Realizado entre os dias 29 e 31 de julho, o Seminário Educação, Informação, Comunicação e Saúde: Proteções Contra a Desinformação reuniu pesquisadores, professores, estudantes, profissionais da saúde, da comunicação e de diferentes áreas do conhecimento, além de autoridades, membros de instituições públicas, acadêmicas e científicas.
Promovido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), através do Instituto Gonçalo Moniz (IGM-Fiocruz Bahia), a Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e Universidade Federal Fluminense (UFF), o evento contou com 500 participantes, entre estudantes, pesquisadores, professores, profissionais de saúde e usuários do SUS. Além disso, o evento teve 115 trabalhos inscritos, 65 avaliadores, 50 monitores e mais de quarenta palestrantes, que se distribuíram por conferências, mesas-redondas, rodas de conversa e apresentações de pesquisas e relatos de experiências de grupos de trabalho.
A programação contou ainda com oficinas voltadas para mais de cem estudantes do ensino médio de escolas públicas de Salvador, realizadas na Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
A mesa de abertura contou com a presença do diretor da Fiocruz Bahia, Valdeyer dos Reis; do presidente da comissão organizadora, Antonio Brotas; da vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz, Marly Cruz – representando o presidente Mário Moreira, da reitora da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Adriana Marmori, e da diretora de Popularização da Ciência, Tecnologia e Educação Científica do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Juana Nunes.
A cerimônia de abertura foi iniciada com a fala do presidente da comissão organizadora, Antonio Brotas, que deu as boas vindas a todas as pessoas presentes e falou sobre o esforço coletivo para a realização do evento. “Esse é um seminário multidisciplinar e interinstitucional, concebido da necessidade de pensar o enfrentamento à desinformação em saúde, ciência ou em qualquer campo. A desinformação é um fenômeno multifacetado e as ações precisam ser coordenadas e organizadas”, afirmou.
Em seguida, o diretor da Fiocruz Bahia, Valdeyer dos Reis, falou sobre a importância de promover ações e debates em defesa da ciência. “Esse evento reafirma o papel das instituições e das pessoas presentes com a defesa do conhecimento científico como um bem público e a saúde como um direito de todos. Que ele seja um espaço vivo de aprendizado, articulação e esperança por tempos melhores”, disse.
Adriana Marmori, reitora da UNEB, também defendeu a importância de promover diálogos sobre a ciência e o fazer científico. “É uma alegria ver um tema tão importante sendo o foco das discussões. Vocês conseguiram trazer um tema que agrega pesquisa, produção, formulação da ciência e a reflexão em uma conjuntura que nós estamos vivenciando que é extremamente evidente e necessária. Eu quero parabenizar cada pessoa que está aqui durante esses dias, trazendo suas inquietações, suas pesquisas, suas formulações, fazendo que outras pessoas se agreguem para que possamos estar, de fato, construindo e reconstruindo a pátria que nós queremos”, ponderou.
Representando o presidente Mário Moreira, a vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz, Marly Cruz, reafirmou o compromisso da instituição com a ciência, a saúde e a defesa do SUS, destacando o papel da divulgação científica e da popularização da ciência neste contexto. “Esse é também um agradecimento por estarmos caminhando de mãos dadas pra poder enfrentar essas e outras ameaças à nossa saúde pública, ao nosso país, a nossa democracia. Que a gente possa continuar caminhando juntos, de mãos dadas para que possamos construir um Brasil melhor e para que possamos construir também uma saúde pública mais viva e mais potente naquilo que a gente hoje precisa para um bem viver”, defendeu.
A diretora de Popularização da Ciência, Tecnologia e Educação Científica do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Juana Nunes, defendeu o tema do seminário como essencial para toda a sociedade. “O debate sobre a desinformação e a aliança que ele tem com o tema da popularização da ciência, da divulgação científica e de uma educação de qualidade é essencial… Nós não temos um desafio pequeno. Nós temos que enfrentar esses desafios e disputar com uma força desigual que tanto molda as mentes e a forma como a gente vê o mundo”, ressaltou.
O evento também contou com a Conferência de Abertura Desafios Contemporâneos no Enfrentamento à Desinformação, ministrada pelo professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) e pesquisador do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), Marco Schneider. O convidado abordou os desafios relacionados ao debate regulatório sobre plataformas e a própria Inteligência Artificial, que tocam em questões sensíveis como a liberdade de expressão, que por sua vez confronta as noções de liberdade individual e coletiva, especialmente diante das crescentes ondas de desinformação e fraudes generalizadas. O conferencista também é coordenador da Rede Nacional de Combate à Desinformação (RNCD) e editor da Liinc em Revista e da International Review of Information Ethics (IRIE).
O Seminário Educação, Informação, Comunicação e Saúde: proteções contra a desinformação teve o apoio da Fundação de apoio à Fiocruz (Fiotec), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb), da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI), do Ministério da Saúde, da Fiocruz Brasília e do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para a saúde (CIDACS-Fiocruz Bahia).
Prêmio Igor Sacramento
Após a mesa de abertura, foi realizada uma homenagem ao jornalista e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz, Igor Sacramento, que faleceu no dia 21 de abril de 2025, em decorrência de uma meningite bacteriana. Durante a cerimônia, o diretor do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict), Adriano Silva, lembrou a trajetória de Igor e suas contribuições para a instituição e para a produção científica brasileira. “É muito especial ter um evento onde estamos juntos pensando como fazer o enfrentamento da desinformação e poder ter também o presente que é o Prêmio Igor Sacramento…Igor era alegria, era muita seriedade, rigor acadêmico e rigor científico, mas também, muita alegria, muita potência, muita…muita inspiração”, disse.
O prêmio, que contemplou três trabalhos apresentados durante o seminário, foi construído em parceria com o ICICT e tem como objetivo reconhecer e estimular o desenvolvimento de trabalhos acadêmicos, iniciativas institucionais e projetos extensionistas que possam oferecer alternativas para o enfrentamento à desinformação.
Os participantes João Victor Paixão de Jesus e Deboraci Brito Prates, da Universidade Federal da Bahia, foram os vencedores na categoria Melhor Trabalho com o projeto intitulado A cor da desinformação: uma análise qualitativa de mídias sobre fotoproteção e saúde da população negra no Brasil.
Os participantes Viviane Giusti Balestrin, Ana Valéria Machado Mendonça, Aline Melo, Luís Maciel Costa e Isabel Christina Raulino Miranda, da Universidade de Brasília, foram contemplados com menção honrosa com o artigo Capacitismo e Superdotação: Entre a Invisibilidade e a Desinformação na Sociedade.
A segunda menção honrosa foi para o artigo Educação em Informação no Combate à Desinformação: Relato de Experiência de Projeto de Extensão Universitária com a Iniciação Científica no Ensino Médio, que tem como primeira autora, Marianna Zattar, da Fundação Oswaldo Cruz. O trabalho tem co-autoria de Nysia Oliveira de Sá, Rute da Silva Cavalcanti, Raphaella Teodoro e Bruna Castro, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e Laura de Azeredo Santos, da Fundação Oswaldo Cruz.
Sobre Igor Sacramento
O homenageado era cientista do Laboratório de Pesquisa em Comunicação e Saúde (Laces) do ICICT e professor permanente no Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGCOM/UFRJ) e do Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde (PPGICS), do Icict/Fiocruz.
Igor foi, e continua sendo, referência nos estudos sobre desinformação e outros temas que articulam comunicação e saúde, sendo reconhecido por inúmeros prêmios. Autor de mais de uma dezena de livros, foi contemplado com a Bolsa de Produtividade em Pesquisa do CNPq — uma das maiores distinções que um pesquisador pode receber no Brasil.


























































































Por: Dalila Brito | Fotos: Dalila Brito e João Franco

