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A Fiocruz Bahia realizou uma parceria com o Núcleo de Tecnologias Educacionais em Saúde (NUTED), da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) para a formação de seus estudantes de pós-graduação no tema jogos para educação em saúde. A atividade é uma iniciativa do Laboratório Transdisciplinar de Ensino, Inovação e Afins (LabTEIA), composto pelos professores da disciplina de Didática Especial Daniel Manzonni, Valéria Borges, Deboraci Prates, Jaqueline França e Clara Mutti, que convidaram as professoras Cynthia Dias e Flávia Carvalho, do NUTED/EPSJV para colaborar na disciplina no semestre 2025.1.
Com a participação de 30 estudantes do Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Saúde e Medicina Investigativa e do Programa de Pós-graduação em Patologia, a disciplina teve como proposta educacional a elaboração sequências didáticas que envolvessem temas em saúde e interseccionalidades, utilizando jogos.
De acordo com o professor convidado do Programa de Pós-Graduação em Patologia Humana (PGPAT), Daniel Manzoni, a proposta é que a atividade seja um laboratório para construção de conhecimento e tecnologias em ensino. “Nessa área, os ‘produtos’ gerados são sequências e material de ensino que são disponibilizados para o uso em sala de aula. Todos os anos nós temos alinhado as perspectivas metodológicas e pedagógicas inovadoras, que estão sendo propostas na atualidade com temas sociais e políticos, por exemplo, a questão da interseccionalidade”, comentou.
O professor destacou que nos últimos anos a preocupação tem sido como tais temas se articulam com os saberes científicos e se transformam em recursos pedagógicos como instrumentos de alfabetização científica, justiça e transformação social. “Esses objetivos são importantes para formação de cientistas e professores alinhados aos direitos humanos e aos desafios do mundo no século XXI”, pontuou Manzoni.
Oficina e palestra sobre jogos foram realizadas presencialmente
As professoras do NUTED/EPSJV participaram de um encontro com os estudantes durante a realização da disciplina, e promoveram uma oficina presencial nos dias 28 e 29 de abril, proporcionando uma experiência prática com os jogos e monitorias sobre a construção dos jogos de cada equipe.
Flávia Carvalho compartilhou que a oficina foi uma adaptação de um modelo criado e aplicado anteriormente na Fiocruz, pelo próprio Eric Zimmerman, uma das maiores referências em game design do mundo. “A oficina foi super divertida e foi muito gratificante ver os estudantes se engajando e se divertindo enquanto criavam. Eles puderam entender, na prática, o que é essa motivação para jogar e como as próprias regras do jogo comunicam ideias. Além disso, a oficina proporcionou um aprendizado valioso sobre novos formatos e regras de jogo, expandindo a visão deles sobre o que é possível criar”, observou.
Já no dia 30 de abril, foi realizada a palestra “Jogos para a educação em saúde: jogando para conhecer, participar e questionar”, ministrada por Cynthia Dias e aberta à comunidade da Fiocruz Bahia.
Cynthia Dias explicou sobre a importância de disseminar e divulgar a perspectiva dos jogos, por serem uma prática cultural, espaço de interação e interlocução. “Não compreendemos a divulgação científica como algo só para levar a ciência para aquele que não sabe. E sim de uma forma dialógica, considerando públicos diferentes, e os jogos vão nos ajudar também a promover essas experiências”.
A palestrante também ponderou sobre o potencial dos jogos de tabuleiro e de carta, pois promovem uma dinâmica que coloca as pessoas em contato para raciocinar, conversar e se olhar. “Os jogos promovem encontros, diálogos, e reflexões, bem como o questionamento das regras do mundo real. Muitas vezes o que a gente precisa é se reunir, pensar sobre como as coisas estão acontecendo, e se mobilizar para modificá-las”.
Outro ponto ressaltado pela pesquisadora, foi que os jogos para educação em saúde ajudam a promover valores. “A Fiocruz é uma instituição que preza muito por determinados valores, ligados diretamente ao SUS e à saúde coletiva. Nesse sentido, temos formas de aproveitar melhor o potencial dos jogos para promover esses valores e para envolver a população na produção de ciência, para que possam se ver como cientistas, tomando decisões, construindo estratégias e experimentando outros papeis”, concluiu Dias.
Astrid Madeleine Calero Goicochea, estudante de mestrado do programa de pós-graduação em Patologia Humana (PGPAT), e monitora da disciplina Didática Especial nesse semestre compartilhou que participar da palestra foi uma experiência enriquecedora, que proporcionou um espaço de troca valioso sobre como os jogos podem tornar o aprendizado em saúde mais acessível, envolvente e reflexivo.
“Vejo nos jogos uma ferramenta muito potente para aproximar o conhecimento científico das pessoas, de forma mais leve e interativa. Eles podem ajudar não só na divulgação científica, mas também na construção de um olhar mais crítico e participativo sobre a saúde, o que tem tudo a ver com a forma como quero desenvolver minha pesquisa”, observou a mestranda.
Já o estudante do Programa de Vocação Científica (PROVOC), Mateus de Lima Souza, comentou que participar do evento foi interessante porque teve contato com o processo de elaboração dos jogos de tabuleiro. “Pude aprender como pensam para conseguir encaixar um contexto em específico num jogo, o que eu acho ser bem complicado”, afirmou.










Por: Jamile Araújo, sob supervisão de Dalila Brito