Pesquisador da Fiocruz Bahia é novo coordenador nacional do Fio-Schisto

Getting your Trinity Audio player ready...
Ricardo Riccio será o novo coordenador nacional do programa.

Atuante no o Programa de Pesquisa Translacional em Esquistossomose da Fiocruz (Fio-Schisto) desde 2013, o pesquisador e vice-diretor de Pesquisa da Fiocruz Bahia, Ricardo Riccio, será o novo coordenador nacional do Fio-Schisto. A nova gestão, que irá vigorar no período entre 2022 e 2024, é também integrada pelas pesquisadoras da Fiocruz Minas Gerais Roberta Caldeira e Rosiane Pereira. Criado em 1986, reúne 70 cientistas de 22 grupos de pesquisa da instituição que trabalham com a esquistossomose, doença endêmica no Brasil.

Outros pesquisadores da Fiocruz Bahia participam do Fio-Schisto: Isadora Siqueira, como coordenadora regional representando o Instituto Gonçalo Moniz (IGM), sede da Fiocruz Bahia; já os pesquisadores Mitermayer Galvão dos Reis e Leonardo Paiva Farias farão parte do Comitê Assessor do Fio-Schisto.

“O cenário atual do Brasil não é favorável ao desenvolvimento científico na área da saúde. Apesar do rápido e importante avanço científico em relação à infecção pelo SARS-CoV-2, o conhecimento científico sobre muitas doenças negligenciadas permaneceu estagnado neste período”, considera Ricardo Riccio, acerca do combate a esquistossomose.

“Neste sentido, se faz necessário voltar a investir em estudos e ações que contribuam para o controle e eliminação da esquistossomose”, De acordo com ele, o Fio-Schisto irá estimular discussões por soluções de erradicação da doença entre a vice-presidência da Fiocruz, os coordenadores regionais e a nova composição do Ministério da Saúde.

O pesquisador destaca que o IGM faz parte do histórico de combate a essa endemia. “O Laboratório de Patologia Experimental (LAPEX) historicamente tem ajudado através dos estudos sobre patologia hepática coordenados pelo Dr. Zilton Andrade. No Laboratório de Patologia e Biologia Molecular (LPBM) os doutores Mitermayer Reis e Luciano Kalabric, com a colaboração importante do pesquisador da Tulane University (USA), Ronald Blanton, também tem contribuído significativamente e há muitos anos para o conhecimento sobre esquistossomose”. O pesquisador recorda ainda o trabalho realizado pelo pesquisador Leonardo Farias, no Laboratório de Inflamação e Biomarcadores (LIB), na busca por padrões de resposta imunológica associados à doença.

Simpósio 

Entre as atividades do Fio-Schisto está a organização do Simpósio Internacional sobre Esquistossomose, este ano realizado na cidade histórica de Ouro Preto, em Minas Gerais. A 16ª edição do evento ocorreu entre 21 e 23 de novembro.

Durante o evento, o mestrando Ronald Alves dos Santos, orientando de Ricardo Riccio, recebeu a Menção Honrosa do Prêmio Amaury Coutinho de melhor dissertação pelo trabalho “Avaliação do padrão de resposta do teste rápido em urina para o diagnóstico da esquistossomose, POC-CCA, em uma população de elevada endemicidade no estado da Bahia”.

A dissertação foi defendida para a obtenção do título de mestre do Programa de Pós-graduação em Patologia Humana e Patologia Experimental (PgPAT) da Universidade Federal da Bahia (UFBA) em ampla associação com a Fiocruz Bahia. “Meu projeto avaliou o desempenho diagnóstico do teste rápido POC-CCA. Este trabalho é importante, pois o teste recomendado atualmente pela Organização Mundial da Saúde perde a sensibilidade diagnóstica em indivíduos com infecção leve ou que foram tratados a pouco tempo”, explica Ronald.

Essa foi a primeira vez que o discente participou do Simpósio Internacional. Mas, provavelmente, não será a última, dado que ele continua a trajetória acadêmica como doutorando do PgPAT. “Para eliminar a esquistossomose como problema de saúde pública é necessário que sejam desenvolvidos novos métodos, mais sensíveis, ou que se melhorem as opções que existem atualmente”, defende.

“Aprendi que é preciso olhar para a esquistossomose não apenas como uma doença tropical, mas como uma doença que está intimamente ligada com as condições de vida de uma população inteira, que é, de certa forma, negligenciada”.

Para Riccio, a homenagem foi merecida. “O prêmio Amaury Coutinho vem como uma forma de reconhecimento merecido por toda dedicação e competência demonstrada por Ronald desde o início de sua trajetória ainda como aluno de Iniciação Científica”.

A próxima edição do Simpósio deverá ocorrer em 2024, na Bahia, e contará com a organização de Ricardo Riccio.

twitterFacebookmail