Projeto Meninas Baianas na Ciência reúne estudantes da rede pública de ensino em evento virtual

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Foi realizado na manhã desta quinta-feira, 25, o evento Meninas Baianas na Ciência, promovido pela Fiocruz Bahia. Com o tema ‘Conectando passado e presente’, a atividade teve início às 9h30, através da plataforma Zoom. Neste ano, devido a pandemia da Covid-19, a atividade aconteceu de forma remota, com transmissão pelo canal da Fiocruz Bahia, no YouTube. O encontro foi marcado pela participação de estudantes de diferentes localidades do estado.

 

A atividade foi iniciada com apresentação da comissão organizadora do evento, formada por Natália Tavares, Karine Damasceno e Isadora Siqueira, que expuseram um pouco de suas trajetórias acadêmicas, destacando a participação no processo de Iniciação Científica e as contribuições dessa experiência para as suas carreiras.

 

Em seguida, a mesa de abertura contou com a presença da Diretora da Fiocruz Bahia, Marilda Gonçalves, que falou sobre a importância do projeto Meninas Baianas na Ciência para toda a comunidade. “Nós temos que prosseguir e entusiasmar essas meninas para que elas se tornem cientistas. É muito importante que façamos esse despertar”, afirmou.

 

A Vice-Diretora de Ensino, Patrícia Veras, ressaltou a satisfação de ver mulheres ocupando espaços historicamente preenchidos por homens e da necessidade de impulsionar novas carreiras, despertando o interesse ainda no período escolar. “A ciência tem que ser igualitária e esse trabalho que estamos concretizando é para começar uma história dentro da Fiocruz Bahia”, reforçou.

 

A mesa também contou a presença da representante da Secretaria de Educação do Estado da Bahia, a Diretora de Políticas para Educação Superior, Ivanilda Amado, que apresentou algumas ações direcionadas aos alunos do ensino público estadual. Dentre as oportunidades, está o Programa Ciência na Escola, iniciativa que tem como objetivo transformar o ambiente escolar em um local de descobertas e produções científicas, com foco no bem-estar social e no desenvolvimento coletivo.

 

Dando continuidade ao evento, a palestra “A participação das mulheres no desenvolvimento tecnológico no Brasil: A vivência da Fiocruz Bahia”, ministrada por Marilda Gonçalves, abordou as principais ações realizadas pela instituição com objetivo de incentivar e fortalecer a participação das mulheres no desenvolvimento de pesquisas científicas e tecnológicas. A palestrante também apresentou indicadores sociais que revelam as desigualdades enfrentadas pelo gênero feminino, seja no acesso à educação ou no mercado de trabalho, impactando principalmente na vida de mulheres negras.

 

A palestrante falou ainda da ampla atuação de mulheres na comunidade interna da Fiocruz Bahia e em outras unidades espalhadas pelo Brasil, todas elas com ampla atuação e reconhecimento nas mais diversas áreas de produção científica. Marilda finalizou apresentando os inúmeros avanços das mulheres na medicina acadêmica e as principais estratégias para driblar os desafios impostos pelo preconceito de gênero.

 

Mesa redonda discute o papel da mulher na ciência e na sociedade

 

A mesa intitulada ‘O papel da mulher na ciência e na sociedade’, foi iniciada pela professora e pesquisadora da Fiocruz Bahia, Aldina Barral. A convidada dissertou sobre os principais desafios e aprendizados ao longo da sua formação, destacando a sua mudança do estado do Piauí para a Bahia e a sua passagem por diferentes pontos do país realizando importantes estudos sobre a leishmaniose. A convidada também reforçou a importância de se inspirar em outras mulheres, fortalecendo a trajetória uma das outras. “O meu conselho é que as mulheres sejam independentes, não submissas e gostem muito de ler”, afirmou a palestrante.

 

Na sequência, a representante do Odara – Instituto da Mulher Negra, Erika Souza, falou sobre a sua trajetória junto ao instituto fundado a partir de uma perspectiva negra e feminista, dedicado a formação de jovens, mulheres e adolescentes negras. Erika relatou algumas das suas experiências com essas mulheres e as barreiras que lhe são impostas. Segundo ela, ultrapassar esses muros ainda não é a realidade de muitas e por isso a importância de promover ações que ajudem a expandir os horizontes. “O meu sonho é ser referência enquanto profissional do Serviço Social para o movimento de mulheres negras do Brasil e para o movimento social de forma geral, trazendo um processo de transformação na vida das pessoas que eu consiga atingir”, confessou.

 

A professora e pesquisadora da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Estela Aquino, apresentou a sua caminhada acadêmica, falando um pouco sobre as suas escolhas e oportunidades. A convidada apresentou um pouco da sua trajetória acadêmica, iniciada na década de 1970, e os impactos políticos e sociais daquele momento na sua formação profissional e pessoal. Estela falou ainda sobre a urgência de políticas públicas que promovam a equidade de gênero e da importância de incentivar a realização de pesquisas sobre gênero e ciência, apoiando o desenvolvimento das mulheres. A convidada abordou ainda os impactos da pandemia da Covid-19 na jornada das mulheres que, em grande parte, precisam conciliar a vida profissional, tarefas domésticas e cuidados com a família.

 

 

A mesa foi finalizada com a participação da representante da Rede Kunhã Axé, Luciana Leite, que apresentou uma fala voltada para a acessibilidade da ciência. Para a convidada, é interessante apresentar o tema como algo que pode ser divertido e acessível para todos desde a infância, ajudando a desconstruir o estereótipo do cientista como uma figura distante da realidade das pessoas de modo geral. Luciana também falou sobre a importância de criar redes de apoio para meninas e mulheres que estão iniciando suas trajetórias na ciência. “Além da ciência ser incrível porque você está contribuindo para a expansão do conhecimento da humanidade, fazer o que você gosta também traz recompensas. Siga o seu coração e se dedique de verdade ao que você gosta”, aconselhou.

 

Realização de oficinas aproximam participantes da prática científica

 

À tarde, as alunas da rede pública estadual participaram de três oficinas que tiveram como principal objetivo proporcionar um contato mais direto com as atividades científicas. A primeira oficina, sobre genética, foi ministrada pelas convidadas Jaqueline Goes, da Universidade de São Paulo (USP), e Luciane Amorim, da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP). Em seguida, as participantes aprenderam um pouco sobre gamificação na oficina ministrada pela Drª Isa Neves, da Universidade Federal da Bahia (UFBA). E por último as convidadas Soraia Machado e Joice Pedreira, ambas da UFBA, ministraram a oficina sobre microbiologia.

 

Além do compartilhamento de aprendizado, as oficinas foram marcadas por histórias de vida e trajetórias profissionais que começaram com a Iniciação Científica, demonstrando a importância dessa fase para a vida acadêmica. Na oportunidade, as meninas puderam aprender um pouco de como funciona a rotina de uma cientista e os seus principais desafios.

 

Membro da Comissão Organizadora do evento, Natália Machado, falou sobre como foi possível perceber o interesse das participantes e a inspiração na figura das cientistas. “Eu acho que alcançamos o principal objetivo do projeto, mesmo de forma virtual, que era inspirar e motivar jovens estudantes para a vida científica, mostrar para elas que essa é uma possibilidade real de atuação. Muitas palestrantes, inclusive, se disponibilizaram a passar seus contatos e manter uma comunicação com as meninas, então foi uma via de duas mãos, em que todas nós aprendemos muito”, afirmou.

 

Natália também destacou a participação das monitoras do evento, participantes do programa de Iniciação Científica da Fiocruz Bahia e dos Programas de Pós-graduação. Uma das monitoras do evento, Larissa Mendes, disse que estar ao lado de mulheres com trajetórias tão impactantes foi uma experiência gratificante. “Ver os depoimentos de todas me trouxe mais inspiração e certeza de que nós mulheres podemos ir e ser quem a gente quiser. Foi sempre um sonho meu ser cientista, desde pequena, e hoje sigo minha trajetória com muito orgulho. Ver as meninas que estão começando agora ou que sonham com o mesmo objetivo é muito especial”, disse.

 

Para a monitora Yasmin Macêdo, além de inspirar, a experiência também despertou a sua ambição para construir uma história tão brilhante quanto as cientistas convidadas. “Esse projeto demonstrou para as estudantes que elas podem ser o que quiserem e que se optarem pela ciência serão muito bem vindas e acolhidas. A oportunidade de conhecer os meios de ingresso à ciência desde o ensino médio podem fazer a diferença na adesão dessas meninas, as transformando em profissionais mais fortes e qualificadas”, finalizou.

 

Você pode acompanhar as apresentações na íntegra.

 

 

 

 

 

 

 

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