Pesquisador emérito Zilton Andrade é homenageado em aniversário da Fiocruz Bahia

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Na celebração dos 63 anos da Fiocruz Bahia, Zilton Andrade foi homenageado em evento realizado no dia 28 de setembro, através da plataforma Zoom. O pesquisador da Fiocruz Bahia, Luiz Antonio Rodrigues de Freitas, contou a trajetória de Zilton, que foi diretor da Fiocruz Bahia, dedicado pesquisador e mentor de muitas gerações de professores e pesquisadores.

Freitas disse se sentir profundamente emocionado e honrado de ser o responsável pela homenagem e também por ocupar sua cadeira, de número 31, da Academia de Medicina da Bahia, desde que Zilton se tornou membro emérito. “Vamos comemorar a vida daquele que se imortaliza na extensa obra científica deixada, em suas reflexões registradas em seus escritos ao longo dos anos e na memória de cada um de seus discípulos, em seus filhos e netos”, declarou o pesquisador.

Os filhos de Zilton, Marusia e Ivan Andrade, estiveram presentes na homenagem representando a família e agradeceram todas as palavras ditas sobre o pai. Marusia destacou a sensibilidade da Fiocruz enquanto instituição, por ter permitido que seus pais continuassem a exercer suas pesquisas mesmo após completarem 70 anos e agradeceu a Marilda de Souza Gonçalves, diretora da Fiocruz Bahia, pelo empenho de preservar todo o acervo de Zilton, incluindo todo o material de pesquisa desenvolvido por ele e a esposa, também pesquisadora, Sônia Andrade. Ivan disse que a homenagem também serviu para eles aprenderem cada vez mais sobre a trajetória do pai, lembrando como Zilton realizou pesquisas em um momento em que ser pesquisador era considerado uma carreira “de louco”, uma inspiração que levou para sua vida.

A presidente da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP), Kátia Leite, também prestou homenagem ao pesquisador falecido, a quem considera um dos maiores ícones da patologia brasileira e que atuou em um dos mais importantes institutos de saúde do Brasil. Kátia lamentou a morte de Zilton, declarando ter sido um ano triste para a medicina, principalmente para a SBP. Para a presidente, Zilton era um professor não só em título, mas em atitude, formando gerações de médicos e inspirando muitos a seguir carreira na patologia. “Foi uma figura internacional notável, sendo Zilton de Andrade sinônimo da patologia brasileira”.

O presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT), Pedro Vasconcelos, apresentou algumas fotos da trajetória de Zilton na sociedade, a qual era sócio fundador. Uma delas foi da cerimônia da Medalha Carlos Chagas, que Zilton recebeu em 2014. Para a SBMT, Zilton representava algo muito especial por conta de ele ter tido, junto com outros pesquisadores, ter a iniciativa de criar da sociedade em 1962, na qual foi presidente de 1987 a 1989.

Pedro destacou a dedicação de Zilton à medicina tropical ao longo de mais de 60 anos, principalmente à patologia tropical. “Uma vida completa de ciência que resultou em diversos trabalhos científicos, muitos relacionados com doenças parasitárias, como esquistossomose e a Doença de Chagas”, disse.

Antonio Carlos Vieira Lopes, presidente da Academia de Medicina da Bahia, trouxe um relato sobre Zilton como seu professor de anatomia patológica em 1963, na Faculdade de Medicina da UFBA. Antonio fez parte de uma das primeiras turmas a ter Zilton como professor e relembrou esse momento com carinho.

A pesquisadora da Fiocruz Pernambuco, Eridan Coutinho, não pode estar presente no evento e enviou uma carta que foi lida ao público por Marilda Gonçalves. No texto, Eridan declarou que a Fiocruz, a UFBA e o Brasil perderam um dos maiores e melhores patologistas tropicalistas brasileiros do século XX, considerando justa essa e tantas outras homenagens que ainda venham a ser prestadas a Zilton. “O exemplo de sua trajetória de vida se refletirá sempre como luz a iluminar as ideias e vocações dos nossos talentos de amanhã”, declarou.

Biografia

Zilton Andrade nasceu no dia 14 de maio de 1924, em Santo Antônio de Jesus, interior da Bahia. Se formou em Medicina pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), alcançou na universidade o posto de professor titular, em 1974, e o título de Professor Emérito, em 1985. Ingressou na Fundação Oswaldo Cruz em 1983, se aposentou em 1994 e, em 2012, recebeu o título de Pesquisador Emérito da Fiocruz. 

Era professor Permanente do curso de Pós-graduação em Patologia Humana (UFBA/Fiocruz). Entre suas condecorações mais importantes estão a de Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico – Presidência da República do Brasil (1995) e Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico – Presidência da República do Brasil (2005). É Membro da Academia Brasileira de Ciências.

 

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