Prevalência de portadores de Neisseria meningitidis em estudantes é analisada em dissertação

Getting your Trinity Audio player ready...

AUTORIA: Viviane de Matos Ferreira
ORIENTAÇÃO: Mitermayer Galvão dos Reis
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: “Prevalência de portadores de Neisseria meningitidis em estudantes de 18 a 24 anos de um centro universitário”
PROGRAMA: Mestrado em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa
DATA DE DEFESA: 18/07/2018

RESUMO

 INTRODUÇÃO: Em 2010, o Brasil introduziu a vacina meningocócica C conjugada (MCC) no Programa Nacional de Imunização para crianças <5 anos de idade. Em Salvador, houve uma ampliação da campanha para a faixa etária de 10 a 24 anos, pretendendo atingir os indivíduos mais afetados. A investigação do papel dos portadores saudáveis na disseminação da doença meningocócica na comunidade pode contribuir com informações úteis para subsidiar condutas apropriadas de vacinação.

OBJETIVO: O objetivo deste estudo foi determinar a prevalência de portadores de  N. meningitidis (Nm) e caracterizar molecularmente os isolados coletados de adultos jovens em um centro universitário em Salvador, após 6 anos de introdução da MCC.

MATERIAL E MÉTODOS: Entre agosto e novembro de 2016, um total de 407 swabs orofaríngeos foram coletados de estudantes entre 18 e 24 anos. A identificação das cepas de Nm foi realizada a partir de métodos clássicos e qPCR. A caracterização molecular dos isolados foi realizada através do sequenciamento do genoma total (WGS). Também foram analisados os fatores de associados potenciais para a colonização.

RESULTADOS: A prevalência de portadores foi de 12,3% (50/407). O estado de portador foi associado ao gênero masculino (RPA: 1,88 IC95% 1,05 – 3,38; p=0,034), ao contato próximo com indivíduos com doença meningocócica (RPA: 2,00 95% IC 0,69 – 5,18, p=0,200) e a frequência a festas/bares pelo menos uma vez por mês (RPA: 3 22 95% IC 1,43 – 7,25; p = 0,005). Um total de 221 (54,3%) indivíduos relataram terem sido imunizados pela MCC. Não houve diferença na colonização por Nm entre indivíduos vacinados e não vacinados. Dos 50 portadores de Nm, 46 isolados foram identificados pela cultura e 4 foram detectados apenas por qPCR. A maioria dos isolados (92%; 46/50) apresentou-se como não grupável (WGS e qPCR), 6% (3/50)  pertenciam ao genogrupo B (WGS)  e 2% (1/ 50) foi classificado como genogrupo C (qPCR). Um total de 58% (29/50) dos isolados apresentaram deleção da cápsula (cnl). Foram identificadas 24 sequências tipo (STs), incluindo 22 STs pertencentes a 11 complexos clonais definidos (CCs) e 6 novos STs. O complexo clonal mais frequente foi cc198, representando 26% dos isolados. As variantes PorA e FetA mais predominantes foram P1.18,25-37 (15,21%) e F5-5 (43,47%), respectivamente. Todos os isolados apresentaram proteína PorB classe 3 e FHbp, sendo a subfamília A / v2-3 da FHbp presente em 87% dos isolados. Apenas um isolado possuiu a variante NadA-6.177. Todos os isolados apresentaram NHBA, com p010 e p0912 representando 28,26% e 13,04% dos isolados, respectivamente.

CONCLUSÕES: Os nossos resultados demonstraram que a colonização por Nm consistiu principalmente de cepas não-agrupáveis com alto grau de diversidade genética. A identificação de apenas um indivíduo colonizado pelo genogrupo C pode ter sido uma consequência da imunização pela MCC em 2010, o que pode ter contribuído para a redução da circulação do sorogrupo C. 

Palavras-chave: Neisseira meningitidis, portador, colonização, sorogrupo

 

twitterFacebookmail