Pesquisadores estudam casos de síndromes de Guillain-Barré e Miller Fisher em surto de arbovirose

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Pesquisadores realizaram um estudo de casos de síndrome de Guillain-Barré e síndrome de Miller Fisher (que atingem o sistema nervoso) durante o surto de arbovirose em Salvador, no período de maio de 2015 a abril de 2016, em dois hospitais gerais de referência. Para a análise, foram coletados dados clínicos, epidemiológicos e laboratoriais, e realizados exames de eletromiografia e estudos de condução nervosa. A pesquisa contribui para o conhecimento sobre a apresentação clínica das síndromes e seus subtipos, associadas a arbovírus.

Os resultados do trabalho, coordenado pela pesquisadora da Fiocruz Bahia, Isadora Siqueira, foram descritos em artigo publicado no periódico Frontiers in Medicine. Dos 14 pacientes avaliados, 10 foram diagnosticados com síndrome de Guillain-Barré, sendo dois casos de um subtipo que apresenta fraqueza bifacial e de um subtipo com paralisia parcial dos membros inferiores. Quatro participantes tinham síndrome de Miller Fisher, sendo um caso clássico e outros três com subtipo que atinge a coordenação motora.

Do total, 11 foram diagnosticados com arbovírus: oito com zika, três com chikungunya, um com dengue e um com co-infecção por dengue e chikungunya. A maioria dos participantes relatou sintomas característicos de infecção viral antes do início dos sintomas neurológicos, como erupção cutânea, dores nas articulações, prurido, dor de cabeça, febre e sensação de formigamento.

Cerca de 70% dos pacientes com síndrome de Guillain-Barré apresentam gravidade clínica. Dez pacientes precisaram de internação em unidade de terapia intensiva, mas nenhum necessitou de suporte ventilatório mecânico ou foi a óbito. O tempo médio de permanência hospitalar foi de 11 dias para pacientes com síndrome de Guillain-Barré e 12 dias para os com síndrome de Miller Fisher. Todos apresentaram uma recuperação dentro dos 30 dias após a alta.

Os autores do estudo afirmam que mais estudos precisam ser realizados para definir se existem peculiaridades clínicas da síndrome de Guillain-Barré associada a arbovírus. Os pesquisadores alertam para a necessidade de reconhecer estas síndromes e seus subtipos, para o tratamento imediato e cuidados aos pacientes, prevenindo sequelas a longo prazo e óbitos, além da importância de realizar o diagnóstico de arboviroses em pacientes com as síndromes de Guillain-Barré e Miller Fisher e seus subtipos.

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