Estudo que avaliou impacto do Bolsa Família na mortalidade da infância recebe prêmio

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Por sua relevância e aplicabilidade, a pesquisa “Avaliação do Impacto do Programa Bolsa Família na mortalidade da infância, um estudo de coorte de 100 milhões de brasileiros” recebeu o Prêmio Ciência pela Primeira Infância, concedido pela coalizão Núcleo Ciência Pela Infância (NCPI) e pela consultoria ponteAponte. O trabalho foi resultado dos estudos de pós-doutorado de Dandara Ramos, pesquisadora do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (CIDACS/Fiocruz Bahia) e professora adjunta do Instituto de Saúde Coletiva (ISC) da Universidade Federal da Bahia (UFBA).  

O Prêmio Ciência pela Primeira Infância tem como objetivo reconhecer cientistas com pesquisas com foco na primeira infância, e promover a divulgação do conhecimento gerado, visando apoiar a formulação de políticas públicas voltadas para essa faixa etária no Brasil. A premiação divide-se em três eixos temáticos, que abarcam temas como a diversidade infantil e as desigualdades nesta primeira fase de vida. O trabalho submetido concorreu no terceiro eixo temático “Avaliação de políticas públicas em primeira infância”. 

“Esse reconhecimento é importante tanto pelo impulsionamento de carreira, como – e principalmente – pela relevância do tema”, afirma Dandara Ramos. “Após a pandemia temos mais de 5 milhões de pessoas em situação de extrema pobreza no Brasil, e 40% dessas pessoas são crianças e adolescentes. Premiar um estudo sobre transferência de renda é uma mensagem política importante no momento atual”.  

Para avaliar os impactos do programa Bolsa Família, a equipe de pesquisadores, liderada por Dandara e Nívea Bispo, também pesquisadora associada do Cidacs, utilizou dados extraídos de uma coorte de 100 milhões de brasileiros, construída a partir do Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) do Governo Federal. Foram usados para a análise os dados de mais de 6 milhões de crianças, contemplando o período de 2006 a 2015.  

Foi concluído que famílias atendidas pelo benefício eram associadas a menores taxas de mortalidade infantil. A análise cruzada também mostrou que quanto melhores forem os índices de administração do município, maior o efeito do benefício em reduzir as taxas de mortalidade em crianças entre 1 e 4 anos. Outros dados apontam que os grupos nos quais o programa teve maior impacto na redução de mortalidade foram o de crianças prematuras, filhos de mães negras e provenientes de locais de baixíssima renda.  

Os resultados do estudo já foram publicados, em setembro de 2021, e estão disponíveis na revista PLOS Medicine. 

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