É #FAKE mensagem atribuída a Robert F. Kennedy Jr. sobre efeitos irreversíveis causados por vacinas contra Covid-19

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Circula nas redes sociais uma carta atribuída a Robert F. Kennedy Jr. com a afirmação de que vacinas contra o novo coronavírus podem gerar seres geneticamente modificados e causarem efeitos irreversíveis. É #FAKE.

A carta diz: “Mensagem de Robert F. Kennedy Jr. Para todos os meus pacientes. Gostaria de chamar sua atenção com urgência para questões importantes relacionadas à próxima vacinação contra Covid-19. Pela primeira vez na história da vacinação, as chamadas vacinas de mRNA de última geração intervêm diretamente no material genético do paciente e, portanto, alteram o material genético individual”.

Embora a mensagem fale em pacientes, ela cita como autor o advogado e ambientalista Robert F. Kennedy Jr. A assessoria da Children’s Health Defense, instituição que dirige, nega que ele tenha escrito o texto. “O senhor Kennedy não é médico nem terapeuta. Definitivamente não é dele [o texto]. Obrigado por entrar em contato conosco sobre isso.”

O sobrinho do ex-presidente americano John F. Kennedy tem, de fato, dado declarações polêmicas sobre vacinas e tem sido criticado publicamente, inclusive, por familiares. Mas a assessoria é enfática sobre o texto viral: “Isso não soa como algo que o sr. Kennedy diria”.

Médicos entrevistados pela CBN para checagem de outra mensagem com teor similar afirmam que as premissas não fazem qualquer sentido à luz da ciência. A sequência genética humana não é afetada pela técnica mencionada, que é nova e vem sendo usada em vacinas em testes pelo mundo, com bons resultados – é o caso do imunizante desenvolvido pelo laboratório norte-americano Moderna e o da multinacional Pfizer formulado com a farmacêutica alemã BioNtech.

O infectologista Leonardo Weissmann explica que o DNA de quem recebe doses de vacinas não tem como ser alterado. Ele esclarece do que trata a técnica do DNA ou RNA recombinante. “Por técnicas de biotecnologia, um pedaço do DNA humano de interesse é conectado ao plasmídeo de uma bactéria, ou seja, a uma molécula do DNA bacteriano, formando o DNA recombinante. Portanto, o que é alterado não é o código genético humano, mas o do micro-organismo.”

O virologista Rômulo Neris, doutorando pela UFRJ, reforça que não é possível que o DNA humano seja reescrito. “O princípio dessa vacina é aplicar DNA ou RNA que contenha instruções para produzir um pedaço da estrutura do vírus – uma parte do esqueleto dele –, incapaz de infectar ou causar doença no indivíduo. Nossas células, então, produzem esses pedaços e em seguida destroem a cópia com as instruções. Essas vacinas não têm a capacidade de modificar ou reescrever nosso DNA. Ele fica protegido no núcleo das células, e essa vacina funciona no citoplasma, fora dele”, esclarece.

Além disso, esse boato já foi checado por agências internacionais. O texto falso foi atribuído também a uma naturopata alemã e foi desmentido pela Africa Check.

A mensagem apresenta ainda uma série de alegações falsas. Diz, por exemplo, que “a doença provocada pelo vírus tem cura”. A Organização Mundial de Saúde afirma que até o momento, não há vacinas ou medicamentos específicos para a Covid-19. Os tratamentos estão sendo investigados e testados por meio de estudos clínicos. O texto também diz: “Não vivemos uma pandemia.” Mas as 900 mil mortes e os 27,5 milhões de casos ao redor do planeta não deixam nenhuma dúvida. A OMS declarou pandemia de coronavírus em março. O texto falso também afirma que “a doença pode ser prevenida com ozonioterapia e dióxido de cloro”. Ambas as alegações já foram desmentidas. Fonte:G1
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