Efeitos de células mesenquimais de medula óssea no tratamento de neuropatia são analisados em tese

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AUTORA: Gisele Graça Leite dos Santos
ORIENTADORA: Cristiane Flora Villarreal
TÍTULO DA TESE: “Efeitos de células mesenquimais de medula óssea selvagens e geneticamente modificadas para expressão ectópica de IGF-1 no tratamento da neuropatia periférica crônica induzida por oxaliplatina”.
PROGRAMA: Doutorado em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa – Fiocruz
DATA DE DEFESA: 06/12/2017

RESUMO

Embora a oxaliplatina (OXL) tenha se destacado pela grande eficácia no tratamento do câncer, principalmente o câncer de colorretal, a neuropatia crônica induzida por esse quimioterápico representa um dos seus principais limitantes clínicos. A gabapentina, fármaco utilizado como droga padrão-ouro no controle das neuropatias, tem mostrado apenas efeito transitório e de baixa eficácia na neuropatia induzida por OXL. Diante disso, o desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas que possuam ação efetiva neste tipo de dor neuropática é de grande relevância. A terapia celular tem sido considerada uma promessa terapêutica para o controle da dor neuropática, com eficácia já demonstrada em alguns tipos de neuropatia experimental, entretanto, até o presente momento nenhum estudo demonstrou os efeitos da terapia celular na neuropatia por OXL. Sendo assim, o presente trabalho visou avaliar os efeitos do transplante de células mesenquimais selvagens e geneticamente modificadas para expressão ectópica de IGF-1 (CMsMO e CMsMO-IGF-1, respectivamente) na neuropatia crônica induzida por OXL em camundongos. O modelo experimental foi induzido pela administração endovenosa de OXL (1 mg/kg) duas vezes por semana, durante 4 semanas e meia, no total de 9 injeções. O desenvolvimento da neuropatia foi avaliado pela mensuração dos limiares nociceptivos mecânico e térmico, utilizando-se os testes de von Frey e placa fria, respectivamente. Após o estabelecimento da neuropatia comportamental, os camundongos receberam CMsMO (1×106), CMsMO-IGF-1 (1×106) ou veículo por via endovenosa. Gabapentina foi utilizada como fármacos de referência. O limiar nociceptivo, a variação do peso corporal e o desempenho motor no teste de rota-rod foram avaliados durante todo o período experimental (14 semanas). Como parâmetros fisiopatológicos da neuropatia foram avaliados: aspectos ultra-estruturais do nervo isquiático, desbalanço redox, ativação de células da glia, ativação de NF-κB e níveis de citocinas no nervo periférico e na medula espinal. Animais neuropáticos tratados com CMsMO e CMsMO-IGF-1 apresentaram redução da sensibilização nociceptiva 02 dias após o transplante, retornando aos valores basais de nocicepção 07 semanas após o transplante. Esse efeito antinociceptivo perdurou até o final do experimento. A gabapentina induziu aumento do limiar de nocicepção 01 hora após sua administração diária, mas esse efeito foi totalmente revertido 24 h após o tratamento. Vale ressaltar que não houve nenhuma alteração motora nem no peso corporal dos animais estudados durante o período experimental. Nesse panorama, buscou-se avaliar o impacto do tratamento com CMsMO e com CMsMO-IGF-1 sobre parâmetros fisiopatológicos da neuropatia periférica crônica induzida por OXL. A microscopia do nervo isquiático, demonstrou que a atipia mitocondrial em fibras sensitivas (A-δ e C) foi o principal parâmetro alterado na comparação entre camundongos neuropáticos e não neuropáticos. A terapia celular reverteu essas alterações. Além disso, houve reduzida expressão do gene regulador da resposta antioxidante, NRF-2, e da enzima antioxidante SOD-1, no nervo isquiático e medula espinal de animais neuropáticos. O transplante com as células-tronco foi capaz de aumentar essa expressão. Em linha com esses resultados, animais neuropáticos apresentaram elevados níveis de MDA nas vias de dor, que foram reduzidos nos grupos neuropáticos tratados com CMsMO e CMsMO-IGF-1, indicando que a terapia celular diminui a peroxidação lipídica. A expressão de citocinas pró-inflamatórias IL-1β e TNF-α na medula espinal e nervo isquiático, não foi diferente em animais com neuropatia crônica. Interessantemente, a terapia celular aumentou a quantidade de citocinas anti-inflamatórias, IL-10 e TGF-β, nos animais tratados. Em adição, dados de imunofluorescência mostraram redução da ativação glial espinal durante a neuropatia crônica, sendo esse fenômeno revertido pela terapia celular. Em adição, foi identificada redução da expressão de NF-kB, e da sua ativação indicada pela redução dos níveis de IkB-α, nos animais neuropáticos, sendo esse efeito revertido pela terapia celular. Esses resultados indicam que o tratamento com CMsMO e CMsMO-IGF-1 reduz a neuropatia sensorial de modo consistente e duradouro e regula importantes eventos associados à sua manutenção, podendo ser considerada uma terapia em potencial para o controle da neuropatia crônica induzida pela OXL.
Palavras-chave: dor neuropática; neuropatia; oxaliplatina; células-tronco; células mesenquimais; IGF-1; citocinas, stress oxidativo, glia, NF- kB

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