Níveis circulantes de Resolvina D1 em pacientes com leishmaniose são avaliadas em dissertação

AUTORA: Hayna Malta Santos
ORIENTADORA: Valéria de Matos Borges
TÍTULO DA TESE: “Importância das Resolvinas na infecção por Leishmania amazonensis
PROGRAMA: Mestrado em Patologia Humana- Fiocruz Bahia
DATA DE DEFESA: 20/03/2017

RESUMO

 

A Leishmaniose Cutânea Difusa (LCD) é uma manifestação clínica rara causada pela Leishmania amazonensis que é caracterizada por uma resposta celular parasitária ineficiente e macrófagos intensamente parasitados nas lesões cutâneas. Eicosanoides e seus precursores desempenham um papel crucial durante a infecção por Leishmania. Estudos prévios demonstram que pacientes com leishmaniose tegumentar, exibem um distinto balanço de eicosanoides in situ e sistêmico. Recentemente, demonstrou-se que mediadores lipídicos especializados na pró-resolução desempenham um papel crítico na redução de processos inflamatórios patológicos induzindo a restauração da homeostasia em diferentes modelos experimentais. Entre esses mediadores, as resolvinas da série D exibem potente atividade anti-inflamatória e imuno-regulatória que inclui a inibição da quimiotaxia leucocitária e bloqueio na produção de citocinas pró-inflamatórias. No entanto, ainda é desconhecido se as resolvinas desempenham um papel significativo no estabelecimento e persistência da infecção por Leishmania. Nesse estudo, avaliamos os níveis circulantes de Resolvina D1 (RvD1) em pacientes com leishmaniose tegumentar apresentando a forma clínica cutânea localizada (LCL) ou difusa. Nossos resultados demonstram que pacientes com LCD apresentam maiores níveis plasmáticos de RvD1 quando comparados a LCL ou controles endêmicos. Além disso, os níveis séricos de RvD1 em pacientes com LCD se correlacionam positivamente com a Arginase I e TGF- β,  enquanto  que  inversamente  com  os  níveis  sistêmicos  de  TNF-α.  Experimentos adicionais in vitro utilizando macrófagos humanos revelaram que a RvD1 promove a replicação intracelular da L. amazonensis por um mecanismo associado a indução da enzima heme oxigenase-1. Esses resultados sugerem que a via de produção da RvD1 pode servir como uma potencial estratégia terapêutica para os pacientes com LCD.

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Dissertação caracterizou molecularmente cepas de N. meningitidis isoladas de portadores assintomáticos

AUTORA: Ana Rafaela Silva Simões Moura
ORIENTADORA: Alan John Alexander McBride
TÍTULO DA TESE: “Caracterização molecular de cepas de Neisseria meningitidis isoladas de portadores assintomáticos de 11 a 19 anos de idade residentes em Salvador, BA”
PROGRAMA: Mestrado em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa- Fiocruz Bahia
DATA DE DEFESA: 16/03/2017

RESUMO

INTRODUÇÃO: Neisseria meningitidis é uma bactéria que tem como nicho ecológico a nasofaringe dos humanos e que ocasionalmente pode vir a causar doenças, como a meningite e a septicemia. O perfil populacional dos isolados de N. meningitidis é altamente diversificado tanto geneticamente como antigenicamente, devido à plasticidade genômica característica de Neisseria spp. e as frequentes transferências horizontais de genes observadas neste microrganismo. Uma vez que os jovens adultos são considerados os principais portadores e transmissores deste microrganismo e, consequentemente, fonte de alelos virulentos, o estudo da população de portadores do meningococo pode fornecer informações úteis para a compreensão da epidemiologia molecular do meningococo e para embasar medidas de prevenção contra este microrganismo. O objetivo desse estudo consiste em caracterizar molecularmente cepas de N. meningitidis isoladas de portadores assintomáticos da cidade de Salvador, Bahia. Para este estudo foram coletados material de orofaringe de 1.200 alunos de 11 a 19 anos de idade, de 137 escolas da rede pública de Salvador. METODOLOGIA: Um total de 59 cepas de N. meningitidis foram identificadas através de métodos clássicos. A identificação dos genogrupos foi realizada através da técnica de PCR em tempo real ou por sequenciamento do genoma total. Os 59 isolados foram caracterizados genotipicamente através da técnica de Multilocus Sequence Typing e através da genotipagem das proteínas de membrana externa (PorA, PorB, FetA) e dos antígenos vacinais do sorogrupo B (fHbp, NadA e NhbA). RESULTADOS: Dos 59 isolados, 36 (61%) apresentaram-se não grupáveis. Entre as cepas capsuladas, o genogrupo B foi o mais prevalente (11,8%), seguido do Y (8,4%), E (6,7%), Z (5%), C (3,3%) e W (3,3%). Foram identificados 34 STs distribuídos em 14 complexos clonais, incluindo oito (23,5%) STs novos. O complexo clonal mais frequente foi o ST-1136 em 20% dos isolados. Dentre as variações de PorA e FetA, as mais prevalentes descritas foram P1.18,25-37 (11,86%), P1.18-1,3 (10,17%) e F5-5 (23,73%), F4-66 (16,95%) e F1-7 (13,56%), respectivamente. Observou-se um predomínio das proteínas de classe 3 (93,22%) dentro das variantes de PorB descritas. As três principais variantes da lipoproteína fHbP foram encontradas nos isolados com a variante fHbp 2 sendo a mais prevalente (n=30; 50,8%), seguida pela fHbP-1 (n=15; 25,4%) e fHbP-3 (n=14; 23,7%). Cerca de 90% dos isolados não apresentaram o gene nadA, enquanto que todos os isolados possuíam o gene nhba, sendo as subvariantes 10 (18,64%) e 600 (16,95%) as mais prevalentes. Foi possível observar, ainda, a presença de isolados com perfis semelhantes aos de outras cepas de linhagens hipervirulentas responsáveis por surtos descritos ao redor do mundo e do Brasil, como B: P1.19,15: F5-1: ST-639 (cc32); C: P1.22,14-6: F3-9: ST-3780 (cc103) e W: P1.5,2: F1-1: ST-11 (cc11). CONCLUSÃO: Os resultados obtidos destacam a necessidade de uma contínua vigilância molecular de N. meningitidis e o monitoramento de cepas emergentes. A distribuição de proteínas de membrana externa e dos antígenos vacinais do sorogrupo B podem ser de grande importância para avaliar os efeitos de medidas preventivas futuras contra a doença meningocócica.

Palavras-chave: Neisseria meningitidis, linhagens hipervirulentas, portador assintomático, complexos clonais.

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Efeitos do transplante de células de medula óssea na neuropatia periférica são avaliados em dissertação

AUTORA: Anna Lethícia Lima Oliveira
ORIENTADORA: Cristiane Flora Villarreal
TÍTULO DA TESE: “Efeitos do tratamento com células mesenquimais de medula óssea sobre a neuropatia crônica induzida por oxaliplatina em camundongos”
PROGRAMA: Mestrado em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa- Fiocruz Bahia
DATA DE DEFESA: 22/02/2017

RESUMO

INTRODUÇÃO: A neuropatia periférica é um efeito adverso comum de diversas drogas antitumorais, incluindo os complexos platinos. A oxaliplatina (OXL) é um fármaco de terceira geração amplamente usado no combate ao câncer colorretal metastático, ovariano e outras malignidades. Quando comparado a outros análogos platinos apresenta menor toxicidade sistêmica mas acentuada neurotoxicidade. A neuropatia periférica associada à OXL é um fator dose limitante do tratamento quimioterápico que se manifesta como alterações de sensibilidade e dor, e pode perdurar mesmo após descontinuidade do tratamento em sua forma crônica. A neuropatia induzida por quimioterápico tem sido considerada uma das mais refratárias à medicação. A gabapentina, apesar de representar opção farmacológica frequente no controle clínico da neuropatia tem mostrado efeito apenas paliativo, transitório e de baixa efetividade. A terapia celular é considerada uma promessa na terapêutica de doenças neurológicas. Estudos iniciais demonstraram que células mesenquimais reduzem a neuropatia comportamental em modelos experimentais. Entretanto, até o presente momento, os efeitos de células-tronco na neuropatia quimioterápica não foram ainda investigados. OBJETIVO: O presente trabalho visa avaliar os efeitos do transplante de células mesenquimais de medula óssea (CMsMO) na neuropatia periférica crônica induzida por OXL em camundongos. MÉTODOS: CMsMO foram obtidas a partir de camundongos  EGFP e foram caracterizadas por citometria de fluxo e diferenciação celular. Camundongos C57Bl/l6 machos foram submetidos à indução do modelo de neuropatia crônica pela administração endovenosa de OXL (1 mg/kg), durante quatro semanas e meia, totalizando nove administrações. Os camundongos do grupo controle receberam dextrose a 5% (veículo). Uma semana após o fim da indução do modelo, os animais foram tratados com uma única administração endovenosa de CMsMO (1×106) ou veículo. Gabapentina (70 mg/kg, 12/12h por 6 dias consecutivos, via oral), foi utilizada como tratamento farmacológico de referência. Os limiares nociceptivos mecânico e térmico foram avaliados durante todo o período experimental com filamentos de von Frey e cold plate, respectivamente. Secções dos nervos isquiáticos foram coletados nos tempos de platô de analgesia e final (14 semanas) para análises morfológicas e morfométricas das fibras A e C por microscopia óptica e eletrônica, além da quantificação de nitrito e MDA como parâmetros bioquímicos de estresse oxidativo. RESULTADOS: O tratamento com OXL reduziu o limiar nociceptivo mecânico e térmico frio de modo duradouro, indicando sucesso na indução do modelo crônico de neuropatia por OXL em camundongos. As avaliações comportamentais sugerem que CMsMO produzem efeito antinociceptivo, levando os limiares nociceptivos de animais neuropáticos a níveis similares aos de animais saudáveis. O tratamento com gabapentina teve efeito antinociceptivo discreto e de curta duração. A avaliação microscópica revelou poucos vestígios de degeneração axonal em fibras de nervo isquiático de animais neuropáticos e as análises morfométricas mostraram que tais alterações não eram significantes. Por outro lado, a ocorrência de mitocôndrias atípicas em axônios mielinizados e fibras C de animais neuropáticos foi maior que em animais não neuropáticos. O tratamento com CMsMO reduziu a atipia mitocondrial e os níveis de nitrito e MDA nos nervos de animais com neuropatia para níveis estatisticamente similares ao dos não neuropáticos. CONCLUSÃO: O presente trabalho demonstra que uma única administração de CMsMO é capaz de reverter as alterações de sensibilidade, e reduzir a atipia mitocondrial e níveis de produtos de estresse oxidativo no nervo periférico, característicos da neuropatia crônica por OXL. Considerando os efeitos de CMsMO sobre as mitocôndrias e produtos oxidativos no nervo isquiático, o efeito antinociceptivo pode decorrer da melhora no ambiente homeostático oxidativo.

Palavras-Chave: neuropatia, quimioterapia, células-tronco, oxaliplatina, mitocôndrias, estresse oxidativo.

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Dissertação estima a prevalência de portadores de N. meningitidis em adolescentes após vacina

AUTORA: Amélia Maria Pithon Borges Nunes
ORIENTADORA: Guilherme de Sousa Ribeiro
TÍTULO DA TESE: “Colonização por Neisseria meningitidis entre adolescentes após introdução da vacina meningocócica C em Salvador, Brasil”
PROGRAMA: Mestrado em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa- Fiocruz Bahia
DATA DE DEFESA: 20/02/2017

RESUMO

INTRODUÇÃO: Neisseria meningitidis é uma bactéria que coloniza habitualmente a mucosa do trato respiratório superior sem causar qualquer sintoma (estado de portador sadio). Eventualmente, ela pode invadir a mucosa faríngea e causar uma doença fatal. A colonização pelo meningococo depende da idade, sendo que os adolescentes e jovens adultos têm a maior prevalência. Por esta razão, eles são considerados como a maior fonte de transmissão deste microrganismo. OBJETIVOS: Estimar a prevalência de portadores sadios de N. meningitidis em adolescentes de 11 a 19 anos de idade após introdução da vacina meningocócica C conjugada em Salvador e investigar fatores associados com o estado de portador. MATERIAIS E MÉTODOS: Estudo de corte transversal que incluiu uma amostra aleatória de 1.200 estudantes, entre 11 e 19 anos de idade, de escolas públicas em Salvador, Bahia. Entre setembro e dezembro de 2014 foi realizada coleta de swabs orofaríngeos e N. meningitidis foi identificada por métodos clássicos e por Reação de Cadeia de Polimerase. RESULTADOS: A prevalência de portadores de N. meningitidis foi de 4,9% (Intervalo de Confiança 95%, 3,6 – 6,1). Dos 59 participantes colonizados, 36 (61%) eram portadores de cepas não-grupáveis enquanto sete (11,8%) eram colonizados pelo genogrupo B, cinco (8,5%) pelo genogrupo Y, quatro (6,7%) por E, três pelo genogrupo Z (5,1%), e dois (3,4%) de cada pelos genogrupos C e W. Não houve diferença na prevalência por grupo etário. A prevalência de colonizados por N. meningitidis foi 2,02 (IC 95%, 0,99 – 4,12, p=0,05) vezes maior em adolescentes que informaram que apenas um cômodo em suas residências era usado para dormir em comparação com aqueles que relataram dois ou mais cômodos usados para dormir. Quanto à exposição passiva ao tabagismo, adolescentes que informaram que apenas a mãe era tabagista no domicílio tiveram prevalência 2,48 (IC  95%, 1,6 – 5,29, p=0,01) vezes maior do que adolescentes que informaram não serem expostos ao tabagismo em seus domicílios. Frequência a festas/“shows” também foi associada à colonização pelo meningococo, sendo que a frequência a essas atividades por cinco ou mais vezes no mês resultou em uma prevalência de colonização 2,61 (IC 95%, 1,38 – 4,92, p=0,02) vezes maior do que adolescentes que relataram frequentar festas/“shows” apenas uma vez no mês. CONCLUSÕES: Os resultados deste estudo mostram que a prevalência de portadores sadios de N. meningitidis em adolescentes em Salvador, Bahia, é baixa e potencialmente influenciada pela baixa prevalência de N. meningitidis genogrupo C em função das campanhas de imunização contra este genogrupo realizadas em 2010. A contínua vigilância epidemiológica da doença meningocócica, aliada a estudos de prevalência de colonização por N. meningitidis, são importantes para identificar mudanças na dinâmica do meningococo, principalmente na emergência de doenças causadas por outros genogrupos que não o genogrupo C.

 

Palavras-chave: Neisseria meningitidis, adolescentes, epidemiologia, colonização, prevalência.

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