Tese avalia potencial alvo para o desenvolvimento de vacina para HTLV-1

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AUTORA: Fernanda Khouri Barreto
ORIENTADOR: Luiz Carlos Júnior Alcantara
TÍTULO DA TESE: ORF-1 do HTLV-1 como potencial alvo para o desenvolvimento de uma vacina terapêutica
PROGRAMA: Doutorado em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa
DATA DE DEFESA: 27/07/2017

RESUMO

O HTLV-1 é o agente etiológico de doenças humanas, tais como leucemia/linfoma de célula T do adulto (ATLL), paraparesia espástica tropical/mielopatia associada ao HTLV (HAM/TSP), dermatite infectiva associada ao HTLV-1 (DIH), entre outras. Estima-se que cerca de 5-10 milhões de pessoas estejam infectadas pelo HTLV-1 no mundo e apesar dessa infecção ser endêmica em diferentes regiões geográficas, ainda permanece sem métodos terapêuticos eficazes. O genoma desse retrovírus é composto por duas fitas simples de RNA, com os genes gag, pol, env e uma região próxima à extremidade 3′ conhecida como pX. A região pX contém quatro quadros abertos de leitura (ORFs) que codificam proteínas regulatórias específicas. A ORF-I codifica as proteínas p12 e p8, que quando expressas em quantidades equivalentes favorecem a infectividade e persistência viral. Mutações gênicas específicas na ORF-I do HTLV-1 podem alterar o padrão de expressão e, consequentemente, a concentração relativa destas proteínas, implicando na alteração da persistência viral e no desfecho da infecção.

Portanto, esse trabalho teve como objetivo caracterizar a ORF-I do HTLV-1 de pacientes com diferentes perfis clínicos visando o desenvolvimento de uma vacina terapêutica que possa ser utilizada para o controle da infecção. Para tal, inicialmente foi realizada a anotação completa do principal genoma do HTLV-1 (ATK1), utilizado como sequência referência para a caracterização molecular da ORF-I. Em seguida, 1530 sequências da ORF-I provenientes de indivíduos assintomáticos e com HAM/TSP foram submetidas a análise de dataming para busca de associações entre mutações, carga proviral e sintomatologia. Esses dados demonstraram que apesar da baixa diversidade genética dessa região, alterações nucleotídicas específicas quando combinadas com alta carga proviral podem estar associadas ao desenvolvimento de HAM/TSP. Para avaliar o grau de conservação genética da ORF-I em outros perfis clínicos, amostras de 23 pacientes assintomáticos, 11 pacientes com DIH, 13 com ATLL e 16 com HAM/TSP foram coletadas e submetidas à amplificação e sequenciamento.

As sequências foram analisadas in silico utilizando programas de bioinformática para caracterização molecular. Os dados demonstraram a baixa diversidade genética desta região, corroborando com o fato de que o genoma do HTLV-1 é geneticamente estável e, portanto, o desenvolvimento de uma vacina terapêutica é viável. Esse trabalho possibilitou a disponibilização no GenBank das primeiras sequências da ORF-I do HTLV-1 provenientes de pacientes com DIH. Utilizando os dados gerados nas análises in silico foram preparados plasmídeos para expressão de peptídeos correspondentes aos sítios de clivagem da p12 para formação da p8, além de plasmídeos de expressão contendo a região gênica que codifica as proteínas p12 e p8 separadamente. Esses produtos poderão ser utilizados para o desenvolvimento e avaliação de vetores capazes de alterar a expressão da ORF-I.

A partir desses dados foi possível identificar a ORF-I do HTLV-1 como um possível alvo para uma vacina terapêutica e estabelecer um modelo de construção de peptídeos de competição enzimática capazes de influenciar a expressão de p12 e p8.

Palavras-chave: HTLV-1; ORF-I; mutação; vacina.

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