Tese faz avaliação do impacto de uma mobilização sócio-educativa para o controle do Aedes aegypti

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AUTORA: Kathleen Ribeiro Souza
ORIENTADOR: Luciano Kalabric Silva
TÍTULO DA TESE: “Avaliação do impacto de uma mobilização sócio-educativa para o controle do Aedes aegypti”.
PROGRAMA: Doutorado em em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa – FIOCRUZ
DATA DE DEFESA: 31/10/2017

RESUMO

Os programas de controle vetorial ainda são a principal forma de prevenir à transmissão da dengue e de outras arboviroses no Brasil. Apesar dos esforços empregados no controle vetorial do Aedes aegypti, e a despeito da manutenção de casos notificados para dengue, a introdução e reemergência de outras arboviroses, trazem ao país o desafio de combater com eficiência seu mosquito vetor. Em parte, isto pode ser explicado porque a maioria dos estratos da cidade apresenta índices de infestação predial (IIP) elevados (> 1,0%). Este trabalho tem por objetivo desenvolver ações de mobilização socioeducativas para a comunidade, de modo que ocorram mudanças no comportamento destes que resultem num controle vetorial mais efetivo refletido na queda do índice de infestação de Ae. aegypti. O estudo foi realizado em uma área de intervenção (estrato 302) e uma área controle (estrato 299) localizadas no Subúrbio Ferroviário de Salvador-Ba entre 2014 e 2017. Os ACEs foram capacitados em arboviroses, biologia do vetor e educação em saúde antes do início do projeto. Todos os ACEs e alguns representantes da comunidade das duas áreas participaram de uma pesquisa de saberes e percepções sobre dengue através da entrevista de grupos focais. Em ambos os estratos foram selecionadas casas sentinelas para avaliação das ações de intervenção através da aplicação de um inquérito CAP antes e após o estudo, além de avaliação dos índices de infestação por Ae. aegypti (IIP, IPA e IDO). No estrato 299, ações regulares de controle foram mantidas. No estrato 302, além das ações regulares de controle, os ACEs realizaram visitas domiciliares, onde os moradores receberam um kit educativo e instruções para a vistoria de seu imóvel. Os moradores participantes foram contatados por telefone mensalmente para lembrá-los da inspeção, nesse processo somente cerca de 30% da comunidade foi envolvida e apenas 27% das casas sentinelas foram incluídas na ação de intervenção ao final do estudo. A partir do GF fica evidente incertezas no conhecimento de conceituações sobre dengue entre os moradores; estado de conflito dos ACEs em exercer o papel de educador sem conhecimento necessário para tal; a valorização do seu trabalho para prevenção e controle da dengue pelos agentes de mobilização e ausência de sentimento e responsabilidade com relação à dengue pelos ACSs. Em ambos estratos os rendimentos para o inquérito CAP-pré e pós demonstram ausência de diferenças significantes. As medidas de índices de infestação avaliadas também não apresentaram reduções significativas ao longo do tempo, evidenciando ausência de mudanças comportamentais por parte dos moradores, mesmo com a presença da ação de intervenção e campanhas educativas. Parte deste insucesso pode estar associado ao baixo alcance da ação na comunidade, ao baixos níveis socioeconômicos da região, além da ausência de políticas públicas e infraestrutura local. Outro fator responsável pelos resultados está relacionado ao tipo de metodologia escolhido para o processo educacional, que se caracteriza como uma abordagem tradicional, não-interativa e bancária, sem levar em consideração portanto as perspectivas sociocognitivistas, necessárias à construção de um conhecimento que propicie as mudanças comportamentais favoráveis ao controle do vetor.

Palavras-chave: Aedes aegypti, intervenção educativa, controle vetorial, educação em saúde.

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