Dissertação caracteriza perfil bioquímico, hematológico e inflamatório em camundongos falciformes

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Autoria: Gustavo Marinho Miranda
Orientação: Jaime Ribeiro Filho
Título da dissertação: “Caracterização do perfil bioquímico, hematológico e inflamatório em camundongos falciformes: correlações com o metabolismo lipídico e produção de eicosanoides em modelo de úlcera cutânea”
Programa: Pós-Graduação em Patologia
Data de defesa: 16/12/2021
Horário: 09h00
Local: Sala virtual do Zoom

RESUMO

INTRODUÇÃO: A Anemia Falciforme é uma hemoglobinopatia autossômica recessiva, caracterizada pela mutação na sexta posição do gene da β-globina (GAG → GTG) que leva à substituição do ácido glutâmico por valina, gerando a hemoglobina S (HbS). Sua patogênese está relacionada com a polimerização da HbS, vaso-oclusão e inflamação estéril com posteriores complicações e alterações sistêmicas. As úlceras falciformes são complicações que afetam 8% a 10% dos pacientes com AF. Nesse contexto, embora seja estabelecido que a úlcera falciforme tanto resulte da predisposição dos pacientes, como induza processos inflamatórios, os mecanismos envolvidos, em particular, a participação dos mediadores lipídicos, permanecem por ser melhor investigados. OBJETIVO: Caracterizar o perfil hematológico, bioquímico e inflamatório de camundongos humanizados para anemia falciforme e avaliar as alterações locais e sistêmicas induzidas pela úlcera cutânea nestes animais. MATERIAIS E MÉTODOS: Após anestesia, amostras de sangue total, soro, órgãos e fragmentos de pele de camundongos da linhagem Townes B6:129 foram coletados a fim de determinar as diferenças basais em parâmetros bioquímicos, hematológicos e inflamatórios de camundongos sadios (AA), com traço falciforme (AS) e com anemia falciforme (SS). No modelo murino de úlcera falciforme, quatro lesões cutâneas de 4 mm foram induzidas no dorso dos animais, e amostras destas lesões foram coletadas nos tempos de 0, 24 e 72h após a indução das úlceras. Nestes mesmos períodos de avaliação, amostras de sangue total foram destinadas à análise de hemograma e leucograma por análise semiautomatizada, utilizando equipamento URIT 5160 Vet e esfregaços sanguíneos corados com Romanowsky. Análises bioquímicas de colesterol total (CT), triglicerídeos, AST, ALT, ureia e creatinina realizada no soro, por espectrofotometria por método automatizado no equipamento Smart Vet 200+. As concentrações de PGE2 e LTB4 no soro foram avaliados por ELISA. A expressão de genes associados à produção de eicosanoides tais como COX-1, COX2, 5-LO, PLA2 e PLIN2 nas lesões cutâneas foram determinadas por RT-qPCR. Análises histológicas do infiltrado inflamatório foram realizadas por microscopia em lâminas coradas por H&E, utilizando o programa Imaje J 1.53. As diferenças entre os grupos e respectivos tempos foram avaliadas por pelos testes One-way ANOVA, Mann-Whitney e Kruskal-Wallis, utilizando o programa Graphpad Prism 8.0.2. RESULTADOS: A caracterização dos parâmetros basais mostrou que animais SS apresentaram anemia hemolítica grave e leucocitose, enquanto o grupo AS se assemelhou ao controle. Níveis elevados de AST foram observados nos grupos AS e SS em comparação ao grupo AA, enquanto ALT do grupo SS estava elevada em comparação com os grupos AA e AS, e os níveis de creatinina do grupo SS foram significativamente maiores que o grupo AA. No grupo SS a concentração sérica de PGE2 se mostrou elevada enquanto os níveis de LTB4 estavam diminuídos em comparação com os animais do grupo AA e AS. Correlações negativas entre hemoglobina, hemácias, hematócrito e PGE2 foram observadas. As alterações induzidas pela úlcera no hemograma do grupo SS não foram significantes. No entanto, houve redução dos leucócitos totais em 24h e aumento em 72h nesse grupo. Em contrapartida, o infiltrado leucocitário tecidual apresentou aumento em 24h e leve redução em 72h. No grupo SS em 24h, houve redução de CT e de AST. Já em 72h, observamos aumento do CT e redução de ALT e creatinina no mesmo grupo. Ainda no grupo SS, o perfil de expressão da COX-2 no tecido aumentou em 72h, enquanto a PGE2 e LTB4 sistêmicos não apresentaram alterações significativas. CONCLUSÃO: Animais transgênicos com anemia falciforme apresentam alterações bioquímicas e hematológicas que estão correlacionadas a um desbalanço no metabolismo lipídico e produção de eicosanoides, contribuindo para um maior estado inflamatório em nível basal. A indução de úlcera cutânea neste modelo leva a um maior recrutamento de leucócitos nos animais doentes em comparação com os animais saudáveis e com traço falciforme, o que parece estar relacionado com as alterações bioquímicas, hematológicas e inflamatórias apresentadas por estes animais. Palavras-chave: Camundongos transgênicos; Doença falciforme; Eicosanoides; Inflamação; Úlcera cutânea.

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