Preditores de mortalidade precoce em pacientes com tuberculose e HIV são analisados em pesquisa

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A implementação da terapia antirretroviral causa uma diminuição significativa na mortalidade associada ao HIV em todo o mundo. No entanto, a mortalidade ainda é alta entre as pessoas que vivem com coinfecção por HIV e tuberculose.

Embora nenhuma diferença na taxa de mortalidade tenha sido demonstrada até o momento entre pacientes com e sem experiência com terapia antirretroviral, diferentes preditores de mortalidade pode levar à implementação de abordagens distintas no manejo clínico desses grupos. 

Em um estudo, que contou com a participação do pesquisador Bruno de Bezerril Andrade, e a doutoranda Maria Arriaga, ambos da Fiocruz Bahia, a ação de Inibidores de Protease foi analisado em uma população de uma área de alta carga de tuberculose e HIV. A pesquisa foi publicada no periódico científico PLOS One

O estudo

Para o estudo, foram avaliados 273 pacientes com diagnóstico de tuberculose e HIV e tratados em um centro de referência no Rio de Janeiro, entre 2008 e 2016. Análises multivariadas foram utilizadas para avaliar a eficácia do esquema de terapia do 4º ao 10º mês, após a introdução do tratamento para tuberculose. Os preditores de mortalidade precoce foram identificados 100 dias após o início do tratamento para tuberculose, considerando pacientes com e sem terapia antirretroviral anterior.

Pacientes com terapia antirretroviral apresentaram tuberculose prévia com mais frequência e exibiram mais comorbidades. Além disso, análises adicionais sobre a sobrevivência precoce demonstraram que Síndrome Inflamatória de Reconstituição Imune (SIRI) e alta carga viral de HIV basal foram fatores de risco para mortalidade precoce em pacientes sem terapia antirretroviral, mas não em pacientes com terapia antirretroviral.

Para pacientes que já fizeram terapia antirretroviral, um risco maior de falha do tratamento foi observado naqueles com maior nível de carga viral de HIV e com resistência à primeira linha terapia antirretroviral, baseados no fármaco efavirenz. Um estudo anterior deste grupo também revelou pacientes tratados com inibidores de Protease tiveram 3,08 vezes mais risco de falha do tratamento em comparação com pacientes que usam regimes de terapia antirretroviral baseados em efavirenz. 

Os regimes baseado em inibidores de Protease potencializados, como Ritonavir, são tóxicos e, quando adicionados a drogas anti-tuberculose, podem resultar na interrupção de ambas as terapias, uma vez que nenhum outro regime de terapia antirretroviral compatível com rifampicina é recomendado no Brasil.

Este estudo contribui para o conhecimento atual no campo das terapias para coinfecção por tuberculose e HIV, pois demonstra que os fatores de risco para mortalidade e insuficiência da terapia antirretroviral foram diferentes para os pacientes que fizeram esse tratamento com as drogas inibidoras.

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