Fiocruz Bahia realiza primeira edição de curso sobre autópsias minimamente invasivas

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A Fiocruz Bahia, em parceria com o Serviço de Verificação de Óbitos e o Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IMLNR), realizou o primeiro módulo do curso “Autópsias Minimamente Invasivas Guiadas por Ultrassonografia – AMIGUS”, nos dias 7 e 8 de outubro. Ofertado na sede do IMLNR, o curso teve como objetivo capacitar profissionais para a realização de autópsias minimamente invasivas guiadas por ultrassom para fins de diagnóstico e pesquisa.

Voltado para médicos patologistas, incluindo residentes, e peritos médicos legais, o próximo módulo do curso irá ocorrer em novembro. Esta primeira edição teve a participação de seis profissionais das cidades de Salvador e Barreiras, na Bahia, e Juiz de Fora, em Minas Gerais. Com caráter teórico-prático, a atividade ofereceu aos participantes conferências, oficinas de procedimentos e discussões em grupo.

O coordenador do projeto, o pesquisador do Laboratório de Patologia Estrutural e Molecular (LAPEM), Washington dos-Santos, afirma que o curso atendeu às expectativas dos alunos e professores. “O nosso objetivo é, com cursos como este, criar uma rede de vigilância em saúde baseada em autópsias minimamente invasivas. Este foi um grande movimento nessa direção. O fato de termos alunos de quatro locais diferentes do país mostrou o alcance e potencial de multiplicação”, declara o cientista.

Um dos profissionais responsáveis por ministrar a aula e coordenar o curso, o pesquisador da Fiocruz Bahia, Geraldo Gileno Oliveira, acredita ser este o primeiro curso aberto sobre autópsia minimamente invasiva realizado no Brasil. “A experiência foi boa. No final, os médicos participantes deram algumas sugestões para aprimorar as próximas edições”, comenta.

A autópsia minimamente invasiva é uma coleta de fragmentos dos principais órgãos (cérebro, coração, pulmão, fígado, baço, rim e medula óssea) através de agulha, causando lesões praticamente impercetíveis, ou de pequenas incisões cirúrgicas na pele, que serão analisados para determinar a causa do óbito. A autópsia AMIGUS usa o ultrassom como ferramenta para exames.

Para Gileno, por conta do baixo custo e da simplicidade das ferramentas, a tendência é que a utilização da ultrassonografia nas autópsias se amplie. Essas técnicas ainda não são empregadas em larga escala, mas, com a pandemia da Covid-19, elas ganharam outra dimensão. Através da AMIGUS é possível não apenas preservar o corpo, mas também diminuir o contato com o cadáver, evitando assim a possibilidade de infecção do profissional por doenças transmissíveis.

João Roberto Oba, médico do Instituto de Medicina Legal de Diadema e do Serviço de Verificação de Óbito de Diadema, em São Paulo, atua há 35 anos na área de perícia médica. Mesmo com anos de experiência, ele reconhece que o material partilhado agregou muito ao seu conhecimento. “Sempre tive vontade de fazer esse curso, não tinha muita ciência do que seria encontrado. Para minha surpresa as aulas foram maravilhosas. Tivemos uma tarde toda de prática aprender a colher o material. Eu só tenho a agradecer a Fiocruz Bahia, ao IML, e ao professor Geraldo Gileno”, reconhece.

Também fez parte da coordenação do evento o perito médico legal do IMLNR, Fabio Leandro dos Santos Correia. Participaram como docentes as médicas Juliana Ribeiro de Freitas, professora de Anatomia Patológica e Medicina Legal da Faculdade de Medicina da Bahia (UFBA); Cristiane Vieira Lima Mendes, membro do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem; e o médico Luiz Antonio Rodrigues de Freitas, professor e pesquisador colaborador da Fiocruz Bahia.

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