HTLV: Estudo identifica marcadores genéticos para sintomas graves

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Dois genes marcadores indicam os grupos de pessoas que irão manifestar os sintomas do HTLV, o vírus linfotrópico da Célula T humana. Uma pesquisa que acaba de ser publicada na Frontiers in Genectics revela dois genes específicos que indicam as relações genéticas e o adoecimento. O vírus é pouco conhecido e está mais disseminado no estado da Bahia, mas se trata de um retrovírus de impacto à qualidade de vida dos infectados com sintomas, podendo levar ao desenvolvimento de uma leucemia.

O estudo é liderado pelo biotecnologista Eduardo Fukutani, pesquisador do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia), da Plataforma Bioinformática. Nessa pesquisa, o pesquisador reutilizou dados de outras pesquisas e banco de dados abertos de genética. Para identificar esses genes, Fukutani separou os indivíduos infectados pelos sintomas apresentados e a partir de análise conseguiu perceber dois marcadores específicos para os sintomas que prejudicam a qualidade de vida dessas pessoas.

A grande maioria, 95%, dos indivíduos infectados não apresenta sintomas. Porém, cerca de 2 a 5% dos pacientes desenvolvem a Leucemia de Células T Adultas (ATLL), uma leucemia extremamente agressiva para o paciente, que não responde aos tratamentos tradicionais. Outro grupo que vai de 0,25 a 3,8% dos infectados desenvolve a Mielopatia associada ao HTLV/Paraparesia Espástica Tropical (HAM/TSP), uma doença inflamatória do sistema nervoso que causa paralisia dos membros inferiores.

“A bioinformática foi a base de toda a metodologia usada nesse artigo, desde o download dos conjuntos de dados, até a última análise que utilizamos”, explica Fukutani. O biotecnologista, formado pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), aponta que em estudos tradicionais, de bancada básica, com amostras do sangue, esse trabalho “seria possível, mas seria absurdamente trabalhoso, utilizando a bioinformática o processo é muito mais eficiente”.

Com a observação desses genes, futuramente o diagnóstico do HTLV-1 pode ser mais preciso quando o indivíduo for identificado como positivo. Podendo, assim , prever os riscos de manifestação dos sintomas. Mas ainda há muito que pesquisar e avaliar.

HTLV na Bahia

O HTLV é um retrovírus, ou seja, o metabolismo segue o inverso do processo dos vírus. Essa Infecção Sexualmente Transmissível (IST) pertence à mesma família do HIV, que infecta um dos tipos de células humanas de defesa. As principais formas de transmissão são através da relação sexual, aleitamento materno e agulhas de seringas contaminadas.

O estado da Bahia tem a maior taxa de infecção do vírus no Brasil. De acordo com pesquisa da Fiocruz, a média de casos positivos em todo o estado foi de 14,4 por 100.000 habitantes, que representa a prevalência de infecção em 0,84% da população. No trabalho, os pesquisadores salientam que esse número pode estar subestimado.

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