Homenagem e palestras marcam comemoração dos 63 anos da Fiocruz Bahia

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O Instituto Gonçalo Moniz (IGM/Fiocruz Bahia) completou 63 anos e, para celebrar este marco, foi realizada uma solenidade, através da plataforma Zoom, no dia 28 de setembro. A comemoração contou com a presença da presidente da Fiocruz, Nísia Trindade; da diretora da Fiocruz Bahia, Marilda Gonçalves; além dos pesquisadores e ex-diretores da Fiocruz Bahia, Mitermayer Galvão dos Reis e Manoel Barral Netto.

Participaram do evento a secretária de Políticas para as Mulheres do Estado da Bahia, Julieta Palmeira, e a secretária de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado da Bahia, Adélia Pinheiro. Representando o governador do estado, Rui Costa, e o secretário estadual de saúde, Fábio Vilas-Boas, a Superintendente de Vigilância e Proteção da Saúde, Rivia de Barros, comentou sobre a importância do Instituto Gonçalo Moniz na pesquisa científica, no desenvolvimento tecnológico e de recursos humanos, cujos frutos se destacam na atualidade com as contribuições no combate a pandemia da Covid-19.

Marilda Gonçalves abriu a cerimônia agradecendo a presença de todos e destacou a importância do pesquisador emérito e primeiro diretor da Fiocruz Bahia, Zilton Andrade, na trajetória da unidade da Fundação na Bahia. O evento foi marcado por homenagens ao pesquisador que faleceu em julho deste ano, contando com a presença de familiares e amigos. “Dr. Zilton tem uma participação fundamental e fez do instituto o que somos hoje”, declarou a diretora.

Nísia Trindade manifestou sua solidariedade e respeito a todos que perderam seus entes queridos para a Covid-19, reafirmando o compromisso da Fiocruz para que seja possível unir a sociedade e dialogar com os governos para avançar em uma agenda em defesa da vida. Além disso, ministrou a palestra “Fiocruz: aprendizados e desafios do presente”.

Manoel Barral, que mediou a mesa redonda “Desafios da Educação e da Ciência na atualidade”, também lamentou a perda importante para o instituto, com o falecimento de Zilton Andrade, e destacou a liderança feminina na Fiocruz, tanto no âmbito nacional, quanto na Bahia, no momento delicado da pandemia da Covid-19. Para o pesquisador, as ações realizadas pela presidente da Fiocruz e pela diretora do IGM mostraram o verdadeiro papel da Fiocruz na sociedade. “Conseguimos reforçar o papel da Fiocruz como uma instituição de reconhecimento na saúde brasileira”, disse. 

Saudando a todos que estavam presentes e que fizeram parte da trajetória da Fiocruz Bahia, Mitermayer Reis relembrou marcos importantes na história da instituição, como a criação dos programas de pós-graduação, a abertura da biblioteca para uso da comunidade e também eventos para o público como o Fiocruz Para Você. Também ressaltou o papel de Zilton na história da instituição, com articulações que tornaram possíveis chegar onde chegou. “Uma instituição com um papel que transcende o estado da Bahia”, acrescentou o ex-diretor.

Desafios

A presidente da Fiocruz realizou uma apresentação mostrando os desafios enfrentados na atualidade, que vão desde a questão ambiental, que influencia na saúde da população com as pandemias e endemias, passando pelo desafio demográfico com o envelhecimento crescente da população e a desigualdade social, além dos desafios relacionados às novas tecnologias no campo da comunicação. Nísia Trindade reforçou a missão da Fundação, nesse contexto, que é produzir, disseminar e compartilhar conhecimento e tecnologias voltadas para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde, contribuindo para a promoção da saúde e da qualidade de vida da população brasileira.

Uma das medidas para enfrentar estes desafios foi a implantação do Programa de Inovação da Fiocruz (Inova), em que projetos de ideias ou produtos voltados para inovação em saúde são fomentados pela instituição. Nísia deu destaque à Fiocruz Bahia como uma das instituições com mais projetos aprovados e também comentou sobre o edital específico para o combate a covid-19 realizado este ano.

“Quero dar parabéns aos projetos que estão no Inova e por todo esse esforço conjunto dentro do sistema Fiocruz”, acrescentou a presidente. Outras ações relacionadas à pandemia estão sendo realizadas, como o apoio ao diagnóstico, atenção à saúde primária, ensaios clínicos voltados para a vacina e também o papel da comunicação e informação com o Observatório Fiocruz Covid-19.

Sobre a vacina, Nísia comentou acerca da parceria de Biomanguinhos com a Universidade de Oxford (UK) e o laboratório AstraZeneca e que teve apoio do Ministério da Saúde, iniciativa orientada pelos princípios da ciência e da busca de uma vacina eficaz. A Fiocruz também está atuando nos ensaios de outras vacinas na busca de uma solução para a doença.

A presidente disse que, apesar de não ser um momento de muitas comemorações, pois são tempos de luta e perda, ainda assim é um momento de compromisso com a ciência e tecnologia e com o SUS e destaca a importância da Fiocruz Bahia. “Ao celebrar os 63 anos do IGM, celebramos também os 120 anos da Fiocruz e o papel que a Bahia teve nesse processo”.

Nísia salientou também que aquele era uma ocasião para celebrar Zilton Andrade: “um cientista de referência, que foi mestre de tantos e também foi um homem ousado para sua época, humanista e excelente pesquisador”, acrescentou, saudando seus familiares presentes no evento e a pesquisadora Sônia Andrade, que não pode comparecer à comemoração, sendo não só uma companheira de vida, mas também de toda a trajetória acadêmica de Zilton.

Trajetória da Fiocruz

A diretora da Fiocruz Bahia fez uma apresentação contando a história da unidade nesses 63 anos, desde sua criação, em 1957, com o Núcleo de Pesquisas da Bahia (NEP), por meio de um convênio entre o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), o Instituto Nacional de Endemias Rurais (INERU) e a Fundação Gonçalo Moniz, hoje conhecido como o Laboratório Central de Saúde Pública (LACEN). Marilda Gonçalves também relembrou os ex-diretores que passaram pela instituição e as conquistas que cada um trouxe, como criação dos programas de pós-graduação e iniciação científica, das plataformas tecnológicas e do Núcleo de Excelência em Gestão de Projetos.

Outro marco na história da Fiocruz foi a criação do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (CIDACS), em 2016, coordenado pelo pesquisador Maurício Barreto, voltado para estudos e pesquisas baseados em grandes volumes de dados, para ampliar o entendimento dos determinantes e das políticas sociais e ambientais sobre a saúde da população.

Nesse momento, a Fiocruz Bahia tem realizado diversas ações para o combate à Covid-19 como uma resposta direta da instituição, em associação com o governo do estado e a prefeitura de Salvador. Marilda finalizou a apresentação com uma citação de Zilton Andrade, do livro que reúne os textos do pesquisador publicados no jornal Tribuna da Bahia, agradecendo a participação de Zilton nas vidas de todos da Fiocruz Bahia:

“Os nossos pobres, na sua maioria miscigenados escuros, devem saber que a sua libertação dessas chagas sociais só será conduzida na luta. Na luta por sua melhora econômica, pela educação, pelo seu lugar ao sol, por uma sociedade democrática que elimine a exploração e a pobreza. Não há outro caminho para se eliminar o racismo. Até lá, vamos ter que conviver com os racistas, tanto no tratamento policial ou legal, mas sem perder a perspectiva geral do problema e da solução definitiva” (7 de maio de 1986).

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