Fiocruz recebe bolsa para pesquisa inovadora em colaboração com Yale

Getting your Trinity Audio player ready...

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), trabalhando em colaboração com a Escola de Saúde Pública de Yale (EUA) e a Universidade Federal da Bahia (UFBA-Instituto de Saúde Coletiva e Faculdade de Medicina), recebeu uma bolsa do programa Grand Challenges Explorations da Fundação Bill & Melinda Gates.

O objetivo do projeto é, usando sequenciamento genômico de última geração, detectar as causas de doenças infecciosas graves na cidade de Salvador (Bahia), identificar os fatores de risco para a infecção e avaliar os patógenos quanto ao seu potencial de emergir como uma ameaça global.

De acordo com o projeto, o clima tropical, o crescimento urbano acelerado e as desigualdades sociais fazem da região metropolitana de Salvador um ponto de acesso para a introdução e propagação de patógenos transmitidos por vetores. A cidade também é um importante centro de transportes e um destino turístico popular, aumentando o potencial de surtos originados em Salvador para se tornarem rapidamente globais, se não controlados.  

Com quase 3 milhões de habitantes, a capital da Bahia foi o epicentro da epidemia de zika, em 2015. Além dos vírus Zika e Chikungunya, os pesquisadores ressaltam epidemias prévias de leptospirose, riquetsiose, infecção meningocócica e de norovírus na cidade. A ameaça de outros surtos é constante, uma vez que a febre amarela, Mayaro, Oropouche e muitos vírus da febre hemorrágica são conhecidos por circularem no Brasil.

Segundo os estudiosos, surtos locais podem se expandir rapidamente em epidemias se não forem detectados casos com antecedência suficiente para intervenções eficazes. A maioria das lacunas na vigilância ocorre devido a barreiras no diagnóstico clínico, onde pode haver sintomas inespecíficos causados por múltiplos patógenos. Os desafios do diagnostico aumentam devido a formas novas ou raras de doença e pela presença de patógenos novos, que não formam parte do diagnóstico de rotina.

Para conduzir os testes, os pesquisadores pretendem sequenciar amostras de um hospital de referência para doenças infecciosas e de uma maternidade de alto risco onde a epidemia de microcefalia relacionada ao Zika foi detectada em Salvador. Além da capital da Bahia, os hospitais também atendem a diversas cidades do estado que tem uma população de mais de 14 milhões de pessoas.

Em cada cenário, o sequenciamento metagenômico de última geração pode ajudar a detectar e identificar patógenos que seriam fáceis de perder, de acordo com os pesquisadores. Além disso, seu processo inovador tem o potencial de ser replicado em todo o mundo.

O investigador principal do projeto, Federico Costa, é pesquisador colaborador da Fiocruz Bahia, pesquisador da UFBA e professor adjunto da Escola de Saúde Pública de Yale. Três outros pesquisadores também estão trabalhando no projeto: Mitermayer Reis, pesquisador titular da Fiocruz Bahia, professor da Faculdade de Medicina da UFBA e professor adjunto da Yale; Albert Ko, professor da Yale e pesquisador colaborador da Fiocruz Bahia; e Nathan Grubaugh, professor assistente da Yale.

Grand Challenges Explorations

A Grand Challenges Explorations é uma iniciativa de 100 milhões de dólares financiada pela Fundação Bill & Melinda Gates. Lançado em 2008, mais de 1420 projetos em mais de 65 países receberam doações do Grand Challenges Explorations.

O programa foi criado para inspirar pensadores inovadores em todo o mundo a explorar ideias que quebram o molde na forma como são solucionados desafios globais persistentes de saúde e desenvolvimento. O processo de concessão é altamente competitivo. Dos cerca de 1.700 pedidos nesta rodada, apenas 56 subsídios foram concedidos em todo o mundo.

Cada beneficiário do subsídio recebe um prêmio inicial de 100 mil dólares. Projetos bem-sucedidos têm a oportunidade de receber financiamento de até 1 milhão de dólares. Para receber financiamento, as equipes de pesquisa precisam demonstrar uma ideia ousada em uma das sete áreas críticas globais de saúde e desenvolvimento.

 

Texto com informações da Assessoria de Comunicação da Escola de Saúde Pública de Yale.

twitterFacebookmail