Tese investiga fator de transformação do crescimento beta e polimorfismos na doença falciforme

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Autoria: Rayra Pereira Santiago
Orientação: Marilda de Souza Gonçalves
Título da tese: “Fator de transformação do crescimento beta e polimorfismos no gene receptor 3 do fator de transformação do crescimento beta na doença falciforme”.
Programa: Pós-Graduação em Patologia Humana-UFBA /FIOCRUZ
Defesa: 25/08/2020
Horário: 14:00 
Local: Sala Virtual do Zoom

RESUMO

O fator de transformação do crescimento beta (TGF-β) é uma citocina com papel importante em processos biológicos, como disfunção endotelial e vascular, inflamação e homeostase hematopoiética. O objetivo do presente estudo foi investigar a associação dos níveis plasmáticos de TGF-β1 e de polimorfismos no gene do receptor 3 do fator de transformação do crescimento beta (TGFBR3) com biomarcadores genéticos, hematológicos, bioquímicos e imunológicos em indivíduos com doença falciforme (DF) e com as complicações clínicas. Para tanto, foi conduzido um estudo transversal, onde foram investigados 175 indivíduos com DF (120 HbSS e 55 HbSC). Os níveis plasmáticos do TGF-β, inibidor tecidual de metaloproteases-1 (TIMP-1) e da metaloproteinase da matriz 9 (MMP-9) foram determinados pela técnica de ELISA e os marcadores hematológicos, bioquímicos e imunológicos foram determinados por métodos automatizados. A genotipagem dos polimorfismos no gene TGFBR3 foi realizada utilizando TaqMan SNP Genotyping Assays. Os indivíduos HbSS apresentaram concentrações elevadas de TGF-β1 quando comparados a indivíduos controles saudáveis e HbSC. Nos indivíduos HbSS, o TGF-β1 esteve positivamente correlacionado com as hemácias, plaquetas, hemoglobina, hematócrito e TIMP-1. Além desses marcadores, os indivíduos HbSS com concentrações de TGF-β1 ≥72.29 ng/mL apresentaram contagem elevada de monócitos e níveis diminuídos de albumina. Os indivíduos HbSC apresentaram correlação positiva entre o TGF-β1 e leucócitos, eosinófilos, linfócitos, monócitos, plaquetas, TIMP-1, lipoproteínas de muito baixa densidade (VLDL-C), triglicérides, heme e aspartato aminotransferase (AST). Os indivíduos HbSC com concentrações de TGF-β1 ≥ 47.80 ng/mL apresentaram contagens elevadas de leucócitos e plaquetas e concentrações elevadas de triglicérides, VLDL-C, MMP-9 e TIMP-1 e concentrações diminuídas de lipoproteína de alta densidade (HDL-C). Nos indivíduos com HbSS, o alelo variante A do polimorfismo rs1805110 no gene
TGFBR3 esteve associado a concentrações elevadas de hemoglobina, hematócrito, lipoproteína de baixa densidade (LDL-C), acido úrico e endotelina; contagem elevada de reticulócitos e platelet distribution width (PDW) diminuídos e estiveram associados à ocorrência de alterações ósseas. O alelo variante T do polimorfismo rs7526590 no gene TGFBR3 esteve associado a concentrações elevadas de red cell distribution width (RDW), PDW, fosfatase alcalina, AST, bilirrubina indireta e lactato desidrogenase e concentrações diminuídas de ferritina e a ocorrência de úlceras de pernas. Os indivíduos com DF portadores do haplótipo GG no gene TGFBR3 apresentaram níveis mais elevados de colesterol total (T-CHOL), LDL-C, triglicérides, colesterol não HDL (não-HDL-C), proteínas totais e globulina que 8 aqueles com o haplótipo não-GG. Indivíduos com o haplótipo CGG apresentaram níveis elevados de plaquetócrito, T-CHOL, LDL-C e não-HDL-C. Ambos os haplótipos GG e CGG estiveram associados à ocorrência de pneumonia e os indivíduos com haplótipo não-GG apresentaram ocorrência maior de colelitíase. Nossos dados sugerem que o TGF-β1 desempenha papel importante no remodelamento vascular, vasculopatia, angiogênese, inflamação e hemólise na DF e que polimorfismos no gene TGFBR3 podem estar ligados ao estado inflamatório, hemólise e a complicações clínicas. Além disso, os indivíduos portadores dos haplótipos GG e CGG no gene TGFBR3 apresentaram alterações importantes no
perfil lipídico e apresentaram ocorrência maior de pneumonia.

Palavras chaves: doença falciforme, fator de transformação do crescimento beta, receptor 3 do fator de transformação do crescimento beta.

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