A comemoração em homenagem aos 68 anos da Fiocruz Bahia será realizada no dia 26 de maio, às 10 horas, na instituição. O evento é gratuito e aberto ao público. Na ocasião a diretora Marilda de Souza Gonçalves vai realizar uma apresentação sobre o histórico e as atividades da instituição, ressaltando sua importância para a geração e difusão de conhecimento científico e tecnológico no estado da Bahia e no Brasil. Além disso, serão lançados produtos de memória institucional.
Fundado em 1957, como Núcleo de Pesquisa da Bahia (NEB), por meio de um convênio com o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), a unidade técnico científica da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no estado completa 68 anos de história e contribuições para a ciência e a saúde. São quase sete décadas atuando, principalmente, na produção de conhecimento em doenças infecciosas e parasitárias, crônicas e degenerativas, buscando novas formas de diagnósticos e tratamentos mais eficazes, além do enfrentamento de epidemias, sendo as mais recentes, o surto de zika, em 2016, e a pandemia de Covid-19.
O pesquisador da Fiocruz Bahia, Mitermayer Galvão dos Reis, tomou posse no dia 08 de maio, como membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC) na categoria Ciências da Saúde. Além do cientista, mais 16 membros titulares, 6 correspondentes e 30 afiliados receberam seus diplomas. O evento foi realizado durante a Reunião Magna da ABC, no Rio de Janeiro.
Mitermayer Reis é doutor em Patologia Humana pela Universidade Federal da Bahia, realizou pós-doutorado na Escola de Saúde Pública de Harvard, nos EUA, e outro na Case Western Reserve University, também nos EUA. Destaca-se em pesquisas na área de epidemiologia clínica e molecular, e imunopatogênese de doenças infecciosas e parasitárias, com foco em arboviroses, câncer, doença de Chagas, esquistossomose, hepatites virais, leptospirose, meningites bacterianas e viroses respiratórias.
A Fiocruz Bahia realizou no dia 30 de abril, o evento “Olhares sobre a Saúde Indígena: imagens que integram pesquisa e território”. Promovido pelo Núcleo de Estudos da Saúde Indígena (NESI), no contexto do Abril Indígena, o encontro teve apresentação de projetos de pesquisa sobre a saúde da população indígena, rodas de conversa, apresentação de documentário e exposição.
A mesa de abertura contou com representantes da Fiocruz Bahia, Distrito Sanitário Especial Indígena da Bahia (DSEI-BA), NESI, Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia (MUPOIBA), Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (SESAB) e Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (SEPROMI).
A diretora da Fiocruz Bahia, Marilda Gonçalves, destacou que a divulgação dos resultados de pesquisas relacionadas à saúde indígena é importante para que possam ser transformados em políticas públicas de saúde. “É muito importante estarmos aqui recebendo as lideranças, a população indígena, e discutindo esses resultados. Espero que possamos aumentar o número de aldeias visitadas, e ampliar o número de pesquisadores atuando nessa área”, afirmou.
Para a pesquisadora da Fiocruz Bahia e coordenadora do NESI, Isadora Siqueira, o evento foi um momento importante de socialização dos resultados das pesquisas desenvolvidas pelo núcleo, além de constituir um espaço de diálogo entre ciência e territórios. “Tivemos a honra de contar com a presença de profissionais da saúde indígena e lideranças indígenas, que participaram ativamente das mesas de conversa, enriquecendo as discussões com suas experiências e perspectivas. A atividade reafirmou o compromisso da Fiocruz com a promoção de uma ciência comprometida com os direitos dos povos indígenas e com a construção de políticas públicas de saúde baseadas no respeito, na escuta e na interculturalidade”, declarou.
No evento foram apresentados os projetos “Estudo Multicêntrico de Doenças Infecciosas em populações Indígenas” e “Instituto de Pesquisa em Populações Prioritárias: o que somos e o que propomos fazer”. Houve ainda a exibição do documentário e exposição “Olhares sobre a Saúde Indígena – Imagens que integram pesquisa e território”. Para finalizar, as rodas de conversa “Diálogos Indígenas sobre Saúde: Fiocruz nos Territórios Indígenas” e “Conexões entre Fiocruz e DSEI-BA pela Saúde Indígena” contaram com a participação de lideranças indígenas, representantes dos Polo Base Ribeira do Pombal, Euclides da Cunha e Paulo Afonso, além do cacique da Aldeia Nova Pankararé, Elismar Lima, de Rodelas.
Agnaldo Pataxó Hã Hã Hã, coordenador do MUPOIBA, comentou sobre a importância da atividade e do retorno do trabalho realizado nos territórios para a comunidade. “Pudemos comprovar com a apresentação do trabalho, a partir do diálogo com os pesquisadores e nossas lideranças, que a pesquisa é importante para diagnosticar doenças e para fazer o tratamento. Até porque na nossa comunidade há uma certa dificuldade de diagnóstico, temos sofrido muito com diagnóstico tardio ou errado, aí entra a importância da Fiocruz”, pontuou.
De acordo com o coordenador da DSEI-BA, Cacique Flávio Kaimbé, o evento demonstra a parceria e trabalho da Fiocruz junto ao DSEI. “Essa parceria tem se fortalecido a cada dia, levando mais saúde para a população indígena do estado. O evento é de uma importância grandiosa para que a gente possa dialogar, alinhar e buscar fazer um trabalho conjunto DSEI, Fiocruz, NESI, que possa trazer mais saúde para a população indígena do nosso estado”.
Sirlene Pataxó, responsável técnico Polo Base Porto Seguro do DSEI, observou a importância de estreitar o diálogo para promover uma melhor saúde para a comunidade. “Estamos muito felizes de estar aqui hoje, participar da roda de conversa, e foi muito gratificante poder falar dos nossos desafios diários na nossa comunidade, e assim poder falar o quão relevante é esse tema da saúde indígena”.
Chefe da Divisão de Atenção à Saúde Indígena (DIASI) do DSEI – BA, Tavila Guimarães, reforçou a importância do evento que se soma a luta dos povos indígenas, no abril indígena, um cotidiano de resistência dessa população. “Tivemos a oportunidade de sentar-se com outros parceiros para dialogar sobre esses dados, e pensar a partir deles as intervenções que serão propostas. Foi um momento de grande importância, que soma esse olhar que nós temos com relação à saúde, formada por várias mãos e vários atores”.
Para a liderança indígena da Aldeia Acuipe do Meio I, Nicinha Tupinambá, a atividade fortaleceu a luta dos povos indígenas. “Estar aqui é a certeza de que temos parceiros competentes, capazes de fazer com que tenhamos visibilidade. Não estamos invisíveis para a sociedade, temos pessoas doentes e carentes, mas nesse espaço tem pessoas capazes de fazer a diferença. Assim como na comunidade, tivemos aqui uma experiência de troca de conhecimento importante”, concluiu.
Curso sobre identificação e vigilância de maruins vetores da febre oropouche foi realizado entre os dias 28 e 30 de abril, em Salvador. Organizada pela Fiocruz Bahia e Fiocruz Amazonas, em colaboração com a Universidade do Estado da Bahia (UNEB), a formação teve como objetivo capacitar profissionais de saúde, estudantes e agentes na tarefa de identificar os maruins vetores e fortalecer as estratégias de vigilância epidemiológica e ambiental.
A mesa de abertura do evento foi composta por Alina Lins, diretora do Departamento de Ciências da Vida (DCV), da UNEB; Isadora Siqueira, pesquisadora da Fiocruz Bahia; Artur Dias Lima, professor da UNEB; e Felipe Pessoa, pesquisador da Fiocruz Amazônia. A programação contou com um ciclo de palestras teóricas com breve história do vírus Oropouche; aspectos epidemiológicos e clínicos; complicações neurológicas da febre oropouche; taxonomia e conservação de vetores; já a parte prática, abrangeu o tema da taxonomia e coleta relacionadas à conservação de vetores.
De acordo com Isadora Siqueira, esse é o primeiro curso com a perspectiva da análise entomológica, ou seja, estudo dos insetos vetores do Oropouche, realizado no estado. “É um curso de extrema importância para a questão das arboviroses e relacionado às epidemias recentes do vírus Oropouche em vários estados do Brasil e na Bahia”. A pesquisadora disse ainda que espera que seja o primeiro de muitas edições.
A febre oropouche é uma doença viral transmitida principalmente por maruins (Culicoides paraensis) e causada pelo vírus Oropouche. A doença, identificada em 1955 em Trinidad e Tobago e na Amazônia, tem avançado no país, gerando um alerta na saúde pública devido aos sintomas semelhantes aos da dengue, bem como ao potencial para surtos urbanos e quadros graves.
Felipe Pessoa, pesquisador da Fiocruz Amazônia, explicou que a febre oropouche era uma situação basicamente amazônica que está se espalhando em toda a América Latina e traz consequências no que se conhecia sobre os vetores, reservatórios e surtos. “Aparentemente temos uma situação um pouco diferente da situação amazônica no resto do Brasil. Estamos tentando compreender a dinâmica de quem está transmitindo, as áreas que estão tendo a ocorrência desses surtos, para formar um link de trabalho e troca de experiências no estado, para que em um futuro muito próximo, possamos dar ideias e conselhos para medidas de controle, ou pelo menos de diminuição do número de casos em humanos, e assim podermos ter predições e prevenção da doença”, pontuou.
Pessoa compartilhou que a proposta do curso é conversar sobre a ecologia mais voltada ao Culicoides, chamado popularmente de maruim ou mosquito-pólvora, para aprender a identificar especificidades da espécie e assim avançar nas pesquisas. “A identificação dos Culicoides é um pouco complexa, pois é preciso verificar várias estruturas morfológicas e identificar a espécie. É um inseto diminuto, pode variar de um até dois milímetros e meio, e nós temos pouquíssimos taxonomistas desses insetos na América Latina. A ideia é as pessoas saberem reconhecer o que é um Culicoides, aprender a manejar as chaves de identificação para podermos conhecer um pouquinho da fauna daqui da Bahia”, afirmou.
Artur Dias Lima, professor do Departamento de Ciências da Vida (DCV) da UNEB e da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, comentou que nos últimos períodos o vírus tem chamado a atenção de diversos segmentos, seja dentro dos setores da epidemiologia, do governo federal, das secretarias de saúde estaduais ou municipais.
“Nesse processo, a universidade entra exatamente na formação das pessoas que vão trabalhar no controle dessa doença. Então é importante esse encontro, de onde vão surgir bons projetos de trabalho para investigar mais a fundo o Oropouche e os seus vetores, bem como trabalhar perspectivas de profilaxia e controle”, concluiu. A parte prática do curso, também contou com a presença da Dra. Claudia Rios Velasquez, e Jhonata Santiago, da Fiocruz Amazônia, e pela taxonomista Sâmia Luzia Sena da Silva, do Instituto Evandro Chagas, Pará.
Os candidatos a diretor da Fiocruz Bahia para o quadriênio 2025 a 2029 participaram de debate com servidores e colaboradores da instituição. O evento, organizado pela comissão eleitoral da Fiocruz Bahia, foi realizado na manhã do dia 28 de abril, no auditório Sonia Andrade.
Gilmar Ribeiro, Ricardo Riccio e Valdeyer Reis apresentaram suas propostas e responderam a perguntas anônimas enviadas pela comunidade, via formulário eletrônico e sorteadas na ocasião, e pelo público presente, mediados pela jornalista Gabriela De Paula. A votação ocorrerá nos dias 05 a 07 de maio e o resultado será divulgado logo após o encerramento da votação. Os documentos do processo eleitoral podem ser consultados neste link.
A Coordenação do Programa Institucional de Iniciação Científica (PROIIC) da Fiocruz Bahia divulga o resultado da 1ª Etapa do Edital PIBIC FAPESB – 2025 do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação Científica (PIBIC), apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) através do sistema de cotas institucionais.
Todos os orientadores aprovados deverão proceder com a indicação do estudante bolsista conforme descrito no Edital, entre os dias 29/04 a 12/05/2025. Para a implementação da bolsa na FAPESB é necessário encaminhar os documentos solicitados para o e-mail proiic@fiocruz.br. Os documentos devem ser encaminhados em formato PDF, sendo cada documento um arquivo, nomeados conforme descrito no Edital.
Entre os dias 28 e 30 de abril, será realizado o “I Curso de Identificação e Vigilância de Maruins Vetores e da Febre Oropouche do Estado da Bahia”. O curso é uma realização da Fiocruz Bahia e Fiocruz Amazonas, em colaboração com a Universidade do Estado da Bahia (UNEB), e tem como objetivo fornecer um panorama completo e atualizado sobre a febre oropouche, explorando seus aspectos históricos, clínicos e epidemiológicos. As vagas são limitadas.
A formação visa capacitar profissionais de saúde, estudantes e agentes na tarefa de identificar os maruins vetores e fortalecer as estratégias de vigilância epidemiológica e ambiental. Ao longo de três dias de atividades teórico-práticas, que irão ocorrer na Fiocruz Bahia e na UNEB, os participantes do curso terão a oportunidade de aprender com especialistas renomados na área e aprofundar seus conhecimentos sobre esta importante questão de saúde pública.
A iniciativa resulta da preocupação com a febre oropouche, doença viral transmitida principalmente por maruins (Culicoides paraensis) e causada pelo vírus Oropouche. A doença, identificada em 1955 em Trinidad e Tobago e na Amazônia, tem avançado no Brasil e na Bahia, gerando um alerta na saúde pública devido aos sintomas semelhantes aos da dengue, bem como ao potencial para surtos urbanos e quadros graves. A identificação precisa dos vetores, o controle eficaz de sua população e a vigilância contínua são considerados pilares para a prevenção.
O ciclo de palestras teóricas é aberto ao público geral e não necessita de inscrição. A programação será realizada na Sala de Reuniões da Biblioteca da Fiocruz Bahia, no dia 28 de abril, a partir das 09 horas, com mesa de abertura, breve história do vírus Oropouche e aspectos epidemiológicos.
O Festival Internacional de Divulgação Científica Pint of Science 2025, em Salvador, ocorrerá de 19 a 21 de maio, das 19h às 22h, na Cervejaria Art Malte, no Rio Vermelho, com entrada gratuita. Os temas das mesas nos três dias serão “Poderes plurais: Ciência e interseccionalidades”, “Ciência está em tudo: Crise ecológica, povos originários e desinformação” e “Pinceladas da mente: Neurociências e saúde mental”, respectivamente.
O festival é coordenado mundialmente a partir de Londres e celebra dez anos desde que chegou ao Brasil, em 2015. No Nordeste ocorre desde 2017, sob a coordenação do pesquisador Denis Soares, da UFBA, que também coordenou o evento na capital soteropolitana. Desde 2024, em Salvador, a coordenação geral é da cientista Valéria Borges, da Fiocruz Bahia.
Este ano, o evento acontecerá simultaneamente em 25 países e em mais de 400 cidades em todo o mundo. O Brasil é a nação com maior número de cidades confirmadas. Ao todo, são 169 municípios participantes no país, incluindo a capital soteropolitana.
Não será necessário fazer inscrição prévia. No local, será cobrado somente o valor do consumo.
Pesquisadores propuseram um conjunto de ferramentas e intervenções para gerenciar o risco crescente de doenças transmitidas por vetores na Europa, diante das mudanças climáticas, da degradação ambiental e da globalização, que têm ampliado a presença de insetos e expondo populações de países desse continente a novos patógenos.
O trabalho teve o objetivo de ajudar os formuladores de políticas a adaptarem estratégias de preparação e controle de doenças, a partir das lições aprendidas em países que enfrentam transmissão endêmica e acumulam décadas de experiência no enfrentamento desses desafios, oferecendo referências valiosas para adaptação local. O pesquisador da Fiocruz Bahia, Guilherme Ribeiro, participou do trabalho, que foi publicado no periódico The Lancet Regional Health – Europe.
Os métodos utilizados na pesquisa incluíram uma busca sistemática por melhores práticas e literatura recente nas bases Google Acadêmico e PubMed (junho de 2024), através de termos como “doença infecciosa sensível ao clima”, “arbovírus”, “vetor”, “mosquito”, “carrapato”, “febre hemorrágica da Crimeia-Congo”, entre outros. A seleção foi orientada para identificar estudos relevantes sobre prevenção e controle de vetores, com ênfase em intervenções eficazes implementadas em cenários endêmicos.
Também foram analisados dois estudos de caso que exemplificam como essas práticas podem ser aplicadas no contexto europeu: a emergência do Aedes aegypti na República do Chipre; e o surto de febre hemorrágica da Crimeia-Congo em Barcelona. Outra experiência de sucesso, citada no artigo, pelo potencial de ser adaptada para o contexto Europeu, se baseou em um estudo coordenado por Guilherme Ribeiro, em Salvador. Neste estudo, foi observado que uma intervenção estrutural em bocas de lobo da cidade foi capaz de melhorar o sistema de drenagem, prevenindo o acúmulo de água nessas estruturas e, consequentemente, reduzindo a presença dos mosquitos Culex e Aedes, que usavam estes locais para repouso e reprodução.
Os autores enfatizam a importância de parcerias transdisciplinares de One Health (Saúde Única), com a mobilização de setores, disciplinas e comunidades para atuarem juntos na interface saúde humana-animal-ambiente. Além disso, defendem a cocriação de medidas adaptadas ao contexto europeu, aproveitando a experiência de profissionais de áreas endêmicas e destacam que as intervenções devem considerar a ecologia local dos vetores, o comportamento humano e os fatores sociais e econômicos que influenciam a exposição aos patógenos.
O trabalho também propõe que a combinação de vigilância, educação pública, infraestrutura adequada e resposta rápida a ameaças emergentes é crucial para fortalecer a resiliência da Europa frente às doenças transmitidas por vetores. O aprendizado contínuo com regiões endêmicas é visto como uma oportunidade estratégica para antecipar riscos e reduzir impactos futuros.
Uma pesquisa investigou a prevalência de anticorpos relacionados à doença de Chagas e à leishmaniose visceral em cães domésticos no município de Tremedal, área endêmica, localizada no sudoeste da Bahia. Parte do projeto Oxente Chagas, o estudo teve o objetivo de aprofundar a compreensão do papel que os cães desempenham na transmissão desses patógenos e informar estratégias mais eficazes de controle da doença. O trabalho foi coordenado pelo pesquisador da Fiocruz Bahia, Fred Luciano Santos, e publicado no periódico Parasites & Vectors.
A doença de Chagas e a leishmaniose visceral são doenças zoonóticas negligenciadas e potencialmente fatais, causadas pelos protozoários hemoflagelados Trypanosoma cruzi e Leishmania infantum, respectivamente. O controle dessas doenças representa desafios significativos para a saúde pública na América Latina. Os cães domésticos, devido ao contato próximo com humanos, servem como reservatórios-chave tanto para o T. cruzi quanto para a L. infantum, tornando-os importantes sentinelas na vigilância de doenças.
Foram analisadas amostras de soro de 17 cães por ensaio imunoenzimático indireto (ELISA), usando antígenos recombinantes (IBMP-8.1, IBMP-8.2, IBMP-8.3, IBMP-8.4) para T. cruzi e o teste rápido TR DPP® Leishmaniose Visceral Canina Bio-Manguinhos (Bio-Manguinhos/Fiocruz) e ELISA para L. infantum. Os resultados mostraram que 5,9% (1/17) dos cães testados foram soropositivos para T. cruzi, indicando a presença do parasita na região. Da mesma forma, 5,9% (1/17) dos cães foram confirmados como positivos para L. infantum por ELISA, embora os resultados do teste TR DPP® tenham sugerido inicialmente uma prevalência maior (41,2%), evidenciando o risco de falso-positivos.
Os resultados obtidos ressaltam o papel crucial dos cães na vigilância da doença de Chagas e da leishmaniose visceral, dado seu envolvimento nos ciclos de transmissão domésticos e peridomiciliares. Enfatizam também a necessidade de testes confirmatórios para garantir a precisão diagnóstica, o que contribuirá para estratégias de controle de doenças mais eficazes em áreas endêmicas.
Os pesquisadores observaram que a presença persistente de vetores triatomíneos em Tremedal exige esforços contínuos de vigilância e controle. Apontam também, que pesquisas futuras devem expandir o tamanho da amostra e o escopo geográfico para melhor compreender a epidemiologia das infecções por Leishmania spp. e T. cruzi. Destacam ainda, a importância de uma abordagem de One Health (Saúde Única), na qual a saúde humana e animal são monitoradas de perto para amenizar a transmissão de doenças zoonóticas.
O Meninas Baianas na Ciência participou do evento “Diversidade e Extensão Acadêmica: Rede de Mulheres em STEM”, no SENAI CIMATEC, no dia 10 de abril. O projeto foi apresentado, por uma das coordenadoras, Karine Damasceno, pesquisadora da Fiocruz Bahia, junto com outras iniciativas. Na ocasião, estiveram presentes as pesquisadoras Natalia Machado, que também coordena o projeto, e Valéria Borges.
A Rede de Mulheres STEM tem como objetivo promover a conexão e integração entre projetos e iniciativas que incentivam a inclusão de meninas e mulheres nas áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM). A programação do evento incluiu palestras e rodas de conversa com a participação de instituições como UESC, UFBA, UFRB, UNEB, SENAI CIMATEC e UNESCO. Um dos destaques foi a palestra “Panorama atual da Presença Feminina nas áreas de STEM”, ministrada por Julieta Palmeira, assessora da Diretoria Financeira, de Crédito e Captação (DRFC) da FINEP (MCTI) e ex-secretária de Estado de Políticas para Mulheres da Bahia.
A vice-reitora da Universidade SENAI CIMATEC, Josiane Dantas, abriu o encontro e deu as boas-vindas aos participantes. “Importante que a gente tenha mais momentos como esse de hoje, para trocar experiências que deram certo, lições aprendidas de experiências que não deram certo, mas que são possíveis. Como somos resilientes, a gente vai sempre buscando como melhorar e como avançar enquanto sociedade”, afirmou.
Karine Damasceno contou o histórico do Meninas Baianas na Ciência e as ações desenvolvidas pelo projeto, que tem como grande objetivo motivar meninas e estudantes do ensino médio das escolas públicas para seguirem as carreiras de ciência e de tecnologia, promovendo visitas e palestras com cientistas da Fiocruz Bahia. “Ao longo desses 5 anos nós já já realizamos cinco edições, em todas elas nós podemos envolver outras pesquisadoras da instituição que puderam contribuir contando suas trajetórias, tanto na carreira de ciências, quanto na sua formação”, declarou.
O Projeto Oxente Chagas promoveu, entre os dias 24 e 28 de março, um mutirão de testagem rápida para doença de Chagas, em 470 moradores da comunidade de São João dos Britos, no município de Tremedal, no Sudoeste baiano. Coordenada por Fred Santos, pesquisador da Fiocruz Bahia, a iniciativa tem como principal objetivo validar o uso do teste rápido TR Chagas Bio-Manguinhos em campo, contribuindo para sua futura incorporação ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Os primeiros mutirões do projeto foram realizados em 2024, nas comunidades de São Felipe (Tremedal) e Vila dos Remédios (Novo Horizonte). De acordo com Fred Santos, os casos positivos identificados no primeiro mutirão já foram confirmados pelo Laboratório Central de Saúde Pública (LACEN), e os próximos passos incluem início do tratamento e acompanhamento dos indivíduos diagnosticados. “Nossa equipe médica irá até a comunidade para realizar os primeiros atendimentos, e em seguida os casos serão acompanhados pela rede municipal de saúde, sob nossa supervisão”, explicou.
A doença de Chagas, causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, continua sendo um grave problema de saúde pública na Bahia e em diversas regiões do mundo, afetando milhares de pessoas. O TR Chagas Bio-Manguinhos é um teste de tecnologia 100% nacional e permite identificar rapidamente a infecção, facilitando o acesso precoce ao tratamento e prevenindo complicações da doença.
Para João Victor França, mestrando e integrante da equipe do projeto, o mutirão foi marcado por intensa dedicação e aprendizado. “Foi uma experiência enriquecedora. Conhecemos diferentes realidades e histórias, e fomos muito bem acolhidos pelas pessoas da comunidade, o que tornou nosso trabalho mais leve e significativo”, pontuou. França também destacou a mobilização e o acolhimento dos agentes comunitários de saúde e de outros colaboradores locais. “Todos esses fatores nos impulsionaram e continuam nos dando energia para que os próximos mutirões do Oxente Chagas sejam exitosos e que também gerem bons resultados”, observou.
Moradora da comunidade, Edinalva Trindade participou da ação com a família e ressaltou a importância da testagem. “Acho muito importante porque é um teste que em 15 minutos você sabe se tem a doença ou não. É um teste que também conscientiza a população, faz com que a gente tenha mais cuidado em nossas casas, com a limpeza e higienização”, declarou. Ela contou que, a partir do mutirão, ficará mais atenta: “Vou observar mais, primeiro se tem o besouro (barbeiro), observar o galinheiro, e dentro de casa também, os barbeiros diferentes que aparecem”, sinalizou.
A moradora ainda ressaltou a importância de tomar cuidado. “Em caso de aparecer o barbeiro, procure os agentes de saúde da região. Não tenham medo de fazer esses testes rápidos, eu já fiz outros testes rápidos de outras doenças, e é bom porque você fica sabendo ali na hora o resultado”, explicou Trindade. Também participante da ação, Delmin Ferraz comemorou o resultado negativo do teste e elogiou o atendimento: “Eu vim com minha esposa para fazer o teste e achei ótimo, foi um atendimento muito bom”, concluiu.
Projeto busca validar teste rápido para incorporação no SUS
O Projeto Oxente Chagas aposta em uma abordagem inovadora para a detecção precoce da doença de Chagas na Atenção Primária, com o objetivo de reduzir o impacto da doença na vida das pessoas e de suas famílias. A validação em campo do teste rápido TR Chagas Bio-Manguinhos, já registrado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), é um passo essencial para sua inclusão no Sistema Único de Saúde (SUS).
Para isso, ainda são necessários estudos adicionais que subsidiem a solicitação junto à Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), órgão responsável por avaliar e recomendar novas tecnologias para o sistema público de saúde. A expectativa é que, uma vez incorporado, o teste facilite o diagnóstico precoce, o início rápido do tratamento e a melhoria do cuidado às populações afetadas pela doença.
Um estudo investigou o efeito da degradação de uma molécula presente no estroma do tumor, chamada versican, pela ação das enzimas ADAMTS em câncer de mama espontâneo em cadelas. A pesquisa foi coordenada pela pesquisadora da Fiocruz Bahia, Karine Araújo Damasceno, e publicada no periódico Cancers.
O trabalho avaliou a presença de enzimas importantes para o desenvolvimento da metástase no câncer de mama. Estes elementos atuam no remodelamento da matriz extracelular, que é uma rede constituída por várias moléculas que se encontra ao redor das células, promovendo sustentação aos tecidos, através de um processo denominado proteólise, no qual enzimas específicas quebram proteínas em fragmentos menores.
O versican, um dos elementos da matriz extracelular, fornece suporte às células e pode regular o comportamento dos tumores. Quando degradado por enzimas da família das metaloproteinases, como a ADAMTS-15, forma-se fragmentos denominados matriquinas, como a versikina, que podem influenciar o crescimento e a disseminação do tumor, além de impactar a resposta imune ao câncer.
Foram analisados tumores de 47 animais diagnosticados com câncer de mama, divididos em dois grupos principais: 30 com tumores com melhor prognóstico e 17 com tumores com pior prognóstico. As amostras foram coletadas após cirurgias realizadas no Hospital Veterinário da Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia da UFBA, em Salvador. Foram examinadas a presença de versican e das enzimas ADAMTS, bem como a quantidade de colágeno nas áreas tumorais para avaliar o remodelamento da matriz extracelular.
Os resultados indicaram que a versikina estava presente em maior quantidade nas áreas com invasão de células neoplásicas e que a enzima ADAMTS-15 estava diretamente relacionada à proteólise do versican. Além disso, observou-se que nas regiões tumorais com menor quantidade de colágeno havia maior degradação do versican. Esses achados reforçam que a quebra dessa proteína está associada ao remodelamento da matriz extracelular e à agressividade do tumor.
Os pesquisadores concluíram que a proteólise do versican desempenha um papel importante no comportamento do tumor, especialmente em sua capacidade de invadir tecidos adjacentes e modificar o microambiente tumoral. A identificação da versikina e da ADAMTS-15 como participantes desse processo pode contribuir para o entendimento da dinâmica do microambiente tumoral, direcionando a busca por novas estratégias de tratamento para o câncer focadas na modulação da matriz extracelular.
As inscrições para submissão de trabalhos do Seminário Educação, Informação, Comunicação e Saúde: Proteções Contra a Desinformação estão abertas até 14 de maio. O evento será realizado de 29 a 31 de julho de 2025, no Wish Hotel da Bahia, em Salvador. Acesse o site do evento para consultar as diretrizes, os formatos dos trabalhos e realizar a submissão.
O evento tem o propósito de debater as contribuições da divulgação científica e da educação midiática no enfrentamento à desinformação em ciência e saúde. Um dos objetivos é apontar os principais desafios frente ao espalhamento de informações falsas e enganosas nas mídias sociais, destacando as estratégias de governos, universidades, institutos de pesquisas e sociedade civil organizada, que buscam a produção, distribuição e acesso à informação íntegra.
Buscando inserir os estudantes do ensino médio, de graduação e pós-graduação, pesquisadores, professores, profissionais de saúde e usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) no debate, o Seminário também será realizado com as escolas, através de oficinas formativas e/ou feiras de ciências e saúde. Promovido pela Fiocruz Bahia, em parceria com a Universidade Federal da Bahia (UFBA) e a Universidade Federal Fluminense (UFF), o evento tem dimensão nacional e está ancorado na lógica das metodologias participativas da inclusão, da diversidade e da equidade de gênero e raça.
O Seminário Educação, Informação, Comunicação e Saúde: Proteções Contra a Desinformação será realizado de 29 a 31 de julho de 2025, no Wish Hotel da Bahia, em Salvador. As inscrições podem ser realizadas neste link, até 30 de maio, para o primeiro lote, e até 26 de julho, para o segundo lote. Estão previstas na programação conferências, mesas-redondas, rodas de conversa e apresentação de pesquisas e relatos de experiências nos Grupos de Trabalhos (GTs).
O evento tem o propósito de debater as contribuições da divulgação científica e da educação midiática no enfrentamento à desinformação em ciência e saúde. Um dos objetivos é apontar os principais desafios frente ao espalhamento de informações falsas e enganosas nas mídias sociais, destacando as estratégias de governos, universidades, institutos de pesquisas e sociedade civil organizada, que buscam a produção, distribuição e acesso à informação íntegra.
Buscando inserir os estudantes do ensino médio, de graduação e pós-graduação, pesquisadores, professores, profissionais de saúde e usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) no debate, o Seminário também será realizado com as escolas, através de oficinas formativas e/ou feiras de ciências e saúde. Promovido pela Fiocruz Bahia, em parceria com a Universidade Federal da Bahia (UFBA) e a Universidade Federal Fluminense (UFF), o evento tem dimensão nacional e está ancorado na lógica das metodologias participativas da inclusão, da diversidade e da equidade de gênero e raça.
Entre os dias 22 e 25 de abril, acontece o 29º Congresso Brasileiro de Parasitologia – PARASITO 2025, em Salvador. Organizado pela Sociedade Brasileira de Parasitologia (SBP) e pela Fiocruz, a edição do evento tem como tema “Revisitando o Passado para Revolucionar o Futuro na Era da Transformação Digital”. As inscrições para participantes estão abertas.
O congresso reunirá pesquisadores, professores, estudantes e profissionais para discutir os últimos avanços científicos em parasitologia, compartilhar experiências e promover a integração entre diferentes áreas do conhecimento e marca os 60 anos de fundação da SBP. A pesquisadora da Fiocruz Bahia, Patrícia Sampaio Tavares Veras, é a presidente do PARASITO 2025, e os pesquisadores Camila Indiani, Deborah Bitencourt Mothé Fraga, Edgar Carvalho e Valéria de Matos Borges foram confirmados como palestrantes.
Patrícia Veras ressaltou que o congresso acontece em um momento crucial para o campo da parasitologia, pois os pesquisadores da área enfrentam novos desafios e avanços empolgantes em pesquisa, educação e aplicação prática do conhecimento para o benefício da sociedade. “Nosso objetivo para este congresso é criar um fórum vibrante para a troca de conhecimento, ideias e experiências entre parasitologistas de todo o mundo. Organizamos um programa científico que contará com especialistas de renome mundial, apresentações de pesquisas de ponta e discussões interativas que inspiram inovação e colaboração”, destacou.
O programa do congresso inclui sessões plenárias e palestras com líderes globais em seus respectivos campos, mesas redondas e fóruns de discussão sobre tópicos transversais em parasitologia, bem como cursos, workshops e uma seção de expositores, proporcionando inúmeras oportunidades de networking com diferentes setores.
Para informações sobre inscrições, programação e detalhes sobre envio de resumos, acesse www.parasito2025.com.
A aula inaugural da Fiocruz Bahia será realizada no dia 27 de março, às 09 horas, no auditório Sonia Andrade. A palestra, que aborda o tema ‘Inteligência Artificial (IA) e sua aplicação na pesquisa em saúde’, será ministrada pela professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Barbara Coelho.
O evento marca o início do ano letivo dos programas de pós-graduação da Fiocruz Bahia em Patologia Humana e Experimental (PPGPAT – UFBA/Fiocruz Bahia) e em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa (PPGBSMI) e da Pós-Graduação em Pesquisa Clínica e Translacional (PGPCT).
O Comitê Pró-Equidade de Gênero e Raça da Fiocruz convida para a próxima edição do Trajetórias Negras na Fiocruz, que acontecerá pela primeira vez em uma unidade regional: na Fiocruz Bahia, dia 18 de março, às 9h. O evento faz parte da campanha 21 dias de ativismo contra o racismo e será transmitido pelo canal da VideoSaúde no YouTube.
Participarão do encontro as trabalhadoras da Fiocruz Bahia Lorena Magalhães, Karina Ferreira dos Santos Soares, Marcela Maiana Ramos da Silva e Carine Machado Azevedo. Luciana Lindenmeyer, da coordenação colegiada do Comitê Pró-Equidade, fará a mediação.
Ao longo dos anos, pesquisadoras de diferentes áreas foram fundamentais para a construção da trajetória da Fiocruz Bahia. A presença feminina na instituição contribui para avanços na saúde pública e para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), mas também para uma comunidade científica maisequânime e diversa.
Por isso, nesta data especial, a Fiocruz Bahia parabeniza a todas as mulheres que, com responsabilidade e dedicação, ajudam a construir um futuro melhor para toda a sociedade.
A pesquisadora da Fiocruz Bahia, Nelzair Vianna, está coordenando o monitoramento da qualidade do ar, do Observatório do Clima, nos principais circuitos da folia, Osmar (Centro) e Dodô (Barra/Ondina). A iniciativa faz parte do projeto Carnaval Sustentável, da Prefeitura de Salvador. Dois equipamentos foram instalados, um deles no Campo Grande e o outro na Barra.
Trata-se de um projeto que está contando pela primeira vez com equipamentos mais completos que conseguem medir todos os parâmetros previstos pela legislação brasileira do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Esta também é uma iniciativa do Grupo de Trabalho C40 para Qualidade do Ar em Salvador, que integra a rede C40 de Cidades para liderança do Clima, na qual Salvador é signatária de Ar Limpo.
Ivan Euler, titular da Secretaria de Sustentabilidade, Resiliência, Bem-estar e Proteção Animal (Secis), diz que a ideia é usar os resultados deste monitoramento para, cada vez mais, tomar decisões informadas e criar uma festa que, além de ser alegre e vibrante, também seja responsável e sustentável. “O Observatório do Clima é mais um passo em nossa busca por soluções que promovam um futuro mais saudável para Salvador e seus cidadãos”, afirma.
Monitoramento – Os equipamentos do Observatório do Clima irão medir tanto os gases como as partículas presentes no ar. O grupo de pesquisa responsável pelas observações registrará os dados numéricos coletados, de maneira isolada, e também fará uma interpretação desses dados com base nos Índices de Qualidade do Ar estabelecidos pela legislação, indicando se o ar está bom, regular, moderado ou em alerta para a saúde das pessoas. Essa indicação será ilustrada por cores.
Nelzair Vianna, que também é representante da capital baiana no GT do C40, além de fiscal da Vigilância Sanitária de Salvador, conta que o estatuto de festas populares em Salvador estabelece algumas regras e uma delas refere-se ao monitoramento das fontes emissoras de poluição do ar durante esses eventos, sendo esse item no decreto fruto do seu grupo de estudos. O projeto já está atendendo ao estatuto de festas populares.
“É importante monitorar o ar, especialmente para poder controlar riscos para a saúde e o ambiente, além de fornecer dados que possam ser usados futuramente no planejamento dessa festa no sentido mais sustentável possível. A partir do momento em que conhecemos o tipo de poluição e como ela está sendo gerada, podemos propor políticas para a mitigação, reduzindo a exposição direta aos poluentes e também a redução dos gases de efeito estufa”, explica a coordenadora.
Ventilação adequada – Segundo a pesquisadora, a partir das informações coletadas será possível pensar, por exemplo, em como melhorar a ventilação do circuito, reduzindo a concentração de poluição; sugerir que nos próximos carnavais os trios elétricos possam utilizar uma matriz energética mais limpa, a exemplo do biodiesel que, para os pesquisadores, representa um começo, pois o desejo é que os trios sejam literalmente elétricos; além de fazer um melhor planejamento sobre onde instalar os geradores na avenida, considerando a ventilação e o fluxo dos ventos. E sobretudo informar a população sobre medidas de proteção da sua saúde evitando a exposição aos locais de maior concentração desses poluentes.
“Veremos também com esse monitoramento a direção da poluição. A análise dos dados permitirá, por exemplo, verificar pela rosa dos ventos de onde está vindo a poluição. Isso pode ser importante para planejar a ventilação adequada da festa, para que essa poluição seja dissipada e cada vez mais reduzida”, complementa.
A iniciativa conta com o apoio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), da Empresa Salvador Turismo (Saltur), Empresa de Limpeza Urbana de Salvador (Limpurb), Defesa Civil de Salvador (Codesal) e das secretarias de Articulação Comunitária e Prefeituras-Bairro (SACPB), de Mobilidade (Semob), de Ordem Pública (Semop), de Cultura e Turismo (Secult), de Políticas para Mulheres, Infância e Juventude (SPMJ) e da Saúde (SMS) e da ACOEM Brasil com apoio técnico.
O Núcleo de Estudos em Saúde Indígena (NESI) realizou testagens para dengue, chikungunya, sífilis e doença de Chagas, em território indígena dos municípios de Rodelas, Glória e Paulo Afonso, na Bahia, entre 08 e 15 de fevereiro. As ações contemplaram as etnias Tuxá, Pankararé, Atikun, Kantaruré, Xucuru-Kariri, Kariri-Xocó e Truká.
No total foram recrutadas 1197 pessoas para participarem dos estudos que têm como objetivo principal identificar a soroprevalência de diversas doenças infecciosas que podem afetar a população indígena, incluindo dengue, zika, chikungunya, sífilis e doença de Chagas, além de desenvolver estratégias de educação em saúde e na prevenção de enfermidades.
“Nossa equipe foi muito bem recebida pelos profissionais do Distrito Sanitário Especial Indígena da Bahia (DSEI-BA), pelas lideranças indígenas e pelas comunidades. O trabalho foi muito rico, pois os povos indígenas do norte da Bahia são muito diversos. Também tivemos a oportunidade de conhecer e trabalhar em diferentes territórios e com diferentes etnias”, avalia Isadora Siqueira, pesquisadora da Fiocruz Bahia e coordenadora do NESI.
Ricardo Almeida, coordenador do DSEI-BA Polo Paulo Afonso reforça como as testagens ajudam a identificar doenças silenciosas na região. “Como enfermeiro e indígena Tuxá, é muito gratificante a gente ver esses projetos em nossas comunidades, pois sabemos da dificuldade de acesso. Essas ações fortalecem as políticas de saúde de prevenção, controle e tratamento dessas patologias em prol das comunidades indígenas”, declara.
Heliana Sandi, Secretária Municipal de Saúde de Glória, considera o projeto relevante para detectar rapidamente as doenças infecciosas dos povos indígenas da região. “O município irá apoiar no tratamento para o que for necessário. Espero que possamos estender o projeto para os nossos povos, para os nossos munícipes de Glória, para abranger a área um todo, conseguir diagnosticar o mais breve possível e tratar. Nossa população precisa e merece esse acolhimento”.
A diretora da Escola Estadual Indígena Xucuru Kariri e liderança da Aldeia Xucuru Kariri, Magda Xucuru, ressalta a importância do programa na comunidade. “Hoje fizemos a mobilização com a escola, alunos e pais para que todos estivessem presente e fizessem as testagens, para ter uma qualidade na saúde”, afirmou.
O Cacique Elismar Lima, da Aldeia Nova Pankararé, também expressou sua gratidão: “Venho agradecer a esse projeto que é maravilhoso para as comunidades indígenas e que vem agregando muito, realizando esses exames pela primeira vez. Quem não pode fazer um exame desse pela rede particular, e sabemos que demora muito pela rede pública, com esse projeto chega e já faz o exame. Muito obrigado a cada um que está envolvido nesse projeto”.
As atividades foram lideradas pela pesquisadora Isadora Siqueira e pelo pesquisador Fred Luciano Neves, da Fiocruz Bahia, em colaboração com a Universidade Federal da Bahia (UFBA) e com o Distrito Sanitário Especial Indígena da Bahia (DSEI-BA). Para a realização das atividades, a equipe do NESI contou com o apoio de profissionais de saúde locais das Unidades Básicas de Saúde Indígena, além de estudantes e conveniados da Fiocruz Bahia.
O Colegiado do Curso de Pós-Graduação em Biotecnologia e Medicina Investigativa (PgBSMI) informa que foram prorrogadas, até dia 26 de fevereiro, as inscrições do processo de credenciamento e recredenciamento para docentes do PgBSMI.
Clique aqui para consultar a Resolução Nº 002/2025.
Para facilitar o envio das informações, o PgBSMI preparou um formulário online. Basta acessar este link e preencher os campos.
Equipe do projeto administrou a primeira dose do medicamento em janeiro.
Pesquisadores da Fiocruz Bahia iniciaram um ensaio clínico com o medicamento arpraziquantel para tratamento da esquistossomose em crianças com idade entre três meses e seis anos. O objetivo é avaliar a eficácia, segurança e possíveis eventos adversos nesse público. A primeira dose foi administrada em um paciente em janeiro de 2025, no município de Conde, na Bahia, área endêmica da doença.
A pesquisa será realizada ao longo de um ano, em seis municípios, três da Bahia e três de Sergipe, e pretende avaliar um grupo de 403 crianças, um que abrange 163 na faixa etária de três meses a três anos e outro de 240 com idade entre quatro e seis anos. Neste último, metade receberá arpraziquantel e outra metade praziquantel, medicamento já utilizado para tratamento de esquistossomose em adultos e crianças acima de quatro anos, para comparação.
Cada participante receberá o arpraziquantel, de dose única, e será acompanhado por três semanas. O comprimido é dissolvido em água e possui gosto agradável, característica que contribui para a ingestão pelas crianças, diferente do praziquantel que é um comprimido comum. Além disso, a nova formulação possui características para resistir aos desafios de calor e umidade dos países tropicais, onde a doença é mais prevalente.
A esquistossomose, causada pelo parasito Schistosoma mansoni no Brasil, afeta o trato intestinal e outros órgãos, como fígado e baço. Em crianças, pode causar anemia e sequelas mais graves. A enfermidade é considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma das 20 doenças mais negligenciadas e atinge, principalmente, populações vulnerabilizadas.
“Não há tratamento contra esquistossomose para crianças abaixo de quatro anos. Esse medicamento, que é produzido por Farmaguinhos/Fiocruz, vem para cobrir essa lacuna da assistência aos portadores da doença. Também pode trazer o benefício de auxiliar na adesão ao tratamento de crianças acima de quatro anos, já que é mais fácil de ser administrado e apresenta melhor palatabilidade”, comenta o pesquisador da Fiocruz Bahia e coordenador do estudo, Ricardo Riccio.
O projeto tem como vice-coordenadora a pesquisadora Isadora Siqueira, além da participação dos pesquisadores Mitermayer Galvão Reis e Luciano Kalabric, da Fiocruz Bahia, e é realizado em parceria com a Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Universidade Federal de Sergipe (UFS) e Universidade Federal do Ceará (UFC). A nova formulação foi desenvolvida por um consórcio que conta com a participação do Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz), produtor do medicamento utilizado no estudo.
O diretor do Instituto conta sobre a importância do medicamento para a erradicação da esquistossomose. “O desenvolvimento da formulação pediátrica pelo Consórcio foi essencial para cobrir este público que era negligenciado. Foram anos de dedicação, com um trabalho conjunto entre instituições públicas e privadas, que resultaram neste medicamento inovador e essencial para o tratamento da doença em crianças. Acompanharmos agora este estudo com mais de 400 pacientes é gratificante. Esperamos, em breve, fornecer o arpraziquantel para países africanos e regiões endêmicas de todo o Brasil”, afirma Jorge Mendonça.
André Daher, coordenador da Plataforma de Pesquisa Clínica da Fiocruz, que patrocina e oferece suporte ao projeto, explica que a iniciativa é realizada dentro do Programa de Pesquisa Translacional em Esquistossomose da Fiocruz (Fio-Schisto), fazendo uma integração inédita com três projetos de diferentes unidades da Fundação, que envolvem diagnóstico, tratamento e indicadores em esquistossomose. “Se trata de um plano de desenvolvimento que envolve um consórcio internacional, um produtor e uma fábrica públicos, que vão gerar informações sobre esse tratamento e diagnóstico. Além disso, serão geradas amostras que ficarão armazenadas no biobanco da Fiocruz Bahia, que podem responder a perguntas futuras”, declara.
Comprimidos de arpraziquantel que podem ser diluídos em água.
Daher também destaca o caráter inovador. “Desenvolver um produto pediátrico já é uma inovação, mas o arpraziquantel é a formulação pediátrica de um isômero, molécula que tem mais atividade do que o praziquantel, mas com menos gosto, um processo químico bastante refinado. É a produção de conhecimento sendo conduzida nos mais rigorosos padrões de qualidade”, pontua.
A pesquisadora do projeto, Camilla Almeida, ressalta que o estudo clínico de fase três possui a peculiaridade de ser realizado em campo, o que traz oportunidades e desafios. “Como essa é a especialidade da nossa equipe, conseguimos estruturar um bom plano de monitoramento de segurança para os participantes. Esse estudo é de suma importância e vai somar aos esforços para a eliminação da esquistossomose nas nossas crianças”, conclui.
Desenvolvimento pediátrico – O medicamento foi fruto do projeto de desenvolvimento do Consórcio Praziquantel Pediátrico, do qual Merck Healthcare KGaA e Farmanguinhos fazem parte e tem o importante papel finalístico de serem o detentor do registro internacional e o primeiro local de fabricação do produto, respectivamente.
Em 2024, Farmanguinhos submeteu o medicamento para registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e aguarda a aprovação. A produção em Farmanguinhos/Fiocruz abastecerá o Sistema Único de Saúde (SUS) e regiões onde a doença é mais endêmica, especialmente no continente africano. Com reconhecimento internacional, o arpraziquantel recebeu parecer científico favorável da Agência Europeia de Medicamentos (EMA) e foi incluído na Lista de Medicamentos Pré-qualificados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2023 e 2024, respectivamente.
Ao desenvolver, registrar e fornecer acesso ao medicamento voltado para o público pediátrico, o Consórcio contribui para a eliminação da esquistossomose como um problema de saúde pública no Brasil e no mundo.
O curso “Correlação Clinicopatológica” será realizado entre os dias 17 e 22 de março, na Fiocruz Bahia, com carga horária de 30h. As inscrições podem ser realizadas até o dia 08 de março, neste link. Estão disponíveis 20 vagas para estudantes de medicina, com vagas preferenciais para alunos da Universidade do Estado da Bahia (UNEB).
A capacitação tem como objetivo aprimorar o raciocínio clínico e patológico e colaborar para definição das melhores condutas, através de discussões interativas de casos clínicos com especialistas. Um dos pré-requisitos para participar é ter cursado as disciplinas Semiologia 1, 2 e 3. As aulas acontecem segunda, terça, sexta e sábado, das 08h às 12h, e quarta e quinta, das 14h às 18h.
Em caso de dúvidas, entre em contato pelo e-mail correalacaoclinicopatologico@gmail.com.
O Colegiado do Curso de Pós-Graduação em Biotecnologia e Medicina Investigativa (PgBSMI) divulga a Resolução Nº 002/2025 e informa que está aberto o processo de credenciamento e recredenciamento para docentes do PgBSMI. As submissões devem ser realizadas até 24 de fevereiro de 2025.