Desafios da educação e ciência são debatidos em aniversário da Fiocruz Bahia

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Durante a comemoração dos 63 anos da Fiocruz Bahia, em evento realizado através da plataforma Zoom, no dia 28 de setembro, foi realizada uma mesa de conversa sobre os “Desafios da Educação e da Ciência na atualidade”, mediada pelo pesquisador da Fiocruz Bahia, Manoel Barral Netto, que teve como participantes o reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), João Carlos Salles, e o presidente da Academia de Ciências da Bahia, Jailson Bittencourt de Andrade. 

Na abertura da mesa, a diretora da Fiocruz Bahia, Marilda Gonçalves, declarou como estava honrada de ter os três reunidos naquele debate e como sempre teve vontade de fazer uma mesa para discutir ciência, tecnologia e educação, principalmente em tempos tão difíceis como os atuais. 

Manoel Barral iniciou a conversa afirmando que, como a atividade da Fiocruz Bahia é muito centrada no campo da saúde, com as vertentes de educação, ciência e tecnologia, foi muito pertinente esse momento da programação para pensar quais são os desafios da educação, que ficou realmente crítica com a Covid-19. “É preciso pensar sobre qual é o nosso papel também na educação, neste momento”, acrescentou o pesquisador. 

Em sua fala, Jailson Bittencourt explicou que existem quatro aspectos que influenciam nos desafios que a educação enfrenta atualmente: o financiamento descontinuado e diminuído das instituições de pesquisa e ensino; o fato que ciência, tecnologia e inovação precisam ser vistos como vetores do desenvolvimento regional e nacional, não como despesa; a necessidade de apoiar às infraestruturas de pesquisa, especialmente em momentos de crise; e recursos humanos para ciência e tecnologia, que precisam ser formados à exaustão e precisam ser renovados. “Esses quatro itens são sistemas que precisam estar em movimento e em investimento continuado”, declarou. 

O presidente da ACB também comentou que o Brasil tem uma boa infraestrutura de pesquisa, citando o Supercomputador Santos Dumont e o Vital de Oliveira, navio hidroceanográfico. Porém, para o professor, é preciso cuidar dessa infraestrutura e expandi-la. Jailson deu destaque à queda de investimentos na educação, em especial nas agências de fomento, que começaram a ter dificuldades a partir de 2015, mas conseguiram reverter a situação com a mobilização da comunidade científica. Porém, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), por exemplo, importante para o fomento de projetos, sofreu cortes até chegar no mesmo orçamento de 20 anos atrás.

João Carlos Salles trouxe sua experiência como reitor da UFBA para o debate, discutindo como a situação que as universidades vivem se agravou com a pandemia. “A pandemia não inventou a exclusão, não inventou as dificuldades das universidades. Ela agravou e tornou a universidade vulnerável a ações governamentais extremamente delicadas”, disse. Desaquecimento do orçamento também foi citado como um dos motivos para enfraquecer as instituições de ensino superior. De acordo com Salles, as universidades estão chegando no ápice da queda de investimento, que vem de uma sequência de defasagem orçamentária.

Oreitor defendeu o ideal de “universidade estendida”, onde a UFBA está irmanada com a Fiocruz, irmanada com as outras instituições e universidades, para se fortalecer, citando a capacidade que a área da ciência tem de mobilização para a união dos membros dessas instituições. “Temos compromissos éticos, morais e políticos de resistência para enfrentar esse cenário que faz com que cada um, como pesquisador, não queria o isolamento, procure a ação conjunta”, declarou Salles. 

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