Estudo desenvolvido por pesquisador da Fiocruz Bahia tem repercussão internacional

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artigo HIVUm estudo publicado na revista Science Translational Medicine, em 30 de agosto, sobre o mecanismo que faz com que portadores do vírus HIV tenham maior risco de acidentes cardiovasculares, repercutiu em diversos veículos de comunicação de países como EUA (Washington Post, EurekAlert, Medical Express e Scientific American), Espanha (El Mundo e JANO.es) e Índia (Medindia e CanIndia News), além do site do National Institute of Allergy and Infectious Diseases (NIH) e da Agência de Notícias da Aids no Brasil, dentre outros.

O pesquisador da Fiocruz Bahia, Bruno Bezerril Andrade, é um dos autores do trabalho realizado em parceria com instituições internacionais, sendo o responsável pela coordenação dos experimentos in vitro e em pacientes, além de supervisionar as análises estatísticas dos experimentos em macacos.

“Esta pesquisa foi fruto da curiosidade de entender porque pacientes infectados com HIV possuem risco permanentemente aumentado de desenvolverem eventos cardiovasculares, a despeito da eficácia da terapia antirretroviral em suprimir a replicação do vírus”, explica Andrade. O estudo demonstrou que mesmo com o baixíssimo número de vírus em decorrência da terapia antirretroviral, o sistema imunológico do paciente portador do HIV libera ao longo do tempo células de defesa específicas que acabam provocando inflamações e coágulos no sangue, que circulando pelo corpo, acabam gerando acidentes cardiovasculares.

Os resultados da pesquisa foram obtidos através da investigação detalhada de células do sangue e sua participação na formação de trombos em coortes diferentes de pacientes com HIV, além de pesquisa com modelos experimentais em macacos. “O próximo passo agora é entender como seria possível reduzir a capacidade destas células do sangue de promover estes eventos danosos que resultam em maior risco cardiovascular na infecção pelo HIV, como também em outras doenças inflamatórias”, afirma o pesquisador.

Saliva do carrapato

O mesmo estudo também apontou que a Ixolaris, uma proteína encontrada na saliva do carrapato do gênero Ixodes, pode ser a chave do tratamento para redução do risco da doença cardíaca relacionada ao HIV. De acordo com Bruno Andrade, muito trabalho ainda é necessário antes que esta substância seja validada para uso em humanos, por isso mais testes serão realizados.

“Estamos realizando estudos com mais pacientes e em outros países. Os resultados da nossa pesquisa apontam para a possibilidade de redução de risco de tromboses em diversas doenças marcadas pela inflamação crônica, em que a manipulação da atividade das células do sangue responsáveis por estes fenômenos pode trazer benefícios importantes”, esclarece Andrade.

Sobre o pesquisador

Bruno Andrade é pesquisador assistente da Fiocruz Bahia e do Instituto Brasileiro para a Investigação da Tuberculose (IBIT/Fundação José Silveira) e mantem posição de pesquisador associado do National Institutes of Health (NIH), EUA. Atua na área de estudos clínicos multicêntricos em Imunologia humana e medicina preditiva baseada em bioestatística multidimensional. Realiza ainda estudos imunológicos, epidemiológicos e de intervenção clínica em doenças como tuberculose, HIV, malária e leishmaniose.

Confira o trabalho publicado na Science Translational Magazine e os últimos artigos científicos do pesquisador:

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