Mauricio Barreto recebe título de professor emérito da Ufba

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Texto: Nucom Cidacs

O coordenador do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia), Mauricio Barreto, foi ovacionado durante a entrega do título de Professor Emérito da Universidade Federal da Bahia nesta sexta-feira, 04 de outubro, no Salão Nobre da Reitoria. A solenidade contou com mais de 300 pessoas entre acadêmicos, autoridades, parlamentares, familiares, estudantes e profissionais de saúde, que aplaudiram de pé o professor em vários momentos.

A cerimônia marcou o reconhecimento pela trajetória de 35 anos do Barreto como docente na universidade e precedeu a celebração pelos 25 anos do Instituto de Saúde Coletiva (ISC/Ufba), do qual ele foi um dos fundadores. Nesta última celebração, o professor também foi homenageado, juntamente a outros aposentados, com uma placa de reconhecimento pela contribuição dada na história do instituto, entregue pela vice-coordenadora do Cidacs, Maria Yury Ichihara.

A mesa da cerimônia da outorga do título foi composta pelo reitor da universidade, João Carlos Salles, a diretora do ISC, Isabela Cardoso, a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, o secretário de Saúde da Bahia, Fábio Vilas-Bôas, além dos colegas acadêmicos de Barreto, Glória Teixeira e Naomar de Almeida Filho.

Reconhecimento

A diretora Isabela Cardoso lembrou a trajetória do professor de luta pela reforma sanitária e criação do Sistema Único de Saúde, a capacidade dele de agregar pessoas, a fundação e desenvolvimento do ISC, com a instituição de um projeto pedagógico inovador. “Mauricio é um dos pilares de desenvolvimento do instituto ao longo dos anos”, afirmou.

A carreira científica e a brilhante trajetória de acadêmica de Barreto foram demonstradas pela professora da Ufba e pesquisadora associada ao Cidacs, Maria Glória Teixeira. Ela lembrou da importância dele para o campo da saúde coletiva, o trabalho na epidemiologia social, e “seu compromisso em investigar e sensibilizar os colegas a investigar” os principais problemas de saúde da porção mais marginalizada da população brasileira. E citou como exemplo algumas das pesquisas que tiveram impacto social positivo, como a utilização da Vitamina A para evitar formas severas da diarreia e a retirada da segunda dose da vacina BCG, que se mostrou desnecessária. Além disso, ela lembrou da capacidade do professor de estar na vanguarda científica. “O Cidacs é uma das proposições mais avançadas e inovadores da atualidade no campo das políticas sociais”.

O homem Mauricio surgiu no discurso da pesquisadora Estela Aquino, com quem é casado há mais de 30 anos. Ela tratou da trajetória pessoal, mostrando a coerência entre o fazer científico e o pessoal. “Ele sempre foi um homem de grandes ideias que se aliam a grandes causas”, disse, lembrando que isso pode ser refletido na trajetória também dos filhos.

Um modelo a ser seguido. Foi assim que o reitor João Carlos Salles se referiu a Barreto. “O brilho de Mauricio Barreto que enriquece o ISC não deixa de ser a tradução da mais refinada produção acadêmica na universidade”, enfatizou, lembrando que a trajetória dele serve de exemplo para toda a comunidade.

Em seu discurso, o professor Mauricio Barreto, agradeceu a homenagem e discorreu sobre os valores que nortearam sua trajetória. Além da luta pela equidade em saúde em prol da população brasileira, a liberdade na prática científica, a interdisciplinaridade e a dialética universal-local na universidade, instituição central das sociedades humanas. “O pesquisador deve estar preparado para ser humilde. A ciência é o exercício da humildade, incompatível com a arrogância da verdade absoluta”.

A presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Nísia Trindade, participou da cerimônia e ministrou a palestra “Saúde, Democracia e Civilização” na comemoração dos 25 anos do Instituto de Saúde Coletiva (ISC/UFBA), que aconteceu logo após a entrega do título.

Trajetória

Em 1977, o baiano de Itapicuru (233 Km de Salvador) se graduou em medicina pela Ufba e deu início à pesquisa em São Sebastião do Passé com estudos sobre Leshimaniose. Barreto quis seguir a carreira científica, fazendo mestrado em Saúde Comunitária no Instituto de Saúde Coletiva (ISC/Ufba). “Minha alma mater é Ufba”, disse ele durante a cerimônia de  assinatura do acordo de cooperação entre o Instituto Gonçalo Moniz (IGM/Fiocruz Bahia), onde é pesquisador sênior, e a universidade.

Barreto é epidemiologista, doutor pela Universidade de Londres e foi professor da London School Hygiene & Tropical Medicine (LSHTM). No Cidacs tem sido um entusiasta do uso de dados governamentais como fonte de informações para pesquisa científicas robustas. Barreto tem uma vasta bibliografia científica: são mais de 400 trabalhos publicados em revistas científicas e capítulos de livros. É um grande formador também: orientou cerca de 50 monografias, 18 dissertações de mestrado e 25 teses de doutorado.

O professor Mauricio, como é conhecido na comunidade científica, é responsável pela concepção e desenvolvimento do Cidacs, que reúne uma equipe que envolve médicos, epidemiologistas, nutricionistas, estatísticos, economistas e outras 20 formações, e está desenvolvendo métodos inovadores de pesquisa em avaliações de políticas públicas com métodos quantitativos e estratégias computacionais, o que coloca a Bahia no cenário de ponta da pesquisa epidemiológica no mundo. Pelos seus feitos, recebeu inúmeras condecorações e prêmios.

Em 2015, recebeu o Prêmio Roberto Santos de Mérito Científico, concedido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb), e, em 2017, recebeu a Comenda 2 de Julho, concedida pela Assembleia Legislativa do Estado da Bahia. Desde 2003 integra a Academia Brasileira de Ciências (ABC), faz parte da Academia Mundial de Ciências (TWAS, na sigla em inglês), a Associação Internacional de Epidemiologia (IEA, na sigla em inglês), a Academia de Ciências da Bahia (ACB), da qual também é fundador, e também já ocupou cargos na Organização Mundial da Saúde (OMS) e no Ministério da Saúde.

Em dezembro de 2018, junto com mais 21 pesquisadores do mundo, ele como único brasileiro, participou da Comissão de Migração e Saúde da Universidade de Londres (UCL-The Lancet). Entre os achados, mostrou como a migração faz parte dos processos de ocupação da terra e que não há evidências de que os migrantes são responsáveis pela propagação de doenças. Por longo tempo tem liderado um grupo de pesquisa voltado para aspectos epidemiológicos das doenças infecciosas, desnutrição e asma, avaliação do impacto populacional de intervenções, e aspectos teóricos e metodológicos da Epidemiologia.

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