Núcleo de Estudos em Saúde Indígena realiza ações em Santa Cruz Cabrália, no sul da Bahia

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Durante os dias 17 e 22 de julho, foi realizada uma série de atividades provenientes da etapa inicial do “Estudo multicêntrico de doenças infecciosas na população indígena”, em diversas comunidades pertencentes ao território indígena Pataxó, localizadas no município de Santa Cruz Cabrália, na região Sul da Bahia. O estudo é desenvolvido pelo Núcleo de Estudos em Saúde Indígena (NESI), coordenado pela pesquisadora da Fiocruz Bahia, Isadora Siqueira, contando com um corpo de pesquisadores da Fiocruz Bahia, Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade de Brasília (UnB), Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e Universidade Federal Grande Dourados (UFGD). Para o desenvolvimento do NESI, a unidade tem o apoio do Distrito Sanitário Indígena da Bahia (DSEI-BA) e do Mato Grosso do Sul (DSEI-MS).

Durante as atividades, foi realizada uma entrevista inicial com os participantes indígenas e a coleta das amostras biológicas para análise, com o objetivo de identificar a soroprevalência de doenças como a dengue, zika e chikungunya, além da sífilis e a doença de Chagas. No total, foram coletadas as amostras de 560 pessoas, moradoras das comunidades de Coroa Vermelha, Nova Coroa, Itapororoca, Aroeira, Novos Guerreiros, Aratikum, Mata Medonha e Txhi Kamaiwrá.

Para Isadora Siqueira, o projeto é um importante passo para a obtenção e mapeamento de dados que permitam o desenvolvimento de políticas de prevenção e controle destas doenças entre os povos originários. “É de extrema relevância a Fiocruz Bahia liderar um projeto que irá contribuir com a construção de um conhecimento tão importante para a saúde pública, permitindo a possibilidade de uma devolutiva e melhoramento da saúde da população local, que costuma ser negligenciada pela falta de conhecimento sobre a incidência de doenças”, destacou.

O coordenador do Programa de Pesquisa Translacional em Doenças de Chagas – Fio-Chagas, Fred Luciano Santos Neves, que é um dos pesquisadores da Fiocruz Bahia envolvidos no projeto e esteve presente nas ações realizadas no município de Santa Cruz Cabrália, reforça o pioneirismo da avaliação da presença da Doença de Chagas nos povos originários presentes no estado da Bahia, especialmente em um cenário nacional onde há uma escassez do mapeamento de um alto contingente de pacientes indígenas da doença. “Além de identificarmos os indivíduos com a doença durante o estudo, nós iremos inserir essas pessoas nas linhas de cuidado disponíveis no SUS, através da atenção primária do município, fazendo um acompanhamento do processo de tratamento destes pacientes”, completou.

Para a realização da coleta de sangue, a equipe do NESI pode contar com o apoio de profissionais de saúde locais, como a Exna Pataxó, índigena da etnia Pataxó Hã-Hã-Hãe e enfermeira da Unidade Básica de Saúde Indígena de Coroa Vermelha. Para a profissional, a ação é importante e positiva para a comunidade, especialmente pela devolutiva aos participantes sobre o seu estado de saúde. “O estudo tem uma alta adesão e aceitação aqui na comunidade, sendo um divisor de águas na observação do nosso processo de saúde-doença”, afirmou.

A ação contou com o apoio de estudantes e conveniados para o desenvolvimento das atividades, sendo um deles a Larissa Vasconcelos, estudante de doutorado do programa de Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa (PgBSMI), que participou pela primeira vez de uma atividade em campo. “Foi uma experiência bastante positiva para mim, especialmente pela importância da ação. Notei que muitas pessoas têm dificuldade de realizar os exames necessários, seja pela situação financeira ou pela falta de conhecimento sobre as doenças”, afirmou. Marcos Vinicius Francisco, conveniado para atividades no Laboratório de Patologia Experimental (LAPEX), descreve as atividades como uma experiência única. “Durante o trabalho, buscamos estabelecer uma relação de confiança e respeito com as comunidades indígenas, compreendendo suas necessidades e ouvindo suas vozes para que o estudo pudesse ser verdadeiramente inclusivo e relevante. Espero que os resultados obtidos possam contribuir para a melhoria da saúde e do bem-estar dessas comunidades, sempre com o devido respeito à sua cultura e tradições milenares”, comentou.

As próximas atividades do estudo incluirão ações realizadas em comunidades do território indígena Tupinambá, na cidade de Ilhéus, no sul da Bahia, nos dias 21 a 26 de agosto de 2023.

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