Fiocruz Bahia vai realizar estudo com células-tronco para tratamento de doenças neurológicas

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A pesquisadora da Fiocruz Bahia, Milena Soares, coordena o projeto.

O projeto “Aplicação de células-tronco em estudos pré-clínicos de regeneração e melhora funcional para doenças neurológicas causadoras de deficiências cognitivas, motoras e visuais”, da Fiocruz Bahia, contemplado no âmbito do Programa Nacional de Apoio à Atenção da Saúde da Pessoa com Deficiência (PRONAS/PCD), do Ministério da Saúde, pretende ampliar os conhecimentos sobre os mecanismos que possibilitem o desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas em doenças neurológicas, como autismo e microcefalia. O objetivo também é desenvolver terapias celulares para tratamento de pacientes acometidos por lesão de nervo óptico, por acidente vascular encefálico (AVE) ou por esclerose lateral amiotrófica (ELA).

Coordenado pelas pesquisadoras Milena Soares e Rosalia Mendez-Otero, o projeto será realizado por pesquisadores e estudantes, de mestrado e doutorado, da Fiocruz Bahia e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Segundo Milena, os resultados servirão de fundamentação de novos tratamentos para pacientes portadores de doenças crônico-degenerativas do sistema nervoso. “O estudo pretende encontrar novas terapias e medicamentos que possam promover melhora ou reduzir a evolução dessas doenças causadoras de deficiências graves. Atualmente, não existem medicamentos disponíveis e há uma necessidade médica de novas terapias”, explica a pesquisadora.

Para o estudo do autismo, serão produzidas linhagens de células-tronco pluripotentes induzidas (iPSC) de voluntários portadores de mutações associadas ao autismo. Essas células serão caracterizadas e utilizadas em ensaios de diferenciação neuronal e análises funcionais para a identificação de possíveis mecanismos causadores da doença. Também será realizado ensaio de triagem de moléculas neuroprotetoras em células-tronco neurais infectadas pelo vírus Zika.

A terapia com células-tronco mesenquimais obtidas da geléia de Wharton, substância presente no cordão umbilical, será testada para tratamento de acidente vascular encefálico hemorrágico e na ELA, em animais. No caso do AVE, será avaliada a biodistribuição das células, assim como o seu efeito terapêutico, em comparação com um grupo controle. Na ELA, utilizando uma linhagem de camundongos transgênica no qual é superexpressa uma proteína relacionada com a forma familiar da doença, espera-se que a terapia possa gerar um ambiente anti-inflamatório na medula espinhal, atrasando e/ou paralisando a progressão da doença.

Além disso, a terapia com células-tronco mesenquimais e com células geneticamente modificadas serão avaliadas em modelo de lesão de nervo óptico em um modelo clássico de glaucoma – a segunda causa de cegueira no mundo. Serão feitas análises histológicas e celulares visando comparar os efeitos das terapias com as diferentes linhagens e identificação de um melhor protocolo terapêutico.

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