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Em cortejo virtual do “Dois de julho em Defesa da Ciência”, a Fundação Oswaldo Cruz foi homenageada por sua contribuição à ciência nos seus 120 anos. A sessão contou com a presença da presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, e com a diretora da Fiocruz Bahia, Marilda Gonçalves. A ação, realizada hoje, foi coordenada pela Academia de Ciência da Bahia (ACB). No evento, foi destacada a importância histórica da Fundação, tanto no combate a emergências sanitárias, como também na inovação em pesquisa em saúde e biotecnologia, que tem ajudado no combate da pandemia da Covid-19.
Também estavam presentes Jailson Andrade, presidente da ACB; Antônio Carlos Vieira, presidente da Academia de Medicina da Bahia; Adélia Pinheiro, Secretária de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado da Bahia (Secti); Simone Kropf, pesquisadora da Casa de Oswaldo Cruz (COC); e Carlos Machado Freitas, pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/ Fiocruz).
O encontro fez parte da manifestação que tradicionalmente percorre em cortejo bairros do Centro Histórico de Salvador, que esse ano aconteceu de forma virtual, reunindo instituições como Universidade Federal da Bahia e outras universidades e entidades federais e estaduais, além de nomes de destaque, como o presidente da Academia Brasileira de Ciências, Luiz Davidovich, e o presidente da Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior) e reitor da UFBA, João Carlos Salles.
A Fiocruz completou 120 anos no dia 25 de maio de 2020, momento em que o Brasil e o mundo enfrentam o maior desafio sanitário, econômico, social, humanitário e político do século 21, a pandemia da Covid-19. Com o nome de Instituto Soroterápico Federal, a instituição foi criada com o objetivo de combater epidemias como a da peste bubônica, da febre amarela e da varíola, que ameaçavam a então capital da República, o Rio de Janeiro. Mais de um século depois, agora na pandemia do novo coronavírus, a atual Fundação Oswaldo Cruz, maior instituição de pesquisa biomédica da América Latina, continua na linha de frente do enfrentamento das doenças.
Durante a homenagem, Nísia Trindade, abordou o tema “Fiocruz: patrimônio da sociedade”, pontuando a história da instituição. “Desde a sua criação, em 1900, a Fiocruz participa do Estado do Brasil. Há o marco da forte mobilização aos sertões e expedições científicas, que percorreram vastas regiões do país. Ao longo da sua história, a Fundação também teve presença na criação da constituição cidadã e no Sistema Único de Saúde (SUS) em 88. Dois pilares de identidade institucional”, mencionou.
A presidente da Fiocruz também homenageou os pesquisadores eméritos da Fiocruz Bahia, afirmando que são “a representação da tradição da boa pesquisa do Instituto Gonçalo Moniz, que também se expressam na atual geração de pesquisadores”.
Além disso, Nísia abordou a presença da Fiocruz nas áreas de pesquisa, ensino, atenção à saúde, produção e inovação, e destacou a presença no enfrentamento da pandemia da Covid-19, por ser a instituição líder da rede de pesquisa Solidariedade, da Organização Mundial da Saúde, dentro do Brasil, e conveniada com instituições para o desenvolvimento de uma vacina contra o vírus.
Na sessão, a diretora da Fiocruz Bahia pontuou a importância da Fiocruz e sua relação com a produção da ciência, durante a pandemia da Covid-19, e mencionou a atuação do Instituto Gonçalo Moniz (IGM/Fiocruz Bahia), que completou 63 anos de atuação esse ano. “Nestes 63 anos do IGM, agradeço a todos os pesquisadores da instituição, principalmente nesse momento de pandemia, por seus serviços. É importante reforçar a resposta e apoio que temos dado, junto com os pesquisadores, ao estado e município”, ressaltou Marilda.
A diretora também declarou que, no 2 de Julho, também é necessário lutar pelos investimentos e recursos na área da ciência: “uma data de resistência, em que temos esperança de que os nossos financiamentos em ciência e tecnologia sejam retomados. O 2 de Julho é uma luta da sociedade e da ciência. Juntos, iremos desenvolver nossa sociedade e nosso país”, comentou.
A relevância da atuação da Fiocruz na saúde
A secretária de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado da Bahia, Adélia Pinheiro, apontou as atuações da Fiocruz, em especial no contexto da pandemia e sua relação com a tecnologia. “Nesta data, em que comemoramos a nossa independência, e que aproveitamos para destacar a união da sociedade e a estrutura de estado com a ciência e tecnologia, é que estamos juntos para congratular o importante papel que a Fiocruz tem feito. No contexto da pandemia, a Fundação se destaca na assistência e na projeção de futuro, quando pensamos na vacina, medicação, ou em diagnóstico, e também em outras atividades, como a nossa parceira com o Tele Coronavírus – 155”, destacou.
O presidente da Academia de Ciências da Bahia, Jailson Andrade, também reitera a importância histórica da Fiocruz no combate à emergências sanitárias, como na última epidemia de Zika.” Com 120 anos, já enfrentou a gripe espanhola e febre amarela e tem um histórico de resistência na saúde no Brasil. Tem uma presença nacional, o que dá uma agilidade imensa. Na questão da Zika, há três anos, a Fiocruz foi uma das líderes na questão da pesquisa”, relembrou.
Simone Kropf evidenciou a importância histórica da Fiocruz para a ciência, “Quero ressaltar uma ideia que sempre marcou um projeto institucional, de Oswaldo Cruz, que a instituição não deve se resumir a respostas de emergências sanitárias, mas deve ser uma instituição de pesquisa e ensino, autônoma e de relevância internacional. Sem isso, a instituição não poderia dar uma boa resposta às emergências, com autonomia e inovações tecnológicas”, explicou.
Antônio Carlos Vieira apontou que a Academia de Medicina da Bahia se “sente honrada por participar desse evento, por estar presente na homenagem dos 120 anos de função da Fiocruz”. Também afirmou a importância histórica do Dois de Julho e o trabalho da ciência no Brasil. “A associação deste evento com a data que comemora a consolidação da independência e a expulsão dos portugueses é muito expressiva. Há 197 anos, os baianos lutavam pela nossa independência política, pela construção do Brasil como um país livre e hoje lutamos pela ciência, carente de suporte e importância política”.
Já Carlos Machado, pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/ Fiocruz), refletiu sobre a responsabilidade dos cientistas, no Brasil, em desenvolver um futuro promissor para a sociedade, citando o livro “Cidades Invisíveis”, de Ítalo Calvino: “cabe a nós, na Fiocruz, como cabe a nós todos envolvidos na ciência brasileira, descortinar o que e quem pode construir um futuro diferente. Porque os futuros realizados são apenas ramos secos e nós temos uma responsabilidade imensa em realizar esses futuros”, explanou.