Fiocruz lidera estudo inédito para prevenir a transmissão vertical do HTLV-1 no Brasil

A Fiocruz Bahia, em parceria com o Ministério da Saúde, está propondo o ensaio clínico PrevINIr HTLV-TV, que irá avaliar o uso do medicamento Dolutegravir (DTG) na prevenção da transmissão vertical do vírus linfotrópico de células T humanas tipo 1 (HTLV-1).

O HTLV-1 pode ser transmitido da mãe para o filho durante a gestação, o parto e, sobretudo, por meio da amamentação. No Brasil, como medida preventiva, as gestantes infectadas são orientadas a não amamentar, sendo a fórmula láctea fornecida gratuitamente para as crianças expostas. Apesar dessas medidas, permanece um risco residual de transmissão, estimado em cerca de 5%, que pode ocorrer ainda no período gestacional ou durante o parto.

O HTLV-1 é um retrovírus associado a doenças graves, como leucemia/linfoma de células T do adulto e mielopatia associada ao HTLV, além de aumentar a suscetibilidade a algumas infecções oportunistas. O Brasil é uma das maiores áreas endêmicas do mundo, especialmente na região Nordeste. Atualmente, não existe nenhuma intervenção farmacológica comprovada para impedir a transmissão vertical do vírus, responsável por milhares de novos casos a cada ano.

O projeto PrevINIr HTLV-TV busca preencher essa lacuna ao investigar a eficácia e a segurança do Dolutegravir, medicamento já amplamente utilizado no tratamento e na profilaxia do HIV.

No dia 1º de setembro, a I Oficina do Estudo PrevINInir HTLV, que marca o início da proposta de um ensaio clínico inédito no Brasil para avaliar o uso do Dolutegravir (DTG) na prevenção da transmissão vertical do HTLV-1, foi realizada no auditório Sonia Andrade, na sede da Fiocruz Bahia.

Instituições envolvidas

A pesquisa é coordenada pela Dra. Maria Fernanda Rios Grassi (Fiocruz Bahia) e conta com o apoio da Plataforma de Pesquisa Clinica da Vice-Presidência de Pesquisa Clínica e Coleções Biológicas (Fiocruz), do Ministério da Saúde (DATHI) e CNPq. Entre as instituições parceiras estão o Imperial College London, o Laboratório Central de Saúde Pública da Bahia (Lacen-BA), a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (SESAB) e a associação de pacientes HTLVida.

Impacto em saúde pública

“Esse é um passo histórico para o enfrentamento do HTLV-1. Se o Dolutegravir se mostrar eficaz, será a primeira intervenção farmacológica capaz de prevenir a transmissão vertical do vírus”, afirma a Dra. Fernanda Grassi. O estudo está em consonância com as diretrizes do Ministério da Saúde e com as metas da OMS/OPAS, que estabelecem a eliminação da transmissão vertical do HTLV-1 até 2030. Caso os resultados confirmem a eficácia da intervenção, a iniciativa poderá transformar protocolos de cuidado materno-infantil e influenciar diretamente as políticas públicas de saúde no Brasil e no mundo, beneficiando milhares de famílias.

Por Iana Motta

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