Estudo avalia a criação e implementação de sistema capaz de antecipar novos surtos infecciosos

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Com a possibilidade de novas pandemias e milhares de pessoas sendo impactadas todos os anos por surtos de doenças infecciosas em todo o mundo, é importante elaborar estratégias de vigilância abrangentes e inovadoras que visem o alerta precoce e a contenção de agentes patogênicos emergentes e reemergentes.

Para agilizar a detecção precoce desses surtos e pandemias, um estudo liderado pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia), em colaboração com pesquisadores de outras unidades da Fiocruz, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Fundação Rockefeller, elaborou um sistema desenvolvido para a vigilância epidemiológica, podendo assim identificar e produzir alertas de forma antecipada à ocorrência de possíveis surtos infecciosos, como, por exemplo, da H1N1 e da Covid-19.

O sistema apresentado chama-se ÆSOP, Sistema de Alerta Antecipado de Surtos com Potencial Pandêmico (Alert-Early System of Outbreaks with Pandemic Potential, em inglês). O artigo mais recente do grupo, publicado no Journal of Medical Internet Research (JMIR) Public Health and Surveillance, foi coordenado pelo pesquisador Manoel Barral Netto, da Fiocruz Bahia, e destaca que a pandemia da COVID-19, e as anteriores, evidenciaram a necessidade de melhorias na preparação e resposta a eventos do tipo, em nível mundial.

O alerta precoce será alcançado através da monitorização de dados clínicos, o que permite a exploração de padrões potencialmente anómalos, como surtos inesperados de doenças respiratórias fora da sazonalidade esperada ou em grupos etários ou locais atípicos. Diferentes estruturas de modelagem foram desenvolvidas e aplicadas a dados de saúde visando a detecção precoce de surtos, incluindo métodos estatísticos, matemáticos e computacionais. Embora alguns deles estejam em uso na rotina dos órgãos de vigilância sanitária, até onde se sabe, nenhum foi adotado como padrão ouro de indubitável eficácia

Além disso, os relatórios do ÆSOP devem permitir estratégias de saúde pública precisas, tais como estratégias de mitigação e resposta precoce a surtos, bem como a recolha de amostras dirigidas ao local para caracterização molecular de agentes patogênicos, melhorando assim a logística e melhorando as respostas. O envolvimento ativo e os processos de cocriação com as partes interessadas, os usuários finais e os especialistas multidisciplinares serão essenciais e fundamentais para construir e aprimorar sistemas de vigilância que atendam adequadamente às necessidades da saúde pública.

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