Tese analisa vulnerabilidade de transmissão vetorial da doença de Chagas na Bahia

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Autoria: Gilmar Jose da Silva Ribeiro Junior
Orientação: Mitermayer Galvão dos Reis
Título da tese: “Vulnerabilidade de transmissão vetorial do Trypanossoma Cruzi (Chagas, 1909) no estado da Bahia”.
Programa: Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa
Data de defesa: 13/11/2020
Horário: 14h
Local: Sala Virtual do Zoom | ID da reunião 922 1853 9338

RESUMO

A doença de Chagas ainda é um dos principais problemas de saúde pública em toda a América Latina, com cerca de 70 milhões de pessoas sob risco de infecção e, aproximadamente, 5,7 milhões de indivíduos infectados por T. cruzi em 2010 na América Latina. Sendo assim, identificar as áreas mais vulneráveis à transmissão da doença de Chagas na Bahia por triatomíneos sinantrópicos é estratégico para orientar as ações de vigilância e combate à transmissão do agravo. O objetivo principal deste trabalho foi classificar os municípios da Bahia quanto à vulnerabilidade de transmissão vetorial do T. cruzi. Utilizamos os seguintes indicadores: (1) Entomológicos – ocorrência das espécies nos município da Bahia, ponderada de acordo com a sua importância, cuja ponderação foi baseada em: (a) Padrão de ocorrência dos vetores nos domicílios e distribuição geográfica no Estado; (b) capacidade de colonização comparativamente em dois períodos (1957-1971 e 2006-2016); (c) níveis de infecção natural por T. cruzi e (d) padrões alimentares das espécies sinantrópicas em 2013 e 2014. (2) Socioeconômicos (percentual de imóveis na zona rural vivendo em situação de extrema pobreza); (3) Demográficos (densidade demográfica); (4) Séries históricas de dados pertencente ao Programa de Controle da Doença de Chagas (PNCDCh): (a) dispensação de benzonidazol; (b) autorização de internação hospitalar; (c) Óbitos por doença de Chagas; (d) doença de Chagas autoreferido; (e) residência e naturalidade de pacientes detectados na triagem sorológica do Hemoba. A vulnerabilidade foi avaliada pela Análise Multicritério de Decisão (AMD) através do aplicativo PRADIN® 3.0. A avaliação dos triatomíneos coletados revelou que a prevalência de infecção pelo T. cruzi foi maior no ambiente silvestre, seguido de peridomiciliar e domiciliar, com as seguintes diferenças nas proporções observadas: intradomiciliar (N=324, X²=37,44 p<0,000), peridomiciliar (N=298, X²= 0,75 p=0,383) e silvestre (N=73, X²=134 p=0,000). Os alvos moleculares, i.e., cão, gato e homem foram detectados apenas no ambiente doméstico (intra e peridomicílio) e não foi observada diferença significante entre esses ambientes (X²cão=3,4 p=0,052 / X²gato=1,0 p=0,297 /X²homem=1,1 p=0,284). A análise histórica das bases de dados revelou a mudanças na estrutura espaço temporal dos vetores da Bahia e, necessidade de classificação periódica da importância relativa dos vetores através de um indice consolidado. Além disso, a AMD indicou a existência de municípios com alta vulnerabilidade para transmissão vetorial domiciliar do T. cruzi em quase todo o território da Bahia, com exceção do sul do Estado; que foi classificado como de baixa vulnerabilidade. Ao estratificarmos os resultados por território de identidade, chamam atenção os resultados observados nos territórios de identidade de SISAL e IRECÊ e PIEMONTE PARAGUAÇÚ apresentaram os maiores números de municípios altamente vulneráveis. Os municípios com alta vulnerabilidade apresentaram maior pobreza na zona rural, baixa densidade demográfica e maior frequência de espécies sinantrópicas epidemiologicamente relevantes. A AMD auxiliou na identificação dos municípios vulneráveis para transmissão vetorial da doença de Chagas na Bahia, o que é estratégico para direcionamento das ações de vigilância e controle.

Palavras Chaves: Doença de Chagas, Trypanosoma cruzi, Triatomíneos, Bahia, Vulnerabilidade.

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