticorpos para identificar ou quantificar uma substância, no contexto do diagnóstico da doença de Chagas. O estudo pode ser conferido na íntegra aqui.

O objetivo da investigação foi avaliar o potencial de diagnóstico desses antígenos quiméricos para detecção da doença de Chagas em pacientes infectados com Crithidia sp. LVH-60A, um parasita que apresenta sintomas semelhantes aos da leishmaniose visceral. Foram analisados soros humanos, previamente coletados, obtidos no Biorrepositório do Laboratório de Imunologia e Biologia Molecular da Universidade Federal de Sergipe, de sete pacientes com Crithidia sp. LVH-60A e três pacientes com Leishmania infantum. Os resultados indicaram que esses antígenos IBMP apresentaram 100% de sensibilidade, com especificidade variando de 87,5% a 100%, e valores de acurácia entre 90% e 100%. Nenhuma reatividade cruzada foi observada com Crithidia sp. LVH-60A e apenas uma amostra positiva para L. infantum apresentou reatividade cruzada com a molécula IBMP-8.1.

Os pesquisadores ressaltam que métodos de diagnóstico precisos e específicos são cruciais para gerir e controlar eficazmente as doenças infecciosas. A doença de Chagas e a leishmaniose são enfermidades tropicais que frequentemente coexistem em diversas regiões geográficas do Brasil, e o diagnóstico delas pode ser um desafio devido ao potencial de reatividade cruzada nos testes sorológicos. A reatividade cruzada ocorre quando os anticorpos produzidos em resposta a um patógeno reconhecem erroneamente antígenos de outro, e pode ocasionar resultados falso-positivos ou inconclusivos.

Os desafios no diagnóstico da doença de Chagas são ainda mais ampliados quando se considera Trypanosoma rangeli, Trypanosoma evansi e outros membros da família Trypanosomatidae, incluindo os gêneros Crithidia, Herpetomonas, Blastocrithidia e Leptomonas, bem como os gêneros recém-descobertos espécies como Crithidia sp. LVH-60A. Para abordar esta lacuna de conhecimento, o estudo investigou a influência dos anticorpos anti-Crithidia sp. LVH-60A e anti- L. infantum no diagnóstico da doença de Chagas, utilizando quatro proteínas quiméricas IBMP de T. cruzi como antígenos.

Avanço no diagnóstico

A principal limitação do estudo foi o pequeno número de amostras positivas para Crithidia sp. LVH-60A analisadas. No entanto, apesar dessa insuficiência, a importância e a novidade dos dados apresentados são evidentes. Para os autores, reconhecer e compreender as reações cruzadas em testes sorológicos para a doença de Chagas são essenciais para garantir diagnósticos precisos, melhorar o atendimento ao paciente e reforçar a eficácia dos esforços de controle da doença de Chagas e doenças relacionadas.

Além disso, o conhecimento obtido apoia o aperfeiçoamento contínuo das ferramentas de diagnóstico, que podem melhorar a gestão das doenças, e, consequentemente, a vigilância epidemiológica, avançando nas metodologias de diagnóstico. Os resultados sugerem que o uso de antígenos quiméricos IBMP é promissor para o diagnóstico seguro da doença de Chagas em regiões onde Crithidia sp. LVH-60A e T. cruzi coexistem, e indicam que para confirmar as descobertas é preciso realizar investigações envolvendo um maior número de amostras positivas para Crithidia sp. LVH-60A.

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Tese propõe software de predição de hipertensão arterial e diabetes

Estudante: Murilo Freire Oliveira Araújo
Orientação: Maria da Conceição Chagas de Almeida
Coorientação: Ana Luísa Patrão e Daniela Polessa Paula
Título da tese: “DESENVOLVIMENTO DE UMA FERRAMENTA PARA PREDIÇÃO DE HIPERTENSÃO ARTERIAL E DIABETES RELACIONADAS AO ESTILO DE VIDA NO ELSA-Brasil”
Programa: Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa
Data de defesa: 30/01/2024
Horário: 09h00
Local: Sala Virtual do Zoom
ID da reunião: 884 3180 3576
Senha de acesso: murilo

Resumo:

INTRODUÇÃO: As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são um grande desafio global de saúde, representando uma proporção significativa de mortes prematuras e tendo impactos econômicos e sociais. Seus fatores de risco dividem-se em biológicos e comportamentais e, entre estes últimos, estima-se que quatro comportamentos – tabagismo, consumo excessivo de álcool, atividade física insuficiente e dieta inapropriada são responsáveis por mais da metade das mortes em países ocidentais. Por meio do uso de técnicas de aprendizagem de máquina é possível criar um software preditor que, com base em informações sociodemográficas e de estilo de vida, possa estimar com confiança o risco de hipertensão e diabetes, destacando a importância das mudanças no estilo de vida para a saúde. OBJETIVO: Desenvolver uma ferramenta computacional utilizando indicadores relacionados aos comportamentos de estilo de vida para predizer o surgimento do diabetes e hipertensão em participantes do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil). MATERIAL E MÉTODOS: Os dados foram obtidos a partir do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil), importados no ambiente Python e tratados. Em seguida seguiu-se a etapa de análise estatística dos dados. O próximo passo foi executar o método de validação cruzada usando Forward Feature Selection para obtenção do score prévio sobre os dados. Após isto, os dados foram submetidos aos algoritmos de aprendizagem de máquina, em que se obteve resultados com e sem ajustes de hiper parâmetros. Por último, os modelos com melhor performance foram exportados para o desenvolvimento do software preditor que foi construído em Python utilizando a biblioteca PySimpleGUI. RESULTADOS: Da população do estudo, 35,9% apresentaram hipertensão arterial e 16,0% diabetes. A média de acurácia para predição de hipertensão arterial foi 0,69 e 0,84 para diabetes. Quanto à importância das características, os principais preditores para hipertensão arterial foram sexo, faixa etária, raça/cor e consumo excessivo de álcool e para diabetes foram sexo, faixa etária e prática de atividade física. O somatório de estilo de vida apresentou participação relevante na predição. Vários modelos apresentaram resultados semelhantes, selecionou-se os modelos utilizando Random Forest tanto para hipertensão quanto para diabetes. Os modelos foram exportados e utilizados para a construção do software preditor. CONCLUSÃO: A aprendizagem de máquina se mostra eficaz na previsão de doenças como hipertensão e diabetes com base em dados sociodemográficas e de estilo de vida. Este estudo destaca o potencial dos modelos de aprendizado de máquina para compreender e apoiar ações em saúde para o enfrentamento destas doenças.

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Projeto de Pesquisa em Arboviroses abre seleção para Iniciação Científica

O Projeto de Pesquisa em Arboviroses, coordenado pelo pesquisador Guilherme de Sousa Ribeiro, abriu seleção para uma (1) vaga de Iniciação Científica.

Os requisitos para a vaga são:

  • estar cursando 3º ou 4º semestre do curso de Enfermagem, Medicina ou Saúde Coletiva;
  • Coeficiente de Rendimento ≥ 7,0;
  • disponibilidade de 20 horas semanais.

É desejável bom desempenho em disciplinas das áreas de epidemiologia, metodologia da pesquisa e bioestatística; capacidade de ler e escrever na língua inglesa e prontidão para trabalhar em equipe.

As inscrições vão até o dia 15/01.

Para mais informações sobre a seleção, clique aqui para acessar o edital.

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Projeto sugere que esquistossomose ainda é uma doença ativa em Salvador

O Simpósio de Esquistossomose Urbana apresentou os resultados de um projeto desenvolvido, desde 2011, em Salvador, para estudo da presença e persistência da esquistossomose em áreas urbanas da cidade. O evento foi realizado na Fiocruz Bahia, entre os dias 11 e 15 de dezembro de 2023.

O encontro abordou o panorama do Sistema Único de Saúde (SUS), a epidemiologia da esquistossomose no Brasil, a visão geral de Salvador e seus bairros e a genética de parasitas, e contou com apresentações da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ); da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (SESAB), da Embasa e da Conder. A Sessão Científica “Genetic Analysis of Schistosome population structure and transmission dynamics”, ministrada por Jeffrey Long, da Universidade do Novo México (EUA), encerrou a programação.

Integrantes do projeto durante apresentação dos resultados no Seminário Esquistossomose Urbana

O pesquisador da Fiocruz Bahia, Mitermayer Galvão dos Reis, um dos coordenadores do projeto, considera importante realizar um trabalho que faça o diagnóstico sobre a situação da esquistossomose em áreas urbanas. “Nós concluímos que a esquistossomose existe aqui em Salvador e a transmissão ocorre na cidade. Temos que ficar atentos, fazer uma vigilância constante nas áreas onde está tendo o maior risco de transmissão, que são áreas onde tem rios, coleções de águas e caramujos”, destaca.

A esquistossomose é causada pelo verme Schistosoma mansoni e é considerada negligenciada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A transmissão ocorre quando a larva, presente em água parada ou com pouca correnteza, penetra na pele do indivíduo que, após infectado, libera ovos do parasita em suas fezes – que podem ser depositadas em ambientes de água doce. Em contato com a água, os ovos eclodem dando origem a novas larvas que se alojam em caramujos, são liberadas na água, voltando ao ciclo.

O cientista explica que, onde há caramujos, é necessário examiná-los para avaliar se estão infectados com o Schistosoma, e, caso estejam, também examinar a comunidade, e tratar os indivíduos infectados. “Também é necessário levar informações a nível municipal, estadual e federal de que são necessárias intervenções mais duradouras e definitivas, como melhorar as condições de vida da comunidade, oferecendo água potável, esgoto, e levando mais educação e informação de como se dá a transmissão”, pontua.

Para Ronald Blanton, médico especializado em doenças infecciosas da Universidade de Tulane (EUA) e professor do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa (PGBSMI) da Fiocruz Bahia, os trabalhos de pesquisa nos bairros demonstraram a necessidade de um conjunto de forças para controlar a transmissão. “As instituições de saúde pública, da construção civil e de saneamento às vezes não se comunicam, e é uma um momento de juntar todo mundo, e apresentar o que estamos encontrando”, observa Ronald, que também é um dos coordenadores do trabalho.

Mitermayer conta que o desenvolvimento da pesquisa também resultou em uma importante formação de recursos humanos. “Foram capacitados técnicos, estudantes de graduação realizaram trabalhos de conclusão de curso e os de pós-graduação produziram suas dissertações e teses sobre o tema, além da participação de pós-doutorandos. Também realizamos seminários com membros da comunidade e o estudo resultou em publicações de artigos científicos”, declarou.  

Resultados

Os pesquisadores tiveram conhecimento da esquistossomose em São Bartolomeu (comunidade às margens da Av. Afrânio Peixoto), em Salvador, a partir de 2007, e realizaram inquéritos nesta área em 2011 e 2015. O projeto Esquistossomose Urbana, especificamente, ocorreu entre 2017 e 2023. Nesse período, foram realizados oito inquéritos completos (entrevistas e exames de fezes), no Dique do Cabrito (2017), Bate-Facho (2023), Saramandaia (2018, 2019 e 2023) e Pirajá (2019, 2021 e 2023).

“Houve uma redução significativa da prevalência da doença, de 24,5% para 6,2%, devido a nossa intervenção e obras de infraestrutura implementadas na vizinhança pela Conder. Em 2024, deveremos revisitar São Bartolomeu para avaliar sua situação atual”, descreve o pesquisador Luciano Kalabric, integrante do projeto. A taxa de positividade global média encontrada até o momento foi de 3,3% (272 indivíduos positivos para esquistossomose de 8.161 examinados). A menor positividade foi encontrada em Bate-Facho (0,7%) e os maiores foram em Saramandaia, em 2018 (5,3%), e Pirajá, em 2019 (5,5%).

“Todos os participantes com esquistossomose foram tratados e realizaram novos exames para confirmação de cura. O tratamento recorrente na Saramandaia e em Pirajá reduziram a prevalência da doença para menos de 2%, sendo que parte destes casos são indivíduos que não participaram do estudo antes e alguns foram reinfecção”, conclui o pesquisador.

*Com informações do IOC.

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Prevalência da doença de Chagas em comunidade rural do Sul da Bahia é avaliada em estudo

Um estudo foi realizado para avaliar a prevalência e o perfil clínico da doença de Chagas em indivíduos da comunidade rural Assentamento Zumbi dos Palmares, localizada próxima ao município de Camamu, na região Sul da Bahia. Coordenado por Fred Luciano Santos, pesquisador da Fiocruz Bahia, e realizado em conjunto com pesquisadores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal da Bahia (UFBA), o artigo com os resultados da pesquisa foi publicado na revista Pathogens.

Em testes de 217 indivíduos para doença de Chagas, dois tiveram resultados positivos, sendo a prevalência global de 0,92%. Um dos casos foi de um homem de 22 anos, nascido em Camamu, sem evidência de transmissão congênita, sugerindo outras vias de transmissão, como a vetorial. O outro caso foi de um homem de 69 anos, natural de São Felipe, que mora em uma casa de alvenaria e possui marca-passo devido ao comprometimento cardíaco causado pela doença de Chagas. Ambos são agricultores.

A partir dos resultados, os pesquisadores concluíram que a prevalência nesta comunidade foi inferior ao esperado, dadas as condições socioeconômicas e os fatores ambientais que contribuem para a transmissão do parasito causador da doença. Fator que pode ser atribuído à implementação de medidas preventivas e programas de controle de vetores pelo governo brasileiro. Por outro lado, os especialistas avaliaram que a vigilância contínua é essencial para manter os esforços de controle e detectar qualquer potencial reemergência da doença.

Ainda que a prevalência global tenha sido baixa, a pesquisa conclui que a detecção de casos positivos ressalta a necessidade de medidas contínuas de vigilância e controle em populações vulneráveis, como as comunidades rurais. A vigilância ativa, o diagnóstico precoce e o tratamento em tempo adequado são cruciais na prevenção da progressão da doença e das complicações, aumentando assim a eficácia dos programas de rastreio e tratamento.

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Pesquisa aponta que município de Caraíbas tem alta prevalência de doença de Chagas

Estudo realizado por cientistas da Fiocruz Bahia buscou avaliar a prevalência da doença de Chagas crônica em indivíduos de risco em Caraíbas, município localizado na região sudoeste da Bahia, por meio da busca ativa de casos. Os resultados do trabalho coordenado pelo pesquisador, Fred Luciano Santos, foram publicados no periódico Frontiers in Public Health.

Foram coletadas amostras de soro de 226 indivíduos residentes na zona rural e urbana do município. Destes, 4,42% tiveram resultado positivo para a doença de Chagas crônica. A prevalência foi semelhante nas áreas rurais (4,29%) e urbanas (4,65%). Ao comparar com as estimativas nacionais, a pesquisa concluiu que a cidade apresenta alta prevalência de doença de Chagas crônica e alto risco de transmissão. A partir do diagnóstico, os indivíduos que participaram do estudo e desconheciam a condição clínica doença passaram a ser acompanhados com atendimento clínico, visando proporcionar melhora na qualidade de vida dessas pessoas.

A doença de Chagas

A doença de Chagas é causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi e foi descoberta pelo médico brasileiro Carlos Chagas em 1909. A doença pode ser transmitida pelo inseto conhecido como “barbeiro”, da mãe para o bebê na gestação ou no parto, por transfusão de sangue ou transplante de órgãos de pessoas doentes e no consumo de alimentos, como açaí e cana de açúcar, sem os devidos cuidados de higiene, sendo esta a principal forma de transmissão no Brasil atualmente.

A fase inicial da doença é a chamada de aguda, e é marcada por febre persistente, dor de cabeça, fraqueza intensa, inchaço no rosto e pernas e manchas vermelhas na pele. Os pacientes que não foram tratados na fase aguda podem desenvolver complicações crônicas no coração e em outros órgãos. A enfermidade tem cura se for tratada corretamente nos primeiros sinais e sintomas.

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Estudo avaliou expressão de genes em pessoas com tuberculose e/ou HIV

Estudante: Paula Rocha Dantas Silva
Orientação: Theolis Costa Barbosa Bessa
Título da tese: “Expressão de genes de vias autofágicas na infecção por Mycobacterium tuberculosis e efeito da co-infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV)”.
Programa: Pós-Graduação em Patologia Humana e Experimental
Data de defesa: 27/12/2023
Horário: 14h00
Local: Sala Virtual do Zoom
ID da reunião: 847 2507 9454
Senha: defesa

Resumo

INTRODUÇÃO: A tuberculose (TB) é uma infecção causada em humanos principalmente pelo Mycobacterium tuberculosis (Mtb) e constitui um grave problema de saúde pública global. Mtb é um patógeno intracelular que tem um tropismo para humanos e causa principalmente tuberculose pulmonar. A coinfecção por tuberculose em pessoas vivendo com HIV (PVHIV) é de grande preocupação em nível global, uma vez que, a TB é a infecção que mais os acometem e a principal causa de morte por patógeno intracelular em PVHIV. A autofagia, por sua vez, é um processo fisiológico responsável pela remoção de componentes celulares não funcionais e em condições de privação de nutrientes, componentes celulares funcionais podem ser digeridos para geração de energia para a célula. Esse mecanismo envolve a formação de uma vesícula de dupla membrana denominada autofagossomo, este engloba componentes do citoplasma, incluindo macromoléculas e organelas e após a fusão com lisossomo digere o conteúdo através da ação de enzimas lisossomais. A autofagia tem sido associada à eliminação intracelular de patógenos como o Mtb e HIV. MÉTODOS: O presente estudo avaliou a expressão de genes relacionados a autofagia em voluntários infectados com Mtb ou por HIV e co-infectados por Mtb e HIV e a expressão de LC3 em macrófagos derivados de monócitos de linhagem THP-1 infectados com diferentes micobactérias para compreender como a autofagia pode modular e influenciar na infecção tuberculosa e na co-infecção por HIV. RESULTADOS: A partir da avaliação do perfil de expressão gênica relacionado a autofágia, foi possível observar que grande parte dos genes da via autofágica apresentaram uma expressão mais elevada nos grupos TB e TB-HIV. Os genes ATG4B, ATG4C, ATG7 e LGALS3 separaram os grupos TB e TB-HIV, enquanto os genes ATG9A, IFNA10 e THBD separaram os grupos LTBI e HIV dos demais. Em condições experimentais, a expressão de LC3 diferentes níveis de expressão de LC3 nas diferentes condições, enquanto a expressão de LC3 foi maior na condição sem estímulo e com infecção por Mtb H37Rv após 24 horas, essa expressão foi mais elevada após 48 horas. Na condição de células infectadas e incubadas com rapamicina, foi possível observar uma maior expressão de LC3 após 48 horas nas condições, sem infecção, infecção com M. bovis (BCG) e na condição de infecção com Mtb proveniente do isolado clínico de alta prevalência 76937. CONCLUSÕES: Os genes ATG4B, ATG4C, ATG7 e LGALS3 foram capazes de separar os grupos TB ativa e TB-HIV dos demais, sugerindo uma relação destes com a TB ativa, enquanto os genes ATG9A, IFNA10 e THBD foram capazes de separar os grupos LTBI e HIV. Os fatores virulência do Mtb podem influenciar no desenvolvimento da autofagia, uma vez que o gene LC3 foi sugerido com diferentes níveis de expressão nos diferentes isolados clínicos de Mtb; O tempo de indução da autofagia através da rapamicina pode influenciar nos diferentes níveis de expressão de LC3 observados em macrófagos infectados por diferentes micobactérias. Palavras-chave: autofagia, tuberculose, HIV, expressão de genes, expressão de LC3.

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Fiocruz lança editais de concurso

A Fundação Oswaldo Cruz publicou, nesta terça-feira (12/12), os três editais do Concurso Fiocruz 2023. São oferecidas 300 vagas de nível superior, igualmente distribuídas para os cargos de Tecnologista em Saúde Pública, Analista de Gestão em Saúde e Pesquisador em Saúde Pública. Há vagas em todas as unidades da Fundação, no Rio de Janeiro e demais estados. O período de inscrições será de janeiro a março de 2024: das 10h de 22/01 às 23h59 de 5/3/2024. As primeiras provas serão realizadas no fim de abril. 

Todas as informações sobre o processo seletivo, distribuição das vagas por perfil e cidades, atribuições dos cargos, pré-requisitos e conteúdo programático para concorrer estão disponíveis nos editais publicados no Diário Oficial da União e podem ser acessados na página Concurso Público Fiocruz 2023. A página tem informações institucionais, sobre os concursos anteriores e sobre os salários dos cargos disponíveis. Também estão acessíveis um guia de perguntas e respostas, além de informações sobre os canais de relacionamento para dúvidas. 

“Hoje é um dia muito especial para a Fiocruz. É a primeira vez, depois de sete anos, que a Fiocruz volta a contratar profissionais pela via do concurso público. Estamos muito felizes com isso”, declarou o presidente da Fundação, Mario Moreira. “A expectativa é que nos próximos três anos tenhamos também editais de chamamento público. A gente sabe que o déficit da Fiocruz é muito maior que esse número de vagas, mas é um bom início, um início promissor”, afirmou. O presidente espera a inscrição de muitos candidatos e candidatas. “É um ótimo local de trabalho, como vocês sabem, e todos aqui se realizam”, completou Mario Moreira. 

Destaques 

O diretor-executivo e presidente da Comissão de Concurso da Fiocruz, Juliano Lima, destacou os mecanismos voltados para os processos de inclusão e medidas de acessibilidade, tanto das pessoas negras quanto das pessoas com deficiência. “Com o objetivo de ampliar o ingresso de pessoas negras e de pessoas com deficiência, nós buscamos o máximo de amplitude, potencializando a efetividade das ações afirmativas”, ressaltou. 

“Nós esperamos, com esse concurso, ter o ingresso de novas pessoas que nos ajudem no cumprimento de nossa missão, que é levar ciência e tecnologia a favor da saúde do povo brasileiro”, afirmou Juliano. Os editais oferecem vagas para diversas áreas de saúde e tecnologia, e uma gama variada de profissões. As vagas de Tecnologista em Saúde Pública, por exemplo, incluem profissionais de engenharia e advocacia, além dos especialistas em saúde, como enfermeiros, médicos e fisioterapeutas.  

Já o edital para Analista de Gestão traz oportunidades para especialistas em logística, gestão de pessoas e de infraestrutura. “O edital destinado ao cargo de Pesquisador em Saúde Pública abrange uma diversidade de áreas de atuação, que passam por Ambiente em saúde, Mudanças Climáticas, Ciências Biológicas Aplicadas, Pesquisa Clínica, História da saúde e muitas outras áreas afins aqui da Fundação Oswaldo Cruz”, exemplifica o diretor-executivo. 

O concurso será realizado em todas as cidades brasileiras em que a Fiocruz mantém unidades e os candidatos poderão realizar as provas mesmo quando decidirem concorrer a uma vaga em cidade diferente. “É um mecanismo desse edital de viabilizar que as pessoas possam realizar as provas com o mínimo de deslocamento possível”, afirmou Juliano Lima.

Fiocruz Bahia

Para a Fiocruz Bahia, serão 13 vagas para os cargos de Pesquisador(a) em Saúde Pública, Tecnologista em Saúde Pública e Analista de Gestão em Saúde, distribuídas entre os perfis, sendo uma vaga para cada perfil. Confira a tabela:

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Estudante do PGPAT recebe Prêmio UFBA de Tese

Mariana Araújo e a coordenadora do PGPAT, Clarissa Gurgel.

A tese de doutorado que analisou a relação entre anemia e os desfechos clínicos desfavoráveis em pessoas com HIV recebeu o Prêmio UFBA de Tese, Dissertação Acadêmica e Trabalho de Conclusão de Programa Profissional Ano 2021 e 2022. Produzida por Mariana Araújo Pereira, a pesquisa teve orientação de Bruno de Bezerril Andrade, e foi realizada através do Programa de Pós-Graduação em Patologia Humana (PGPAT), uma colaboração entre a Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Fiocruz Bahia. A premiação aconteceu ontem, 12 de dezembro, no Salão Nobre da Reitoria da UFBA.

Para Mariana, ganhar o prêmio tem um grande significado. “Acho que é uma forma muito importante de ter não só o meu trabalho, mas de todo o meu grupo sendo reconhecido”, afirma. A estudante explica que os seis artigos que compuseram a tese foram feitos a partir de colaborações nacionais e internacionais com grandes grupos.

“A colaboração dos meus colegas de laboratório e, principalmente, do meu orientador, foram fundamentais para conseguir publicar esses trabalhos com alta qualidade de desenvolvimento, escrita e ilustrações”, ressalta. Mariana também destaca o papel da Fiocruz Bahia no desenvolvimento do trabalho. “Foi no Instituto Gonçalo Moniz que tive excelentes professores de doutorado, assim como desenvolvi minhas pesquisas, compartilhei com colegas e construí a minha tese”, pontua.

Bruno Bezerril salienta a maturidade acadêmica da orientanda e considera o prêmio um dos grandes reconhecimentos da tese, juntamente com menções honrosas do Prêmio Fiocruz de Tese e do Prêmio Gonçalo Moniz. “Mariana fez um doutoramento sólido e muito rápido e eficaz. Sua facilidade de aprender, seu cuidado no manejo e análise de dados, seu caráter e carisma, fizeram ela ascender como uma das grandes líderes do meu grupo com uma velocidade impressionante”. Mariana hoje assume funções importantes para o funcionamento do grupo, com atividades científicas, mas também de gestão, além de supervisionar muitos estudantes em estágios iniciais de suas carreiras.

O pesquisador também menciona as contribuições do trabalho premiado e o papel da Fiocruz Bahia. “A tese da Mariana mostra que a ciência que resulta em contribuições fundamentais vem de um esforço coletivo. Além disso, a tese mostra como a análise cuidadosa e visualização de dados pode auxiliar a responder questões relevantes para a saúde pública. Outro ponto relevante é ter um grupo baiano coordenando análises com dados de grupos sólidos como ACTG e RePORT, demonstrando o nível de protagonismo da ciência local e regional. Acreditamos que o IGM é fundamental na formação de uma base sólida de cientistas que podem mudar o mundo. Mariana é somente um dos nossos grandes exemplos institucionais”, avalia.

Importância da pesquisa

Os resultados da pesquisa realizada por Mariana Araújo sugerem uma forte associação entre diferentes graus de anemia e a presença de inflamação sistêmica, o desenvolvimento de tuberculose e o risco de morte durante os períodos de acompanhamento da terapia antirretroviral. Também é destacado que, embora o desenho do estudo não permita determinar se a anemia é a causa ou a consequência do processo inflamatório, os achados “demonstram a utilidade da hemoglobina, um marcador de baixo custo e fácil acesso, como um indicador do distúrbio inflamatório relacionado à tuberculose e à mortalidade em pessoas com HIV (PVHIV)”.

A autora afirma que as descobertas reforçam a importância do acompanhamento cuidadoso da anemia em pessoas vivendo com HIV e destacam a necessidade de abordagens personalizadas no tratamento desses pacientes. “A pesquisa científica continua progredindo para melhorar a qualidade de vida e a saúde de todas as pessoas afetadas pelo HIV, e o estudo da anemia é apenas uma parte desse processo”, observa. E conclui que os resultados fornecem informações valiosas para o avanço do conhecimento sobre a imunopatologia da infecção por HIV e podem implicar na necessidade de melhorias e criação de diretrizes, protocolos e escores de avaliação para o acompanhamento e tratamento de PVHIV com anemia. Sugere-se a investigação obrigatória da anemia antes do início da terapia antirretroviral, com a classificação da gravidade (leve, moderada ou grave), a fim de identificar fatores de risco para os desfechos do tratamento.

O prêmio

O Prêmio UFBA é promovido pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-graduação e tem como objetivo reconhecer o mérito acadêmico e contribuição para a sociedade brasileira de trabalhos defendidos no âmbito da pós-graduação. Entre as categorias do prêmio estão a Tese 2021; Tese 2022; Dissertação Acadêmica 2021; Dissertação Acadêmica 2022; Trabalho de Conclusão de Programa Profissional 2021; e Trabalho de Conclusão de Programa Profissional 2022.

Foram escolhidas as melhores teses e dissertações das grandes áreas de conhecimento Ciências Agrárias e Florestais; Ciências Biológicas; Ciências da Saúde; Ciências Exatas e da Terra; Ciências Humanas; Ciências Sociais Aplicadas; Engenharias; Linguística, Letras e Artes; e Interdisciplinar. Já o Trabalho de Conclusão de Curso de Programa Profissional teve uma categoria única.

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Evento marca 50 anos do PGPAT

O Programa de Pós-graduação em Patologia Humana (PGPAT), da Universidade Federal da Bahia (UFBA) em associação com a Fiocruz Bahia, comemorou 50 anos de existência com evento realizado nos dias 29 de novembro a 02 de dezembro, na Fiocruz Bahia. A celebração, que reuniu docentes, discentes e estudantes egressos, simboliza a trajetória de sucesso e contribuição do PGPAT para a formação de recursos humanos de excelência no país, especialmente na região Nordeste.

A solenidade de abertura contou com a participação da coordenadora do programa, Clarissa Gurgel; da vice-coordenadora Juliana Perrone; da coordenadora Geral de Educação da Fiocruz, Cristina Guillan, representando a Vice-Presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz, Cristiani Machado; a diretora da Fiocruz Bahia, Marilda Gonçalves; o coordenador de Iniciação à Pesquisa da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da UFBA, Leandro Abreu, representando o reitor Paulo Miguez; e do diretor da Faculdade de Medicina da UFBA, Antonio Alberto Lopes.

Para Guillain, o evento é a culminância de um longo trajeto. “Hoje, esse trajeto resulta nesse momento festivo de comemoração, um momento com aspectos que juntam a emoção, a humanidade e ao mesmo tempo a racionalidade científica”. Leandro Abreu reiterou a relevância do PGPAT. “Parabenizo o esforço de todos os envolvidos para que esse programa alcançasse seu nível de excelência. Esse é um marco de tempo da qualidade e compromisso com a formação de tantos profissionais e cientistas de excelência”.

Lopes parabenizou a coordenação do programa e mencionou a influência da patologia para sua própria formação. “Ressalto a importância da patologia para a formação médica e vejo o estabelecimento da parceria entre UFBA e Fiocruz Bahia muito importante para todos nós”. Marilda Gonçalves mencionou os fundadores do programa, os pesquisadores Zilton e Sonia Andrade, e destacou dois momentos importantes da história do PGPAT. “O programa, sob coordenação do Dr. Manoel Barral, ampliou o escopo de profissionais das áreas das ciências da saúde e biomédicas no programa, decisão importante para o sucesso PGPAT. Outro marco foi a organização da Vice-Diretoria de Ensino do IGM, durante a Vice-Diretoria do Dr. Bernardo Galvão”.

Clarissa Gurgel, egressa do PGPAT, introduziu o evento lendo um memorial resumido sobre o programa, mencionando momentos históricos. “Preparamos um evento que comemora os nossos discentes, egressos, nossas linhas de pesquisas históricas e a inovação da patologia computacional”. Concluiu ratificando: “somos resultado de uma cadeia firme e sustentável de sabedoria, dedicação e amor pelo ensino e pela pesquisa que reflete na formação de melhores profissionais de saúde na assistência e para a academia. Somos mais do que uma associação entre duas grandes instituições, a UFBA e a Fiocruz; somos uma unidade indissociável que fortalece o Sistema Nacional da Pós-Graduação, a democracia, a diversidade, a esperança, a saúde e educação pública de excelência. Abraçamos a riqueza de experiências multiculturais, a solidariedade e a inclusão; acreditamos no poder de transformar e multiplicar de cada profissional que se forma no PGPAT.”

Sessões temáticas

No primeiro dia, foram realizadas, pela manhã, a sessão temática “Integra PGPAT: Construindo Pontes entre a Graduação e a Pós-Graduação”, com apresentações de doutorandos do curso, e a sessão intitulada “UFBA e Fiocruz: Instituições Parceiras no Cenário do Ensino e Pesquisa da Região Nordeste”, ministrada por Ronaldo Lopes, pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UFBA, e Cristina Guillan.

Pela tarde, ocorreu uma mesa redonda de egressos do PGPAT, na qual o pesquisador da Fiocruz Bahia, Luiz Freitas, abordou “A pós-graduação e a formação médica”; a pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP), Jaqueline Góes, falou sobre “A importância da diversidade na pós-graduação”; e o pesquisador da Fiocruz Bahia, Bruno Bezerril, apresentou “A importância da internacionalização”.

No dia 1º de dezembro, a programação também incluiu a sessão científica com o tema “Como a IA poderá impactar a Patologia Computacional?”, ministrada pelo professor  Fernando José Ribeiro Sales, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e uma palestra sobre o futuro da pós-graduação no Brasil, apresentada pelo coordenador da Área de Medicina II da CAPES, Julio Croda.

Também aconteceram sessões que abordaram a equidade de gênero e popularização da ciência na pós-graduação e importância da representação estudantil. Na mesa de encerramento, a coordenação do programa prestou uma homenagem aos egressos, estudantes e ex-coordenadores do PGPAT. Logo após, ocorreu a Sessão Anatomoclinica, dos Clubes de Especialidade.

Conferências Clínico-Patológicas

As Conferências Clínico-Patológicas 2023, que fazem parte do calendário acadêmico do PGPAT, foram realizadas no dia 30/11. O coordenador do curso e pesquisador da Fiocruz Bahia, Washington Santos, abriu o evento apresentando uma breve história da patologia diagnóstica. Ao longo do dia, especialistas de diversas instituições do país abordaram temas como técnicas histoquímicas e imuno-histoquímicas, patologia renal e computacional, ambientes digitais na patologia, uso de inteligência artificial e diagnóstico, a rede PathoSpotter, dentre outros.

Participaram estudantes da pós-graduação, patologistas e profissionais das ciências da computação de várias universidades. De acordo com Santos, este ano, o curso lançou a proposta de criação de uma Sociedade Brasileira de Patologia Digital e Computacional. “Foi criada uma comissão que trabalhará na proposta e deverá apresentar os encaminhamentos já na Assembleia anual da Sociedade Brasileira de Patologia”, explicou o coordenador.

O programa

O PGPAT teve início em 1973 e tem ênfase nas áreas de imunopatologia de doenças infecciosas e crônicas, inserindo-se em Patologia Humana e Patologia Experimental. Alcançou o conceito 6 na CAPES nas últimas quatro avaliações, sendo um dos melhores avaliados entre os Programas de Patologia do Brasil. O corpo docente interdisciplinar oportuniza uma visão integrada da patologia e suas aplicações, favorecendo projetos transversais de ciência, tecnologia e inovação com expressão nacional e internacional. A relevância acadêmica e inserção na área de conhecimento da Patologia refletem em uma contribuição para o desenvolvimento científico e tecnológico do Brasil e do mundo.

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Pesquisador é eleito membro afiliado da Academia Brasileira de Ciências

O pesquisador Bruno Solano, da Fiocruz Bahia, se tornou membro afiliado da região Nordeste e Espírito Santo da Academia Brasileira de Ciências (ABC). O anúncio foi feito no dia 4 de dezembro, após a Assembleia Geral Ordinária da ABC. O membro afiliado é uma categoria de pesquisadores com menos de 40 anos de idade, eleitos pelos membros titulares, representando as diferentes regiões do Brasil, em um mandato de cinco anos. 

Solano disse se sentir honrado por ser eleito para fazer parte da ABC e acredita que esse reconhecimento não é apenas pessoal, mas uma oportunidade para trazer visibilidade para as contribuições científicas do Nordeste. “Representa uma oportunidade única de contribuir para o avanço da ciência em nosso país”, enfatizou o pesquisador. 

A cerimônia de posse dos novos membros associados acontecerá na segunda quinzena de agosto de 2024, em diplomação associadas a simpósios científicos de cada região.

Sobre o pesquisador

Bruno Solano de Freitas Souza possui graduação em medicina pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), mestrado em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa pela Fiocruz Bahia, doutorado em Patologia Humana, pelo PGPAT, da UFBA em ampla associação com a Fiocruz Bahia, e possui MBA na área de gestão em saúde pela Fundação Getúlio Vargas. 

É pesquisador da Fiocruz Bahia e do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR), além de ser médico coordenador e responsável técnico do Centro de Biotecnologia e Terapia Celular do Hospital São Rafael, com área de pesquisa em biotecnologia, células-tronco e genética.  Atua em projetos de pesquisa clínica e translacional com foco principal nas áreas de terapia celular, medicina regenerativa, edição gênica, CRISPR/Cas9 e estudos de biomarcadores. É bolsista de produtividade nível 2 do CNPq.

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