Pesquisa aponta que anticorpos produzidos na fase aguda da chikungunya podem persistir por anos em pacientes com artralgia crônica

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Um estudo analisou a presença de anticorpos do tipo IgM contra o vírus Chikungunya (CHIKV) em pacientes diagnosticados com a doença na sua fase aguda e acompanhados por um longo período por terem desenvolvido artralgia crônica. Durante infecções virais, anticorpos do tipo IgM costumam estar presentes ao fim da primeira semana de sintomas e permanecem detectáveis por cerca de três meses. Esse padrão também era esperado em infecções pelo CHIKV e por isso um teste laboratorial positivo no IgM contra o CHIKV deveria sugerir uma infecção ainda ativa pelo vírus ou uma infecção recente. No entanto, os resultados da pesquisa mostraram que nem sempre isso ocorre.

O trabalho, fruto da tese de Leile Camila Jacob-Nascimento no Programa de Pós-Graduação em Patologia Humana (PGPAT) da Fiocruz e UFBA, sob orientação dos pesquisadores da Fiocruz Bahia, Guilherme Ribeiro e Mitermayer Reis, foi publicado no periódico Virology Journal.

Os pacientes incluídos na investigação foram diagnosticados entre junho de 2019 e março de 2020, quando grandes epidemias de chikungunya se espalharam por Salvador. No trabalho foi utilizado um teste de ELISA comercial para avaliar a frequência de detecção de anticorpos IgM contra o vírus Chikungunya ao longo do tempo. Foram analisadas 145 amostras de soro, obtidas de 45 pacientes com confirmação laboratorial da doença.

Entre as 21 pessoas que desenvolveram artralgia crônica e tiveram pelo menos uma amostra de sangue coletada mais de dois anos após o início dos sintomas, 7 (33%) ainda tinham IgM contra o vírus Chikungunya detectável. Isso sugere que aproximadamente um terço dos pacientes com artralgia crônica após chikungunya pode manter esses anticorpos detectáveis por mais de dois anos após a doença aguda.

Os pesquisadores apontam que a persistência detectável dos anticorpos IgM contra o CHIKV por um tempo substancialmente maior do que o normalmente observado para infecções agudas por vírus de RNA tem implicações significativas para o diagnóstico e vigilância da chikungunya. Os autores sugerem que mais pesquisas são necessárias para determinar se a persistência de IgM em longo prazo também ocorre em pacientes sem sintomas crônicos da enfermidade.

Chikungunya

A chikungunya é uma doença febril aguda que pode ser transmitida pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus. O vírus emergiu durante o século XXI, como uma preocupação significativa de saúde global, espalhando-se para novas regiões tropicais e subtropicais em todo o mundo e causando grandes epidemias. A maioria das infecções é sintomática, com febre, dor de cabeça, erupção cutânea, dor muscular, edema articular e, especialmente, dor nas articulações, que tende a ser grave e pode evoluir cronicamente, podendo durar meses ou anos após a infecção.

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