Tese conclui que a infecção por leishmania modula a ativação de beta-1 integrinas.

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AUTOR: Djalma Gomes Ferrão Carvalhal.
ORIENTADOR: Washington Luis C dos Santos.
TÍTULO DA TESE: INFECÇÃO POR LEISHMANIA MODULA A ATIVAÇÃO DE BETA-1 INTEGRINAS E ALTERA A CINÉTICA DO ESPALHAMENTO CELULAR DE MONÓCITOS SOBRE FIBRONECTINA.
PROGRAMA: Doutorado em Patologia Humana – UFBA /FIOCRUZ
DATA DE DEFESA: 20/12/2016.

Resumo

 

A leishmaniose é considerada como um grupo de doenças, causadas por parasitos do gênero Leishmania. O gênero inclui mais de 20 espécies de parasitos que são transmitidas ao homem pela picada do inseto fêmea, infectado, da família dos flebotomíneos e os diferentes gêneros estão associados a diferentes manifestações clínicas da doença. Uma característica marcante na infecção é a presença de macrófagos infectados no sítio de inoculação do parasito e em órgãos internos do hospedeiro. Estudos prévios, demonstraram que a infecção de fagócitos mononucleares com Leishmania amazonensis, Leishmania infantum ou Leishmania brasiliensis promove uma diminuição na adesão celular ao tecido conjuntivo inflamado da pele. Esta diminuição da adesão é decorrente, principalmente, de mecanismos envolvidos na regulação da molécula VLA-4, uma integrina da família beta 1 que se liga a VCAM-1, trombospondina e a molécula fibronectina presente na matriz extracelular. Neste trabalho, estudamos os estágios iniciais e tardios da formação da ligação entre a molécula VLA-4 e fibronectina em ensaios de adesão celular com monócitos humanos infectados por L. amazonensis. O estágio inicial do processo de adesão celular (rolamento) foi avaliado através de ensaios com câmaras de fluxo laminar, os resultados demonstraram que a função da integrina VLA-4 está preservada nos monócitos infectados quando comparado ao grupo de células não infectadas. A fase tardia do processo de adesão celular foi avaliada mensurando a área de espalhamento citoplasmático, por miscroscopia eletrônica de varredura, e avaliando a cinética de espalhamento citoplasmático por microscopia de interferência e reflexão (IRM). Nos ensaios avaliados por microscopia de varredura, os monócitos infectados apresentaram uma diminuição da área de espalhamento citoplasmático sobre fibronectina com uma área mediana de 41 (34-51) μm2 em comparação com grupo de células não infectadas que apresentaram área mediana de 72 (55-89) μm2. O espalhamento citoplasmático foi inibido usando um anticorpo anti-VLA4 capaz de bloquear a ligação desta molécula com o substrato. Nos ensaios de IRM, após o contato inicial com a superfície revestida de fibronectina, os monócitos não infectados espalharam o citoplasma rapidamente na proporção de 15 μm2 s-1, enquanto os monócitos infectados com L. amazonensis mantiveram pequenos contatos na proporção de 5,5 um μm2 s-1. Após a avaliação das fases iniciais e tardia do processo de adesão, foi realizada, através de citometria de fluxo, a análise da expressão do epítopo de alta afinidade da molécula VLA-4 de monócitos não infectados e infectados com L. amazonensis. As células infectadas sofreram uma diminuição da expressão de VLA-4 a partir de 39 ± 21% para 14 ± 3%; e LFA1 a partir de 37 ± 32% para 18 ± 16%. Os nossos dados demonstram que a infecção por L. amazonensis não altera as fases iniciais, fase de rolamento, do processo de adesão, mas afeta as fases tardias, adesão firme, uma vez que mantem as moléculas de integrinas em estados de baixa afinidade e impede o espalhamento citoplasmático dos monócitos infectados. Desta forma, os efeitos observados na função das integrinas pode ter um papel relevante na retenção ou migração de leucócitos do sítio de infecção para o linfonodo drenante bem como nas sinapses imunológicas durante a apresentação de antígenos. Contudo, mais estudos são necessários para comprovar estas hipóteses.

Palavras chave: Leishmania; monócito ;integrinas; espalhamento citoplasmático; VLA-4.

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