Fiocruz Bahia realiza homenagem ao pesquisador Ítalo Sherlock

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A Fiocruz Bahia realizou, no dia 23 de maio, uma homenagem ao pesquisador Ítalo Rodrigues de Araújo Sherlock (1936 – 2009), com a presença de familiares, alunos, colegas de trabalho e amigos do homenageado. Na abertura do evento, a diretora da Fiocruz Bahia, Marilda de Souza Gonçalves, agradeceu a presença de todos e falou sobre a aprovação da homenagem pelo Conselho Deliberativo (CD), em novembro de 2017. Um pedido feito pelos técnicos que trabalharam com o pesquisador e fazem parte do conselho.

Em sua fala, a diretora relembrou o convívio com o homenageado, principalmente na época da implantação do Comitê Ético em Pesquisa da instituição, além das descobertas, dos desenhos e pinturas que ele fazia, e momentos entremeados de ciência, mas também de conselhos. “Em diversos lugares onde vou, as pessoas falam do parasitologista, do entomologista e das descobertas do Dr. Ítalo Sherlock. Eu acho importante que a gente registre esse momento em nossa instituição” declarou a diretora.

Homenagens

A cerimônia prosseguiu com a leitura do memorial feita pelo ex-aluno do homenageado, o professor Artur Dias Lima, que agradeceu por poder retornar à instituição para falar sobre a história de Ítalo Sherlock. A trajetória do pesquisador foi marcada por sua dedicação a doenças como leishmaniose e doença de Chagas, demonstrando interesses em estudar os insetos desde muito jovem, com o “museu de história natural” que criou com a produção de caixinhas de vidro para manter os insetos que achava.

Artur Dias Lima destacou que Ítalo Sherlock não media esforços para encontrar os insetos, quer por meio de veículo automotivo, andando a pé, subindo morro ou entrando em grutas. “Onde quer que estivesse esses insetos e espécimes, Ítalo estava lá. Ele conseguiu encantar a todos com sua poesia e trouxe pessoas para esse mundo dos insetos de importância médica e aqui deixou algumas dessas pessoas e seu legado”, acrescentou.

A cerimônia contou ainda com a presença do diretor da Fiocruz Pernambuco e presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT), Sinval Brandão, que apontou as contribuições do homenageado aos estudos de leishmanioses, na instituição, graças à colônia de flebotomíneos que ele já tinha na Fiocruz Bahia, nos anos 90. “Toda a comunidade, colegas e amigos podem se sentir orgulhosos do trabalho desenvolvido por Ítalo ao longo da sua trajetória, em 50 anos dedicados ao instituto. Esta é uma justa homenagem” acrescentou.

A ex-colega de trabalho de Sherlock, Ogvalda Tôrres, foi a responsável por abordar o lado artístico do homenageado, com suas pinturas e talento para música. Ogvalda mostrou também um dos quadros pintado por Ítalo e salientou a alegria de fazer parte da homenagem, “pela satisfação de ter sido convidada para que hoje eu pudesse dar um depoimento sobre o que gravei na memória sobre esse colega tão querido, com quem eu convivi de perto por alguns anos” concluiu.

Antônio Carlos dos Santos, da Fiocruz Bahia, que trabalhou com Sherlock desde a época em que a unidade ainda era Núcleo de Pesquisa da Bahia, foi outro parceiro de trabalho que prestou homenagem ao pesquisador. Ao relembrar as viagens com Ítalo pelo interior estado para manter a coleção entomológica e sua luta pelo estabelecimento da Fiocruz na Bahia, Santos expressou sua satisfação em fazer parte da homenagem tão merecida.

Por fim, o filho do homenageado, Ítalo Filho, tomou a palavra para agradecer a todos pela linda homenagem feita ao pai, em nome de toda a família também presente. Emocionado, disse que a Fiocruz Bahia era também a verdadeira família para Ítalo Sherlock.  Ao final da cerimônia, os familiares receberam uma placa de homenagem, além de ser descerrada a placa Ítalo Sherlock, que nomeou o antigo Pavilhão Central.

Biografia

Graduado pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (1963), Sherlock especializou-se em Entomologia Médica e Biologia Parasitária, notabilizando-se como um dos mais importantes e premiados entomologistas do Brasil e das Américas. Publicou 166 artigos em periódicos nacionais e internacionais, dez capítulos de livros e descobriu sete novas espécies de flebotomíneos e três de triatomíneos. Reconhecido internacionalmente por suas contribuições sobre taxonomia, ecoepidemiologia e controle de importantes doenças tropicais negligenciadas como as leishmanioses, filarioses e doença de Chagas, Sherlock fez história na ciência brasileira, em prol da saúde da população.

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