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A data de 8 de março, com o apoio da Organização das Nações Unidas (ONU), é reconhecida mundialmente como o Dia da Mulher. Nesse período, são realizadas, em todo o mundo, diversas iniciativas para comemorar os avanços e promover ações que possam fortalecer os esforços em defesa dos direitos das mulheres e a igualdade de gênero.
Na Fiocruz Bahia, foi realizada a palestra “Mulheres cientistas no século XXI, novos tempos e trajetórias”, ministrada por Vanderlan Bolzani, professora da Universidade Estadual Paulista (UNESP) e Vice Presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
A diretora da Fiocruz Bahia, Marilda de Souza Gonçalves, é a primeira mulher a ocupar a direção da unidade desde a sua fundação, em 1950. A pesquisadora salientou que o momento é de luta e que o fato de a mulher muitas vezes estar em maior número nos ambientes de trabalho não significa vitória.
“Nós temos que acreditar em nós mesmas, no nosso potencial e parar de ter que provar a cada minuto que nós podemos. Essa é a grande lição, nós temos que acreditar que nós somos poderosas. Que possamos continuar avançando em nossas conquistas para que sejam cada vez maiores, com a criação de espaços e oportunidades associadas à equidade social, à igualdade de gênero e de raça. Precisamos construir um mundo com mais justiça, mais educação e, sobretudo, mais respeito aos direitos humanos”.
Segundo Vanderlan Bolzani, a falta de representatividade da mulher se agrava ainda por questões étnicas e econômicas. Além disso, a palestrante mencionou o ambiente e a cultura em que estamos inseridos, citando um estudo realizado na Inglaterra, no qual foram dadas a crianças de até 6 anos a tarefa de desenhar pessoas nas profissões de bombeiro, cirurgião e piloto de avião, como resultado, 61 desenhos foram de figuras de homens e apenas 5 eram mulheres.
“Não é fácil modificar uma cultura, leva muito tempo. Além do componente cultural, é extremamente importante que haja políticas públicas voltadas também para as áreas estratégicas do país, conhecidas como ciências duras”, afirmou Bolzani.
Cenário da Fiocruz
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Nacionalmente, as mulheres estão em maior número na Fiocruz, que possui 57% de servidoras. De acordo com o Boletim de Recursos Humanos da Coordenação-Geral de Gestão de Pessoas da Fiocruz, dentre o grupo de mulheres, 72% se autodeclarou branca, 16% parda e apenas 5% preta. Dos cargos comissionados 58% são ocupados por mulheres. Também mais mulheres fazem parte dos colaboradores terceirizados com 56%.
No total de servidores da Fiocruz Bahia, 73 são mulheres e 58 homens. Já a proporção dos que exercem atividade de pesquisa é 21 mulheres e 26 homens. Ao longo do tempo, as mulheres foram ganhando espaço na instituição e exercem um importante papel na construção do instituto.
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Jurema Carrilho, servidora da Fiocruz Bahia há quase 30 anos, considera que as mulheres sempre tiveram um papel importante na instituição. “Embora a presença masculina fosse mais predominante, as mulheres sempre foram destaque. E com a abertura de concursos públicos, elas começaram a constituir a maioria dos servidores”, conta.
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Ana Maria Fiscina é servidora desde 1970, para ela, o 8 de março é um dia para comemorar e protestar. “Nós, mulheres, somos guerreiras, batalhadoras, conquistamos muita coisa. Embora no IGM sempre tenhamos sido respeitadas e tivemos o nosso lugar, acredito que, principalmente pelas dificuldades que estamos passando, ainda há muito o que ser conquistado no país”.
A servidora Daniela Cerqueira disse que se sente privilegiada em trabalhar na Fundação. “A Fiocruz é instituição que as mulheres são maioria no quadro de servidores e que o maior posto de direção é ocupado por uma mulher. É um privilégio trabalhar em um órgão que respeita e valoriza as suas servidoras, pois isto é refletido no ambiente funcional, que possui melhores condições de trabalho do que as oferecidas pelas instituições em geral”, declarou.
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Para a servidora Maria Lúcia Moreno, a comemoração é importante para lembrar a toda a humanidade que as conquistas da mulher foram através da luta. “Temos o exemplo de Dra Marilda, a nossa primeira mulher diretora, isso é o reconhecimento de um trabalho. Mesmo com todos os estigmas que nós temos, com todas as pressões, seja na família ou no trabalho, a gente consegue superar, mas temos muito o que lutar ainda. Temos visto muitas mulheres sendo espancadas e mortas por homens só para manterem no poder. Então o caminho é esse, trabalhar com seriedade, com amor e lutar, sempre”.
Inteligência e Inovação
Este ano, a ONU Mulher definiu como tema do 8 de março “Pensemos em igualdade, construção das mudanças com inteligência e inovação”. De acordo com a Organização, o mote “está centrado nas formas inovadoras para a defesa da igualdade de gênero e empoderamento das mulheres, em especial aquelas relativas aos sistemas de proteção social, acesso aos serviços públicos e infraestrutura sustentável”.
Este tema também está contextualizado no Objetivo 5 – Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas – da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. A ONU declarou que “a inovação e a tecnologia trazem oportunidades sem precedentes, no entanto, as tendências atuais indicam que as lacunas digitais estão se ampliando e que as mulheres estão representadas de maneira insuficiente nos campos da ciência, tecnologia, engenharia, matemática e design”.
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