Pesquisa estima que Brasil não alcançará as metas da OMS para controle da tuberculose até 2030

Pesquisadores identificaram os principais preditores da incidência da tuberculose no Brasil, analisando os registros da doença no período de janeiro de 2018 a dezembro de 2023, e realizaram projeções para o período de 2024 a 2030. Os resultados sugerem que as políticas públicas atuais, embora valiosas, não estão sendo suficientes para reduzir a carga da tuberculose, de acordo com o plano de eliminação da Organização Mundial de Saúde (OMS). 

O trabalho, coordenado pelo pesquisador da Fiocruz Bahia, Bruno Bezerril, foi publicado no The Lancet Regional Health – Americas, com o objetivo de avaliar possíveis impactos de intervenções estratégicas de saúde pública para redução da incidência da doença no país. Em 2023, a incidência da tuberculose no Brasil foi de 39,8 casos por 100.000 habitantes, muito acima da meta da Organização Mundial de Saúde (OMS), de 6,7 casos por 100.000. O estudo prevê que a incidência da doença no Brasil até 2030 será ainda maior: 42,1 por 100.000 pessoas por ano. 

A pesquisa identificou como principais preditores o encarceramento e a comorbidade da tuberculose com HIV e diabetes mellitus, além de coberturas de terapia diretamente observada (DOT), contato e a conclusão de tratamento preventivo (TPT). Os desafios apontados para atingir as metas globais de eliminação da doença foram o acesso limitado à saúde, a não adesão ao tratamento, o impacto da pandemia da Covid-19 e a limitação de recursos para ações inovadoras no controle da doença na última década.

Os especialistas avaliaram que, caso houvesse aumento da cobertura de DOT, de adesão ao TPT e da investigação de contato, combinado com esforços para reduzir casos de tuberculose entre populações vulneráveis, a incidência poderia ser reduzida a 18,5 casos por 100.000, embora ainda seja um número acima das metas da OMS. Com essas intervenções, foram observadas reduções de 25,1% na incidência projetada até 2025 e 56,1% até 2030, destacando o potencial de estratégias integradas. 

O artigo também ressaltou a necessidade de aprimorar os programas de controle da tuberculose em ambientes prisionais, por meio da melhoria da triagem, acesso ao TPT e conclusão do tratamento, bem como melhor cogestão de casos de coinfecção com HIV e diabetes, com aumento de testes e início do tratamento, para redução significativa das taxas nacionais de incidência da enfermidade. 

Os dados utilizados no estudo foram coletados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN-TB), no Sistema de Informação de Tratamentos Especiais da Tuberculose (Site-TB) e no Sistema de Informação para Notificação das Pessoas em Tratamento de ILTB (IL-TB).

Por Júlia Lins.

twitterFacebookmail
[print-me]

Revisão destaca importância da enfermagem na assistência a pacientes com Chagas

Um estudo revisou trabalhos sobre a atuação de profissionais de enfermagem na assistência e cuidado a pacientes com doença de Chagas. A pesquisa, realizada com o objetivo de aumentar a conscientização entre os profissionais de saúde sobre o papel essencial do atendimento de alta qualidade no tratamento de pacientes com a forma crônica da doença, foi coordenada pelo pesquisador da Fiocruz Bahia, Fred Santos, e publicada no periódico BMC Nursing.

O artigo destacou o papel desempenhado por enfermeiros na prestação de cuidados essenciais a portadores sintomáticos da doença de Chagas crônica, causada pelo parasito Trypanosoma cruzi. Esses profissionais são fundamentais no controle de sintomas, administração de medicamentos e monitoramento da saúde, contribuindo para a melhora da qualidade de vida dos pacientes.

Utilizando a metodologia de revisão de escopo, que analisa a literatura sobre um tema específico, a equipe seguiu o método PRISMA-ScR para selecionar os artigos. A busca foi realizada nas bases de dados SciELO Brasil, PubMed e LILACS, utilizando palavras-chave como “doença de Chagas”, “enfermagem”, “cuidados de enfermagem” e “assistência de enfermagem”, em português, inglês e espanhol, no período de 1980 a 2022. Inicialmente, 633 estudos foram identificados, dos quais 17 foram selecionados para análise final, incluindo dois estudos observacionais, duas séries de casos e sete revisões de literatura.

Os resultados reforçam o papel crucial dos enfermeiros no suporte a pacientes com manifestações cardíacas e/ou digestivas da doença de Chagas crônica. Também foram abordadas intervenções voltadas para neonatos infectados e usuários de dispositivos como marcapassos e desfibriladores cardioversores implantáveis.

Os pesquisadores concluíram que a enfermagem é essencial em equipes multidisciplinares de cuidado, desempenhando um papel crítico na melhoria da qualidade de vida de pessoas com doença de Chagas crônica, independentemente da forma clínica apresentada. O estudo destaca ainda a importância de avaliar as necessidades subjetivas e objetivas de cada paciente, a fim de elaborar planos de cuidados personalizados que atendam às condições clínicas e demandas individuais.

Por Jamile Araújo, com supervisão de Júlia Lins.

twitterFacebookmail
[print-me]

Estudo com participação da Fiocruz Bahia é selecionado entre os mais notáveis do ano pelo New England Journal of Medicine

O periódico New England Journal of Medicine (NEJM) publicou uma coleção de estudos selecionados por seus editores como os mais notáveis ​​e impactantes do ano de 2024, na medicina clínica. Entre os 14 selecionados está o trabalho “Vacina Butantan–Dengue Tetravalente, Atenuada e Viva em Crianças e Adultos”, no qual participaram as pesquisadoras da Fiocruz Bahia, Aldina Barral e Viviane Boaventura.

A Butantan–Dengue (Butantan-DV) é uma vacina experimental, de dose única, viva, atenuada e tetravalente contra a dengue, que avaliou a eficácia geral em um estudo de fase 3 em andamento, duplo-cego, no Brasil. Os participantes foram designados aleatoriamente para receber Butantan-DV ou placebo, estratificados de acordo com a idade (2 a 6 anos, 7 a 17 anos e 18 a 59 anos). Os pesquisadores concluíram que uma dose única de Butantan-DV preveniu dengue nos sorotipos 1 e 2 sintomáticos, independentemente do estado sorológico da dengue no início do estudo, durante 2 anos de acompanhamento.

O editor Scott B. Halstead destacou a relevância dos ensaios clínicos da vacina experimental brasileira, no texto intitulado “Three Dengue Vaccines — What Now?”. Halstead ressaltou que as vacinas existentes atualmente são administradas em três doses, no caso da Dengvaxia, e duas doses, no caso da Takeda, mais conhecida como Qdenga, que no Brasil está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). “Dadas as realidades das dimensões da pandemia de dengue nos séculos XX e XXI, uma vacina tetravalente de dose única altamente eficaz continua em alta demanda. Os ensaios clínicos do Butantan-DV devem continuar e, se possível, ser expandido”, afirmou.

No conteúdo da publicação podem ser encontrados os resumos de artigos, editoriais de acompanhamento e resumos em linguagem simples dos estudos selecionados, além de uma carta do editor-chefe Eric J. Rubin. Acesse aqui.

twitterFacebookmail
[print-me]

Projeto é aprovado em chamada de programa de atenção oncológica do Ministério da Saúde

O projeto da Fiocruz Bahia “Integração da Medicina de Precisão ao SUS: Implementação de Rede Multi-institucional para inovação no diagnóstico e tratamento de leucemias e linfomas” foi aprovado na chamada do Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica (PRONON), do Ministério da Saúde. A iniciativa tem como objetivo viabilizar a organização de uma rede colaborativa de pesquisas em tumores malignos hematológicos, liderada por uma equipe baiana, buscando benefícios para pesquisa científica na região Nordeste e para pacientes atendidos na região.

A rede, liderada pelas pesquisadoras da Fiocruz Bahia, Karine Damasceno e Eugênia Granado, trabalhará com ferramentas de inovação em saúde, no desenvolvimento de imunoterapias, definição de biomarcadores e no aprimoramento do diagnóstico e caracterização das patologias estudadas. O projeto também vai avaliar os fatores de risco e características socioeconômicas da população em estudo e contribuirá para o desenvolvimento de estratégias de promoção de saúde pública.

Durante o desenvolvimento, o projeto irá possibilitar o acesso de pacientes do SUS a testes importantes na definição do tratamento e prognóstico, como preconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), dos quais poucos são realizados na Bahia, o que possibilita a formação de uma equipe com expertise para a realização desses diagnósticos localmente, sendo estratégico para o desenvolvimento de novas tecnologias na região.

Um dos eixos do estudo pretende explorar a complexidade do microambiente tumoral no linfoma difuso de grandes células B (LDGCB), por meio da identificação e validação de biomarcadores moleculares. Aliado ao uso de tecnologias de ponta, como imunofluorescência multiplex, ferramentas de patologia digital e inteligência artificial, essa inovação estratégica nos posicionará à frente no uso de tecnologias avançadas para diagnóstico, aprimorando nossa capacidade de fornecer análises detalhadas e precisas, fundamentais para o avanço da pesquisa e tratamento na área oncológica.

Além da participação de pesquisadores da Fiocruz Bahia, a rede será composta de hospitais oncológicos da Bahia, instituições de referência em pesquisa e inovação como a Fiocruz Ceará, o Instituto Carlos Chagas no Paraná, o Instituto Oswaldo Cruz e o Instituto Nacional de Câncer, no Rio de Janeiro.

twitterFacebookmail
[print-me]

Fiocruz Bahia inaugura biobanco com capacidade para mais de 600 mil amostras

A segunda-feira, 16/12, foi marcada pela inauguração do Bio-IGM, o biobanco da unidade da Fundação Oswaldo Cruz na Bahia. Com capacidade para armazenar mais de 600 mil amostras, a estrutura reúne amostras biológicas coletadas através das pesquisas desenvolvidas no âmbito da instituição. O biobanco representa um importante avanço, contribuindo para o fortalecimento da ciência aberta e o compartilhamento de dados e amostras, respeitando normas técnicas e éticas necessárias para o seu funcionamento. 

Com uma estrutura robusta, o biobanco conta com ultrafreezers que alcançam a temperatura de -80ºC, refrigeradores, freezers -30ºC, um grande contêiner de nitrogênio líquido e equipamentos que garantem a qualidade e a segurança do armazenamento das amostras. O biobanco já conta com cerca de 40 mil amostras derivadas do diagnóstico da Covid-19, doença de Chagas e esquistossomose. 

A mesa de abertura contou com a participação da diretora da Fiocruz Bahia, Marilda Gonçalves; do Vice-Diretor de Pesquisa da Fiocruz Bahia, Ricardo Riccio; da superintendente de Desenvolvimento Científico da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação – SECTI, Isabel Sartori; da representante da Rede Fiocruz de Biobancos e da Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas, Daiane Sertório; do Deputado Federal, Jorge Solla; e do superintendente de Assistência Farmacêutica, Ciência e Tecnologia, representando a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (SESAB), Luiz Henrique Gonzales D’utra. Em seguida, as curadoras do biobanco, Eugênia Granado e Adriana Lanfredi apresentaram o percurso desde a criação até a instalação de toda a estrutura. 

A cerimônia também contou com a presença da diretora de Hematologia da Fundação Hemoba, Anelisa Costa Streva, da diretora do Laboratório Central de Saúde Pública-LACEN, Arabela Leal; e do assessor parlamentar Gabriel Carvalho, representando a deputada federal, Alice Portugal. 

Durante o evento, a diretora da Fiocruz Bahia, Marilda Gonçalves falou sobre a importância do biobanco para a realização de pesquisas. “A importância de um biobanco se dá exatamente para que essas etapas (construção e validação de métodos diagnósticos) sejam feitas de maneira rápida para que nós possamos dar respostas de Saúde Pública para a nossa população… Esse biobanco representa uma organização para que nós possamos enfrentar futuros agravos de Saúde Pública”, afirmou. 

O Vice-diretor de Pesquisa, Ricardo Riccio, falou da importância de tornar a ciência aberta e acessível a todos, respeitando os critérios éticos e legais. “Temos hoje um dia festivo, um dia de muita felicidade para todos nós e esperamos que esse biobanco possa fortalecer todo o ecossistema de pesquisa da Bahia e da nossa região”, afirmou. 

O Deputado Federal Jorge Solla destacou a importância de acompanhar e contribuir para conquistas como a criação do biobanco. “Conquistas como essa são fundamentais para o desenvolvimento das pesquisas em saúde em nosso estado. Então, para nós é muito importante estar acompanhando, contribuindo e presenciando as conquistas que estão sendo feitas”, ponderou. 

A representante da Rede Fiocruz de Biobancos,  Daiane Sertório, parabenizou a equipe de trabalho e destacou que, a partir de agora, o Bio-IGM passa a integrar a rede oficial da instituição, prestando um serviço para toda a comunidade científica. “Os biobancos não são só um repositório, eles são fontes de colaborações, de parcerias, são um fomento à translação do conhecimento para que pesquisa básica possa virar produtos e serviços para o SUS”, ponderou. 

Representando a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação, Isabel Sartori, reforçou o compromisso da SECTI com o desenvolvimento científico e tecnológico, destacando a parceria com a Fiocruz Bahia. “Esse é um momento de crescimento e de aprendizagem que eleva o desenvolvimento da ciência do estado da Bahia e do Brasil, e a importância da Bahia nesse cenário nacional e internacional”, destacou. 

Representando a SESAB, Luiz Henrique Gonzales D’utra destacou a necessidade de investir em políticas e ações que ajudem a fortalecer o Sistema Único de Saúde. “Essa iniciativa é uma importante ferramenta para o desenvolvimento da pesquisa, para o desenvolvimento e apoio às políticas públicas e para a colaboração nacional e internacional em pesquisas”, enfatizou.  

A cerimônia foi concluída com o descerramento da placa e uma visita guiada pelas instalações do biobanco. 

twitterFacebookmail
[print-me]

Inscrições abertas para pós-doutorado em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa

O Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia e Medicina Investigativa (PgBSMI) torna público o calendário e as normas para a seleção de bolsistas do Programa Nacional de Pós-Doutorado (PIPD/CAPES), de acordo com o estabelecido nas portarias CAPES nº 282, de 4 de setembro de 2024, e nº 307, de 24 de setembro de 2024.

As inscrições vão até 17 de janeiro de 2025. Será uma vaga, na modalidade de brasileiro com título de doutor, com duração de 12 meses, prorrogável até 24 meses. Clique aqui e consulte o edital.

twitterFacebookmail
[print-me]

Projeto Oxente Chagas inicia testagens nos municípios de Tremedal e Novo Horizonte

O projeto Oxente Chagas, que propõe validar o uso de um teste rápido para detectar a doença de Chagas, foi iniciado no município de Tremedal, a 588 km de Salvador, testando 1020 moradores do município. O projeto encontra-se também em andamento no município de Novo Horizonte, a 561 km da capital baiana. Ambas as regiões tiveram a permanência identificada do Triatoma infestans, umas das espécies do inseto conhecido como barbeiro, transmissor da enfermidade, até 2001 e 2015, respectivamente.

O pesquisador da Fiocruz Bahia e coordenador do projeto, Fred Luciano Neves Santos, explicou que a primeira ação superou as expectativas da equipe, pois era esperado um público de 600 a 700 pessoas, mas foram mais de 1000 pessoas beneficiadas no mutirão. “Além dos habitantes da zona urbana do distrito, também conseguimos levar as testagens para as casas das pessoas, contemplando indivíduos acamados ou com dificuldade de locomoção”.

A primeira ação foi realizada nas localidades contempladas pela Unidade Básica de Saúde (UBS) de São Felipe, comunidade de Tremedal. Os indivíduos que fizeram o teste, independentemente do resultado positivo ou negativo, tiveram o sangue coletado, e enviado para o Laboratório Central (LACEN) de Vitória da Conquista para a confirmação diagnóstica, e, em até 30 dias, os resultados estarão disponíveis na Secretaria Municipal de Saúde de Tremedal.

Na oportunidade, Elisabeth Almeida, moradora da Fazenda Marreca, avaliou que é muito importante ter conhecimento sobre a doença. “É uma doença grave, que se a gente descobrir enquanto é tempo, podemos ter uma cura total. Mas se descobrir tarde, a pessoa pode acabar morrendo. Inclusive eu já perdi um cunhado com 42 anos por causa dessa doença”.

Almeida destacou que ficou feliz pelo trabalho realizado na comunidade e pela oportunidade de realizar o teste. “É muito difícil para todos se deslocarem e fazer esse exame. E fiquei mais feliz ainda por não ter o problema. Espero que a maioria das pessoas também não tenha, mas caso dê positivo, que tenha tempo de tratar, para ter uma vida mais longa”, ressaltou.

O Agente Comunitário de Saúde (ACS) de Boi Velho, Matheus Rocha, compartilhou que receber o projeto é um passo para melhoria da saúde das pessoas em relação à doença de Chagas. “Na medida em que desenvolvemos aqui um trabalho pioneiro, podemos ser exemplo para outros municípios”, comentou.

Joelia Rocha, que também é agente de saúde de São Felipe, acredita que é uma conquista para a população ter acesso, por se tratar de uma região distante da cidade. “Quando é possível acessar uma iniciativa como essa, nos sentimos felizes em poder ajudar a população”, observou.

A recrutadora e estudante de doutorado da Fiocruz Bahia, Emily Ferreira, biomédica e membro da equipe do projeto, relatou que o trabalho de campo foi uma experiência totalmente diferente. “Já trabalhei em laboratório, sou professora atualmente. Mas ter o contato direto com a população, conversar sobre as suas dificuldades, muda totalmente tudo que a gente entende por realidade. O projeto me deu um novo olhar para o mundo”, pontuou.

Para João Victor França, médico veterinário, estudante de mestrado da Fiocruz Bahia, e recrutador do projeto, a iniciativa é crucial para o avanço da saúde pública e da qualidade de vida da população. “Vou sair desse projeto bastante humanizado, após visitar comunidades que são bastante humildes, que não têm o mesmo acesso que nós temos em áreas mais centrais”, concluiu.

Em Novo Horizonte o Oxente Chagas atua numa UBS rural, a Vila dos Remédios, área que tem cerca de 1200 pessoas que são assistidas, onde pretendem atender cerca de 1000 pacientes para realizar o teste.

O teste

O teste rápido é uma ferramenta inovadora que permitirá identificar casos de Chagas de forma precoce e eficiente na Atenção Primária, buscando reduzir significativamente o impacto da doença na vida das pessoas e de suas famílias. Além disso, busca facilitar o acesso ao tratamento e evitar complicações decorrentes da enfermidade.

A validação do teste rápido TR Chagas Bio-Manguinhos em campo auxiliará na sua incorporação no Sistema Único de Saúde (SUS), uma vez que já tem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), mas ainda requer uma série de estudos prévios para que seja possível dar entrada na Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS – Conitec, órgão que regulamenta a entrada de toda e qualquer tecnologia no sistema.

twitterFacebookmail
[print-me]

Mortalidade por doença de Chagas na Bahia é superior à média nacional, aponta estudo

Uma pesquisa foi realizada para analisar as tendências temporais e as diferenças regionais na taxa de mortalidade da doença de Chagas no estado da Bahia, no período de 2008 a 2018. O estudo, publicado na Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, foi coordenado pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e contou com a participação do pesquisador da Fiocruz Bahia, Gilmar Ribeiro-Jr, além de especialistas da Universidade de Brasília, Universidade Federal de Goiás e Secretaria da Saúde do Estado da Bahia.

A doença de Chagas tem alta carga de mortalidade em muitos países da América Latina, como o Brasil. O trabalho revelou que, no período estudado, a mortalidade pela doença no estado foi superior à média nacional, especialmente nas regiões de saúde de Barreiras, Guanambi, Irecê, Itaberaba, Santa Maria da Vitória e Santo Antônio de Jesus, destacadas como hotspots de mortalidade. A Bahia tem a quarta maior taxa de mortalidade do país.

O trabalho analisou séries temporais de óbitos relacionados à enfermidade usando dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade do Brasil. Os pesquisadores compararam a taxa de mortalidade por doença de Chagas como causa primária e a menção da doença na declaração de óbito, padronizada por idade e macrorregião de saúde/município de residência.

No estudo, a taxa de mortalidade por doença de Chagas na Bahia revelou tendência estacionária, variando de 5,34 (2008) a 5,33 (2018) óbitos por 100 mil habitantes. Entretanto, as quatro macrorregiões de saúde apresentaram tendência ascendente nas taxas. Também foi observada uma tendência ascendente na taxa de mortalidade entre indivíduos com idade maior ou igual a 70 anos e maior incidência de óbito entre homens do que entre mulheres. Do total de óbitos, quase 80% tiveram a enfermidade como causa básica. Complicações cardíacas foram relatadas em cerca de 85% destes óbitos.

Apesar de uma queda na mortalidade desde 2012, houve um aumento nos últimos três anos do período analisado. Além disso, a investigação recomenda políticas públicas para monitoramento e controle da doença, com foco em regiões vulneráveis e integração de vigilância epidemiológica e entomológica, visando uma resposta regionalizada e melhoria na atenção à saúde, e subsidiando um planejamento em saúde que considere as peculiaridades do território.

A doença

A doença de Chagas é uma doença infecciosa causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, e transmitida por insetos triatomíneos hematófagos (conhecidos como barbeiros), por meio de alimentos ou bebidas contaminados com o parasita, além da transmissão vertical e pelo sangue. Essa condição afeta principalmente populações socialmente vulneráveis e pode levar a casos graves da doença e morte. Isso impacta os sistemas de saúde e previdência social do país.

Devido aos recursos limitados disponíveis para pesquisa, gestão, diagnóstico e tratamento, a doença de Chagas é classificada como uma doença tropical negligenciada. A taxa de mortalidade pela enfermidade é alta no Brasil, respondendo por 74,9% das mortes atribuídas a doenças tropicais negligenciadas entre 2000 e 2019

Por Jamile Araújo, com supervisão de Júlia Lins.

twitterFacebookmail
[print-me]

Fiocruz Bahia apresenta resultados do estudo multicêntrico com populações indígenas

A Fiocruz Bahia participou do encontro entre o Núcleo de Estudos em Saúde Indígena – Nesi e representações da Secretaria de Saúde Indígena – SESAI, no Distrito Sanitário Especial Indígena – DSEI Bahia, no dia 08 de novembro. 

Durante o encontro foram apresentados os resultados do Estudo Multicêntrico de Doenças Infecciosas na População Indígena, coordenado pela pesquisadora da Fiocruz Bahia, Isadora Siqueira. O estudo tem como principal objetivo identificar a soroprevalência de doenças como a dengue, zika e chikungunya, além da sífilis e a doença de Chagas. Na oportunidade, também foram distribuídas as cartilhas educativas produzidas pela equipe do projeto. 

A diretora da Fiocruz Bahia, Marilda Gonçalves, falou sobre o compromisso da instituição com as comunidades indígenas do estado, ressaltando a importância da continuidade do projeto. “Eu fiquei entusiasmada com os resultados que foram apresentados e com a aderência dos indígenas. Temos perspectiva de ampliar o projeto para outros povos indígenas e de trabalhar na melhoria da saúde desta população”, afirmou. 

A coordenadora do projeto, Isadora Siqueira, falou sobre a parceria e os planos para o próximo ano. “Após a finalização da primeira etapa do projeto,  que ocorreu nos territórios indígenas dos povos Pataxós, Tupinambás, Kiriri e Kaimbé, estamos apresentando nossos resultados ao DSEI- BA, que foi um grande parceiro em todas as etapas do projeto. Aproveitamos a oportunidade de reforçar a parceria com o DSEI-BA para as atividades do projeto no próximo ano”, disse. 

Para o coordenador do DSEI Bahia, Cacique Flávio Kaimbé, essa foi uma oportunidade de unir esforços em prol da saúde dos povos indígenas. “Esperamos continuar com essa parceria, atendendo outras comunidades, garantindo um trabalho seguro e eficiente. Os povos indígenas da Bahia precisam desse trabalho que a Fiocruz presta com tanta eficiência e qualidade”, disse.

Távila Guimarães, chefe da Divisão de Atenção à Saúde Indígena, também falou sobre a relevância do projeto e a importância da apresentação dos dados coletados pela iniciativa. “Esses dados irão nos ajudar a qualificar o processo de atenção à saúde que é realizado junto à comunidade indígena nos territórios da Bahia. Esses dados nos ajudam a repensar e planejar as nossas ações futuras em territórios indígenas”, destacou. 

O estudo contou com um corpo de pesquisadores da Fiocruz Bahia, Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade de Brasília (UnB), Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e Universidade Federal Grande Dourados (UFGD). Para o desenvolvimento do NESI, a unidade tem o apoio do Distrito Sanitário Indígena da Bahia (DSEI-BA) e do Mato Grosso do Sul (DSEI-MS).

twitterFacebookmail
[print-me]

Estudo compara desempenho diagnóstico de lipídios de diferentes cepas de M. tuberculosis

Um estudo avaliou o uso de lipídios apolares em testes de ELISA (Enzyme Linked Immuno Sorbent Assay), um tipo de exame laboratorial, para ajudar no diagnóstico da tuberculose. O trabalho teve a participação dos pesquisadores da Fiocruz Bahia, Fred Luciano Neves Santos, Sérgio Arruda e Adriano Queiroz, e foi publicado no periódico Diagnostic Microbiology and Infectious Disease.

Os pesquisadores usaram lipídios apolares extraídos de duas cepas da bactéria Mycobacterium tuberculosis, uma normal (selvagem) e outra modificada geneticamente (knockout), para testar se essas substâncias poderiam ser usadas para identificar a doença. Eles analisaram amostras de sangue de 45 pacientes com tuberculose, bem como de pessoas saudáveis com resultados positivos e negativos para a doença em outro teste chamado IGRA (Interferon Gamma Release Assay), um teste sorológico que mede a resposta do sistema imunológico à bactéria da tuberculose. Além disso, o estudo avaliou indivíduos com sintomas respiratórios, mas sem a enfermidade.

Os resultados mostraram que os anticorpos IgG contra os lipídios da cepa selvagem conseguiram diferenciar os pacientes com tuberculose dos indivíduos saudáveis positivos no IGRA, mas com uma precisão moderada. Já os lipídios da cepa modificada não apresentaram grandes diferenças entre os grupos. Os pesquisadores destacaram que pessoas com sintomas respiratórios, mas sem tuberculose, tiveram níveis elevados desses anticorpos, o que chamou a atenção. Apesar disso, os lipídios apolares de Mycobacterium tuberculosis, de modo geral, não se mostraram muito eficazes como ferramenta diagnóstica.

No entanto, os resultados sugerem que certos lipídios que faltam na cepa modificada podem ter importância na resposta imunológica em pacientes com a doença. A investigação aponta para a necessidade da realização de mais estudos de triagem de antígenos baseados em classes lipídicas que possam identificar alvos promissores para o desenvolvimento de um novo teste de diagnóstico de tuberculose baseado em ELISA.

twitterFacebookmail
[print-me]

Desempenho diagnóstico de proteínas para a doença de Chagas é tema de estudo

fred luciano chagasO pesquisador da Fiocruz Bahia, Fred Luciano, foi o primeiro autor do artigo Accuracy of chimeric proteins in the serological diagnosis of chronic chagas disease – a Phase II study, publicado no periódico PLOS Neglected Tropical Desease, no dia 8 de março. O trabalho, desenvolvido em parceria com o Instituto Carlos Chagas (Fiocruz Paraná), Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães (Fiocruz Pernambuco) e Biomanguinhos (Fiocruz-RJ), descreve um estudo de Fase II, que buscou testar o desempenho diagnóstico de quatro proteínas quiméricas para a doença de Chagas.

O diagnóstico laboratorial da doença de Chagas crônica é baseado na pesquisa de anticorpos específicos contra o parasita causador da doença, o Trypanosoma cruzi. Diversas metodologias diagnósticas estão comercialmente disponíveis, mas os seus desempenhos dependem da matriz antigênica utilizada para identificar estes anticorpos.

Neste estudo, os pesquisadores testaram, através de imunoensaio, o desempenho diagnóstico das proteínas quiméricas IBMP-8.1, IBMP-8.2, IBMP-8.3 e IBMP-8.4, compostas por diversos epítopos repetitivos do parasita. Inicialmente, os antígenos foram expressos em Escherichia coli e purificados por métodos cromatográficos. Após esta etapa, foi avaliada a acurácia das proteínas em diagnosticar a doença de Chagas crônica, utilizando amostras de soro de 857 indivíduos portadores da doença e de 689 indivíduos não infectados.

Os resultados mostraram valores do odds ratio diagnóstico (ORD) – medida de eficácia de um diagnóstico – de 6.462 para o antígeno IBMP-8.1, 3.807 para o IBMP-8.2, 32.095 para o IBMP-8.3 e 283.714 para o IBMP-8.4, números superiores àqueles encontrados para alguns testes comerciais. Também foram analisadas 1.079 amostras de indivíduos positivos para outras doenças, para verificação de reações cruzadas, e o índice de reatividade encontrado foi considerado baixo, variando de 0,37% a 0,74%, mesmo para Leishmania spp., patógeno que apresenta similaridade antigênica com o T. cruzi.

O conjunto dos resultados permitiu concluir que as proteínas IBMP são estáveis e apresentaram resultados reprodutíveis. Além disso, os achados mostram que o antígeno IBMP-8.4 pode ser seguramente usado em testes sorológicos para T. cruzi, tanto para triagens em bancos de sangue quanto para o diagnóstico laboratorial da doença.

Clique aqui para acessar o artigo na íntegra.

 

twitterFacebookmail
[print-me]

Dissertação caracterizou molecularmente cepas de N. meningitidis isoladas de portadores assintomáticos

AUTORA: Ana Rafaela Silva Simões Moura
ORIENTADORA: Alan John Alexander McBride
TÍTULO DA TESE: “Caracterização molecular de cepas de Neisseria meningitidis isoladas de portadores assintomáticos de 11 a 19 anos de idade residentes em Salvador, BA”
PROGRAMA: Mestrado em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa- Fiocruz Bahia
DATA DE DEFESA: 16/03/2017

RESUMO

INTRODUÇÃO: Neisseria meningitidis é uma bactéria que tem como nicho ecológico a nasofaringe dos humanos e que ocasionalmente pode vir a causar doenças, como a meningite e a septicemia. O perfil populacional dos isolados de N. meningitidis é altamente diversificado tanto geneticamente como antigenicamente, devido à plasticidade genômica característica de Neisseria spp. e as frequentes transferências horizontais de genes observadas neste microrganismo. Uma vez que os jovens adultos são considerados os principais portadores e transmissores deste microrganismo e, consequentemente, fonte de alelos virulentos, o estudo da população de portadores do meningococo pode fornecer informações úteis para a compreensão da epidemiologia molecular do meningococo e para embasar medidas de prevenção contra este microrganismo. O objetivo desse estudo consiste em caracterizar molecularmente cepas de N. meningitidis isoladas de portadores assintomáticos da cidade de Salvador, Bahia. Para este estudo foram coletados material de orofaringe de 1.200 alunos de 11 a 19 anos de idade, de 137 escolas da rede pública de Salvador. METODOLOGIA: Um total de 59 cepas de N. meningitidis foram identificadas através de métodos clássicos. A identificação dos genogrupos foi realizada através da técnica de PCR em tempo real ou por sequenciamento do genoma total. Os 59 isolados foram caracterizados genotipicamente através da técnica de Multilocus Sequence Typing e através da genotipagem das proteínas de membrana externa (PorA, PorB, FetA) e dos antígenos vacinais do sorogrupo B (fHbp, NadA e NhbA). RESULTADOS: Dos 59 isolados, 36 (61%) apresentaram-se não grupáveis. Entre as cepas capsuladas, o genogrupo B foi o mais prevalente (11,8%), seguido do Y (8,4%), E (6,7%), Z (5%), C (3,3%) e W (3,3%). Foram identificados 34 STs distribuídos em 14 complexos clonais, incluindo oito (23,5%) STs novos. O complexo clonal mais frequente foi o ST-1136 em 20% dos isolados. Dentre as variações de PorA e FetA, as mais prevalentes descritas foram P1.18,25-37 (11,86%), P1.18-1,3 (10,17%) e F5-5 (23,73%), F4-66 (16,95%) e F1-7 (13,56%), respectivamente. Observou-se um predomínio das proteínas de classe 3 (93,22%) dentro das variantes de PorB descritas. As três principais variantes da lipoproteína fHbP foram encontradas nos isolados com a variante fHbp 2 sendo a mais prevalente (n=30; 50,8%), seguida pela fHbP-1 (n=15; 25,4%) e fHbP-3 (n=14; 23,7%). Cerca de 90% dos isolados não apresentaram o gene nadA, enquanto que todos os isolados possuíam o gene nhba, sendo as subvariantes 10 (18,64%) e 600 (16,95%) as mais prevalentes. Foi possível observar, ainda, a presença de isolados com perfis semelhantes aos de outras cepas de linhagens hipervirulentas responsáveis por surtos descritos ao redor do mundo e do Brasil, como B: P1.19,15: F5-1: ST-639 (cc32); C: P1.22,14-6: F3-9: ST-3780 (cc103) e W: P1.5,2: F1-1: ST-11 (cc11). CONCLUSÃO: Os resultados obtidos destacam a necessidade de uma contínua vigilância molecular de N. meningitidis e o monitoramento de cepas emergentes. A distribuição de proteínas de membrana externa e dos antígenos vacinais do sorogrupo B podem ser de grande importância para avaliar os efeitos de medidas preventivas futuras contra a doença meningocócica.

Palavras-chave: Neisseria meningitidis, linhagens hipervirulentas, portador assintomático, complexos clonais.

twitterFacebookmail
[print-me]

Especialistas sugerem escala de pontuação de sinais clínicos para ajudar no diagnóstico da leishmaniose

MEMORIAS IOC-Scoring clinical signs can help diagnoseEm artigo publicado no periódico “Memórias do Instituto Oswaldo Cruz”, em janeiro de 2017, pesquisadores discutem o desenvolvimento de uma escala de pontos para facilitar o diagnóstico da leishmaniose visceral canina. Intitulada Scoring clinical signs can help diagnose canine visceral leishmaniasis in a highly endemic area in Brazil, a publicação conta com a assinatura dos pesquisadores da Fiocruz Bahia Aldina Maria Prado Barral e Manoel Barral Netto, atual vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz.

A leishmaniose visceral é uma doença causada pela infecção do protozoário Leishmania infantum chagasi, transmitida através da picada do mosquito-palha e disseminada na América Latina. Caracteriza-se por febre de longa duração, perda de peso, astenia, adinamia e anemia. No Brasil, país onde ocorrem 90% dos casos na América Latina, mais de 3.300 pessoas são afetadas todo ano.

A zoonose, a princípio considerada rural, vem se expandindo para o meio urbano. Nas cidades, os cães são os principais reservatórios do parasita e, por essa razão, são considerados a principal fonte de infecção. Contudo, devido a uma limitação de recursos para diagnóstico em áreas endêmicas de leishmaniose visceral, a identificação dos cães infectados é dificultada.

Nesse contexto, em parceria com a Universidade Federal do Piauí, Universidade Federal da Bahia e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia, a equipe de especialistas propôs uma escala de pontuação com o potencial de distinguir casos positivos e negativos de infecção da leishmaniose visceral canina, que varia de acordo com sinais clínicos e gravidade das lesões. O trabalho foi desenvolvido com avaliação de 265 cães que apresentaram resultado positivo para leishmaniose visceral no teste diagnóstico ELISA e em testes parasitológicos.

Resultados – Constatou-se que cães infectados tiveram uma maior manifestação da maioria das evidências clínicas, previstos na escala de pontuação, como aumento dos gânglios linfáticos, lesões de focinho e orelha, estado nutricional, mucosa pálida, onicogrifose, lesões cutâneas, hemorragia, despigmentação do focinho, alopecia, blefarite e ceratoconjutivite em relação aos não infectados ou daqueles com erliquiose, que pode ser uma condição confundidora para o diagnóstico de LVC no Brasil.

Concluiu-se que a pontuação baseada nas evidências clínicas pode auxiliar veterinários a identificar de forma mais precisa cães infectados em áreas endêmicas, que contam com recursos limitados para o diagnóstico.

Clique aqui para acessar o artigo na íntegra.

 

twitterFacebookmail
[print-me]

European Journal of Medicinal Chemistry publica estudo sobre nova série de compostos contra doença de Chagas

Phthalimido-thiazolesO artigo Phthalimido-thiazoles as building blocks and their effects on the growth and morphology of Trypanosoma cruzi traz um estudo realizado pelos pesquisadores da Fiocruz Bahia, Diogo Moreira e Milena Soares e da doutouranda Tanira Bastos, que aborda a síntese e a atividade anti- Trypanosoma cruzi de uma nova série de compostos químicos da classe de ftalimidos-tiazóis. Publicada no European Journal of Medicinal Chemistry, a pesquisa foi realizada em parceria com o Hospital São Rafael (Salvador), o Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães (Fiocruz Pernambuco) e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

A doença de Chagas é uma infecção parasitária causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, que afeta entre 6 e 7 milhões de pessoas no mundo. Os medicamentos existentes para o tratamento da doença de Chagas, o benznidazol e o nifurtimox, foram introduzidos na clínica na década de 70. Ambos os fármacos apresentam boa eficácia quando administrados logo após a infecção, durante a fase aguda da doença, incluindo os casos de transmissão congênita. Entretanto, a eficácia de cura diminui se administrados em uma fase mais tardia e com baixa parasitemia. Com isso, o tratamento da doença de Chagas é considerado limitado durante a fase crônica da infecção.

De acordo com os especialistas, os dados da pesquisa revelam, pela primeira vez, uma nova série de compostos ftalimido-tiazóis com efeitos potenciais contra o T. cruzi. Alguns dos compostos testados apresentaram potente atividade inibitória da forma tripomastigota do parasito em concentração não tóxica a esplenócitos, indicando a seletividade destes. Além disso, o tratamento dos parasitos com compostos ftalimido-tiazóis causou alterações ultraestruturais em diferentes compartimentos celulares incluindo encurtamento do flagelo, condensação da cromatina, inchaço das mitocôndrias, alterações nos reservossomos e dilatação do retículo endoplasmático.

Clique aqui para acessar o artigo publicado em janeiro de 2016.

 

 

twitterFacebookmail
[print-me]

Pesquisa analisa a presença do Pneumococo em crianças antes da introdução da vacina PCV 10

Nasopharyngeal carriageEstudo coordenado por pesquisadores da Fiocruz Bahia apresenta dados sobre a presença do Pneumococo em crianças antes da introdução da vacina conjugada pneumocócica-10 (PCV 10), no Brasil. Os especialistas realizaram testes para analisar a associação entre os fatores de risco demográficos e as chances de ser colonizado com um sorotipo de alta ou baixa capacidade de causar doença invasiva. Os resultados dessa pesquisa estão no artigo “Nasopharyngeal carriage of Streptococcus pneumoniae among children in an urban setting in Brazil prior to PCV10 introduction”, publicado pelo periódico Vaccine, vinculado a editora científica Elsevier.

Participaram do estudo os pesquisadores da Fiocruz Bahia Jailton Azevedo, Leila Campos, Mitermayer Reis, Albert Ko, Guilherme Ribeiro e Joice Reis e a doutouranda Ana Paula Menezes, em parceria com a Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP Fiocruz- RJ), Universidade Federal da Bahia (UFBA), Centers for Disease Control & Prevention, (Atlanta- EUA) e Yale School of Public Health (New Haven- EUA).

O estudo – Os cientistas realizaram a pesquisa com cerca de 200 crianças, com idade inferior a 5 anos, do bairro de Pau da Lima (Salvador), entre janeiro de 2008 e janeiro de 2009. Através de entrevistas com a família destas crianças, os pesquisadores coletaram dados sociodemográficos e de saúde. Também foram recolhidas amostras da cavidade nasal de cada criança e feito o isolamento e análise da bactéria Streptococcus pneumoniae.

Os resultados da pesquisa mostraram uma prevalência de 55% de presença da bactéria Streptococcus pneumoniae na nasofaringe das crianças. Foi detectado, por meio de análise multivariada, que as variáveis associadas à presença da bactéria foi ter contato com três ou mais crianças menores de 2 anos de idade e residir em casas superlotadas, fatores associados também à colonização por sorotipos altamente invasivos.

Segundo os especialistas, a pesquisa fornece informações básicas sobre a presença do pneumococo, que podem ser importantes no monitoramento e avaliação da vacina PCV-10. Os cientistas concluíram que as condições de alta densidade demográfica, fato comum em comunidades, desempenham papel relevante na transmissão do pneumococo. Em outros países, depois da introdução da vacina pneumocócica conjugada, foram observadas mudanças no sorotipo, substituição e expansão de pneumococos por sorotipos não incluídos na vacina. Por isso, é essencial haver um monitoramento dessas comunidades depois da introdução das vacinas.

Clique aqui e leia na íntegra o artigo publicado em dezembro de 2015.

 

twitterFacebookmail
[print-me]

Estudo de pesquisadora da Fiocruz Bahia repercute na imprensa internacional

Estudos sobre a relação dos vírus da dengue, da zika e da chikungunya com complicações neurológicas em pacientes infectados, realizados pela pesquisadora da Fiocruz Bahia Isadora Siqueira e pelo neurologista e estudante de mestrado da Fiocruz Bahia Mateus do Rosário, tiveram repercussão na imprensa internacional. Os resultados deste estudo, desenvolvido em parceria com pesquisadores dos Estados Unidos, foram apresentados em uma reunião da American Society of Tropical Medicine and Hygiene (Sociedade Americana de Medicina Tropical e Higiene) e repercutiram em veículos como o The Wall Street Journal, NBC News e Science Daily.

As pesquisas trataram da interação e atuação conjunta dos vírus da dengue e da chikungunya com o vírus Zika. As análises mostraram que cada um desses vírus pode ter o potencial de causar diversas complicações neurológicas, algumas muito graves, e os sintomas devem ser monitorados. Os achados de um estudo em andamento, em dois hospitais de Salvador, relatam 21 casos de doenças neurológicas associadas com arbovirus, sendo a maioria delas a síndrome de Guillain-Barré.

Observou-se também casos de encefalite e de dois pacientes, no mesmo hospital, com a rara síndrome de opsoclonus-mioclonos (ou síndrome de Kinsbourne). Um deles testou positivo para zika e dengue, enquanto o outro tinha chikungunya e dengue. “O que é difícil de determinar é se ter uma coinfecção com dois desses vírus aumenta o risco de problemas neurológicos. Nós ainda estamos avaliando o caso de um paciente que foi infectado com ambos, dengue e chikungunya”, afirmou Isadora Siqueira.

Estes estudos sobre a síndrome de Guillain-Barré também resultaram no artigo Case Report: Guillain–Barré Syndrome after Zika Virus Infection in Brazil, assinado pelos pesquisadores da Fiocruz Bahia, que traz relatos de dois casos de pacientes infectados pelo vírus zika, que apresentaram sintomas da síndrome de Guillain-Barré. Foi detectada, através de testes diagnósticos, a presença de anticorpos IgM específicos para o vírus Zika, confirmando a infecção pelo vírus associado ao surgimento dos sintomas da síndrome.

twitterFacebookmail
[print-me]