Abertas inscrições para Encontro do Fórum de Educação Permanente e Continuada dos Conselhos de Saúde do Nordeste

Estão abertas as inscrições para o Encontro do Fórum de Educação Permanente e Continuada dos Conselhos de Saúde do Nordeste, que acontecerá de 22 a 24 de julho de 2024, no Hotel Fiesta, em Salvador. Interessados em participar podem se inscrever neste link, até o dia 20 de julho.

O evento, realizado pelo Fórum de Educação Permanente e Continuada dos Conselhos de Saúde do Nordeste, Conselho Estadual de Saúde e Fiocruz Bahia, com a participação do Conselho Estadual de Secretários Municipais de Saúde (COSEMS/BA), vai reunir secretários, técnicos e conselheiros de saúde do estado da Bahia e municípios.

A programação debaterá temas como a importância da educação em saúde para o fortalecimento do controle social no Sistema Único de Saúde (SUS), o respeito às diversidades na garantia do direito à saúde, enfrentamento de doenças negligenciadas, panorama da situação vacinal, o papel estratégico dos conselhos de saúde para o fortalecimento do SUS, dentre outros.

Confira a programação completa:

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Tese avalia células-tronco como ferramentas para estudo do TEA

Estudante: John Lenon de Souza Santos
Orientação: Bruno Solano de Souza Freitas
Título da tese: Células-tronco pluripotentes induzidas como ferramentas para o estudo do transtorno do espectro autista com variantes no gene SCN2A
Programa: Pós-Graduação em em Patologia Humana e Experimental
Data de defesa: 15/08/2024
Horário: 13h00
Local: Sala Virtual do Zoom
ID da reunião: 852 2802 2185
Senha: defesa

Resumo

INTRODUÇÃO: Os transtornos do espectro autista (TEA) são um grupo de condições que impactam a interação social, comunicação e comportamento. Nos últimos anos, diversas mutações em vários genes têm sido associadas ao TEA. Entre esses genes, variantes patogênicas do SCN2A têm mostrado uma forte correlação estatística com o TEA. O gene SCN2A é responsável por codificar a subunidade alfa do canal de sódio voltagem-dependente Nav1.2, altamente presente em neurônios piramidais excitatórios durante o desenvolvimento cerebral. Esses neurônios são fundamentais para a organização cortical, excitabilidade e sinaptogênese, sendo alvos comuns de várias variantes genéticas que podem contribuir para o fenótipo do TEA. Há uma demanda científica significativa para o desenvolvimento de estudos e modelos que
auxiliem no estabelecimento de correlações genótipo/fenótipo. Nos últimos anos, as células-tronco de pluripotência induzida (iPSCs) e seus derivados, incluindo organoides cerebrais, têm sido propostas como ferramentas essenciais para esse propósito. Este trabalho propõe como hipótese que modelos baseados em organoides cerebrais, utilizando iPSCs de pacientes com TEA, podem contribuir significativamente para a análise de correlações genótipo/fenótipo em diferentes contextos e mutações, incluindo as variantes do gene SCN2A. MÉTODOS E RESULTADOS: Neste estudo, foram gerados e caracterizados quatro clones de iPSCs a partir de células mononucleares do sangue periférico (PBMCs) de duas pacientes
com TEA portadoras de variantes patogênicas no gene SCN2A. As iPSCs foram rigorosamente caracterizadas através dos seguinte ensaios: (i) RT-PCR, citometria de fluxo e análises de imunofluorescência confirmaram a expressão de marcadores de pluripotência; (ii) o ensaio de formação de corpos embrioides demonstrou a capacidade de diferenciação nas três camadas germinativas; (iii) a análise de sequenciamento confirmou a presença das variantes SCN2A; (iv) a análise de STR autenticou as linhagens celulares; e (v) a análise de cariótipo demonstrou a integridade cromossômica das linhagens celulares. Finalmente, foram gerados organoides cerebrais a partir dessas células, fornecendo uma plataforma robusta para investigações futuras dos mecanismos fisiopatológicos do TEA, especialmente aqueles envolvendo SCN2A. Foi realizada uma revisão da literatura sobre o papel do modelo de organoides cerebrais derivados de iPSCs, utilizados para recapitular aspectos críticos do desenvolvimento cerebral humano, permitindo a análise de variações genéticas específicas e suas influências nos caminhos moleculares e celulares. Em conjunto, a análise demonstra que mutações em genes de risco para TEA, como SCN2A, convergem em um fenótipo comum de desenvolvimento neuronal assíncrono, afetando tanto neurônios excitatórios quanto inibitórios. Além disso, os organoides cerebrais, por sua composição celular, organização e estado de maturação permitem a investigação de fatores ambientais e suas interações com variantes genéticas no TEA, mostrando a relevância deste modelo para entender a complexa neurobiologia do TEA. CONCLUSÃO: Os resultados dos estudos apresentados indicam que organoides cerebrais derivados de iPSCs são ferramentas valiosas para investigar os mecanismos genéticos e ambientais subjacentes ao TEA, especialmente em relação ao gene SCN2A. Esses modelos
oferecem uma oportunidade única para estabelecer correlações genótipo/fenótipo e desenvolver abordagens terapêuticas mais eficazes. O uso de organoides cerebrais pode ajudar a esclarecer os mecanismos de desenvolvimento do TEA e contribuir para o avanço da medicina personalizada, proporcionando novas perspectivas para o tratamento e a compreensão desta condição complexa.
Palavras-chave: Transtorno do Espectro Autista; SCN2A; iPSCs; organoides cerebrais

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Tese analisa potencial do CRT para eliminar células-tronco leucêmicas

Estudante: Maiara de Souza Oliveira
Orientação: Daniel Pereira Bezerra
Título da tese: COMPLEXO DE RUTÊNIO COM TIMINA COMO NOVA TERAPIA PARA ELIMINAR CÉLULAS TRONCO LEUCÊMICAS DE LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA HUMANA
Programa: Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa
Data de defesa: 08/08/2024
Horário: 14h00
Local: Sala Virtual do Zoom
ID da reunião: 859 9975 0156
Senha: maiara

Resumo

INTRODUÇÃO: A Leucemia Mieloide Aguda (LMA) constitui um grupo heterogêneo de neoplasias malignas do tecido hematopoiético e se caracteriza pela proliferação descontrolada de células blásticas na medula óssea. Um dos grandes problemas relacionados as leucemias são as recidivas pós-tratamento, esse fato está atrelado a um pequeno subconjunto de células capaz de reabastecer continuamente o volume de células leucêmicas, as células-tronco leucêmicas (CTLs). As CTLs são responsáveis pelo crescimento descontrolado, resistência a fármacos e recidivas das leucemias. Estudos sugerem que a LMA é originada e mantida por essa população de CTLs. A via de sinalização NF-κB, atua na progressão do câncer após a formação tumoral sendo constitutivamente ativa nas CTLs e por essa razão se torna um importante alvo terapêutico. Neste trabalho foi avaliado o efeito do complexo de rutênio com timina (CRT) em uma linhagem de Leucemia mieloide aguda humana KG1a. OBJETIVO: Avaliar o potencial antileucêmico do CRT como estratégia terapêutica para eliminar CTLs de LMA humana em modelo in vitro e in vivo. MATERIAL E MÉTODOS A citotoxicidade do CRT foi testada em um painel de linhagens cancerosas e não cancerosas. As CTLs foram identificadas utilizando os anticorpos CD34, CD38, CD133, CD13 e CD123. A linhagem KG-1a foi utilizada para realização dos ensaios de mecanismo de ação do CRT a fim de avaliar a viabilidade através da análise do ciclo celular, detecção de morte celular por apoptose, avaliação do potencial transmembrânico mitocondrial e produção de espécies reativas de oxigênio (ERO) pela técnica de citometria de fluxo. Análises da expressão gênica de vias de sinalização associadas ao câncer através de qPCR em células tratadas com o CRT e ensaios para avaliação antitumoral em modelo in vivo. RESULTADOS: O CRT apresentou uma potente atividade citotóxica em diferentes linhagens de células cancerosas, diminuição significativa da população de CTLs que expressam CD13, CD33, CD123 e CD34, induziu morte celular apoptótica, aumentou a expressão de caspase-3 ativa e PARP-1 clivada, aumento da despolarização mitocondrial, fragmentação do DNA internucleosomal em todas as concentrações do tratamento com CRT. Também houve a diminuição significativa na expressão de NF-κB, aumento da expressão de genes relacionados ao estresse oxidativo, apoptose além de inibir o crescimento de células KG-1a em modelo in vivo. CONCLUSÃO: O complexo de rutênio com timina (CRT) é um promissor candidato a agente antitumoral.

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Diretora da Fiocruz Bahia recebe distinção da Ordem 2 de Julho

A diretora da Fiocruz Bahia, Marilda de Souza Gonçalves, recebeu a distinção da Ordem 2 de Julho – Libertadores da Bahia, no Grau de Cavaleira. A cerimônia foi realizada na noite desta terça-feira, 16/07, no Museu de Arte Contemporânea da Bahia, em Salvador. A Comenda, que celebra a Independência do Brasil na Bahia, foi entregue pelo governador do estado, Jerônimo Rodrigues, e reconhece personalidades que promovem a garantia da liberdade pública e a afirmação da soberania. Estiveram presentes no evento o presidente da Academia de Ciência da Bahia e pesquisador da Fiocruz Bahia, Manoel Barral-Netto, secretários de estado, parlamentares. A diretora foi acompanhada de familiares.

Durante a cerimônia, o governador falou sobre a importância da honraria e o papel dos homenageados que atuam em diferentes frentes, representando a Bahia. “É um reconhecimento aos cientistas que trabalham na Fiocruz, às pessoas que trabalham na Assembleia Legislativa, no Ministério Público, na Defensoria Pública, no Tribunal de Justiça, cada um com a sua função, nenhuma delas é fácil”, afirmou. 

Marilda Gonçalves se sentiu honrada. “Para mim foi muito emocionante receber esta insígnia tão significativa que é o galardão que me foi conferido pelo governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, Grão- Mestre da Ordem 2 de Julho – Libertadores da Bahia, que me nomeou Cavaleira da mesma Ordem, juntamente com a Primeira Dama, a Sra. Tatiana Velloso. O nosso estado é plural, miscigenado e cheio de magia, temos garra, força, resistência e perseverança para alcançarmos todos os nossos ideais patrióticos. Estou ciente das responsabilidades de lutar por uma Bahia onde a democracia sempre prevaleça, tornando-a cada vez melhor. Viva o 2 de Julho, viva os heróis da Independência da Bahia”, declarou.

Primeira pessoa negra, mulher e farmacêutica a dirigir o Instituto Gonçalo Moniz – Fiocruz Bahia em mais de 60 anos de história, Marilda Gonçalves cursou graduação em Farmácia Bioquímica, formando-se em 1980, pela Universidade Federal da Bahia. Em 1984, aos 27 anos, cursou Farmácia com opção de Alimentos pela mesma universidade. Com uma carreira acadêmica voltada para Genética e Biologia Molecular, cursou o mestrado na Universidade Estadual de Campinas, Doutorado e Pós-Doutorado, respectivamente, no Medical College of Georgia e na Universidade da Pensilvânia. 

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Pesquisadora da Fiocruz Bahia é finalista do Prêmio Espírito Público

A pesquisadora da Fiocruz Bahia, Nelzair Vianna, está concorrendo ao Prêmio Espírito Público, na categoria Saúde, com o projeto “Poluição do Ar em Salvador: Uma abordagem em análise de riscos para tomada de decisão”. O prêmio tem a missão de reconhecer e prestigiar a atuação de profissionais que trabalham com o propósito de transformar positivamente o serviço público brasileiro.

O projeto coordenado por Vianna surgiu em 2005 para abordar a falta de dados locais sobre os efeitos da poluição do ar na saúde humana. A iniciativa buscou promover a inclusão de comunidades historicamente marginalizadas, como populações quilombolas, ao desenvolver estratégias de vigilância popular em áreas de alta vulnerabilidade ambiental e social. 

Desde então, a cidade passou de uma ausência de dados sobre poluição do ar em 2005 para a implementação de um programa de vigilância em saúde relacionado à qualidade do ar, contribuindo significativamente para o fortalecimento do setor público, ao estabelecer um modelo replicável de análise de riscos e promover ações concretas para a proteção da saúde pública e o enfrentamento das mudanças climáticas.

Sobre a pesquisadora

Nelzair Vianna é graduada em Farmácia e Bioquímica pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), com especialização em Administração e Qualidade Hospitalar pela UFBA e em Poluição do Ar e Saúde Humana pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). É mestre em Medicina e Saúde pela Faculdade de Medicina da UFBA e doutora em Ciências pela Faculdade de Medicina da USP. Atualmente é pesquisadora da Fiocruz Bahia e fiscal da Secretaria Municipal de Saúde de Salvador, atuando em cooperação com a Secretaria de Sustentabilidade e Resiliência de Salvador.

Desenvolveu projetos de pesquisa e ações de intersetorialidade no tema poluição do ar, qualidade do ar interno e impactos na saúde humana em colaborações com academia, governo e setor privado. Representa Salvador na rede internacional de qualidade do ar do C40. É Co- Fundadora do Fórum de Energia e Clima, membro do Saúde Planetária Brasil e coordenadora da câmara temática de saúde no Painel Salvador de Mudança do Clima. É certificada em Analise de Riscos pela Harvard T. H. Chan Public Health School.

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Prevalência, diagnóstico e características clínicas da sífilis são analisadas em tese

Estudante: Alan Oliveira Duarte
Orientação: Isadora Cristina de Siqueira
Título da tese: Prevalência, diagnóstico laboratorial e características clínicas da sífilis na gestação e sífilis congênita.
Programa: Pós-Graduação em em Patologia Humana e Experimental
Data de defesa: 23/07/2024
Horário: 09h00
Local: Sala Virtual do Zoom
ID da reunião: 875 4155 4428
Senha: defesa

Resumo

INTRODUÇÃO: A sífilis vem demonstrando crescimento no número de casos no Brasil, apesar de possuir diagnóstico laboratorial e tratamento disponíveis. A sífilis congênita (SC) levanta grande preocupação pelo risco de ocorrência de abortos espontâneos, natimortos, e o risco do surgimento de sequelas no desenvolvimento neonatal. A cidade de Salvador, Brasil, tem apresentado crescimento do número de
casos nos últimos anos. OBJETIVO: realizar um acompanhamento epidemiológico dos casos de sífilis congênita em duas maternidades de Salvador e aplicar um teste molecular no diagnóstico laboratorial da sífilis em amostras de líquor de neonatos com suspeita de SC. MATERIAL E MÉTODOS. O estudo contou com duas etapas, desenvolvidas em duas maternidades de Salvador, Brasil. Na Maternidade José Maria
de Magalhães Netto (MRPJMMN), foi conduzido um estudo retrospectivo documental entre 2020 e 2022 que avaliou fichas de notificação de casos de SC entre 2016 a 2019, analisando a frequência absoluta e relativa de casos por ano e descrevendo os dados sociodemográficos, laboratoriais e clínicos de mães e neonatos. Na Maternidade Maria da Conceição de Jesus (MMCJ), foi desenvolvido um estudo de corte transversal descritivo entre 2022 e 2023 que incluiu parturientes que apresentaram sorologia positiva para sífilis e seus neonatos, que contou com a coleta de amostras biológicas de líquido cefalorraquidiano (LCR) de recém-nascidos suspeitos de SC para realizar ensaio de amplificação do gene polA de T.pallidum. RESULTADOS: no estudo da maternidade MRPJMMN, foram descritas frequências elevadas de casos de SC nos quatro anos avaliados, totalizando 879 casos de SC notificados. Entre os neonatos, 249 (28,3%) apresentaram sintomas, sendo icterícia mais prevalente (235; 26,9%). A maioria dos recém-nascidos recebeu tratamento e alta, e três casos (0,3%) resultaram em mortes associadas à SC. No estudo da maternidade MMCJ, foram incluídas 259 mães e recém-nascidos. Dentre estes, 55 recém-nascidos tiveram amostra de LCR avaliada por teste não treponêmico e por teste molecular. Embora 41 desses recém-nascidos (74,5%) apresentaram positividade nos exames de sangue não treponêmicos, todos tiveram resultados negativos nos ensaios realizados no LCR. Comparando um grupo de 133 mães tratadas adequadamente na gestação e seus filhos, com 66 não tratadas adequadamente, observou-se que os filhos de mães tratadas adequadamente apresentaram mediana de peso ao nascer superior ao grupo não tratado (p=0,0443), maior mediana de estatura (p=0,0712), menor período de hospitalização (p=0,0007) e menor desfecho de óbito (p=0,0111). CONCLUSÃO: Os resultados apontam para importância da vigilância sobre os casos de SC em Salvador e para a necessidade do tratamento completo no pré-natal, alertando para necessidade de esforços concentrados na detecção dos casos e conscientização da população em risco. Palavras-chave: sífilis congênita, epidemiologia, sorodiagnóstico, diagnóstico molecular.

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Abertas inscrições para turma 2024 do PROFORTEC – Saúde

Estão abertas, até o dia 26/07, as inscrições para o processo seletivo da turma 2024 do PROFORTEC-Saúde (Programa de Formação Técnica em Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde). Interessados podem se inscrever neste link. A qualificação em serviço acontecerá no período de outubro de 2024 a março de 2027, com exigência de 40 horas semanais de dedicação ao programa. 

O PROFORTEC-Saúde tem como objetivo principal contribuir para a consolidação do Sistema Único de Saúde – SUS, por meio de qualificação profissional em serviço para desenvolvimento de competências em atividades laboratoriais, ciência de dados e de apoio à pesquisa científica em saúde. 

A qualificação contemplará vagas para o perfil 1: Laboratórios e plataformas. O candidato deve ser maior de 18 anos e ser portador de diploma de ensino técnico profissionalizante nas áreas de ciências da saúde, ciências biológicas ou biomédicas, reconhecidos pelo MEC.

Maiores detalhes sobre o programa de formação, inscrições e processo seletivo encontram-se na Chamada Pública.

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Fiocruz Bahia marca presença no Dois de Julho Pela Ciência

Pesquisadores, alunos, colaboradores e demais membros da comunidade da Fiocruz Bahia participaram das atividades do Dois de Julho Pela Ciência, iniciativa que ocorre desde 2018 e tem como foco a defesa da ciência e da educação. Em 27 de junho ocorreu o seminário “As lutas de independência do Nordeste do Brasil”, em Cachoeira, no Recôncavo Baiano. No dia 02 de julho, os participantes marcaram presença no desfile cívico em homenagem à Independência da Bahia, entre o Largo da Lapinha e a Praça do Campo Grande, em Salvador.

A ação é realizada pela Academia de Ciências da Bahia (ACB), em parceria com a Fiocruz Bahia, Academia de Letras da Bahia, Universidade Federal da Bahia, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Universidade Federal do Oeste da Bahia, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia, Academia Brasileira de Ciências, Sociedade Brasileira de Progresso da Ciência, Fundação de Apoio à Pesquisa e à Extensão, Sociedade Brasileira de Física e Sociedade Brasileira de Química.

A diretora da Fiocruz Bahia, Marilda de Souza Gonçalves, falou sobre a importância da participação da instituição na iniciativa. “Considero de suma importância o movimento que tem sido realizado pela Academia de Ciências da Bahia, parabenizando a gestão atual, em especial ao seu presidente, o dr. Manoel Barral-Netto. Realizar a atividade em Cachoeira reforça o papel cívico do Dois de Julho, consolida a luta do povo baiano pela independência e reforça a necessidade de união de toda a academia baiana”.

Programação

No primeiro dia, a atividade foi realizada na Câmara Municipal de Cachoeira, com apoio da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), reunindo pesquisadores da Bahia, do Piauí e de Pernambuco. A mesa de abertura foi formada pelo presidente da ACB e pesquisador da Fiocruz Bahia, Manoel Barral Netto; pelo presidente da Academia de Letras da Bahia (ALB), Ordep Serra; o chefe de gabinete da reitoria da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Silvio Soglia; e pela Diretora do Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL/UFRB), Dyane Brito.

Manoel Barral falou sobre a importância de realizar o evento na cidade de Cachoeira e a necessidade de aproximar instituições da capital baiana com organizações sediadas no interior. “Esse é um ambiente que fervilha todo esse processo de lutas pela independência. Temos feito o esforço para o contato com as universidades no interior do estado, motivando-as para que participem das mobilizações e que realizem em suas próprias cidades”, afirmou.

Os convidados destacaram as contribuições do povo cachoeirano para a concretização da independência do Brasil na Bahia, destacando a necessidade de reavivar as lutas pela independência, atualizando os seus agentes e reforçando o protagonismo de homens e mulheres, negros e negras, e indígenas, ao tempo que defendem a ciência e a produção científica.

Após a abertura, a mesa foi formada pela professora Associada de História do Brasil Colonial na Universidade Federal da Bahia (UFBA), Ana Paula Medicci; pelo professor do Departamento de História da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Jhony Santana; e pelo professor do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Paulo Cadena. A apresentação foi mediada pela professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Evelina Hoisel e pelo professor da UFRB, Fabio Guerra.

Dentre os principais pontos discutidos estavam a formação do exército independentista no Piauí, as estratégias para a expulsão dos portugueses do Piauí e do Maranhão, e o papel das elites locais nesse processo. Também foram apresentadas informações sobre o comércio de cativos em Pernambuco durante o século XIX e as mobilizações sociais na Bahia durante os conflitos que antecederam o 2 de julho de 1823.

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Desempenho de testes comerciais para Covid-19 variam com momento da infecção, aponta estudo

Uma pesquisa foi realizada para avaliar o desempenho de testes sorológicos comerciais para diagnóstico do vírus SARS-CoV-2, causador da Covid-19. Coordenado por Fred Luciano Santos, pesquisador da Fiocruz Bahia, os resultados foram publicados em artigo no periódico IJID Regions e podem ser acessados aqui.

Durante a pandemia de Covid-19, as rápidas mudanças no cenário pandêmico e as limitações no diagnóstico in vitro levaram à introdução de numerosos dispositivos de diagnóstico com desempenhos variáveis. Por isso, o trabalho avaliou três testes comerciais no Brasil para detecção de anticorpos contra a Covid-19. Os kits avaliados foram: GOLD ELISA COVID-19 IgG + IgM, Anti-SARS-CoV-2 NCP IgM ELISA e o Anti-SARS-CoV -2 NCP IgG ELISA.

Para o estudo, foram coletadas 90 amostras de soro de doadores de sangue negativos e 352 de pacientes não vacinados positivos para Covid-19, atendidos em dois hospitais de Salvador e região, entre março e outubro de 2020. De acordo com as análises, os três kits distinguiram eficientemente entre amostras negativas e positivas, mas o desempenho variou dependendo do momento da infecção.

O GOLD ELISA COVID-19 IgG + IgM demonstrou a maior sensibilidade, que é a capacidade de identificar os casos da doença, e especificidade, capacidade de identificar indivíduos sem a doença, com valores de 98,9%. O ELISA Anti-SARS-CoV-2 NCP IgG demonstrou menor sensibilidade, mas teve especificidade de 100%. Já o ELISA Anti-SARS-CoV-2 NCP IgM exibiu menor sensibilidade, particularmente em amostras coletadas logo após resultados positivos por RT-PCR. O desempenho desses testes melhorou após 15 dias do início dos sintomas, mas na primeira semana, tanto o ELISA Anti-SARS-CoV-2 NCP IgM quanto o ELISA Anti-SARS-CoV-2 NCP IgG tiveram dificuldade para diferenciar amostras positivas e negativas.

Os resultados reforçam a importância de considerar o teste sorológico adequado para o período específico da infecção. Os pesquisadores destacam as limitações encontradas, como a ausência de amostras de outras infecções respiratórias e a utilização de soros de indivíduos ambulatoriais. Futuras investigações devem focar na validação desses ensaios em grupos demográficos variados, incluindo aqueles vacinados com diferentes vacinas contra a Covid-19, para delinear melhor a sua utilidade em contextos clínicos.

Texto: Jamile Araújo, com supervisão de Júlia Lins.

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Fiocruz Bahia participará do Dois de Julho Pela Ciência

A Fiocruz Bahia vai participar da programação do Dois de Julho Pela Ciência, promovida pela Academia de Ciências da Bahia (ACB). A primeira atividade, intitulada “As lutas de independência do Nordeste do Brasil, será no dia 27 de junho, em Cachoeira. No dia 02 de julho ocorrerá o cortejo, em Salvador, com saída da Lapinha às 07h. Vão participar acadêmicos, pesquisadores, professores, estudantes e colaboradores de instituições de pesquisa e ensino da Bahia.

Confira a programação completa.

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Dissertação avalia perfil da expressão gênica na resistência terapêutica do câncer de cólon

Estudante: Priscila Galvão Dória Antunes
Orientação: Clarissa Araújo Gurgel Rocha
Título da dissertação: Perfil da expressão gênica na resistência terapêutica do câncer de cólon e sua relação com microambiente tumoral
Programa: Pós-Graduação em em Patologia Humana e Experimental
Data de defesa: 05/07/2024
Horário: 13h30
Local: Sala Virtual do Zoom
ID da reunião: 864 9776 0186
Senha: defesa

Resumo

Introdução: o câncer colorretal é uma doença heterogênea, no entanto tratada majoritariamente com terapia sistêmica baseada em 5-Fluorouracil em associação com outros quimioterápicos. Uma significativa parcela dos pacientes é diagnosticada com doença metastática, e apresentam sobrevida global mediana de cerca de 37 meses após o início do tratamento. A resistência a medicamentos antineoplásicos está associada à evolução da doença e ao insucesso terapêutico. Sabe-se que o microambiente tumoral tem um papel importante na progressão do câncer, contribuindo para processos que podem estar associados aos mecanismos de resistência terapêutica no câncer de cólon. Objetivo: Avaliar o perfil de expressão gênica e população de células imunes no câncer de cólon, a fim de contribuir para a identificação de potenciais biomarcadores de resistência terapêutica. Métodos: foi realizado um estudo in silico a partir de dados de RNA-seq de amostras extraídas do banco de dados The Cancer Genome Atlas Program (TCGA) e classificadas nos subgrupos moleculares (CMS1, CMS2, CMS3 e CMS4), subdivididas em dois grupos (resistentes a tratamento e não resistentes). Foram utilizados os seguintes algoritmos: i. Limma, para busca de genes diferencialmente expressos; ii. WGCNA para construção de redes de co-expressão; iii. CIBERSORT, para estimar a proporção de células imunes infiltrantes nas amostras e, iv. TIMER, para explorar a relação entre os genes centrais e o conteúdo de células imunes. Resultados: foram encontrados 20 genes diferencialmente expressos, sendo 18 deles relacionados ao grupo de amostras consideradas resistentes a tratamento oncológico inicial e com pior sobrevida global. Macrófagos M0 e M1 e células T CD4 de memória em repouso estavam em maior proporção e mais infiltradas no microambiente tumoral, quanto maior a expressão de alguns dos genes diferencialmente expressos de resistência terapêutica encontrados. Além disso, esses genes correlacionam-se com processos biológicos de diferenciação neuronal, axogênese e transmissão sináptica. Conclusão: O perfil de expressão gênica encontrado neste estudo sugere a presença de genes diferencialmente expressos de membrana sináptica, os quais podem estar envolvidos com vias neuronais que influenciam o microambiente tumoral. Além disso, a presença de macrófagos M0 e M1, bem como células T CD4 de memória em repouso, sugere uma interação potencial que pode desempenhar um papel na resistência terapêutica observada em pacientes com câncer de cólon.

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Desenvolvimento de teste ELISA de baixo custo e alto desempenho para Covid é tema de tese

Aluno: Leonardo Maia Leony
Orientador: Fred Luciano Neves Santos
Título da tese: DESENVOLVIMENTO DE IMUNOENSAIOS ENZIMÁTICOS (ELISA) DE ALTO DESEMPENHO E BAIXO CUSTO PARA O DIAGNÓSTICO IN VITRO DA INFECÇÃO PELO SARS-COV-2
Programa: Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa
Data de defesa: 24/07/2024
Horário: 13h30
Local: Sala Virtual do Zoom
ID da reunião: 820 8124 8056
Senha: leonardo

Resumo

INTRODUÇÃO:  O SARS-CoV-2, patógeno zoonótico da família Coronaviridae, é o agente etiológico da COVID-19. As principais técnicas para diagnóstico in vitro da doença incluem ensaios moleculares, como a RT-qPCR, que são amplamente utilizados devido à sua precisão diagnóstica. Todavia, a sensibilidade desses métodos diminui com o tempo, enquanto os métodos de diagnóstico indireto aumentam em sensibilidade conforme a infecção progride. Apesar da alta precisão no início da infecção, os ensaios moleculares enfrentam desafios como altas taxas de falsos negativos, necessidade de infraestrutura complexa e custosa, além de exigirem mão de obra especializada. Testes sorológicos indiretos surgem como alternativas valiosas, especialmente quando as técnicas diretas falham, há demora no acesso à assistência médica, ou em locais isolados. Objetivo: Desenvolver, avaliar e validar imunoensaios enzimáticos indiretos (ELISA) de baixo custo e alto desempenho para a detecção de imunoglobulinas G (IgG) e M (IgM) anti-SARS-CoV-2, utilizando os antígenos S1 e S2. Material e Métodos. Os antígenos recombinantes S1 e S2 foram adquiridos comercialmente através da empresa Creative Diagnostics. Definiu-se o tamanho amostral com base em uma população acima de 1 milhão, frequência esperada de 5% e intervalo de confiança de 95%. As amostras foram inicialmente testadas com três kits comerciais de sorologia. Os ensaios foram padronizados usando checkerboard titration, e a razão de sinal-ruído foi utilizada para determinar as condições ideais para os testes. Avaliou-se o desempenho dos imunoensaios em termos de sensibilidade, especificidade, acurácia, área abaixo da curva ROC, razões de verossimilhança, índice Kappa de Cohen e razão de chances diagnósticas, intervalos de confiança de 95%. Resultados. Foram utilizadas 354 amostras de pacientes hospitalizados e positivos para SARS-CoV-2 por RT-qPCR, além de 338 amostras negativas pré-pandemia de doadores de sangue. O kit GOLD ELISA COVID-19 IgG+IgM detectou imunoglobulinas em 57,6% (204/354) das amostras positivas, enquanto os kits Anti-SARS-CoV-2 NCP ELISA IgG e Anti-SARS-CoV-2 NCP ELISA IgM detectaram IgG e IgM em 41,6% (147/353) e 43,1% (155/353) das amostras, respectivamente. Os ELISAs S1 e S2 IgG detectaram anticorpos em 52,4% (186/354) e 63,7% (225/323) das amostras, respectivamente. Conclusão. O ELISA S1 IgG apresentou sensibilidade similar aos kits comerciais, enquanto o ELISA S2 IgG apresentou desempenho superior. A análise de custos sugere que o ELISA S2 IgG é mais econômico que o ELISA S1 IgG, representando uma alternativa promissora para expandir o acesso ao diagnóstico de COVID-19 em variados contextos.

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Estudo analisa desorganização esplênica na leishmaniose visceral recidivante

Aluno: Jonathan Luís Magalhães Fontes
Orientador: Washington Luis C. dos Santos
Título da tese: LXPLEEN: Estudo dos genes e células envolvidas com a desorganização esplênica na leishmaniose visceral recidivante
Programa: Pós-Graduação em Patologia Humana e Experimental
Data de defesa: 10/07/2024
Horário: 09h00
Local: Auditório Sonia Andrade

Resumo

INTRODUÇÃO: A leishmaniose visceral (LV) é uma zoonose negligenciada e que tem impactos consideráveis na saúde pública. Um dos problemas relacionado à LV é o surgimento de formas graves que leva ao óbito de 6-8% dos pacientes, mesmo na vigência de tratamento, além disso, alguns pacientes desenvolvem uma forma recidivante, com a ocorrência de múltiplos retornos ao hospital em curto período. O baço, um órgão linfoide responsável pela hemocaterese e vigilância imunológica, é afetado na LV apresentando desorganização da polpa branca (PB) e extensa substituição da celularidade normal da polpa vermelha (PV) por plasmócitos. Apesar disso, pouco se sabe a respeito da contribuição da desestruturação esplênica na LV humana e como e as mudanças na celularidade esplênica mudam o perfil de produção de citocinas no órgão favorecendo a susceptibilidade à infecção. OBJETIVO: Nosso objetivo é definir quais as células e vias de sinalização estão envolvidas na desestruturação dos compartimentos esplênicos e qual a provável associação com a progressão na LV recidivante. MATERIAL E MÉTODOS: Utilizando baços de 6 pacientes com LV recidivante e 5 pacientes controle, realizamos imunohistoquímica para avaliar a distribuição e a relação de leucócitos (Linfócitos T e Treg, Linfócitos B e Macrófagos) e citocinas (IL1B, IL4, IL6, IL10, IL17, IFNy, TNFa e TGFb) nos compartimentos de PB e PV do baço. Além disso, foi feita análise da expressão gênica e identificação de perfis de DEG e redes de interação gênica envolvidas com a LV recidivante. RESULTADOS: Há acúmulo de macrófagos e plasmócitos na PV de pacientes com LV, com redução da apoptose e da expressão de genes relacionados à migração de linfócitos; Há aumento da expressão de BCL10 e ICOSLG; A via de sinalização de IL6 está super-expressa nos pacientes com LV, e há aumento da quantidade de IL6 total e correlação negativa entre IL6 e porcentagem de PB esplênica; Há correlação negativa entre número de leucócitos circulantes e número de leucócitos esplênicos. CONCLUSÕES: Nos pacientes com LV recidivante ocorre acúmulo de células no baço mediado pela redução da apoptose e migração de células, corroborando para o hiperesplenismo. Além disso, a via de sinalização por IL6 contribui para a desorganização do baço.

Palavras-chave: Leishmaniose visceral recidivante; população leucocitária; baço; via de sinalização IL6.

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Pesquisadores desenvolvem ferramenta para avaliar impacto da perda de olfato em brasileiros

Uma pesquisa desenvolveu e validou uma versão em português brasileiro do Questionário de Distúrbios Olfativos (QOD), importante instrumento para avaliação da qualidade de vida de indivíduos com distúrbios olfativos. A perda do olfato pode ser causada pela COVID-19, por outros vírus respiratórios e por doenças neurológicas, como o Parkinson, podendo impactar significativamente no bem-estar dos indivíduos. No Brasil, cerca de 10% das pessoas que têm COVID-19 têm problemas com o olfato por mais de um mês.

A perda de olfato pode causar impactos na saúde mental como ansiedade, depressão, isolamento social, alterações no apetite e no peso, riscos à segurança, impacto na vida profissional e redução da produtividade. Por isso, ter uma ferramenta validada como o QOD ajuda a entender melhor o impacto da perda de olfato e a desenvolver estratégias para melhorar a qualidade de vida das pessoas afetadas.

O QOD foi desenvolvido para avaliar qualitativamente o grau de disfunção olfativa durante as atividades diárias. No estudo, também foi aplicado o questionário de Qualidade de Vida da Organização Mundial da Saúde (WHOQOL-bref) e o Teste de Identificação de Olfato, da Universidade da Pensilvânia (UPSIT®), utilizado para quantificar a perda olfativa.

O trabalho, publicado no periódico Clinics, foi coordenado pela pesquisadora Viviane Sampaio Boaventura, da Fiocruz Bahia, e Marco Aurélio Fornazieri, pesquisador da Universidade de Londrina (PR). Foram recrutados para participar da investigação 126 adultos, entre maio de 2018 e agosto de 2022, em Salvador e Londrina. Os dados sociodemográficos e clínicos foram obtidos por meio de questionários aplicados por entrevistadores treinados.

Os pacientes tinham entre 18 e 65 anos com queixa de disfunção olfatória pós-infecciosa por rinite alérgica, sinusite crônica, por causas pós-traumática ou desconhecidas. Os pacientes de Salvador eram mais velhos, menos escolarizados, apresentavam disfunção olfatória grave, tinham pior qualidade de vida em geral e escores mais baixos de qualidade de vida associados ao olfato (QOD), quando comparados aos pacientes de Londrina.

Os pesquisadores concluíram que o questionário desenvolvido para falantes do português brasileiro mostrou-se consistente e confiável, representando um avanço importante, pois estabelece o QOD como um instrumento clínico e científico confiável. O Questionário pode ser empregado na população brasileira como um instrumento útil para pesquisa, avaliação médica do paciente e tratamento da perda de olfato.

Para acessar o estudo completo clique aqui.

Texto: Jamile Araújo com supervisão de Júlia Lins.

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Fiocruz Bahia participa da 120ª Assembleia Geral do Cosems Bahia

A Fiocruz Bahia participou da 120ª Reunião da Assembleia Geral Ordinária do Conselho Estadual de Secretários Municipais de Saúde (Cosems Bahia), realizado no dia 18 de junho, na União dos Municípios da Bahia, em Salvador. O evento, que ocorre mensalmente reunindo centenas de secretários e técnicos de saúde da Bahia e dos municípios, teve como tema “Mais Saúde da Família”. Stela Souza, presidente do Cosems, coordenou a mesa composta pelo secretário adjunto da Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde, Jérzey Timóteo; a diretora da Fiocruz Bahia, Marilda de Souza Gonçalves; o novo Secretário Municipal de Saúde de Salvador, Alexandre Reis; dentre membros da diretoria executiva do Conselho, além de secretárias e secretários municipais de saúde do estado.

O presidente da Fiocruz, Mario Santos Moreira, enviou vídeo reafirmando o compromisso da Fiocruz com o Cosems e os secretários e secretárias de saúde da Bahia. Marilda Gonçalves, presente no evento em homenagem aos 124 anos da Fiocruz, falou sobre a trajetória da Fundação e destacou o papel estratégico da instituição para o fortalecimento do Sistema Único da Saúde (SUS). Também abordou os 67 anos da Fiocruz Bahia, apresentou as linhas de pesquisa, plataformas e ensino da unidade e salientou que a instituição está à disposição do Cosems Bahia. “A Fiocruz é ciência e saúde para a defesa da vida e do bem-estar”. 

Stela Souza ressaltou a relevância da atuação da Fiocruz durante a pandemia de Covid-19 e das várias ações científicas que contribuem com a população brasileira e com a humanidade. “Não podemos deixar de reconhecer a importância da Fiocruz Bahia, que está levando, com um conjunto de pesquisadores, o conhecimento, a saúde, e a qualificação para a Bahia e o Brasil”, concluiu.

Jérzey Timóteo apresentou a portaria GM/MS Nº 3.493 de 10 de abril de 2024, que altera a GM/MS nº 6, de 28 de setembro de 2017, para instituir uma nova metodologia de cofinanciamento federal do Piso de Atenção Primária à Saúde, no âmbito do SUS, com o objetivo de fortalecer e valorizar a Estratégia Saúde da Família.

O Cosems Bahia é uma instância representativa dos secretários e secretárias municipais de saúde da Bahia e tem, entre suas atribuições, a defesa do SUS, lutar com os municípios por mais recursos e investimentos na Saúde, que viabilizem melhorias e ampliações de serviços, necessárias na assistência à população, e proporcionar apoio técnico para qualificar o trabalho dos gestores municipais de Saúde.

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CineFIO aproxima ciência e estudantes através do cinema

O CineFIO promoveu debates acerca de temas sobre saúde e ciência através da linguagem cinematográfica. Foram exibidas três sessões de cinema, na Fiocruz Bahia, entre maio e junho de 2024, reunindo 193 pessoas, entre estudantes do Colégio Estadual Luis Viana e Colégio Maanaim e integrantes da instituição. O CineFIO é um projeto realizado por meio do edital interno de divulgação científica e foi organizado por um grupo de pesquisadores e estudantes de pós-graduação.

A primeira sessão do CineFio, realizada no dia 17 de maio, abordou a jornada da paciente com câncer de mama. A atividade teve a participação a médica mastologista e oncoplástica, Ana Claudia Imbassahy como debatedora. O público fez perguntas e tirou dúvidas com a especialista, que também é coordenadora do Serviço e Residência de Mastologia do Hospital Aristides Maltez. O média-metragem exibido foi “Cristina” (Diretora: Michèle Ohayon. Ano 2016. Duração: 39’).

Já no dia 24 de maio, o tema da sessão foi “Saúde Planetária”, com participação da pesquisadora da Fiocruz Bahia Nelzair Araújo Vianna. Na ocasião, foi exibido o curta-metragem ‘A Promessa da Saúde Planetária’ (Direção: Planetary Health Alliance. Ano 2021. Duração: 10 min). A Saúde Planetária é um campo e movimento social transdisciplinar e orientado para soluções, focado em analisar e abordar os impactos das perturbações humanas nos sistemas naturais da Terra, na saúde humana e em toda a vida no planeta.

A última sessão aconteceu no dia 07 de junho, com o tema “Mulheres na Ciência”, com a exibição do curta-metragem “Ciência, Luta de Mulher” (Diretora: Rithyele Dantas. Ano 2022. Duração: 22’48”); e teve como debatedoras Valéria de Matos Borges e Natália Tavares, pesquisadoras da Fiocruz Bahia. O filme conta as histórias reais de Isis Abel, bióloga, biomedicina e epidemiologista; Helena Padilha, assistente social, socióloga e bacharel em Direito; Maria da Glória Teixeira, medica e sanitarista; e Nina da Hora, cientista da computação e hacker antirracista, que conversam sobre o fazer e lutar pela ciência no país, além de abordar suas carreiras e os temas das desigualdades, raça e maternidade.

Elza Rosana Malhado Freitas, professora de Educação Física do Colégio Luiz Viana, compartilhou que gosta de levar os alunos a buscar conhecimento. “Incentivo eles a aprenderem coisas novas. E a importância dessa atividade foi falarmos sobre o câncer de mama. Foi um momento muito bom de conhecimento e de grande importância para os meus alunos”, comentou.

A estudante do Colégio Luis Viana, Evelyn Santos Carvalho, de 16 anos, disse que gostou de conhecer a Fiocruz e que achou o cine debate informativo. “Acho que é muito importante levar os alunos para esse tipo de espaço. É muito interessante para a gente saber coisas novas, até assuntos como câncer de mama que é algo que acontece muito entre as mulheres e causa muitas mortes, então é muito bom a gente ter esse tipo de conhecimento. Principalmente guiado pela escola”.

Darlan Souza, estudante de 16 anos, achou interessante os conteúdos do cine debate. O aluno mora no bairro de Brotas, mas não conhecia o espaço físico da Fiocruz, e comentou que gostou de conhecer o local. “Achei super interessante conhecer um pouco mais, e até ver o microscópio antigo da exposição”. O estudante não conhecia pessoalmente laboratórios de pesquisa e disse que gostaria de voltar a visitar o espaço.

O pós-doutorando da Fiocruz Bahia, Joab Xavier, que fez parte da equipe organizadora do CineFio, explicou que todos consideraram importante fazer parte de um projeto de divulgação científica que envolvia temas de saúde e cinema. Ele destacou ainda a relevância do trabalho realizado em equipe nas funções que cada pessoa exerceu. “Outro aspecto importante foi o oferecimento de pipoca, suco e refrigerante para os participantes para remeter ao aspecto lúdico do cinema e como espaço de interação entre os participantes, a equipe e as debatedoras, que suscitaram discussões e curiosidades importantes sobre os temas abordados”, relatou Joab.

Para Nelzair Vianna, orientadora de Joab, o Cine Fio foi uma oportunidade de trazer temas científicos importantes de uma forma lúdica. “Nós ficamos muito felizes com essa iniciativa de Joab. Essa atividade conseguiu engajar alunos, funcionários e pesquisadores com bastante entusiasmo na proposta de divulgação científica, alcançando não só o público interno mas também especialmente jovens estudantes da rede pública de Salvador. Nós estamos empenhados em estimular este tipo de debate como uma iniciativa de combate à desinformação”, concluiu.

Exposição comemorativa

Os participantes também visitaram a Exposição Fotográfica Memórias da Fiocruz Bahia, guiados pelo historiador Adroaldo Bélens. Aberta ao público e com entrada gratuita, a exposição em homenagem aos 67 anos da instituição reúne registros fotográficos preservados desde a década de 1940, antes mesmo do marco fundacional do instituição.

Dentre os principais registros estão fotografias de pesquisadores e pesquisadoras em plena função, tanto nos laboratórios, como em trabalhos de campo, imagens de vetores e parasitos, fotografias das estruturas físicas dos prédios e laboratórios.

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Pesquisa é premiada no 34° Congresso Brasileiro de Patologia

Uma pesquisa, desenvolvida no Laboratório de Patologia Estrutural e Molecular (LAPEM) da Fiocruz Bahia e no Laboratório de Computação de Alto Desempanho (LCAD) da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), recebeu prêmio da Sociedade Brasileira de Patologia (SPB), durante o 34° Congresso Brasileiro de Patologia e 27° Congresso Brasileiro de Citopatologia, realizado entre os dias 29 de maio e 01 de junho, em Belém (PA).

O trabalho intitulado “Classificação da Amiloidose em imagens digitais de biópsias renais usando corantes não específicos”, na área de Patologia Computacional, foi escolhido como um dos dez melhores do evento, considerando todas as áreas da patologia.

O estudo é coordenado pelo pesquisador Washington LC dos-Santos, da Fiocruz Bahia, e Angelo Duarte, da UEFS, e contou com a coparticipação dos pesquisadores Gledson de Oliveira, da UEFS, e Luciano Rebouças de Oliveira, da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

O LAPEM teve três trabalhos aprovados para apresentação oral, considerados os melhores nas áreas de Autópsias, Patologia das doenças Infecciosas e Patologia Computacional. Washington considera a premiação uma vitória pelo fato de o trabalho ainda estar em fase incipiente de execução. “O prêmio mantém uma trajetória de reconhecimento e premiações da Fiocruz Bahia como centro gerador de pesquisa de excelência em patologia”, destacou.

A sessão de premiação marcou o encerramento do penúltimo dia da atividade, em 31 de maio, com a entrega do Prêmio SBP, Prêmio Kolplast, Prêmio SBP Categoria Pôster, Prêmio SBP Categoria Médico Residente, Prêmio Seminário de Lâminas, Prêmio SBP de Iniciação Científica e Prêmio APESP.

O 34º Congresso da SBP

O maior evento científico da Patologia e Citopatologia brasileira e da América do Sul, o congresso aconteceu pela primeira vez na região Norte do Brasil. O tema da edição foi “Inovação & Integração”, representando as perspectivas e desafios da Patologia de vanguarda. Fizeram parte dos debates temas como patologia digital, inteligência artificial e novas ferramentas, partindo da perspectiva de que este é um momento de inflexão nessa especialidade, com a inclusão de tecnologias modernas para uma melhor acurácia diagnóstica.

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Capacidade cicatrizante de biocurativos na leishmaniose tegumentar é avaliada em tese

Estudante: Pedro Brito Borba
Orientação: Camila Indiani de Oliveira
Título da tese: Avaliação da capacidade cicatrizante de biocurativos de celulose bacteriana no tratamento da leishmaniose tegumentar
Programa: Pós-Graduação em Patologia Humana e Experimental
Data de defesa: 03/07/2024
Horário: 09h00
Local: Auditório Sonia Andrade

Resumo

INTRODUÇÃO:A leishmaniose é uma doença endêmica no Brasil e a Leishmaniose Tegumentar é a forma clínica mais prevalente, caracterizada pela presença de uma úlcera localizada, com alta atividade inflamatória. O tratamento de primeira escolha, preconizado pelo Ministério da Saúde é antimoniato de meglumina (AM), aplicado por via endovenosa ou intramuscular, durante 20 dias consecutivos. Entre as limitações observadas para o tratamento com MA temos uma baixa taxa de cura (50-60%) além da toxicidade, exigindo, assim, a busca por novas abordagens terapêuticas. A celulose bacteriana (CB) é formada por uma rede de fibrilas de celulose e suas características físico-químicas permitem que esta seja utilizada como um biocurativo para o tratamento de úlceras. A CB também permite a ancoragem de moléculas com potencial terapêutico, funcionando como um sistema de delivery. Neste sentido, observamos que o dietilditiocarbamato de sódio (DETC), um inibidor da SOD-1, foi capaz de reduzir a carga parasitária in vitro e de modular o desenvolvimento da lesão em modelo pré-clínico de leishmaniose tegumentar causado por Leishmania braziliensis. OBJETIVOS: Neste trabalho, avaliamos e caracterizamos as propriedades físico-químicas e a estabilidade de biocurativos de CB-DETC. Em paralelo, realizamos dois ensaios clínicos, prova de conceito, para avaliar a eficácia dos biocurativos de BC como tratamento aditivo ao AM em pacientes com LT causada por L. braziliensis. MATERIAIS/MÉTODOS: Inicialmente, investigamos as características da CB-DETC por meio de microscopia eletrônica de varredura e perfil cristalográfico. Avaliamos também a liberação do DETC a partir os biocurativos, quantificamos a massa de DETC por espectrofotometria e realizamos uma análise térmica por termogravimetria. Os ensaios clínicos foram realizados em Corte de Pedra, área endêmica de LT. No primeiro ensaio, os pacientes recrutados foram divididos em dois grupos: o grupo controle recebeu o tratamento convencional com AM e o grupo teste recebeu AM juntamente com a aplicação tópica de CB. Ambos os grupos foram tratados por 20 dias e os biocurativos foram substituídos a cada dois dias. A taxa de cura, o tempo de cicatrização e os efeitos adversos foram avaliados em diferentes tempos (15 dias, 60 dias e 90 dias após fim do tratamento). No segundo ensaio, repetimos os grupos teste e controle e adicionamos um grupo placebo, o qual foi tratado com AM e um curativo de gaze, ao invés de BC. RESULTADOS: as imagens obtidas por MEV e o padrão cristalográfico da CBDETC mostram que o DETC é bem incorporado à BC. Os ensaios de liberação e quantificação da massa de DETC indicaram, no entanto, instabilidade e possível degradação, sugerindo a necessidade de estabilização do DETC de modo a sustentar a sua liberação in vivo. Levando em conta o potencial terapêutico da CB, realizamos um ensaio clínico para avaliar a eficácia do uso combinado de CB+AM. Neste ensaio, os pacientes tratados com AM+CB apresentaram uma maior taxa de cura no tempo inicial (60 dias após o início do tratamento) (p=0,01). Efeitos adversos locais, proveniente da aplicação tópica da CB não foram relatados, demonstrando a segurança do tratamento. No segundo ensaio, empregando um grupo placebo, uma redução no tempo de cicatrização nos grupos teste e placebo e uma redução no mediador inflamatório IL-1α no grupo teste. CONCLUSÕES: O sistema CB-DETC se apresentou instável para uso em aplicações clínicas. No entanto, o biocurativo de CB em associação ao AM aumenta a taxa de cura em pacientes com LT e redução no tempo de cicatrização e de mediadores inflamatórios importantes na LT. Modificações no sistema CB-DETC devem ser realizadas a fim de aumentar a sua estabilidade. Por outro lado, o biocurativo de CB apresenta potencial para incorporação na prática clínica, impactando positivamente na resolução da LT.

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Resposta imune de cães expostos a múltiplas picadas de Lutzomyia longipalpis é tema de tese

Estudante: Yuri de Jesus Silva
Orientação: Deborah Bittencourt Mothé
Coorientação: Manuela da Silva Solcà
Título da tese: AVALIAÇÃO DA CINÉTICA DA RESPOSTA IMUNE E CARACTERIZAÇÃO DOS EVENTOS CELULARES INICIAIS NA PELE DE CÃES EXPOSTOS AO LUTZOMYIA LONGIPALPIS
Programa: Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa
Data de defesa: 26/06/2024
Horário: 14h00
Local: Sala do Zoom
ID da reunião: 850 1204 6629
Senha: yuri

Resumo

INTRODUÇÃO: A transmissão da Leishmaniose Visceral (LV) ocorre quando o vetor Lutzomyia longipalpis alimenta-se do hospedeiro vertebrado infectado por Leishmania infantum. Esses vetores, além do parasita, injetam saliva nos hospedeiros vertebrados durante o repasto sanguíneo. A exposição à saliva induz respostas iniciais locais, como ativação de moléculas, vias de sinalização, recrutamento de células, e respostas sistêmicas como a produção de anticorpos anti-saliva, bem como respostas celulares com diferentes produções de citocinas. OBJETIVO: Avaliar a cinética de evolução da resposta imune de cães expostos a múltiplas picadas de Lutzomyia longipalpis e caracterizar os eventos celulares iniciais na pele destes animais. MÉTODO: Cães foram expostos ao vetor e foram retirados três fragmentos de 3mm de pele na pré-exposição (tempo 0) e pós exposição (4h, 24h e 48h) para investigação dos genes diferentemente expressos. Estas biópsias foram mantidas em RNA later a -80°C para posterior extração do RNA, sequenciamento e análise. Posteriormente, os animais foram expostos semanalmente a picadas de flebótomos e amostras de sangue foram coletadas até os animais alcançarem a produção máxima de anticorpos contra a saliva. Os animais foram acompanhados com coletas de sangue semanais para determinar o tempo de queda da produção de anticorpos anti saliva. Após a detecção da queda dos níveis de anticorpos, os animais foram reexpostos uma única vez para verificar o efeito da reexposição. A técnica ELISA foi utilizada para mensurar a produção de anticorpos anti-saliva nas amostras. Para avaliação da resposta celular, amostras de sangue total foram coletadas na pré-exposição e ao longo da exposição, isolando as células mononucleares de sangue periférico. Uma vez isoladas, estas células foram reestimuladas com SGH (homogenato de glândula salivar). Citocinas e quimiocinas foram dosadas através de ensaio de Luminex nos sobrenadantes obtidos dessas culturas. RESULTADOS: Quanto ao RNAseq, 70% dos genes expressos diferencialmente foram relacionados ao período de 4 horas após a exposição à saliva. Esses genes revelaram 11 vias enriquecidas, 9 das quais, incluindo IL-7 e TNF, que estão relacionadas à avaliação mais inicial de 4h pós-exposição. As células NK apresentaram maior abundância apenas no primeiro momento avaliado e linfócitos citotóxicos foram mais abundantes nas primeiras 24 horas após a exposição à saliva. Em relação à cinética, após 21 dias da primeira exposição, 100% dos cães apresentavam títulos detectáveis de anticorpos anti-LJM11&17. Todos os cães ainda apresentavam títulos de anticorpos anti-LJM11&17 em um ano. Com uma única re-exposição, observamos que a resposta humoral é persistente e a reexposição levou a uma resposta de produção de anticorpos antisaliva. As células mononucleares do sangue periférico responderam especificamente à estimulação com homogeneizado de glândula salivar de Lutzomyia longipalpis (SGH), produzindo GMCS-F, IL-2, IL-7 e MCP-1 em sobrenadantes celulares recuperados 48 horas após a estimulação (p < 0.05). CONCLUSÃO: O presente trabalho mostrou que eventos celulares na pele de cães picados pelo vetor iniciam-se rapidamente, induzindo uma resposta anti saliva persistente e um perfil inflamatório único, caracterizado por expressões variadas de citocinas e quimiocinas circulantes, refletindo a ativação de diferentes tipos de células imunes.

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Tese avalia desempenho diagnóstico de proteínas recombinantes para sífilis

Estudante: Ângelo Antônio Oliveira Silva
Orientação: Fred Luciano Neves Santos
Título da tese: Aprimoramento e desenvolvimento de métodos diagnósticos in vitro para a sífilis
Programa: Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa
Data de defesa: 18/06/2024
Horário: 13h30
Local: Sala do Zoom
ID da reunião: 879 6134 7666
Senha: angelo

Resumo

INTRODUÇÃO: A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível (IST) causada pela bactéria Treponema pallidum e caracteriza-se por ser crônica e multissistêmica. O cenário epidemiológico atual apresenta elevada incidência, sendo o problema de saúde pública que mais afeta adultos, gestantes e recém-nascidos. O diagnóstico é realizado por meio de testes sorológicos não treponêmicos (VDRL e RPR) e testes treponêmicos (ELISA, QML e IFI). Os testes treponêmicos apresentam desempenho variável, dependendo da fase clínica, mas, entre eles, os imunoenzimáticos se destacam devido à preparação antigênica usada, uma vez que as proteínas recombinantes melhoram a sensibilidade, especificidade e reprodutibilidade. Assim, o estudo de novos biomarcadores é relevante para melhoria do diagnóstico da IST. OBJETIVO: Avaliar o desempenho diagnóstico de proteínas recombinantes treponêmicas (TpN17 e TmpA) para o imunodiagnóstico da sífilis. MATERIAL E MÉTODOS: Ensaios de dicroísmo circular (DC), espalhamento dinâmico da luz (DLS) e fluorimetria de varredura diferencial (DSF) foram utilizados para avaliar a estrutura e estabilidade dos antígenos. O ELISA sanduíche duplo antígeno (DAgS-ELISA) foi padronizado por meio de checkerboard titration. Setecentas e doze amostras séricas foram obtidas no CEDAP, HEMOBA e IGM,sendo 187 positivas para sífilis, 211 negativas e 314 positivas para outras doenças infectoparasitárias. Todas as amostras foram reavaliadas quanto à presença ou ausência de anticorpos anti-T. pallidum, utilizando VDRL, FTA-ABS e ELISA. Os resultados foram avaliados por meio da análise dos parâmetros de desempenho diagnóstico. RESULTADOS: Dos pacientes recrutados, 91,5% e 25,2% residem em Salvador e no Distrito Sanitário Barra/Rio Vermelho, respectivamente. Na população do estudo, a maioria era do sexo masculino (89,9%), solteira (o) (89,4%), atendida no ambulatório de IST (55,9%), faixa etária de 25 a 34 anos (41,0%), homossexuais (60,6%), assintomáticos (61,2%), diagnosticada com sífilis primária (52,1%) e com histórico de reinfecção (52,1%). No ELISA indireto, a acurácia foi de 95,4% (TmpA) e 98,7% (TpN17). O índice de Kappa de Cohen (κ) apresentou concordância quase perfeita para as duas moléculas. A TpN17 apresentou reatividade cruzada apenas com a doença de Chagas (1,54%), enquanto a TmpA apresentou reatividade cruzada com doença de Chagas (3,07%), HBV (1,25%), HIV (9,52%) e HTLV (1,64%). No DAgS-ELISA, os valores de especificidade, sensibilidade e acurácia para a TpN17 foram de 100%, 88,9%, 94,3%, respectivamente. O índice κ demonstrou concordância quase perfeita. Foram observadas reatividades cruzadas com doença de Chagas (11,5%), HBV (2,6%), HCV (6,4%) e HTLV (6,8%). Nas análises estruturais, a TpN17 apresentou-se como uma amostra monodispersa, resistente no desnovelamento, mas sem resistência na renaturação. A TmpA foi vista como polidispersa, menos resistente no desnovelamento, mas com maior capacidade de renovelamento. Nos espectros do DC, as estruturas secundárias das proteínas estavam em conformidade com o esperado para elas. CONCLUSÃO: As moléculas TmpA e TpN17 demonstraram elevada capacidade diagnóstica, sendo capazes de diferenciar amostras positivas das negativas para sífilis. No entanto, o ELISA indireto mostrou-se mais promissor. A TpN17 mostrou-se mais resistente às condições extremas de temperatura.

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Estudantes de Iniciação Científica da Fiocruz Bahia são premiados na 32ª RAIC

A 32ª edição da Reunião Anual de Iniciação Científica (RAIC) da Fiocruz Bahia foi realizada entre os dias 05 e 07 de junho. Organizada pelo Programa Institucional de Iniciação Científica (PROIIC), a atividade teve participação dos 89 bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) Fiocruz/CNPq, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb), Ações Afirmativas e do Edital Iniciação Científica Júnior CNPq – Programa de Vocação Científica (PROVOC). O evento contou com a Sessão Científica ministrada pelo pesquisador e professor da UFBA, Wilson Gomes, com o tema “A universidade na era da intolerância”. As premiações dos trabalhos e as menções honrosas marcaram o encerramento.

Jorge Clarêncio, coordenador do PROIIC, declarou que a 32ª edição da RAIC foi um sucesso e toda a comunidade da Fiocruz Bahia ajudou na organização do evento. “Houve uma mobilização grande dos estudantes lotando as salas das apresentações, uma adesão ampla dos alunos em apresentar seus trabalhos na jornada, a adesão dos orientadores e uma delicadeza e respeito muito grande dos avaliadores na hoje de julgar os trabalhos”, avaliou.

Clarêncio falou sobre a importância da reunião como o momento ápice do ciclo de um ano de iniciação científica. “É o momento em que os estudantes e seus orientadores apresentam os resultados colhidos que estavam previstos nos projetos que foram aprovados em editais do ciclo 2023/2024”.

Uma das estudantes premiadas foi Júlia Alves de Santana, de 23 anos, que cursa Farmácia na UFBA, e é aluna de iniciação científica pelo PIBIC na Fiocruz desde setembro de 2023, no Laboratório de Pesquisa Clínica e Translacional – LPCT, orientada pela pesquisadora Valéria de Matos Borges. Ela avalia que a RAIC é uma experiência que impulsiona os estudantes. “Foi muito desafiante e enriquecedor viver tudo isso. Fiquei bastante surpresa e absolutamente chocada sem saber se aquele anúncio era real, mas também fiquei e estou muito feliz, pois significa muito para mim e para todos que se dedicaram para que esse trabalho fosse realizado”, destacou.

Agatha Raissa Silva de Almeida, de 17 anos, estudante do Colégio Estadual Luis Viana, foi premiada pelo trabalho desenvolvido no Provoc, orientado pela pesquisadora Marilda Gonçalves e pelo pós-doutorando Setondji Cocou Modeste Alexandre. “Foi uma experiência incrível, e tenho certeza que ela irá me ajudar muito. Ter o meu trabalho premiado foi extremamente gratificante e fiquei muito feliz por ter tido reconhecimento depois de tanta dedicação. Quero continuar a ter bons resultados”, ressaltou. Para Agatha, fazer parte do Provoc é algo especial. “Por meio do programa vivi experiências incríveis e conheci pessoas maravilhosas. Ele me deu a oportunidade de aprender muitas coisas, uma delas é que sou capaz de realizar meus objetivos, basta eu me esforçar e não desistir”.

O Programa de Vocação Científica (Provoc), na Fiocruz, tem como objetivo principal promover a iniciação científica de alunos do ensino médio que tenham acentuado interesse pelas atividades de pesquisa nas áreas das Ciências Biológicas, Saúde e Ciências Humanas e Sociais em Saúde. Por meio da participação em projetos de pesquisa científica e tecnológica, o Provoc visa proporcionar aos jovens estudantes uma experiência de longa duração em atividades voltadas para a produção de conhecimento.

Para conferir a lista completa dos estudantes premiados e das menções honrosas, clique aqui.

Primeiro indígena estudante de iniciação científica da Fiocruz Bahia apresenta trabalho na RAIC

Rodrigo André Santos Menezes, de 27 anos, primeiro indígena a ingressar em um programa de iniciação científica na Fiocruz Bahia, é estudante do programa pelo edital de Ações Afirmativas, orientado pela pesquisadora Isadora Cristina de Siqueira. Integrante do povo Tuxá, natural de Rodelas, no interior da Bahia, Rodrigo estuda Medicina na UNEB.

O estudante avalia a apresentação de seu trabalho como uma experiência gratificante, principalmente por ser um indígena abordando uma temática relacionada aos povos originários. “Foi uma oportunidade ímpar de compartilhar a diversidade e a profundidade da nossa cultura, tradições e visões de mundo com um público mais abrangente. Além de trazer à tona as questões que impactam nossas comunidades, o evento permitiu ampliar a conscientização sobre as necessidades e desafios enfrentados pelos povos indígenas”, observou.

Além disso, Rodrigo diz que representar sua comunidade em uma instituição com prestígio traz uma grande responsabilidade, mas também oferece uma oportunidade única de destacar as questões e perspectivas indígenas no cenário acadêmico e científico. “Este marco não só abre portas para futuras gerações de indígenas na ciência, mas também sublinha a importância da diversidade e da inclusão na pesquisa e na saúde pública. É um privilégio poder contribuir com meu conhecimento e experiências, promovendo a valorização e a preservação da nossa cultura e identidade dentro da Fiocruz”, pontuou.

O futuro médico pretende continuar sua jornada na pesquisa, se dedicando às questões que afetam diretamente as comunidades indígenas, com o objetivo de contribuir para a melhoria da qualidade de vida e a promoção da saúde desses povos. ”Busco engajar-me na preservação da cultura indígena e na defesa de seus direitos, utilizando a produção de conhecimento científico como uma ferramenta para o empoderamento, reconhecimento e visibilidade dessas comunidades indígenas”, concluiu Rodrigo.

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Fiocruz Bahia realiza feira de ciências, saúde e cultura em escolas municipais de Cachoeira

O Projeto Pontes Científicas, da Fiocruz Bahia, realizou nos dias 28 e 29 de maio, a Feira de Ciências, Saúde e Cultura em escolas municipais da sede e de comunidades quilombolas de Cachoeira. A iniciativa tem como principal objetivo difundir entre as escolas o conhecimento produzido no âmbito da Fiocruz Bahia, considerando a diversidade cultural e social da população e visa aproximar e estimular a participação dos jovens no fazer científico desenvolvido pela instituição, fortalecendo a cidadania. As atividades envolveram cerca de 700 estudantes e a equipe de 27 pessoas da Fiocruz Bahia. 

Pesquisadores, estudantes de pós-graduação e colaboradores da Fiocruz Bahia apresentaram estudos sobre doença falciforme, calazar (leishmaniose) e saúde ambiental, fizeram demonstrações de vídeo, podcast e fotografia e ministraram oficinas sobre câncer de mama, arboviroses (dengue, zika e chikungunya), grafite e de mudas de plantas alimentícias não convencionais (PANCS). Também foram oferecidos serviços de saúde com profissionais de odontologia e enfermagem, da Secretaria Municipal de Saúde de Cachoeira, e realizada uma feira de ciências dos estudantes das escolas participantes, além de apresentações dos grupos culturais locais Raízes do Ebano, ABW Crew e Capoeira Abalou Cachoeira. O evento teve o apoio da Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente (OBSMA), da Fiocruz.

Participaram da Feira o secretário de Educação de Cachoeira, Roberto Gomes; a secretaria de Saúde de Cachoeira, Edelzuita Neta; o secretário de cultura de Cachoeira, Marcelo Souza; a coordenadora Geral de Divulgação Científica da Fiocruz, Cristina Araripe; a vice-diretora de Ensino da Fiocruz Bahia, Claudia Brodskyn; o coordenador do Projeto Pontes Científicas, Antonio Brotas; e a diretora do Centro de Artes Humanidades e Letras da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), Dyane Brito.

O secretário de Educação destacou o interesse dos estudantes pelas atividades e enfatizou a contribuição dessas atividades na educação científica e no interesse dos estudantes pela ciência. “Vemos isso refletido no olhar das crianças, na participação dos profissionais, todo mundo interessado e tendo a expectativa criada, realizada. Que essa iniciativa se expanda na rede municipal de ensino e se repita por muitas vezes”, declarou. 

“A gente traz a ciência para próximo das pessoas que precisam entender melhor o que é o fazer científico, especialmente da Fiocruz. O conhecimento precisa ser apropriado, compreendido pela população de um modo geral”, disse Cristina Araripe, que também destacou a importância do trabalho realizado junto à escola. “Para a OBSMA isso é fundamental, ela não existe sem a gente estar em contato com esses jovens estudantes e seus professores”, completou.

Claudia Brodskyn salientou o efeito multiplicador do projeto. “É extremamente eficaz, porque os estudantes levam esses conhecimentos aos seus pais, suas famílias, e isso é fundamental para a divulgação da ciência brasileira, para a gente evitar desinformação e as fakenews. Isso deve ser perpetuado também em outros municípios e escolas”.

O coordenador do projeto contou que a iniciativa começou no ano passado e será finalizado com uma atividade mais ampla para toda população de Cachoeira, na Estação Ferroviária, em novembro. “O projeto é parte da política de divulgação científica da Fiocruz Bahia, de interiorizar as atividades através de parcerias com prefeituras, Governo do Estado e universidades, de modo a apresentar as pesquisas da instituição e estimular a participação de estudantes e cientistas promovendo o interesse pela ciência”. 

A pesquisadora da Fiocruz Bahia, Valéria Borges, falou sobre a importância de interagir com os professores das escolas e desenvolver estratégias para transmitir o conhecimento para a comunidade. “Também é papel do cientista levar a ciência a extramuros, de popularizar a ciência e ter junto nessa equipe os estudantes que estão em formação na Fiocruz, dos programas de pós-graduação, de iniciação científica para que eles se motivem e sejam disseminadores desses saberes científicos, principalmente das linhas de pesquisas que desenvolvemos”.

Saul Lomba, vice-diretor do Colégio Estadual Quilombola de Tempo Integral, que faz parte do projeto de oficinas de desinformação para alunos de escolas públicas da Bahia, observou que a aproximação da Fiocruz Bahia com a educação escolar quilombola é um propulsor para a aproximação da ciência. “O espaço da universidade não foi acessível por muitos anos aos estudantes quilombolas. Quando você traz esse espaço de ciência para a escola, promovendo essa difusão de conhecimento e aproxima esse saber, faz os estudantes entenderem que o que já foi produzido através das tradições, da cultura, da oralidade, pode se entrelaçar com o conhecimento científico”.

Marcos Santos, mestrando pelo Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa (PGBSMI), da Fiocruz Bahia, ressaltou o ambiente de troca de conhecimento durante as atividades. “Enquanto a gente está ensinando, eles também estão ensinando para a gente outras formas de abordar, de ver o mundo, porque, às vezes, acabamos ficando presos ao que estamos estudando e não captamos como esse conhecimento produzido chega a essas pessoas e como elas também podem contribuir muito com a gente. Também construímos pontes para que conheçam o que é fazer ciência, porque muitas vezes as pessoas acham que é como nos filmes, com super laboratórios e que o cientista é alguém inalcançável. Mas eu faço ciência, as pessoas ao meu redor fazem ciência. Às vezes, o cientista é o nosso irmão, colega, vizinho”.

O evento foi realizado em parceria com as Secretarias Municipais de Educação, Saúde e Cultura, com apoio da Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente (OBSMA) e do Colégio Estadual Quilombola da Bacia do Iguape. O projeto é desenvolvido pela Fiocruz Bahia, através do edital de Apoio à Produção de Conteúdo para a Difusão do Conhecimento Científico, Tecnológico e de Inovação da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb), com parceria da Secretaria de Educação de Cachoeira.

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Oropouche: estabelecimento do vírus é provável já que vetor está presente em todo o Brasil, aponta pesquisador

O aumento das notificações da febre Oropouche têm chamado a atenção das autoridades de saúde e da população para o possível surgimento de uma nova epidemia. O Oropouche é um arbovírus (vírus transmitido por vetores), até então desconhecido pela maioria das pessoas, e os sintomas são semelhantes aos de outras arboviroses, como dengue, zika e chikungunya. Por isso, a importância do protocolo de diagnóstico por PCR em tempo real na detecção do vírus Oropouche, para diferenciação dessas outras doenças. A Bahia teve, em março, seis casos confirmados de febre Oropouche, em abril aumentou para 80 e até o dia 03 de junho já foram confirmados mais de 610 casos, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde da Bahia.

A Fiocruz Bahia conversou com o virologista Felipe Naveca, chefe do Laboratório de Arbovírus e Vírus Hemorrágicos no Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e coordenador do Núcleo de Vigilância de Vírus Emergentes, Reemergentes ou Negligenciados da Fiocruz Amazônia, onde foi desenvolvido o protocolo para diagnóstico da doença atualmente utilizado pelo Ministério da Saúde no Brasil e recomendado pela Organização Pan-Americana da Saúde – OPAS para outros países da América Latina.

Em entrevista, o especialista disse que o vírus Oropouche circula na região Amazônica há mais de 50 anos e que o aumento da vigilância explica, ao menos em parte, o elevado número de casos confirmados. Naveca falou também sobre a origem da doença, os sintomas, como é possível se proteger e quais os desafios para o enfrentamento da doença.

Fiocruz Bahia – Qual a origem da febre Oropouche e como ela chegou ao Brasil?
Felipe Naveca – O vírus Oropouche, que causa febre Oropouche, foi descoberto na cidade de Vega de Oropouche, em Trinidad e Tobago, e por isso recebeu esse nome. Assim como vários arbovírus, é um vírus que recebeu o nome da região onde foi isolado inicialmente. A presença do vírus Oropouche foi detectada na região Amazônica na década de 60. A entrada dele no território não é exatamente conhecida, mas se sabe que desde essa década ele circula em áreas da região Amazônica, especialmente em ciclos que envolvem animais reservatórios e vetores silvestres.

Fiocruz Bahia – De que forma e por que o espalhamento desta doença se dá no país nesse momento?
Felipe Naveca – Nós temos duas possíveis respostas. Uma é o espalhamento do vírus de fato, provavelmente por conta da mudança de comportamento do vetor, pelo aumento do desmatamento e por conta das alterações climáticas, principalmente o aumento de temperatura e regimes de chuva, que favorecem a proliferação do mosquito. No entanto, essa pode não ser a única resposta, uma vez que houve o aumentou da vigilância. Pelo menos desde 2016, nós, da Fiocruz Amazônia, temos trabalhado em defender a necessidade de que a testagem para o Oropouche seja implantada de forma sistemática pela Vigilância. O atual governo federal comprou essa ideia e conseguimos fazer a descentralização através do Ministério da Saúde para todos os laboratórios centrais dos estados. Com os testes, se detectou os casos que estavam ocorrendo. Ainda não é possível afirmar quando que ocorreu a entrada em cada estado, mas o aumento dos casos se deve também ao aumento da vigilância.

Fiocruz Bahia – A Oropouche também está avançando em outros países?
Felipe Naveca – Sim, atualmente nós temos registro da febre Oropouche na Colômbia, no Peru e na Bolívia. Recentemente Cuba também relatou casos.

Fiocruz Bahia – Com esse crescimento rápido no estado da Bahia, a perspectiva é que essa doença se estabeleça como outras arboviroses?
Felipe Naveca – A possibilidade de se estabelecer a transmissão do Oropouche na Bahia ou em qualquer outro estado é bastante clara, uma vez que a gente tem presença do vetor em todo o Brasil. Isso é uma possibilidade sim, uma vez que se estabelece um ciclo: quanto mais casos aparecem, maior a chance de se estabelecer uma rotina de transmissão contínua por vários anos. Com o aumento da vigilância estamos conseguindo ver aquilo que de repente estava circulando há algum tempo.

Fiocruz Bahia – O ciclo de transmissão é semelhante ao da dengue?
Felipe Naveca – O ciclo de transmissão só é parecido com o da dengue por contar com um vetor, mas o vetor não é o Aedes aegypti, é o Culicoides paraensis, nome científico do mosquito popularmente conhecido como maruim, meruim ou mosquito-pólvora, dependendo da região. A literatura aponta que há possibilidade de mosquitos do gênero Culex (conhecido como muriçoca ou pernilongo) estarem atuando como vetores secundários. Então é parecida com a dengue no sentido de ter um vetor, mas é diferente uma vez que não é o mesmo vetor.

Fiocruz Bahia – O Aedes aegypti tem competência para transmitir o Oropouche?
Felipe Naveca – Os estudos até o momento mostram que o Aedes aegypti não tem a capacidade de transmitir, mas isso é o que conhecemos até o momento, e a partir de análises de linhagens antigas do vírus, da década de 60. É preciso também estar atento que o vírus vai continuar evoluindo e que a gente precisa também fazer essa investigação mais a fundo agora com a linhagem mais recente. Mas o dado que temos hoje é que o Aedes aegypti não é um transmissor do vírus Oropouche.

Fiocruz Bahia – Por ser outro vetor, quais os desafios para prevenção da proliferação do mosquito e quais as medidas para se proteger da doença?  
Felipe Naveca – Uma vez que o vetor é diferente da dengue, algumas estratégias também serão diferentes. Os cuidados pessoais como utilização de repelente e roupas compridas em áreas onde há presença do vetor também são a melhor forma de impedir a picada e consequentemente a possibilidade de transmissão do vírus. Mas, por não ser um vetor tipicamente urbano, por não estar presente dentro das residências, como os Aedes, alguns cuidados também são diferentes. Esse vetor se cria bastante em áreas com matéria orgânica em decomposição, como restos de folhas ou outro material orgânico, e com umidade, esse é o ambiente preferido para proliferação do vetor.

Fiocruz Bahia – Quais são os sintomas e o que diferencia a Oropouche das outras arboviroses? Pode ser letal?
Felipe Naveca – Não dá para diferenciar a febre Oropouche, por exemplo, da dengue. São sintomas muito parecidos, como febre, mal-estar e dor generalizada. É virtualmente impossível descrever se é Oropouche ou dengue baseado somente na sintomatologia. Não podemos esquecer que uma parte dos pacientes, em torno de 50%, relata um quadro onde tem a presença dos sintomas e depois os sintomas cessam podendo voltar depois de alguns dias, isso chamaria a atenção para Oropouche, mas baseados nos sintomas de fase aguda é praticamente impossível de ter certeza. Até o momento não foram confirmados os óbitos, apesar de alguns casos descritos na literatura evoluírem com formas neurológicas, como encefalite, meningite. Nós temos casos que estão sendo investigados com relação ao óbito, mas não se tem a confirmação até o momento.

Fiocruz Bahia – É um vírus que sofre mutações rapidamente?
Felipe Naveca – Os vírus de RNA sofrem mais mutações do que os vírus de DNA, por conta de uma característica intrínseca da replicação do RNA, que é a falta de correção. No entanto, por ser um arbovírus, ele evolui menos rapidamente do que, por exemplo, o vírus Influenza, ou HIV.

Fiocruz Bahia – Qual o estado das pesquisas em Oropouche? Há estudos relacionados à vacina e tratamento, por exemplo?
Felipe Naveca – Desconheço estudos relacionados à vacina, mas com o aumento dos casos confirmados, a gente começa a mostrar melhor essa necessidade de tratamento. Assim como para outros vírus, temos hoje um tratamento sem a utilização de drogas específicas que possam atuar no combate à febre Oropouche, o que temos é o tratamento para alívio dos sintomas do paciente.

Fiocruz Bahia – Quais novos desafios a doença pode trazer para a Saúde Pública?
Felipe Naveca – É mais uma doença causada por um arbovírus a circular e o primeiro passo do ponto de vista da Saúde Pública foi dado com esse aumento da Vigilância, não só no Brasil, como em outros países da América Latina. O Ministério da Saúde distribuiu o método que nós desenvolvemos na Fiocruz Amazônia para todos os laboratórios centrais do país. A OPAS levou para diversos países e isso já resultou na detecção em outros países. Primeiro é preciso conhecer o tamanho do problema, sendo esse o primeiro passo para depois pensar em medidas mais efetivas do próprio controle da doença, mas no momento a gente ainda está bastante no início se comparado, por exemplo, ao que se sabe de dengue, chikungunya e zika.

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