Estudo aponta que lipídios não polares micobacterianos imunorregulam prostaglandinas em macrofágos

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Pesquisa revelou como os lipídios da bactéria Mycobacterium tuberculosis (Mtb) modulam a resposta imune. O estudo, de autoria de Jéssica Dias Petrilli, bolsista de pós-doutorado, com a participação de estudantes de doutorado e mestrado do IGM-LASP, com a coordenação do pesquisador da Fiocruz Bahia, Sérgio Arruda e Adriano Queiroz, da University of Texas Southwestern Medical Center, foi publicado no periódico The Journal of Immunology.

O objetivo da investigação foi caracterizar como os lipídios apolares do Mtb modulam o comportamento dos macrófagos (células de defesa), levando a um estado imunológico que poderia favorecer a persistência da bactéria no organismo.

O Mycobacterium tuberculosis ou bacilo de Koch, agente causador da tuberculose, infectou aproximadamente um quarto da população mundial e causou mais de 1,3 milhão de mortes em 2020. Na maioria dos indivíduos infectados, a bactéria não causa tuberculose sintomática, e os bacilos podem permanecer no hospedeiro por toda a vida (infecção latente). O sucesso do patógeno em estabelecer sobrevivência a longo prazo no hospedeiro se deve à sua capacidade de escapar dos mecanismos de defesa. Em particular, o Mtb tem uma capacidade notável de sobreviver em macrófagos.

Os pesquisadores estimularam macrófagos murinos (de camundongos) com extratos lipídicos apolares (não polares) extraídos de duas cepas do Mycobacterium tuberculosis: uma cepa comum (tipo selvagem – WT) e uma cepa modificada com o operon mce1 desativado. Eles usaram análises multiômicas para entender, de forma abrangente, como esses lipídios influenciam o comportamento dos macrófagos.

Foi feito o sequenciamento de RNA para saber quais genes foram ativados nos macrófagos; foi realizada a espectrometria de massas para investigar o perfil de eicosanoides, moléculas lipídicas envolvidas na inflamação, como prostaglandinas e leucotrienos; e a lipidômica não direcionada, ou seja, uma análise ampla das alterações no metabolismo de lipídios nos macrófagos.

A partir dos resultados, os pesquisadores concluem que os lipídios não polares do Mtb induzem macrófagos imunorreguladores, ativando marcadores inflamatórios, desequilibrando o metabolismo lipídico do macrofágo e direcionando a síntese de eicosanoides para a via das prostaglandinas. Esses achados apontam um mecanismo complexo que pode favorecer a sobrevivência prolongada do Mtb no hospedeiro.

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