Leishmaniose cutânea: diabetes favorece infecção e pode dificultar resposta imunológica

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Um estudo investigou como os níveis de glicose impactam na vulnerabilidade à infecção por Leishmania braziliensis em células do sistema imunológico de pacientes com leishmaniose cutânea. Os resultados reforçam a importância de considerar o controle glicêmico em pacientes com a doença, uma vez que o ambiente hiperglicêmico favorece a infecção e pode dificultar a resposta imunológica eficaz contra o parasita. A autoria do artigo, publicado no periódico Emerging Microbes & Infections, é do Dr. Ícaro Bonyek-Silva e da doutoranda Rana Bastos, sob orientação de Natalia Machado Tavares, pesquisadora da Fiocruz Bahia.

No contexto da leishmaniose cutânea, estudos prévios indicam que pacientes diabéticos demoram mais tempo para apresentar cura das lesões. Este novo trabalho aprofundou a investigação, focando nos macrófagos, células essenciais da resposta imune. O estudo contribui também para a compreensão dos mecanismos que agravam a leishmaniose cutânea em pacientes diabéticos e destaca a necessidade de estratégias terapêuticas integradas que levem em conta as condições metabólicas do paciente.

Os pesquisadores cultivaram macrófagos em ambientes com diferentes concentrações de glicose e observaram que, em condições de alta glicose, essas células apresentaram maior carga parasitária em comparação aos macrófagos expostos a níveis normais de glicose. A pesquisa também analisou biópsias de 11 pacientes com leishmaniose cutânea e 10 pacientes com a doença e diabetes, todos atendidos na Clínica Municipal de Saúde de Corte de Pedra e Jiquiriçá, na Bahia.

A leishmaniose é uma doença infecciosa grave, causada pelo protozoário do gênero Leishmania, presente em mais de 80 países, com alta incidência na América Latina — especialmente no Brasil, onde a maior parte dos casos ocorre. Entre os diversos fatores que influenciam a progressão da doença, o diabetes mellitus tem ganhado destaque. O diabetes aumenta a suscetibilidade a infecções, devido a alterações no sistema imunológico e na integridade da pele, que é a primeira linha de defesa do corpo. Estima-se que cerca de 30% dos indivíduos com diabetes mellitus desenvolvam problemas de pele, frequentemente associados a infecções.

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