Fatores para desenvolvimento da artralgia crônica após chikungunya são avaliados em tese

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Estudante: Leile Camila Jacob Nascimento
Orientação: Mitermayer Galvão dos Reis
Título da tese: Aspectos imunológicos, clínicos e virais associados à imunopatogênese da artralgia persistente após infecção pelo vírus Chikungunya.
Programa: Pós-Graduação em Patologia Humana e Experimental
Data de defesa: 13/12/2024
Horário: 14h00
Local: Sala de Videoconferência – Fiocruz Bahia

Resumo

INTRODUÇÃO: Desde sua reemergência em 2013, o vírus chikungunya (CHIKV) causou diversos surtos ao redor do mundo, afetando principalmente a América Latina e o Brasil. Os sintomas que mais frequentemente acometem os indivíduos infectados são: febre, artralgia intensa, edema articular, mialgia e dor de cabeça. A artralgia pode persistir por meses ou até anos após o início dos sintomas e, embora já tenham sido descritos alguns fatores de risco, os mecanismos e a imunopatogênese da artralgia persistente após a infecção pelo CHIKV permanecem desconhecidos. OBJETIVO: Investigar fatores de risco clínicos, biomarcadores imunológicos e virais para desenvolvimento da artralgia crônica após a infecção pelo CHIKV durante o curso da doença. MATERIAL E MÉTODOS: Avaliação de 71 pacientes com diagnóstico positivo de Chikungunya por RT-qPCR, seguidos em uma coorte para obtenção de informação sobre desfecho de cronificação da artralgia ou resolução dos sintomas e coleta de amostras biológicas. Para todos os pacientes selecionados foram avaliadas características clínicas e sociodemográficas em visitas realizadas 0-7 e 10-45 dias após o início dos sintomas (DPS), respectivamente, e para um subgrupo (n=25), foi realizado pelo menos um atendimento adicional com coleta de amostras >45 dias de início dos sintomas. Nas amostras destes pacientes foram ainda avaliados: IgM e IgG anti-CHIKV, dosagem de 19 citocinas, quimiocinas e fatores de crescimento além de dosagem de carga viral de CHIKV e sequenciamento de genoma completo. RESULTADOS: A maioria dos pacientes estudados era do sexo feminino, representando 67% (48/71) do total, com uma mediana de idade de 40 anos. Entre eles, 59% (42/71) desenvolveram artralgia crônica (>90 dias após o início dos sintomas). Esses indivíduos apresentaram maior frequência de edema e eram, em média, mais velhos durante a fase inicial da doença (0-7 DPS), em comparação ao grupo que não desenvolveu artralgia crônica. Nas amostras pareadas, observou-se soroconversão de anticorpos IgM e IgG em 96% (70/71) e 100% (71/71) dos pacientes, respectivamente. Aproximadamente 30% dos pacientes que desenvolveram artralgia crônica mantiveram níveis detectáveis de anticorpos IgM por mais de dois anos após o início dos sintomas. Além disso, níveis mais elevados de GM-CSF e IP10/CXCL10 foram observados nas amostras coletadas entre 0-7 e 10-45 DPS, respectivamente, no grupo que evoluiu para artralgia crônica. Por outro lado, a carga viral não demonstrou associação com o desenvolvimento de artralgia crônica, e as mutações encontradas nos genomas virais não apresentaram relevância clínica significativa. CONCLUSÕES: Presença de edema e idade elevada foram identificados neste estudo como fatores associados ao desenvolvimento de artralgia crônica. Observou-se que o uso de opioides na fase inicial da doença foi mais comum em pacientes que evoluíram para esse quadro, sugerindo a presença de sintomas mais intensos e a necessidade de um manejo específico da dor. Características intrínsecas do indivíduo e resposta imune parecem desempenhar um papel mais importante do que as do vírus na evolução para artralgia crônica. Palavras-chave: Chikungunya, Artralgia crônica, Biomarcadores, Carga viral

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