Pesquisa traz novos dados para descoberta de antibióticos contra superbactérias

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Um estudo liderado por pesquisador da Fiocruz Bahia trouxe avanços ao realizar a integração de dados sobre o genoma, proteoma e metabolismo da “superbactéria” Klebsiella pneumoniae. Ao encontrar as proteínas que devem ser “atacadas” para fragilizar o organismo, o achado permite que sejam produzidos novos antibióticos mais precisos e potentes. O objetivo da pesquisa foi recolher e analisar os dados referentes às superbactérias e leva-los à comunidade científica para fortalecer a luta contra esse microrganismo.

O artigo intitulado An integrative, multi-omics approach towards the prioritization of Klebsiella pneumoniae drug targets, publicado na revista Scientific Reports, do grupo Nature, descreveu o trabalho realizado pelo pesquisador do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/ Fiocruz Bahia), Pablo Ivan Pereira Ramos, em coautoria com Darío Porto, da Universidade de Buenos Aires, com a colaboração de outros pesquisadores de instituições do Brasil, Argentina e França.

A resistência de microorganismos a antibióticos tem sido um problema em diversos países, o que levou a Organização das Nações Unidas (ONU), em 2016, a anunciar a resistência microbiana como uma crise mundial de saúde. Mais de 136 mil pessoas morrem vítimas de bactérias multirresistentes a antibióticos, somente nos Estados Unidos e na Europa, a cada ano; e alguns estudos chegam a prever que, em 2050, uma pessoa morrerá a cada 3 segundos em consequência de uma infecção resistente a antibióticos.

Bactérias da espécie Klebsiella pneumoniae são encontradas com mais frequência em cateter em adultos hospitalizados nas unidades de tratamento intensivo brasileiras, com 3 805 casos em 2015, de acordo com o último relatório da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Antibióticos da classe das polimixinas se tornaram o último recurso para o tratamento de infecções sérias causadas por K. pneumoniae multiresistentes, porém, um aumento importante nas taxas de resistência às polimixinas foi observada entre essas bactérias que já são resistentes a uma classe de antibióticos de amplo espectro chamada carbapenêmicos, limitando as opções terapêuticas. 

Os resultados da pesquisa apontaram para 29 proteínas da bactéria que participam em processos importantes da célula, tais como síntese lipídica, produção de cofatores e metabolismo basal, a partir de uma perspectiva de desenvolvimento de medicamentos. A equipe de estudiosos aplicou uma estratégia multidimensional de integração de dados para a priorização dos alvos em K. pneumoniae, priorizando aqueles cuja inativação (através de um fármaco, por exemplo) tivesse maior efeito deletério à bactéria patogênica, ao mesmo tempo minimizando sua atuação nas comunidades que compõem a microbiota intestinal humana, abrindo caminho para fármacos mais seletivos.

 

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