Tese faz associação entre polimorfismos genéticos e biomarcadores na doença falciforme

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AUTORIA: Camylla Vilas Boas Figueiredo
ORIENTAÇÃO: Marilda de Souza Gonçalves
TÍTULO DA TESE: “Priapismo na doença falciforme: associação entre polimorfismos genéticos e biomarcadores laboratoriais”.
PROGRAMA: Pós-Graduação em Patologia Humana-UFBA /FIOCRUZ
DATA DE DEFESA: 18/10/2019
HORÁRIO: 14h

RESUMO

A doença falciforme (DF) é constituída por um grupo de doenças hematológicas que têm em comum a presença da hemoglobina variante S (HbS), sendo a anemia falciforme (AF) a forma mais grave da doença, e a hemoglobinopatia SC (HbSC), a segunda mundialmente mais frequente. Dentre as manifestações clínicas presentes na DF, o priapismo exerce impacto grande na qualidade de vida dos pacientes acometidos. O priapismo é definido como a ereção peniana prolongada, persistente e dolorosa, que não está associada ao estímulo sexual, cuja incidência em homens de qualquer idade é estimada em 0.3-1.05 a cada 100.000 por ano, sendo que, em aproximadamente 65% dos casos, a etiologia do evento tem como causa a DF. O priapismo é considerado emergência urológica, cujo diagnóstico incorreto pode levar a fibrose peniana, disfunção erétil e impotência. Dessa forma, o objetivo do presente estudo foi caracterizar os perfis hematológico e bioquímico de pacientes pediátricos com AF e HbSC, bem como investigar polimorfismos em genes de moléculas relacionadas à disfunção endotelial, associando-os a biomarcadores laboratoriais em indivíduos com DF que tiveram histórico clínico prévio de priapismo. Para tanto, foram realizados dois estudos. O primeiro, um estudo transversal envolvendo 181 pacientes pediátricos, sendo 126 com AF e 55 com HbSC. O segundo, um estudo caso-controle, onde foram investigados 37 pacientes do sexo masculino com DF, sendo 31 deles com AF e 6 com HbSC que foram previamente acometidos por evento de priapismo e 51 pacientes com DF (36 com AF e 15 com HbSC) que nunca relataram a ocorrência de priapismo e constituíram o grupo controle. Os marcadores hematológicos e bioquímicos investigados em ambos os estudos foram avaliados por métodos automatizados. No segundo estudo, a quantificação dos metabólitos de óxido nítrico (NOm) foi determinada colorimetricamente através da reação de Griess e a dosagem de endotelina-1 (ET-1) foi realizada pelo ensaio de imunoabsorção enzimática (ELISA). Os polimorfismos nos genes NOS3 e EDN1 foram investigados pelas técnicas de reação em cadeia da polimerase (PCR) e Restriction Fragment Length Polymorphism (RFLP). Os resultados encontrados no primeiro estudo demonstraram que pacientes com AF exibem um perfil hemolítico e inflamatório mais proeminente em comparação aos pacientes com HbSC que, por sua vez, apresentam alterações no perfil lipídico, bem como níveis diminuídos de NOm. De acordo com o histórico de admissões hospitalares, as crises de dor e os eventos de VOC estiveram associados a diferentes parâmetros laboratoriais em ambos os genótipos estudados, sendo a reticulocitose um biomarcador que pode estar associado à gravidade da DF. Alterações em moléculas associadas à disfunção endotelial, dislipidemia e níveis mais baixos de HbF podem estar associadas à história clínica prévia de priapismo. Pacientes participantes do segundo estudo tratados farmacologicamente com HU e que fazem uso de hemocomponentes são historicamente menos acometidos por eventos de priapismo. No que diz respeito à investigação genética, polimorfismo nos genes NOS3 e EDN1 não demonstraram significância estatística entre os grupos estudados, bem como a presença do alelo variante não esteve associada a alterações nos níveis de NOm e ET-1 nos pacientes com DF e história clínica prévia de priapismo. Estudos futuros que envolvam um número maior de pacientes, bem como aqueles em crise de priapismo podem levar a uma elucidação acerca do papel que essas moléculas desempenham no desenvolvimento dessa manifestação clínica.

Palavras chaves: priapismo, doença falciforme, óxido nítrico, endotelina, polimorfismo genético.

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