Impactos na saúde foram discutidos em seminário sobre derramamento de óleo

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Foi realizado, durante os dias 11 e 12 de dezembro, o Seminário Derramamento de Petróleo e Impactos na Saúde. Promovido pela diretoria da Fiocruz Bahia, em parceria com entidades ligadas à saúde e pesquisa, o evento reuniu profissionais, autoridades e membros das comunidades afetadas pelo desastre. A iniciativa teve como principal objetivo discutir ações que possam atuar de forma eficaz, amenizando os efeitos sofridos.

Durante dois dias foram discutidos, dentre outros temas, a atuação dos órgãos públicos, a ação do Sistema Único de Saúde – SUS, os impactos na vida marinha, além de seus desdobramentos nas atividades de pesca e mariscagem. O Seminário debateu ainda, políticas públicas que possam auxiliar na reestruturação das comunidades atingidas.

As boas vindas foram dadas pelo representante da presidência da Fiocruz, Guilherme Franco Netto, pela diretora da Fiocruz Bahia, Marilda Gonçalves, pela representante do Ministério da Saúde, Karla Baeta, pela representante da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia, Rivia Barros, e pelo representante da reitoria da Universidade Federal do Estado da Bahia (UFBA), Thierry Corrêa Petit. Os participantes destacaram a importância de unir forças entre as diferentes áreas de atuação em prol de uma causa emergencial como o derramamento de petróleo.

“Esse é um seminário de grande relevância para a sociedade. É preciso que organizemos o debate para que possamos nos articular e pensar soluções eficazes”, afirmou Guilherme Franco. A diretora da Fiocruz Bahia também pontuou a importância do evento, reforçando o objetivo de pensar ações estratégicas para amenizar os impactos do derramamento na saúde da população. “Este é um seminário feito a mil mãos, uma ação de parceria. Nós esperamos sair daqui com encaminhamentos que possam ajudar a toda a comunidade de forma efetiva”, concluiu Marilda Gonçalves.

Com tema ‘Natureza e características do desastre ambiental: situações atuais e futuras’, a mesa coordenada pelo membro do Centro de Pesquisa em Direito e Segurança, da Fiocruz, Leonardo Freitas, contou com a presença das professoras do Programa de Pós-Graduação em Saúde, Ambiente e Trabalho (PPGSAT/ UFBA), Rita Franco Rêgo, que apresentou um panorama socioambiental do derramamento de óleo; e Amanda Northcross, que trouxe o exemplo da Comunicação de Risco e experiência do desastre do golfo do México.

Também integraram a mesa, o coordenador adjunto da Defesa Civil, Victor Alexandre Gantois, apresentando o esquema de operações emergenciais do desastre; e o professor do Instituto de Biologia da UFBA, George Olavo, que falou a respeito das técnicas de contenção do óleo no litoral do Nordeste.

Coordenada pelo professor do PPGSAT, Paulo Pena, a segunda mesa debateu o ‘Impacto sobre os Trabalhadores e comunidades expostas ao desastre ambiental’ e contou com a participação do representante da comunidade de Sirinhaém, Gileno Nascimento. O pescador relatou as dificuldades enfrentadas pela comunidade que depende, em grande parte, da pesca artesanal.

“Essa é uma situação gravíssima e eu acredito que nós ainda vamos sofrer muito com isso. Mas se for para morrer, a gente morre lutando”, enfatizou. Gileno dividiu a fala com o presidente da Associação Mãe da Reserva Extrativista de Canavieiras – AMEX, João Gonçalves, que também falou sobre os impactos na geração de renda para a comunidade.

A mesa contou ainda com a presença do gerente de projetos da Bahia Pesca, José Luiz Sanches, que falou sobre a atuação do órgão na proteção da cadeia de pesca artesanal; do professor do PPGSAT, Marco Rêgo, que falou sobre os impactos na saúde humana e estudos epidemiológicos necessários. Participou ainda, a diretora do Instituto de Geociências da UFBA, Olivia Oliveira, falando sobre a caracterização e a origem do óleo.

Desafios e novas perspectivas no atendimento a saúde

Dando início ao segundo dia de Seminário, a mesa ‘Resposta do SUS e desafios atuais’, coordenada pela representante da Diretoria de Vigilância e Atenção à Saúde do Trabalhador – DIVAST, Letícia Nobre, reuniu a representante do Ministério Público, Karla Baeta, que falou sobre as ações da entidade; a representante da SUVISA/SESAB, Imeide Pinheiro, falando sobre as ações da Secretária; além do diretor de Instituto de Biologia da UFBA, Francisco Kelmo, que abordou os impactos e monitoramento do ecossistema costeiro; e da professora do PPGSAT – UFBA, Monica Angelim, que expôs os desafios para a rede de atenção primária à saúde.

A programação foi encerrada com a mesa ‘Impactos sobre o bioma marinho, biorremediação e disposição final do óleo’, coordenada pela pesquisadora da Fiocruz Bahia, Nelzair Vianna. Dentre os convidados, o representante da Vigilância em Saúde Ambiental, Antônio Firmo, falou sobre a experiência na Regional de Saúde de Ilhéus. Na sequência, foi a vez do coordenador municipal de saúde do município falar sobre a experiência local. Por fim, a professora Edisiene de Souza Correia apresentou aspectos da disposição final de resíduos do óleo. Também esteve presente o representante da Fiocruz, Valber Frutuoso.

Diante da incerteza sobre a evolução das manchas, o Seminário foi marcado pelo diálogo entre as diferentes esferas. Todas as mesas foram perpassadas por debates que resultaram em propostas de ações que deverão ser desenvolvidas a curto, médio e longo prazos, ajudando a reconstruir a saúde e a qualidade de vida das vítimas diretas e indiretas do derramamento.

 

 

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