Tese investiga polimorfismos genéticos em indivíduos com anemia falciforme com AVC

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Autoria: Luciana Magalhães Fiuza
Orientação: Marilda de Souza Gonçalves
Título da dissertação: “Investigação de polimorfismos em genes de citocinas inflamatórias em indivíduos com anemia falciforme com história de acidente vascular cerebral”.
Programa: Patologia Humana-UFBA /FIOCRUZ
Defesa: 28/04/2020

Resumo

Pacientes com anemia falciforme (AF) apresentam variabilidade fenotípica elevada, podendo apresentar diversas manifestações clínicas, incluindo o acidente vascular cerebral (AVC). No contexto da AF, o comprometimento das artérias cerebrais está primordialmente associado à inflamação crônica, hemólise e a anemia. Desta forma, o objetivo do presente trabalho foi identificar a presença de polimorfismos em genes de citocinas inflamatórias buscando associar a frequência de tais alterações ao desenvolvimento do AVC em crianças com AF. Para isto, foram investigados 66 indivíduos, 24 que experimentaram o AVC, formando o grupo caso, e 42 que nunca experimentaram o AVC, compondo o grupo controle. Foram analisados os parâmetros hematológicos, bioquímicos e o perfil inflamatório, bem como a presença de polimorfismos em genes de citocinas inflamatórias, tais como TNF -308 G>A (rs1800629), IL1B +3954 C>T (rs1143634), IL4 -590 C>T (rs2243250) e IFNG +874 T>A (rs2430561). Os marcadores hematológicos, bioquímicos e imunológicos foram investigados através de métodos automatizados e os marcadores genéticos foram identificados pelas técnicas de reação em cadeia da polimerase e Restriction Fragment Length Polymorphism (PCR-RFLP). A análise dos parâmetros laboratoriais, revelou um aumento na contagem de reticulócitos nos indivíduos do grupo caso (p=0,0101). Também foi encontrada a associação entre o AVC e dosagem de albumina (p=0,0006), proteínas totais (p=0,0087) e ácido úrico (p=0,0395). Com relação a análise genética, foi encontrada a associação do polimorfismo TNF -308 G>A, onde o alelo A
esteve associado à ocorrência do AVC (p=0,430). A análise multivariada mostrou a associação entre a presença do polimorfismo TNF -308 G>A e a ocorrência do AVC (p= 0,016). Foi encontrada a frequência elevada de indivíduos com o genótipo mutante para o polimorfismo do gene do IFNG e a associação significativa entre a presença do polimorfismo IL4 -590 C>T e alguns parâmetros laboratoriais, como contagem de linfócito (p=0,0152), plaquetas (p=0,0203), proteínas totais (0,0227) e bilirrubina direta (p=0,0054). Analisando os parâmetros laboratoriais no grupo de indivíduos com AF foi identificada a associação significativa entre a presença do alelo T no polimorfismo IL4 -509 C>T e alguns marcadores, como VCM (p=0,0105), HCM (p= 0,0421), RDW (p=0,0105), LDL-C (p=0,0351), AST (p=0,0292) e bilirrubina total (p=0,0468). Além disso, foi encontrada associação entre a dosagem das citocinas pró inflamatórias, IL-12 (p= 0,0095), IL1-β (p= 0, 0300) e IL-8 (p= 0,0167) em indivíduos com o alelo mutante para o polimorfismo IL4 -509 C>T. Nenhuma associação estatística foi encontrada entre os parâmetros avaliados e a presença dos polimorfismos nos genes da IL1B e IFNG. Assim, pode-se concluir que os pacientes com AF e histórico prévio de AVC apresentaram alterações nos parâmetros laboratoriais e apresentaram frequência elevada do alelo A do polimorfismo TNF -308 G>A. Além disso, pode-se observar que o polimorfismo IL4 -590 C>T esteve associado a alterações em marcadores laboratoriais, alterando o nível de expressão de citocinas inflamatórias. Esses resultados evidenciam a necessidade de se investigar possíveis interferências genéticas, visando estabelecer os efeitos funcionais de tais variáveis no desfecho do AVC em pacientes com AF.

Palavras chaves: anemia falciforme; citocinas inflamatórias, acidente vascular cerebral, inflamação.

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