Sensores irão quantificar poluição do ar em Ilha de Maré e Região Metropolitana de Salvador

Getting your Trinity Audio player ready...
Dez sensores, com este, serão instalados em escolas e Unidades Básicas de Saúde.

A Ilha de Maré e Região Metropolitana de Salvador receberão sensores para medição de material particulado PM 2.5, Dióxido de nitrogênio, Dióxido de Enxofre, Ozônio, umidade e temperatura. O primeiro será instalado amanhã (24/03), às 10h, na Escola Municipal de Paripe, com a participação da Secretária de Sustentabilidade e Resiliência de Salvador, parceira do projeto. O objetivo da iniciativa, coordenada pela pesquisadora da Fiocruz Bahia, Nelzair Vianna, é desenvolver estratégias para uma vigilância popular em saúde e ambiente, aplicando a visão de saúde planetária na identificação de vulnerabilidades socioambientais e sanitárias no contexto antes e pós-pandemia. 

Ao todo serão instalados 10 sensores, em escolas e Unidades Básicas de Saúde, sendo quatro em Ilha de Maré, um na Ilha dos Frades, quatro no Subúrbio Ferroviário e um será para controle. Esta região foi selecionada por ser historicamente impactada pela proximidade com fontes industriais e já vem sendo acompanhada por pesquisadores. Os dispositivos funcionam com auxílio de tomada elétrica e rede wi-fi. Os dados são coletados por um sistema e serão disponibilizados em dashboard, facilmente acessados em aplicativo pelo celular ou computador, em tempo real. “A proposta é que este projeto inicie uma rede permanente de monitoramento da qualidade do ar em Salvador com sensores de baixo custo, integrando dados para uma rede internacional, a ser gerenciada pelo poder público. Esta rede deverá ser ampliada para cobertura de toda a cidade”, explica Nelzair. 

Os resultados da pesquisa devem servir de apoio para propostas de regulamentação para padrões de qualidade do ar e mitigação das fontes emissoras, que poderão contribuir para a redução dos gases de efeito estufa e o combate às mudanças climáticas. As informações também serão utilizadas pelos setores de saúde e ambiente para tomada de decisão local e políticas públicas, como a implementação do programa de Vigilância em Saúde de Populações Expostas à Poluição Atmosférica – VIGIAR e instalação de unidades sentinelas para sintomas de doenças relacionadas à exposição da poluição do ar.

Além disso, toda a comunidade terá acesso aos dados, facilitando o desenvolvimento das ações de ciência cidadã. Os estudantes, por exemplo, conduzidos pela colaboração de professores da rede e gestores, trabalharão em projetos relacionados ao tema utilizando esses dados. Isto ampliará a percepção de riscos pela população e o engajamento para as estratégias de controle das fontes emissoras de poluição do ar. A comunidade local participa ativamente do projeto com o delineamento das ações e guia as atividades de campo. Reuniões são feitas regularmente para alinhamento dos objetivos com lideranças comunitárias e gestores locais das unidades de saúde e escolas deste território.  

Segundo Nelzair, a poluição do ar é uma ameaça para a saúde pública no século XXI e já tinha sido declarada como uma Pandemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS), pois contribui para a morte prematura de até 9 milhões de pessoas ao ano. Também, uma associação dos efeitos da poluição do ar com o aumento da mortalidade e morbidade pela Covid-19 tem sido observada. “Populações mais vulneráveis têm sido mais impactadas pela pandemia, tanto pelas desigualdades sociais, étnicas, ambientais e econômicas como também pela exposição direta aos poluentes atmosféricos, o que requer abordagem no território para encaminhamento de possíveis soluções”, afirma a pesquisadora.  

Outros métodos também serão aplicados para caracterizar e identificar fontes emissoras, bem como modelos matemáticos para acompanhar a dispersão de poluentes. A iniciativa faz parte de uma pesquisa da Fiocruz Bahia, realizada com apoio do Programa Inova Fiocruz, por meio do Edital Territórios Sustentáveis e Saudáveis no contexto da pandemia Covid-19, e em parceria com o Ministério da Saúde, Secretaria de Sustentabilidade e Resiliência de Salvador,  Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/ Fiocruz), Fiocruz Brasília, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA), PUC Rio – Laboratório de Qualidade do Ar, SUPREMA – Faculdade de Ciências Médicas de Juiz de Fora e a Conforlab. 

twitterFacebookmail