Curso sobre febre oropouche reuniu profissionais, estudantes e técnicos em vigilância em Salvador

Curso sobre identificação e vigilância de maruins vetores da febre oropouche foi realizado entre os dias 28 e 30 de abril, em Salvador. Organizada pela Fiocruz Bahia e Fiocruz Amazonas, em colaboração com a Universidade do Estado da Bahia (UNEB), a formação teve como objetivo capacitar profissionais de saúde, estudantes e agentes na tarefa de identificar os maruins vetores e fortalecer as estratégias de vigilância epidemiológica e ambiental.

A mesa de abertura do evento foi composta por Alina Lins, diretora do Departamento de Ciências da Vida (DCV), da UNEB; Isadora Siqueira, pesquisadora da Fiocruz Bahia; Artur Dias Lima, professor da UNEB; e Felipe Pessoa, pesquisador da Fiocruz Amazônia. A programação contou com um ciclo de palestras teóricas com breve história do vírus Oropouche; aspectos epidemiológicos e clínicos; complicações neurológicas da febre oropouche; taxonomia e conservação de vetores; já a parte prática, abrangeu o tema da taxonomia e coleta relacionadas à conservação de vetores.

De acordo com Isadora Siqueira, esse é o primeiro curso com a perspectiva da análise entomológica, ou seja, estudo dos insetos vetores do Oropouche, realizado no estado. “É um curso de extrema importância para a questão das arboviroses e relacionado às epidemias recentes do vírus Oropouche em vários estados do Brasil e na Bahia”. A pesquisadora disse ainda que espera que seja o primeiro de muitas edições.

A febre oropouche é uma doença viral transmitida principalmente por maruins (Culicoides paraensis) e causada pelo vírus Oropouche. A doença, identificada em 1955 em Trinidad e Tobago e na Amazônia, tem avançado no país, gerando um alerta na saúde pública devido aos sintomas semelhantes aos da dengue, bem como ao potencial para surtos urbanos e quadros graves.

Felipe Pessoa, pesquisador da Fiocruz Amazônia, explicou que a febre oropouche era uma situação basicamente amazônica que está se espalhando em toda a América Latina e traz consequências no que se conhecia sobre os vetores, reservatórios e surtos. “Aparentemente temos uma situação um pouco diferente da situação amazônica no resto do Brasil. Estamos tentando compreender a dinâmica de quem está transmitindo, as áreas que estão tendo a ocorrência desses surtos, para formar um link de trabalho e troca de experiências no estado, para que em um futuro muito próximo, possamos dar ideias e conselhos para medidas de controle, ou pelo menos de diminuição do número de casos em humanos, e assim podermos ter predições e prevenção da doença”, pontuou.

Pessoa compartilhou que a proposta do curso é conversar sobre a ecologia mais voltada ao Culicoides, chamado popularmente de maruim ou mosquito-pólvora, para aprender a identificar especificidades da espécie e assim avançar nas pesquisas. “A identificação dos Culicoides é um pouco complexa, pois é preciso verificar várias estruturas morfológicas e identificar a espécie. É um inseto diminuto, pode variar de um até dois milímetros e meio, e nós temos pouquíssimos taxonomistas desses insetos na América Latina. A ideia é as pessoas saberem reconhecer o que é um Culicoides, aprender a manejar as chaves de identificação para podermos conhecer um pouquinho da fauna daqui da Bahia”, afirmou.

Artur Dias Lima, professor do Departamento de Ciências da Vida (DCV) da UNEB e da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, comentou que nos últimos períodos o vírus tem chamado a atenção de diversos segmentos, seja dentro dos setores da epidemiologia, do governo federal, das secretarias de saúde estaduais ou municipais.

“Nesse processo, a universidade entra exatamente na formação das pessoas que vão trabalhar no controle dessa doença. Então é importante esse encontro, de onde vão surgir bons projetos de trabalho para investigar mais a fundo o Oropouche e os seus vetores, bem como trabalhar perspectivas de profilaxia e controle”, concluiu. A parte prática do curso, também contou com a presença da Dra. Claudia Rios Velasquez, e Jhonata Santiago, da Fiocruz Amazônia, e pela taxonomista Sâmia Luzia Sena da Silva, do Instituto Evandro Chagas, Pará.

twitterFacebookmail
[print-me]